Nocturno
Devagar, devagar... A noite dorme e é preciso acordar sem sobressalto. Sob um manto de sombra, denso, informe, o mar adormeceu a sonhar alto.
Devagar, devagar... O rio dorme sobre um leito de areias e basalto... Malhada pela neve a serra enorme parece um tigre a preparar o salto.
E dorme o vale em flor. Dormem as casas. Nenhum rumor. Nenhum frémito de asas. Nada perturba a noite bela e calma.
E dormem os rosais, dormem os cravos... Dormem abelhas sobre o mel dos favos e dorme, na minha alma, a tua alma.
Fernanda de Castro
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