05 janeiro, 2014

A reciprocidade e a vingança: política e emocionalidade



Respondendo à perguntinha do Facebook, escrevi:

No que eu estou pensando?
Se há semelhanças (ou não) entre o uso do princípio de reciprocidade e a vingança (o sentimento de vingança e a ação de vingança).

A matéria do link, abaixo,  é antiga (como os conceitos mudam: nem tem dois anos ainda!), mas o uso do princípio é atualíssimo: tratar os outros do jeito que nos tratam. Fazer-lhe o que nos fazem e não fazer-lhes o que não nos fazem.
Tenho me ocupado desse tema (de casa e de fora de casa) justamente por ver e vivenciar grande variedade de tratos e destratos entre as pessoas, cuidados e descuidados, respeitos e desrespeitos.
Nessa oscilação enervante e nauseabunda quem perde é o relacionamento: sucessivas vezes depois... em que dominam os des
(tratos, respeitos e cuidados) ... o vínculo vai minguando, a confiança se perde e o nefasto sentimento de estar sozinho na (s) situação (ões) se perpetua.

Então, o que fazer?
Penso que é preciso dar conta disso, a cada vez que ocorre, e operar (agir) sobre os dados e experiências. Evitar que continue se perpetuando, preferencialmente proibir que aconteça... de novo!

O caminho mais fácil é se vitimar ("eu sempre faço tudo certo e o outro sempre faz tudo errado", não que o sentimento não possa existir, especialmente nos picos do mal-estar. Mas não acho que dê para se basear a ação nele), projetando (mecanismo de defesa do ego) no outro todas as culpas e se eximindo das responsabilidades (e aqui tem algo muito interessante: o outro é culpado; eu não. O outro é culpado e eu nem responsável sou; o outro NÃO É RESPONSÁVEL, ele é culpado: que bela jogada!). Está armado o cenário e o contexto para a vingança.

O caminho mais cômodo é o de silenciar e o de negar (mecanismo - primitivo - de defesa do ego). O silêncio fala que não se gostou, sem dizer nada; comunica-se sub-reticiamente, dissimuladamente. Funciona? Sim e não é de todo descartável, me parece. Pode ser usado... nas "transições", ou seja... entre os momentos de repetição dos des-tratos-respeitos-cuidados). Com a negação, a coisa fica mais complicada: autoriza-se o outro e a si próprio continuar... indefinidamente... enquanto a negação estiver em voga... sendo usada.

O caminho mais difícil (e o mais saudável), me parece (não gosto de escrever parece-me; soa... formal demais. Impressão? Ou não?) é o de usar da reciprocidade.

O quê, então, eu concluo disso?
- Que a reciprocidade é uma maneira política (verdadeiramente política e não... "politicamente correta") mais sintonizada com a racionalidade e com a assunção das próprias responsabilidades.
É uma AÇÃO! O sujeito dessa ação sou eu. Não é o outro, quem (que) a define.
E... há, nesse interjogo de forças, uma atitude de autopreservação, autocuidado, e auto-respeito, bem como, por assim dizer, uma atitude pedagógica: estimular, aprender, fazer ver (tornar visível).

- Que a vingança está mais sintonizada com a emocionalidade, embora tenha seu caráter político, a saber, o de "dar o troco na mesma moeda."
É uma REAÇÃO. A ação do sujeito (eu e o que eu faço) está definida pelo outro, que é o culpado.
E... há, nesse interjogo de forças, uma atitude de descarga emocional com sentimento (ilusório) de autovalorização... permeado pela pretensa crença pedagógica de que o outro vai aprender algo com isso.

Ora, a humanidade precisa mudar isso.
Com urgência!
E vivas à reciprocidade!
Que viva a reciprocidade...


http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2012/04/brasil-comeca-adotar-principio-de-reciprocidade-para-turistas-espanhois.html


No que concerne ao (s) comportamento (s) humano (s), acredito, a lei de ação e reação da física (e também no sentido específico da lei do carma, no espiritismo) nem sempre funciona dessa forma: nós, humanos (e, se quisermos dizer, nós espíritos em evolução) podemos fazer com que ações... não gerem... reações (as mesmas, as previsíveis... quem sabe outras?).
Podemos aprender e mudar. Mudar e aprender.
Ainda bem!

Tal como a abordei, a reciprocidade é uma ação política e não moral e nem religiosa, embora, no texto abaixo...

"A ética da reciprocidade é um princípio moral geral, que se encontra em praticamente todas as religiões e culturas, e também é encontrada na filosofia, frequentemente como regra fundamental. Este facto sugere que pode estar relacionada com aspectos inatos da natureza humana.

A seguir, exemplos de referência à regra áurea nas religiões mais antigas:

No Zoroastrismo
Aquela natureza só é boa quando não faz ao outro aquilo que não é bom para ela própria - Dadistan-i-Dinik 94:5

No Judaísmo
O que é odioso para ti, não o faças ao próximo. Esta é toda lei, o resto é comentário Talmude - Shabbat 31ª

No Confucionismo
Não façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam - Confúcio

No Islamismo
Nenhum de nós é um crente até que deseje a seu irmão aquilo que deseja para si mesmo - Sunnah

No Budismo
Não atormentes o próximo com o que te aflige - Udana-Varga 5:18

No Hinduísmo
Esta é a suma do dever: não faças aos outros aquilo que se a ti for feito, te causará dor - Mahabharata (5:15:17)

No Cristianismo
Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles - Jesus no Sermão da Montanha Mateus 7:121"

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.