15 setembro, 2014


A amizade [...] [é] a afirmação de existências livres.
Os amigos vivem pelas suas diferenças.
Não são espelhos para os outros, identidade coletiva ou ideal,
fusão numa unidade superior.
Os amigos livres são seus principais inimigos,
não deixam as coisas sossegadas, como se houvesse um
patamar acima a ser atingido onde residem o equilíbrio,
a doçura e as delicadezas obrigatórias (PASSETTI, 2003, p. 12).


Dessa maneira, o que se enfoca não é o apego
a formas de identidade com características
em comum, mas sim um esforço
para a compreensão e aceitação do outro como
diferença inquietante.
Como sugere Nietzsche (2006, p. 56-57):
“é preciso honrar no amigo o inimigo. [...]
No amigo deve ver-se o melhor inimigo”.
Não se deve buscar encontrar no amigo um
reforço para sua identidade, mas, pelo contrário,
material para transformação e criação do Si.
A amizade foucaultiana é permeada
por certo fator de conflito; de inovação, experimentação,
diferenciação; de reflexão, trabalho e afirmação
de si enquanto força criativa – ou seja, por 
Duma certa atitude 

ativa frente às condições atuais em que vivemos.
Essa postura não passiva, esse modo
de ser encontrado na amizade, pode ser entendido como
aquilo que Foucault chamava de “atitude de modernidade”.

Contribuição: Espaço Michel Foucault

( www.cremedeletras.blogspot.com)



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