Vem! Vem de mansinho… Deixa-me ficar nesta penumbra, nesta meia luz. Senta-te amor, devagarinho… Assim… Eu quero escutar essa música dolente, que a tua luz traduz! Vem contar-me contos… Conta-me a vida dos ciganos nómadas, errantes. Dize-me dos orientais que têm paixões brutais e dos seus haréns, as cenas sensuais… Dá, meu amor,dá alegria, põe muita cor nessas novelas… Vem contar-me coisas belas! Veste as ciganas bronzeadas de lenços de ramagens! Dá tons vivos às imagens… Veste-as de cores encarnadas! Fala-me dessas tribos selvagens enfeitadas com penas multicores e coisas esquisitas, desenhando tatuagens no peito das favoritas! - Dize-me dos teus amores… Enche de luz e de estridora minha alcova sombria! Dá-me alegria… Incendeia meu sangue arrefecido! E depois meu amor… Depois… deixa-me sonhar… Delirar,num sonho belo, rubro, colorido! Judith Teixeira Deito fora as imagens, Sem ti para que me servem as imagens? Preciso habituar-me a substituir-te pelo vento, que está em toda a parte e cuja direcção é igualmente passageira e verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passos numa casa deserta, ao trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis, à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve a não ser eu. Serei feliz sem as imagens. As imagens não dão felicidade a ninguém. Era mais difícil perder-te, e, no entanto, perdi-te. Era mais difícil inventar-te, e eu te inventei. Posso passar sem as imagens assim como posso passar sem ti. E hei-de ser feliz ainda que isso não seja ser feliz. Raul de Carvalho |
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JORGE DE LIMA (1895-1953)
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E tudo haveria de ser assim, para contemplar-te sereno, ó morte,
e integrar-me nos teus mistérios e nos teus milagres.
Agora vejo os Lázaros levantarem-se
e...
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