JORGE DE LIMA (1895-1953)
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E tudo haveria de ser assim, para contemplar-te sereno, ó morte,
e integrar-me nos teus mistérios e nos teus milagres.
Agora vejo os Lázaros levantarem-se
e...
15 dezembro, 2007
Mais Clarice...
"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever."
"Oh Deus, eu que faço concorrência a mim mesma. Me detesto. Felizmente os outros gostam de mim. É uma tranqüilidade."
O cacto é cheio de raiva com os dedos todos retorcidos e é impossível acarinhá-lo. Ele te odeia em cada espinho espetado porque dói-lhe no corpo esse mesmo espinho cuja primeira espetada foi na sua própria grossa carne. Mas pode-se cortá-lo em pedaços e chupar-lhe a áspera seiva: leite de mãe severa."
"Isto não é um lamento. É um grito de ave de rapina, irisada e intranqüila."
"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."
"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos"!
"Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos".
No amor...
No amor, jamais nos deixamos de completar.
Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.
(Roberto Freire)
Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.
(Roberto Freire)
10 dezembro, 2007
Clarice Lispector... mais um pouco dela
"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos,
a alegria como quando se sente a garganta
um pouco seca e se vê que por admiração
se estava de boca entreaberta:
eles respiravam de antemão o ar que
estava à frente,
e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo,
falavam e riam para dar matéria e peso à
levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas,
às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a
graça, mas as águas são uma beleza de escuras -
e ao toque brilhava o brilho da água deles,
a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!"
...:: Clarice Lispector ::...
a alegria como quando se sente a garganta
um pouco seca e se vê que por admiração
se estava de boca entreaberta:
eles respiravam de antemão o ar que
estava à frente,
e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo,
falavam e riam para dar matéria e peso à
levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas,
às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a
graça, mas as águas são uma beleza de escuras -
e ao toque brilhava o brilho da água deles,
a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!"
...:: Clarice Lispector ::...
02 dezembro, 2007
Destino, por Fernando Pessoa
Destino
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada podeDizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
(Fernando Pessoa)
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada podeDizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
(Fernando Pessoa)
+ um... Drummond...
Fácil é abraçar,
apertar as mãos,
beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que
é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo
como uma corrente elétrica
quando tocamos a pessoa certa."
(Carlos Drummond)
apertar as mãos,
beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que
é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo
como uma corrente elétrica
quando tocamos a pessoa certa."
(Carlos Drummond)
Confissão, por Mário Quintana
CONFISSAO
QUE ESTA MINHA PAZ E ESTE MEU AMADO SILENCIO
NAO ILUDAM A NINGUÉM
NAO É A PAZ DE UMA CIDADE BOMBARDEADA E DESERTA
NEM TAMPOUCO A PAZ COMPUSÓRIA DOS CEMITÉRIOS
ACHO-ME RELATIVAMENTE FELIZ
PORQUE NADA DE EXTERIOR ME ACONTECE...
MAS,
EM MIM, NA MINHA ALMA,
PRESSINTO QUE VOU TER UM TERREMOTO!!!
Mário Quintana
Che... falou:
"HAY QUE ENDURECER-SE PERO SIN PERDER LA TERNURA JAMAS !" [ Ernesto Che Guevara ]
"SE VC É CAPAZ DE TREMER DE
IINDIGNAÇAO A CADA VEZ QUE SE COMETE UMA INJUSTIÇA NO MUNDO, ENTAO SOMOS COMPANHEIROS." [ Ernesto Che Guevara ]
"SE VC É CAPAZ DE TREMER DE
IINDIGNAÇAO A CADA VEZ QUE SE COMETE UMA INJUSTIÇA NO MUNDO, ENTAO SOMOS COMPANHEIROS." [ Ernesto Che Guevara ]
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