15 setembro, 2014




Toda a parte mais inatingível
de minha alma e que não me pertence -
é aquela que toca na minha fronteira
com o que já não é eu,
e à qual me dou.
Toda a minha ânsia tem sido
esta proximidade inultrapassável
e excessivamente próxima.
Sou mais aquilo que em mim não é.

E eis que a mão que eu segurava me abandonou.
Não, não.
Eu é que larguei a mão
porque agora tenho que ir sozinha.

Clarice Lispector






Nenhum comentário: