31 janeiro, 2009

Poema de Edgar Radins.




É na noite escura
que ando
e onde me sinto bem.

Vejo tua luz
e meus passos
te seguem.

Teu rosto
me rouba um sorriso
toda vez que olhas prá mim.

Te descobri em meus versos
e fiz uma rima com você e a palavra amor.
O amor sem você é como não amanhecer
é como um suspiro sem razão de ser.

Só sei
que ao te achar
eu me perdi.

E me perder
foi a forma mais linda
de te encontrar.

Edgar Radins.



28 janeiro, 2009

"O QUE ESTÁ EM CIMA É COMO O QUE ESTÁ EMBAIXO".













Psicoterapia não é coisa pra louco!




Fico estupefata que, mesmo estando no século 21, com uma gama de informações extraordinária disponivel, ainda haja tanto preconceito e mal entendido sobre o que seja e para quem seja psicoterapia. Existe ainda grande resistência por parte das pessoas - mesmo por aquelas que buscam sites, livros ou qualquer outro veículo de auto-ajuda - sobre o fato de entrarem num processo de psicoterapia. O que ocorre comumente é uma pseudo-preocupação, onde a grande ânsia é apenas em tirar a angústia, a ansiedade, o mal estar ou qualquer outro sintoma e não em resolver, efetivamente, o que causa tais sintomas. Quando sugiro para alguém que seria bom que fizesse psicoterapia sempre vem aquela pergunta: "Você acha?...", juntamente com aquele olhar interrogativo como que completando a pergunta "... que eu preciso?" Como se houvesse na minha indicação alguma insinuação de que a pessoa é louca ou coisa parecida.

E devido a este preconceito a pessoa vai se arrastando pela vida e arrastando as situações em que vive, sem conseguir resolvê-las com eficácia e a seu favor. Eu até entendo que o que está por trás deste preconceito em relação à psicoterapia é o medo do encontro consigo próprio, de encarar-se e, consequentemente, de perceber os seus equívocos e suas ilusões sobre si mesmo. Sei também que, além disso, a maioria das pessoas não foi educada para se perceber e se levar a sério (a nossa cultura ainda tem dificuldade em olhar uma criança como alguém perceptivo!).

Outro grande problema que impede as pessoas de ir na busca do processo de psicoterapia é a baixa disponibilidade para si próprio - justamente por não se levarem a sério e às suas reais necessidades.É difícil a pessoa colocar-se disponível para si mesmo, pois tem receio de cortar os fios da teia na qual está preso por tem medo de cair num vazio maior no qual já sente estar. Por isso, cria justificativas lógicas e plausíveis (racionalizações) que, na maioria das vezes, a coloca como vítima da própria vida, sem se dar conta da sua cota de responsabilidade sobre a mesma.Existe por parte das pessoas, de uma forma geral, uma séria dificuldade em entender que psicoterapia é algo que tem como função ajudá-las no processo natural da vida, que é se desenvolver. Então, assim, ainda existe um certo constrangimento quanto ao porquê da necessidade da psicoterapia.Nascemos com um "projeto de vida", que muitas pessoas chamam de "destino". E qual seria este senão o próprio desenvolvimento da consciência e o colaborar no desenvolvimento da nossa própria espécie?Queiramos ou não esses desenvolvimentos acontecem (da consciência e da espécie) da mesma forma que o desenvolvimento físico também se dá.
O processo de psicoterapia ajuda no curso natural do desenvolvimento da consciência, elevando-a mais rapidamente e, muitas vezes, além da média; eliminando, desta forma, o sofrimento e as angústias vividas ao longo da vida. Isto não significa que não haverão mais problemas, mas, sim, que a pessoa aprende a lançar um novo olhar sobre si e sobre a vida, proporcionado-se satisfatória saúde emocional e boa qualidade de vida. A psicoterapia é a possibilidade de encontrar-se com seu verdadeiro Eu - que Jung chamou de Self. É a possibilidade de desmanchar as ilusões e as racionalizações sobre seus comportamentos, além de poder compreender as reais motivações que os geraram. É a possibilidade de redirecionar positivamente o fluxo de energia da vida - que na maioria das vezes está represado ou canalizado para situações que são negativas ou até mesmo destrutivas e não proporcionam a verdadeira sensação de bem estar e realização pessoal. É a possibilidade de sair da teia, um emaranhado de fios de "verdades absolutas" estabelecidas (que não o foram, necessariamente, por si próprio e sim, muitas vezes, "herdadas" da família, via educação).

Normalmente, quando essas "verdades" são herdadas e vividas, ou a pessoa segue-as na íntegra, ou faz exatamente o contrário, por assim acreditar que está seguindo o próprio caminho (o que não é verdade, pois os parâmetros continuam sendo os familiares); sobrando a sensação de insatisfação e de vazio constante.Acredito no trabalho da psicoterapia, justamente porque também já estive do "lado de lá" - no meu próprio processo de psicoterapia - além do meu trabalho como profissional, onde sou testemunha do bem que este processo de desenvolvimento da autoconsciência promove na qualidade de vida de uma pessoa. Por isso, acredito que psicoterapia é uma modalidade de processo de autoconhecimento que serve para todos, em larga escala, sem restrição de idade ou crença.A psicoterapia promove ampliação e expansão da consciência sobre si mesmo - elevando o nível de autoconsciência - sobre seu verdadeiro Eu - e, consequentemente, sobre suas reais necessidades e motivações. Essa ampliação e expansão da consciência levam a um caminho de luz; pois, consciência é exatamente isso: Luz.
Enquanto que quando vivemos ignorantes de nós mesmos (sem o sabermos!), vivemos nas sombras, se não, na própria escuridão; andando pela vida como sonâmbulos, com comportamentos - movimentos, ações e reações – “no automático”.A psicoterapia é o caminho para o desenvolvimento da luz na própria vida, ou seja, serve como canal para que a pessoa descubra dentro de si todo um potencial ainda desconhecido de si mesma e, a partir daí, aplicá-lo na própria vida. Afinal, só podemos utilizar o que sabemos que temos!Apenas quando descobrimos nossos potenciais podemos administrar com tranqüilidade nossas limitações individuais e nos aproximar de nós, enquanto seres humanos que somos.Apenas quando dissipamos nossos equívocos e ilusões sobre nós mesmos é que podemos nos levar a sério e aí, sim, colocamo-nos à nossa disposição - nos tornamos auto-disponíveis e mais abertos para a vida e para as pessoas.Apenas quando conhecemos nossos recursos (tesouros escondidos!), conseguimos tranqüilizar nossa a ansiedade, eliminando o medo do futuro.

Apenas quando podermos olhar nos nossos olhos - sem medo do que encontraremos no fundo deles - é que conseguiremos viver uma vida mais pessoal e plena, com aplicação adequada dos nossos melhores recursos, proporcionando-nos uma real e boa qualidade de vida, impregnada de amor e respeito.E com isso todos ganhamos: nós mesmos, as pessoas à nossa volta e a própria humanidade, da qual fazemos parte.Então, sob este prisma, como alguém pode sequer pensar que psicoterapia é "coisa pra louco"??


Maria Aparecida Diniz Bressani
é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana, especializada em atendimento individual de jovens e adultos, em seu consultório em São Paulo.


O hábito de sofrer: Ignorância do apego a si mesmo







Ignorância do apego a si mesmo

Segundo Buddha, este é o elo final e original da cadeia que forma o hábito de sofrer. O fim e o início de todo e qualquer sofrimento. Neste sentido, este ciclo é interminável. Ele poderá apenas ser rompido quando pudermos “relaxar a mente no espaço absoluto da vacuidade”, isto é, quando conseguirmos ver a realidade direta dos fenômenos sem nos deixar levar pelo hábito de dar concretude às nossas projeções mentais.
Naturalmente, temos dificuldade em entender o que este Elo significa. Afinal, ele está descrevendo a causa original do sofrimento que estamos vivenciando neste exato momento! Se fôssemos capazes de compreender e realizar este ensinamento neste mesmo instante, já teríamos quebrado a cadeia de nosso sofrimento: estaríamos iluminados!

Por isso, não devemos nos desesperar quando compreendemos um ensinamento. O importante é mantermos o interesse e o compromisso com nossa evolução interna. Aliás, os Lamas costumam nos alertar que nunca devemos nos pressionar neste caminho. Saber estar à vontade com nossa própria mente e fazer apenas o que for possível a cada momento é uma regra importante para cultivarmos nossa sanidade mental. É uma ironia terrível nos levarmos à loucura porque nos dedicamos ao caminho espiritual. No primeiro Elo, há a imagem de uma senhora cega, andando sem rumo, tateando o caminho com uma bengala. Assim, como ela, nós também vivemos na escuridão.

A ignorância nos impede de enxergar a realidade com clareza.A Ignorância é uma mente de auto-agarramento, como se existíssemos apenas por nós mesmos. Isto é, ignorar significa estar alheio à verdade absoluta de que nada existe por si só, mas sim que tudo existe por sua natureza interdependente. Neste sentido, tudo está em constante mudança, nada é permanente. Podemos compreender intelectualmente esta verdade mas, enquanto nossa mente funcionar pela dinâmica destes 12 elos, não conseguiremos trazer esta compreensão para o nosso modo de ver a vida. Continuaremos presos ao hábito de sofrer.

Portanto, o antídoto para a ignorância está em cultivar a sabedoria de reconhecer a interdependência entre todos e tudo.Manter a mente alerta ao fato de que tudo está interligado, nos leva a observar atentamente nossas ações de corpo, palavra e mente. Neste sentido, ganhamos sabedoria ao passo que deixarmos de ser inconseqüentes. O caminho da autocura é o caminho da responsabilidade pessoal. Neste sentido, para superarmos a ignorância e romper o hábito de sofrer, podemos começar por observar o efeito que geramos em nosso ambiente com aquilo que dizemos. Por exemplo, que tal observarmos se temos dito o que de fato sentimos?Quando usamos as palavras para manipular ou disfarçar sentimentos, geramos intensa confusão dentro e fora de nós. Estar atento à autenticidade de nossas palavras é um bom começo para observarmos a interdependência dos fenômenos! (Por Bel Cesar)

As Apsaras




Apsaras é uma palavra que em Sânscrito significa Essência das Águas.

Para o povo Hindu, são Divindades femininas associadas à Fertilidade.

Conta uma lenda, que o Ganges era um rio que corria na morada dos Deuses cuja Força era imensa... Os homens então oraram para Shiva, pedindo para que o rio corresse também na terra. Porém, o impacto da queda de água seria muito violento... Para resolver isso, Shiva permitiu que o rio escorresse suavemente para a terra pelos seus longos cabelos... Simbolicamente, o Ganges representa a Essência da Vida, a Energia da Kundalini... E o Deus Shiva, a Consciência que possibilita as Transformações necessárias em nossas atitudes para poder lidar com essa Luz Divina...

Aquele que alcançou a Lucidez na Essência das Águas da Vida recebe o Encanto das Apsaras...

Coragem e opção, por Osho





A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas – com teologia, conceitos, palavras, teorias – e do lado de dentro dessas portas e janelas, eles se escondem.

O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo – mas aí já estão mortos. A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula – ela é astuta. O coração nunca calcula nada.

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"Sempre que houver alternativas tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortavel, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso.
Opte pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências."





21 janeiro, 2009

Diálogos: Dalai Lama e Leonardo Boff: Qual é a melhor religião?





No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga: -Santidade, qual é a melhor religião?

Esperava que ele dissesse: -“É o Budismo tibetano” ou “São as religiões orientais, muito mais antigas do que o Cristianismo.”

O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos – o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta – e afirmou: -A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor.

Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
-O que me faz melhor?

Respondeu ele: -Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável...A religião que consegue fazer isso de ti é a melhor religião...

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável”.


Leonardo Boff

O que a química tem a dizer sobre os nossos problemas?




Por vezes nos sentimos num emaranhado de experiências que nos retiram a confiança, o amor e a aposta que fazemos nas pessoas e na humanidade como um todo. Muito ruim sentir isso.... e parece que ainda vai ficar pior!

Sim... são os descompassos e quedas que sofremos.
Esses sentimentos podem estar sedimentados sobre experiências reais e concretas com pessoas que nos magoaram, traíram, enganaram e usaram... sem o nosso consentimento explícito... mas de alguma forma, com a nossa concordância tácita, nós possibilitamos isso... quer por querermos muito bem as pessoas em questão, quer por querermos ser educados... e assim por diante. É preciso por um basta nisso!

Acreditar no ser humano é uma aposta sempre renovada e nunca terminada, já que todos somos falhos. Acreditar que nunca seremos ofendidos, traídos, enganados ou desrespeitados é uma ilusão... uma auto-ilusão que é des-confirmada pelo comportamento do outro.


Acho importante nos darmos o direito da saída... de irmos embora quando as coisas estão muito ruins e estamos sofrendo. É importante recolher-se a própria "significância" e valorizar o que se sente, mesmo que seja falta de fé nas pessoas... e deixar passar... passar dentro da gente mesmo... por que talvez... fora, não mude.


As pessoas tendem a querer ter a razão em tudo, mesmo quando percebem que estão erradas... ego e egoísmo!
Nós também... queremos ter razão... e com isso nos machucamos mais ainda!

Abrir mão do uso exclusivo e limitante da "da razão" e de ter a razão em algo, nos permite avaliar os acontecimentos de uma perspectiva mais ampla... no seu devido tempo... um dia, uma semana, um mes depois... e ao longo desse tempo... novas fichas vão cair... o tempo não existe, mas se mede em minutos!
Querer retomar a confiança nas pessoas "já agora nesse minuto" quando se está sofrendo... é uma tentativa fracassada... precisamos DE ESPAÇO para nós mesmos percorrermos esse Tempo e ... bem, chegarmos às nossas conclusões.

Apostar na auto-confiança, nos próprios sentimentos e nas próprias percepções é inadiável nesses momentos... e possibilita colocar limites para "esse estado das coisas"... e seguir em frente.


Não há dor e mal que durem para sempre. Até a pior das tempestades termina, e começa um novo momento de calmaria: momento de ver os estragos... e continuar.

Uma atitude reverente é aquela em que conseguimos olhar para os acontecimentos, por melhor ou pior que tenham sido, sem apego, e considerar que o acontecido está nos comunicando algo muito importante acerca de nós próprios e de como funcionamos em nosso cotidiano e em nossas relações.

Sempre temos a possibilidade de crescer como seres humanos e aprender coisas inéditas que julgávamos inexistentes ou impossíveis. Reverencie o que você sente, percebe e aprende consigo e com os outros... porque esse é um caminho libertador.

Recentemente, conversando com uma pessoa que trabalha em grande e prestigiado laboratório de análises químicas, e com formação específica para tal... ela me contava que estava pensando em fazer uma pesquisa sobre " o tempo de validade das soluções...".

Fiquei encantado!

Trazer esse texto para o que me interessa, a filosofia e a psicologia, mostrou-se... salutar!


Fiquei indagando sobre o tempo de validade das soluções que temos utilizado para resolver nossa vida, nossos conflitos e nossos problemas... por mínimos ou "máximos" (rsrsrsrs) que sejam: será que ainda estão válidos? Qual o seu tempo de validade?


Tem uma propaganda que fala em soluções antigas para problemas novos - ênfase no passado e no que já mostrou eficácia... no passado! Seria o caso, agora, de perguntar... e soluções novas para problemas antigos, quais são?


Sim, porque facilmente ficamos presos e, teimosamente, tentamos resolver tudo "do nosso jeito... (velho)" e pouco espaço (e tempo!) damos ao que é novo EM nós... ao que pede passagem POR nós, através de nós... no presente.

Com certeza, ouso afirmar, já há soluções que demos e damos aos nossos problemas, dificuldades, conflitos que estão com o prazo de validade esgotado. Precisamos criar, inventar e desenvolver outros..................... novos!

Nessa maravilhosa conjunção de fatos, textos e contextos que é a vida... vamos misturando amores como se fossem cores, misturando sabores como se fossem amores... e nessa mistura maravilhosa... chega a hora de saber... separar!

Sigamos em frente... pois o mundo é muito grande e a vida muito pequena para ficarmos parados!

Sigamos em frente porque o mundo (a Terra, o "nosso" mundo, quando situado na imensidão do cosmos)
é muito pequeno e a vida é muito grande... temos tudo por fazer... ainda é possível... sempre é possível... tentar!




Link relacionado:

http://psicologiaevidalivres.blogspot.com/2008/11/o-prazo-de-validade-das-solues.html#links


Ghandi... sobre o gritar, a distância e a proximidade dos corações






Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos :
'Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas ?'
'Gritamos porque perdemos a calma', disse um deles.
'Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado ?', questionou
novamente o pensador.
'Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça', retrucou
outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar :
'Então não é possível falar-lhe em voz baixa ?'
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu :
'Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido ?'
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se
afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir
um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas ?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê ?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se
olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo :

'Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não
digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a
distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta'.



Mahatma Ganghi

Auto-aceitação, por Konstantinos D. Stavropoulos






A auto-aceitação é essencial para nossa felicidade. Quanto mais nos
aceitamos menos nos ofendemos, aceitamos mais os outros, precisamos menos
que os outros nos aceite. Ficamos num estado amoroso, que é o melhor estado
mental que podemos estar.
Quanto menos me aceito mais eu preciso da aceitação dos outros, me ofendo
com facilidade, não aceito os outros, fico sempre criticando os outros.

Acontece que 99,9% das pessoas não se aceitam muito. Estão sempre
procurando a aceitação do outro. Quando encontramos alguém que está no
estado amoroso (que tem grande auto-aceitação) somos atraídos a esta
pessoa, pois se ela nos aceitar fica mais fácil nós nos aceitarmos.
Enquanto não nos aceitamos vivemos “implorando” para o outro nos aceitar. E
qualquer crítica nos magoa muito.

Auto-aceitação significa aceitar quem eu sou, com minhas qualidades e
limitações. Permito que o outro me veja como sou, não preciso me esconder.
Posso ser autêntico. Como sabemos se uma flor é de verdade ou de plástico?
Se tiver “defeito” é de verdade, caso contrário é de plástico.

À medida que observo e reflito sobre meus pensamentos e sentimentos, vou me
conhecendo e possivelmente aumentando minha auto-aceitação e
conseqüentemente me sentindo mais amoroso, mais feliz, mais capaz de ajudar os outros.

Sentir raiva, ressentimento é um estado oposto ao amoroso, não é nada
agradável. Todos passamos por momentos de ressentimento e raiva e
podemos ter empatia e compaixão por aqueles que estão vivenciando este
estado. Aceitar que somos humanos, que de vez em quando ficamos com
raiva já é um passo importante no caminho da auto-aceitação.

Fatores que impedem a auto-aceitação são:
1. se achar muito importante;
2. inveja;
3. ser rude, rejeitar os outros.

Vinícius de Moraes disse, em uma de suas músicas: “A vida é a arte do
encontro, se bem que haja tanto desencontro.” Este encontro verdadeiro só
existe quando estamos no estado amoroso.

Quando estamos no estado amoroso, consideramos o outro como amigo, há um
sentimento de “encontro” real, nosso isolamento desaparece, tratamos o
outro com carinho, queremos o bem estar e a felicidade do outro, ficamos
felizes com o sucesso do outro. E isto é muito bom para nós mesmos


Shiva e a Dança Cósmica





"A dança de Shiva simboliza...os ciclos cósmicos de criação e destruição... e o ritmo diário de nascimento e morte, visto no misticismo indiano como a base da existência... Shiva lembra-nos que as múltiplas formas do mundo são maya - não fundamentais mas ilusórias e em permanente mudança - na medida em que segue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua dança...

A mão direita superior do deus segura um tambor que simboliza o som primordial da criação; a mão esquerda superior sustenta uma língua de chama, o elemento de destruição. O equilíbrio das duas mãos representa o equilíbrio dinâmico entre a criação e a destruição do mundo, acentuado ainda mais pela face calma e indiferente do dançarino no centro das duas mãos, no qual a polaridade entre criação e destruição é dissolvida e
transcendida. A segunda mão direita ergue-se num gesto que significa "não tenha medo", expressando manutenção, proteção e paz; por sua vez, a mão esquerda remanescente aponta para baixo, para o pé erguido e que simboliza a libertação da fascinação de maya. O deus é representado dançando sobre o corpo de um demônio, símbolo da ignorância do homem e que deve ser conquistado antes que seja alcançada a iluminação.

A dança de Shiva - ainda nas palavras de Coomaraswamy - é "a imagem mais clara da atividade de Deus de que se pode vangloriar qualquer arte ou religião". Como o deus é uma personificação de Brahma, sua atividade é a atividade das incontáveis manifestações de Brahman no mundo.

A dança de Shiva é o universo que dança, o fluxo incessante de energia que permeia uma variedade infinita de padrões que se fundem uns nos outros...

A física moderna mostrou que o ritmo de criação e destruição não se acha manifesto apenas na sucessão das estações e no nascimento e na morte de todas as criaturas vivas, mas também na essencia mesma da matéria inorgânica... é a base da própria existência da matéria, uma vez que todas as partícula "auto-interagem" pela emissão e absorção de partículas virtuais... ela revelou pois, que cada partícula subatômica não apenas executa uma dança de energia, mas também é uma dança de energia, um processo vibratório de criação e destruição. (Fonte: o Tao da Física, de Fritjof Capra. ps. 183-185)










Uma outra representação de Shiva relativa a um outro par de opostos começou a surgir na Índia com a invasão dos povos árias do norte. Eles possuíam uma coletânea de hinos chamados RigVedas, em sanscrito primitivo, usado quando se ofereciam os sacrifícios Arianos. Ali, Shiva conhecido como Rudra, O Terrífico, era uma divindade menor a qual os devotos se dirigiam em apenas três hinos. Sob o nome de Shiva, mais tarde, esta divindade vem a se transformar em um dos três principais Deuses do panteão hindu, depois de absorver algumas características de um Deus da Fertilidade indígena. Neste momento se configurou a trindade constituída por Vishnu, significando existência, luz, concentração e preservação. Shiva como representante de aniquilamento, trevas, dispersão e destruição. E Brahma , no centro, com eixo de equilíbrio.

Shiva depois de passar, como Rudra, por características sinistras, misteriosas e associadas às funções destrutivas, se apresenta plenamente desenvolvido, combinando características contrastantes . Como Mahakala ele é o grande deus do tempo infinito, que tudo destroi. Com um aspecto oposto, ele é Pashupati, o senhor de toda a criação. Contam que a terra estava ficando desolada e foram pedir a Vishnu que despejasse sobre a terra o rio cósmico Ganga, para restaurar toda a vida do planeta. Acontece que este rio tinha uma força torrencial que se caísse sobre a terra, destruiria tudo, a faria em pedaços. Shiva, ao saber, amparou o rio em sua cabeça, e pela água que lhe escorriam pelo seus longos cabelos negros surgiram os veios que deram origem ao Rio Ganga (Ganges) que possui exatamente esta função restauradora e purificadora.

Shiva é ainda Nilakanta , O Garganta Azul. Dizem que a serpente Vasuki espalhou sobre o universo um veneno que o ameaçava de destruição. Os Devas e Asuras que não podiam lidar com tamanho problema, recorreram a Shiva que bebeu o veneno livrando todo o universo de ser destruído.

Já como Nataraja - O Senhor da Dança, Shiva possui os dois aspectos: destruidor e criador. Na reclusão de sua morada, no alto do Monte Kailasa nos Himalaias, Shiva dança. E ao executar este ritual ele revolve toda a neve sob seus pés, e à sua volta. Assim enquanto dança ele destroi o universo. Mas a neve remexida pela dança se derrete e começa a formar um pequeno filete de água que desce as montanhas formando pequenos veios que mais abaixo se transforma numa volumosa fonte de vida que é o Rio Ganga.

Shiva é ainda Ashutosha - 'Aquele que se basta', o Senhor do Desapego. Aceita de bom grado o que lhe é oferecido valorizando desse modo, mais a intenção do que o objeto oferecido.

Como uma lembrança do que é impermanente ou da constante mudança, Shiva é Akasha - o éter, o sem forma. Os fiéis de Shiva neste estado o veneram em ritos usando uma pedra normalmente colhida no Rio Ganga ou no Rio Gandaki no Nepal, para representar a sua imagem sem forma. E transcendendo o estado de Akasha encontramos a 'consciência pura'.

Com todas estas manifestações através das formas e da não-forma, de sua dança através dos tempos, encontramos nos Svetasvattara Upanishads uma menção sobre "este Deus (que) é o artesão do Universo, o Ser Supremo. (Ele) mora eternamente no coração das criaturas". E ainda é dito que "quando não há trevas, não há nem dia nem noite, nem ser nem não-ser, então (este) é Shiva , o Absoluto, é o Imperecível".

Para que os devotos lidem com todas estas representações, é pedido a eles que adorem não os nomes e as formas, mas o dinamismo, a torrencial corrente cósmica de fugazes evoluções, que continuamente produz e aniquila as existências individuais; como gotas de uma poderosa queda d'água. O indivíduo passa a ter uma atitude, identificando sua mente com o princípio que lhe dá existência. Que o lança para dentro de um processo de crescimento, eliminando as contradições existentes em seu caminho. Assim ele se sente como parte desta força suprema. Tanto os pesares quanto as alegrias são transcendidas na entrada em um estado puro, livre de opostos.

Assim como em todo este simbolismo védico, as estruturas psicológicas contém secretamente o seu oposto, ou está de alguma forma ligado à ele. E não existe nenhum ritual, ou momento psicológico, que não se converta em seu oposto quando se toma uma posição extrema. Quanto mais tomamos uma atitude unilateral, tanto mais podemos esperar sua reversão para o seu contrário. Isto é chamado enantiodromia.

Portanto todas as nossas qualidades e características das quais mais gostamos e defendemos são as mais ameaçadas com certa perversão diabólica. Pois são exatamente elas que mais reprimem o mal.

O autoconhecimento é uma aventura que nos conduz a amplidões e profundezas inesperadas, sendo sempre muito doloroso desencadearmos perturbações difíceis de se administrar. Nossa existência individual se caracteriza por uma relação entre a alma livre, pura e perfeita, e as ilusões do mundo exterior. Mas sempre poderemos transcender à estes obstáculos temporais e a todos os nossos apegos para conseguirmos discernir a realidade aparte das camadas de ilusão que a envolvem.

Para a psicologia moderna, com este empreendimento estaremos sempre lidando com a vida e a morte da consciência comum, para dar lugar ao surgimento de uma consciência superior. Num confronto com a sombra, que apesar de sinistro e inevitável, é o que nos projeta para a individuação.

E, sempre que olho para lugares ermos do inconsciente, vejo Shiva. No topo do Monte Kailasa. Pronto para começar a sua dança.

(*) Sérgio Pereira Alves é Psicólogo Clínico Junguiano atuando na clínica particular em Belo Horizonte. Autor de vários artigos publicados em jornais e revistas especializadas.

20 janeiro, 2009

CAMINHO DAS ÍNDIAS I: Comentários descartáveis mas não desprezíveis



Bahuan e Maya (Márcio Garcia e Juliana Paes), os protagonistasFoto: TV Globo/João Miguel Júnior


Começou.
Começou a nova novela da Globo, assinada pela experiente Glória Perez.
Há muito, desde que ouvi pela primeira vez (e em primeira mão - no blog de uma brasileira que mora em New Delhi), estou na expectativa. Não me frustrei... logo eu que não asssiti a nenhuma novela neste milênio... de nove anos (risos)!

Cenários luxuriantes, como era de se esperar; palavras em hindi e sanscrito, que possivelmente devem estar dificultando o entendimento de quem não conhece os termos e aspectos básicos da cultura do país; tomadas externas belíssimas e fiés, mostrando algo do cotidiano abarrotado de pessoas, animais e intenso movimento nas ruas; cores e... quase cheiros (eu que já estive lá... chego a sentí-los!); belezas e belezas e mais belezas... tudo em dois capítulos, já que começou ontem, dia 19/01/09.
Lindo!

As cenas e os dramas que ocorrem na Índia são as que estão chamando mais a minha atenção, apesar de alguns equívocos terríveis.
Quando a narrativa, ou os acontecimentos se voltam para o Brasil... é de chorar. Muito ruim e sem graça...

Juliana Paes está linda e Marcio Garcia também. Ambos muito bem nos seus respectivos personagens. Uma bela caracterização... apesar dos pesares...

Soa estranho Juliana de cabelos soltos ao vento, coisa que as indianas raramente fazem; a maioria delas usa tranças de longos cabelos negros.
Também soa estranho (para não dizer, nesse caso, completamente fora de propósito) que Márcio tire os sapatos em frente a deidade de Sri Ganesh, algo impossível de acontecer num templo, já que os sapatos são tirados muito antes de se chegar ao nicho onde está a imagem do deus... na verdade, são deixados fora e antes de adendrar-se ao templo... numa verdadeira montanha de sapatos, chappals (sandálias) e alguns tênis.
O mesmo vale para Raj, que os tirou DENTRO de casa...
Furo!

A trilha sonora, ainda que muito bela e eficiente, pelo impacto sonoro... me parece inadequada porque foram usadas duas músicas [uma delas: Azeem-O-Shan Shahenshah - uma canção genuinamente muçulmana numa trama hindu(ista)] do Jodhaa Akbar, filme lançado em fevereiro e que retrata a vida do Imperador Akbar... em cenas relacionadas ao poder e à guerra...
Penso que teria muitas, milhares mesmo, de outras opções... nas (também) milhares de trilhas sonoras dos filmes de Bollywood, como é chamada carinhosamente a indústria cinematográfica da Índia em Mumbai (ex Bombaim) e que faz mais filmes que a Hollywood de Los Angeles, Califórnia.

Detalhes.
Detalhes que fazem diferença.
Só.

Os costumes da cultura e a cultura dos costumes (já que na Índia a tradição do "sempre foi assim e assim continuará sendo" - ainda que muitas mudanças estejam acontecendo em processo acelerado) está sendo marcada a ferro e fogo, quase de forma estereotipada... no desenrolar das cenas e acontecimentos: nada mais óbvio.
Imagino ser muito difícil querer trazer para cá... milênios de história e religião.
Nesse sentido, a equipe de produção e direção estão de parabéns... os dois primeiros dias da novela já estão emplacados, "apesar de tudo".

Um dos únicos países politeístas do mundo, a Índia chama atenção pelo exotismo dos cenários, pela diversidade religiosa (apesar de que, até agora, não apareceu nenhuma referência aos sihks, cristãos, jainistas, budistas e muçulmanos, dentre outros, (claro que isso também é querer demais! Embora já tenha aparecido alguns deles caminhando pelas ruas!)... e por outros milhões de motivos, tal qual o número de deuses, aliás, devidamente citados nos minutos iniciais da trama. Isso dá ibope. Alguém duvida? Claro que não!

Seja como for, estou em franca torcida para que o argumento e a narrativa possam continuar no tom que começou, sem aquelas mudanças bruscas, tão comuns na globo, por causa da audiência.
Ingenuidade?
Pode ser...
mas, também, ... desejo!

A fórmula já deu certo antes, em "O Clone"... alguém lembra? Muitos!
A cultura muçulmana em destaque... InshAllá!
Até se perder completamente na mesmice de sempre e na repetição da baboseira que beirava o ridículo-patético.

Que o mesmo não aconteça com essa "Caminho das Índias": Om evam saraswati namah (mensageiro da deusa Saraswati), a deusa do conhecimento e da sabedoria, bem como das artes em geral e da música em particular.

Apesar de Maya - Juliana Paez - ser "moderna", trabalhar à noite num call center e sair para encontrar-se (de cabelos soltos) com um desconhecido (Marcio Garcia, muito alto e forte para os padrões indianos) na frente do Taj Mahal (que é em Agra, mas é apresentado, ainda que sem referências explicitas, como se fosse nos arredores de Jaipur)... vale a pena ver... pela beleza dela E DA ÍNDIA... E PARA, NO MEU CASO, RELEMBRAR...

Saudades!
SAUDADES!!!

Só mais uma: espero que o anunciado beijo que prometia sair no final do primeiro capítulo (uma heresia completa no que concerne aos filmes feitos na Índia, salvo produções independentes ou estrangeiras rodadas com atores indianos) leve algumas semanas, quem sabe, meses.... para acontecer!
Tudo para ser fiel à Índia, sem ficar aculturando, ou desaculturando e abrasileirando... o país dos deuses!

Estarei atento e assistindo... por enquanto!
Alguns amigos e leitores pediram minhas "impressões iniciais"... ai estão.

NAMASTE



15 janeiro, 2009

Os anjos e os magos




Um anjo... com asas na cabeça...
Voa pelo pensamento!
Suas decisões são rápidas!!!

Quem disse que magos só se vestem de preto?
E... que anjos sempre estão de branco?

Lembra dos anjos encarnados que encontramos?
Pois então?
Usam jeans e uniforme!!!

Estou convencido de que esses anjos são magos e fazem magia...
pois as situações que resolvem e ajudam a resolver... nota 11!

Meu abraço para todos eles...


about love: a poetic trilogy : sobre o amor: uma trilogia poética





Amo-te porque não sei porquês
Antoniel Campos

Amo-te porque não sei porquês,
num quanto que só sei que não sei quanto.
Amo-te no duplo do que vês
e enquanto assim não vês, amo no enquanto.

Amo-te na calma e no espanto
de que não mais assim ame talvez.
Amo-te de sempre e em todo canto
que exista, que existiu ou não se fez.

Amo-te sem quandos, quais e quês,
sem se, sem todavia e sem porquanto.
Amo-te sessenta dias/mês.

E em cada santo dia e dia santo,
amo-te em todos de uma só vez
e em um de cada vez amo outro tanto.


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TE AMO,
ETERNAMENTE, TE AMO...

Vem de longe este amor,
nasceu um dia quando os teus olhos
pousou de mansinho dentro dos meus...

Entre estrelas, cantos, luz, sons,
o céu, a noite, o sol, o luar... o campo,
nasceram meus versos perfumados...

E canto meu amor num impulso nobre,
celebro e exalto o que a mim foi dado
como dádiva, viver um grande amor...

O som do universo são ecos
da minha respiração ofegante... te amo...

Não morrem as estações,
sempre vivas e reais,
assim é o meu amor... imortal...

Não se esquece nunca!
(Naidaterra)


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Soneto de amar

Amo-te muito e sem descanso e sempre
E mais que a tudo e que à realidade
E como um louco e com serenidade
Amo-te com a dor de um amor ausente

Amo-te agora e pela eternidade
Como um bom deus sempre presente
Amo-te aflito e amo-te contente
E sem passado e nome e sem idade

Amo-te como uma criança, puro e casto
E com desejo e um amor devasso
E com saudade e mais do que podia

Amo-te enfim como um castigo
Sem fim, errante e sem amigo
Te esperando pra me raiar o dia

Gabriel Dinnebier




14 janeiro, 2009

Caminhos da liberdade, por Liane Alves




Como reconhecer o que ainda nos amarra?
E o que é realmente ser livre? Algumas das respostas para essas perguntas fundamentais
em nossa vida podem estar por aqui


Dizem que o diabo andava passeando com um amigo quando viu um homem à sua frente abaixar-se para apanhar algo brilhante que faiscava em seu caminho. O homem pôs aquela estrela luminosa em suas mãos, admirou-a por um bom tempo e a colocou junto ao peito. O amigo do diabo, curiosíssimo, cochichou baixinho no ouvido de Satanás: Nossa!!! O que é que é aquilo!?! Que coisa mais linda e brilhante aquele sujeito pegou do chão! O diabo, experiente, respondeu: Aquele homem acabou de encontrar a liberdade ao colocar a luz da verdade em seu coração... Então o amigo do diabo exclamou: Xiiii, mas isso deve ser um péssimo negócio para você! Como vai poder obscurecer a verdade e aprisionar novamente o homem às suas intenções?!? O diabo arqueou as sobrancelhas, deu um sorriso malicioso e disse: Fácil. É só organizá-la em crenças, sistemas e instituições...

Quem gostava de contar essa historinha foi um dos homens mais livres que a humanidade talvez já tenha conhecido: o escritor e líder espiritual indiano Jiddhu Krishnamurti (1895-1986). Krishnamurti, como tantos outros que encontram o brilho da verdade e se tornam realmente livres, pode nos ajudar a enxergar nossos grilhões e nos ensinar como abandonar o peso de muitas correntes que atrapalham nossa caminhada. Os caminhos são muitos. Com liberdade, você pode escolhê-lhos entre as mais variadas opções.


Camelo, leão e criança
Uma metáfora, com suas imagens, é muito mais forte que mil palavras, especialmente quando ela retrata nossa própria condição. Uma das metáforas mais poderosas sobre a condição humana e sua relação com a liberdade é a do camelo, do leão e da criança. Ela foi empregada pelo filósofo alemão Fiedrich Nietzsche no século 19 e até hoje é utilizada para demonstrar as diferentes metamorfoses da consciência e nossa possibilidade de sermos livres. Diz ele que o homem, ao nascer, é como o camelo. É obrigado a comer, assimilar e armazenar, por um bom tempo, grande parte dos dados, histórias e ensinamentos acumulados pela humanidade ao longo de séculos. Essas informações chegam a ele por meio das orientações dos pais, professores e mestres, da convivência com seus iguais ou também por toda a produção cultural existente na sociedade: livros, filmes, arte, teatro, arquitetura, todo tipo de mídia... Ele vai ruminar, ruminar e ruminar essa quantidade enorme de dados até construir seu sistema de valores e crenças que, na maioria das vezes, já está alinhado com valores e crenças organizadas e pré-existentes sejam elas religiões, sejam elas sistemas políticos, filosofias ou doutrinas.

A maior parte da humanidade, diz Nietzsche, vive no estado de camelo. Só assimilando, aceitando, deglutindo. Ou, pior, se estapeando por causa do conteúdo engolido, isto é, por causa de suas crenças, ideologias ou religiões. Os homens-camelos não têm potencial crítico para se afastar da própria crença, analisá-la de forma isenta e descobrir seus pontos falhos ou ângulos distorcidos. Principalmente porque ela está baseada na emoção, não na razão. Por isso, para eles, de alguma forma parece impensável e sacrílego fazer essa avaliação.

Uns poucos entre os camelos chegam ao estado de leão. Normalmente, os grandes felinos se insurgem contra isso tudo que está aí, como se dizia na década de 70. Pode ser por meio da arte, como Picasso, que subverteu os cânones dos critérios artísticos aceitos até sua época (não sem antes dominálos muito bem, por sinal). Pode ser por meio do cinema, como Ingmar Bergman, que trouxe a conflituosa realidade psicológica do ser humano para seus filmes inovadores. Ou pode ser por meio da religião. Francisco de Assis, por exemplo, foi um extraordinário leão de seu tempo.

Leões são geralmente líderes e, por isso, têm enorme influência junto aos camelos. Por isso mesmo, muitas vezes são feitos em pedacinhos por eles ou, então, por outros leões na defesa de seu território. O problema do leão é que, na maioria dos casos, ele ainda está preso ao que ele é contra. Pode dedicar sua vida e até morrer por seu ideal. Como diz o mestre espiritual Osho, que comentou a teoria de Nietzsche no livro 'Liberdade, a Coragem de Ser Você Mesmo', a grande maioria da humanidade está empacada no estado do camelo; a minoria está empacada no estágio do leão. A maioria significa as massas; a minoria, a 'intelligentsia' (pintores, músicos, cineastas, intelectuais, escritores, uma boa parte dos pensadores...). O leão, continua Osho, evolui das massas e se faz por si mesmo. Ele é basicamente mental e egóico. Já para se formar a criança é preciso uma formidável revolução interior. A criança é a pessoa que passou por uma transformação interna absolutamente radical. Ela tornou-se um outro ser, renasceu. É pós-mental e pós-egóica. O camelo vive no passado, o leão no futuro e criança no aqui-e-agora. Ela é a única realmente livre.


De lagarta a borboleta
Um dos mais precisos retratos da condição humana foi traçado pelo pensador Jiddhu Krishnamurti. Dizia ele que nós, seres humanos, somos os mesmos que éramos há milhares de anos ávidos, invejosos, agressivos, ciumentos, ansiosos e desesperados, com ocasionais lampejos de alegria e afeição. Somos uma estranha mistura de ódio, medo e ternura; somos ao mesmo tempo violência e paz, repetia o mestre em suas palestras. Afirmava que, embora os tempos modernos tivessem trazido mais conforto, segurança e tecnologia, psicologicamente continuávamos os mesmos. E as estruturas sociais também, já que elas são o resultado direto de nossa condição interior. Todas as formas exteriores de mudanças, produzidas pelas guerras, revoluções, reformas, pelas leis e ideologias, falharam completamente, pois não mudaram a natureza básica do homem e, portanto, da sociedade, disse ele em sua crueza cristalina.

Então a pergunta que Krishnamurti faz é: o que podemos fazer para promover em nossa própria essência uma revolução total, uma mutação psicológica radical, para não sermos mais brutais, violentos, competidores, ansiosos, ávidos, invejosos, e para que brote definitivamente a fonte inesgotável do amor e da afeição em nós? Isto é, o que podemos fazer para voltarmos a ser livres como uma criança? Sua resposta para essa pergunta é muito estranha: olhar, observar. Prestar atenção verdadeiramente, realmente, em tudo o que está dentro e fora de nós. Ver as correntes que nos prendem, observar os grilhões a que estamos atados, as mentiras, os sonhos, as fantasias. Um encontro cara a cara com a verdade, cada dia mais profundo. E quando aprendermos a olhar de maneira tão sincera e real, disse Krishnamurti, tudo se esclarecerá. As correntes começarão a se desfazer, a visão estará mais límpida e desimpedida. Isso pode ser doloroso.

A primeira coisa que se torna evidente depois de olhar e observar é que sequer conseguimos seguir o sistema, religião ou ideologia que defendemos com tanto ardor. Você tem suas inclinações, tendências e pressões peculiares, que colidem com o sistema que julga seguir portanto, existe uma contradição básica. Você tem assim uma vida dupla, entre a ideologia do sistema e a realidade de sua vida diária, diz ele. No esforço para se ajustar à ideologia (ou religião, ou doutrina), você recalca a si mesmo, seu ser verdadeiro. Sua essência é massacrada por um milhão de vozes: de sua personalidade, da sociedade, de sua própria consciência fragmentada. No entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, mas aquilo que você é.

Krishnamurti acreditava que, ao se livrar do enorme peso das tradições, religiões e ideologias e do seu próprio passado, o indivíduo ganhava uma carga extraordinária de energia e vitalidade. Criava então condições internas e força suficientes para ser livre. A própria energia disponível tornava-se o combustível da mutação necessária para a transformação.

O que Krishnamurti revela é algo fresco, novo, diferente. Nesse sentido, ele nos propõe sermos como uma criança, uma borboleta que se transformou radicalmente ao abandonar o estágio de larva e lagarta. Essa criança pode viver tranqüilamente no mundo, e não vai querer apenas queimar bandeiras como um leão revoltado. Está no mundo, mas não pertence mais a ele, como disse Cristo em seus Evangelhos. É criativa, leve, solta. E feliz. Nada mais a sufoca. Embora o pensador indiano não acreditasse no potencial transformador das religiões, pode-se dizer que alguém, ao viver o âmago de um ensinamento espiritual, como Buda ou Jesus, também conquista essa mesma liberdade e pureza. Mas será que nós, pobres mortais, também a atingimos?

Erva e água clara
Com essa expressão tão viva, que nos faz sair da abstração do mundo das idéias para reencontrá-las na natureza, o pensador francês Gilles Deleuze nos conduz ao mundo vibrante onde está inserida a liberdade. Ser livre, para ele, é seguir a vibração pulsante do nosso coração. Como um surfista atrás daquela onda perfeita, um aplicado músico de jazz que busca o swing, devemos estar atentos ao que nos torna vibrantes, brilhantes e vivos. Cada um tem seu feixe de energias, cada um vibra e ressoa à sua maneira, seja com um pouco de erva e água clara, seja com palavras e pensamentos, seja com uma tarde de verão e um sorvete ou com um ensaio de órgão numa igreja vazia. Não perder de vista o que nos deixa vivos é uma bela placa rumo à liberdade de ser. Porque, quando nos sentimos energéticos e brilhantes por dentro, manifestamos o que é mais real em nós.

Nesse sentido, Deleuze se aproxima muito do próprio significado original do termo liberdade. A palavra 'prya', em sânscrito, que significa aquilo que se ama e que dá prazer e alegria, deu origem à palavra 'free' (livre), em inglês. 'Prya' é muito mais do que se libertar de alguma coisa, como quer o termo latino. 'Prya' é, simplesmente, ser feliz!

Mais uma vez, e nessa mesma direção, o mestre Osho nos ajuda. A liberdade tem dois aspectos: a liberdade de e a liberdade para. Ser livre dos pais, da igreja, da empresa, de prisões consentidas não significa muita coisa. É uma liberdade negativa. A pergunta é: ser livre para quê? Ser livre para ser, para criar, para se expressar, isso é o que importa. As pessoas criativas são belas, felizes, plenas, e vivenciam a vida ao máximo, diz ele.

Quando se é livre, sua ação é exatamente a extensão de seu próprio ser. Até atingir a liberdade há escolhas: direita, esquerda, certo, errado, bom, ruim. Depois não, ser e viver passam a ser uma coisa só, diz o surfista quase zen Hélio Aguiar Fernandes do alto dos seus 24 anos. De maneira simples, ele repete o que mestres e sábios já disseram. A verdadeira liberdade é ser você mesmo. Não significa apenas fazer o que se quer ou, pior, ficar indeciso entre escolhas. Se depois de tomada uma decisão a gente ficar preocupado se teve a atitude certa, se era melhor de um outro jeito, ou se nos esvaímos em culpas, não se é livre. A liberdade é algo que chega naturalmente e se instala, acompanhando a evolução da consciência, afirma a jornalista Luzia Pimentel.

Portanto, liberdade é única e exclusivamente ser do jeito que você é, deixar seu ser verdadeiro transbordar dentro de si e permitir que ele dirija suas ações. E não se há de ter medo de uma liberdade assim. Um ser livre não prejudica ninguém porque tem noção da interdependência de todos os seres. Ele está conectado a tudo e a todos. É o que dizem pensadores como Fritjof Capra, autor de livros como 'Teia da Vida' e 'Conexões Ocultas'. Nesse nível de consciência, a liberdade considera o outro, não é antiética ou irresponsável. Não existe agir ou não agir corretamente quando existe liberdade. Você é livre, e, desse centro livre, age. Portanto, não existe medo, e a mente sem medo é capaz de infinito amor, diz Krishnamurti com um golpe de mestre. Só pode amar verdadeiramente quem é livre.

Café no Deux Magots
Talvez ninguém tenha falado tanto e tão profundamente sobre a liberdade no século 20 quanto o filósofo francês Jean-Paul Sartre. Para os existencialistas franceses, que costumavam se reunir no pós-guerra em cafés parisienses como o 'Flore' e o 'Deux Magots', a liberdade era a condenação do ser humano. Sua múltipla possibilidade de escolhas o colocava numa situação sem escapatória, sem saída. Para Sartre, o homem era condenado a escolher, sempre e sempre, pois ele é a própria essência da liberdade. Ou seja, o ser humano é ser humano por ser, em si mesmo, um projeto de liberdade. Ele é a expressão do desejo de ser ser livre, ser um ser. Cada homem ou mulher é uma liberdade vivendo segundo um projeto original de ser e de escolher, diz o psicólogo e psicoterapeuta corporal Levi Leonel de Souza, que usa o ponto de vista existencialista na psicanálise. O paciente de uma clínica existencial se descobre como um ser que deseja a liberdade. Nesse processo terapêutico, floresce seu projeto original particular, que é seu modo especial de exercer sua humanidade, sua liberdade, diz.

É um desafio e tanto: nos descobrirmos como seres que anseiam pela liberdade, e da liberdade vivenciada de uma determinada maneira, que é particular a cada um. Para conhecer esse ponto fundamental de uma existência, vale qualquer esforço.

Como você realmente gostaria de ser lembrado na vida? O poeta indiano Rabindranath Tagore tinha certeza de que gostaria de ser reverenciado como um homem livre, que viveu ao máximo seu próprio ser. Eu só tenho um desejo que se lembrem de mim como um cantor de orações, como um dançarino, como um poeta que ofereceu todo seu potencial, todas as flores do seu ser para a divindade desconhecida da existência, dizia ele. Porém, também foi Tagore quem escreveu que desejava a liberdade mas que também amava tudo aquilo que o acorrentava na vida, que ele chamou de meu manto de poeira e morte. Odeio-o, mas o abraço com amor, reconheceu humildemente o poeta. Tagore era como qualquer um de nós: querendo ser livre mas ainda assim amando e desejando aquilo que o agrilhoava. Mas a própria liberdade parece não se importar muito com nossas correntes e o estranho (mas perfeitamente compreensível) amor que dedicamos a elas. O belo e famoso soneto da poeta americana Emma Lazarus, Novo Colosso, aos pés da Estátua da Liberdade, em Nova York, dá as boas-vindas aos fracos, miseráveis e desesperados como nós, que desejam ser livres. O poema foi dedicado aos milhões de imigrantes que chegavam aos Estados Unidos entre o fim do século 19 e o início do século 20, gente que ansiava por liberdade política, religiosa, econômica. Para eles, a deusa oferece, generosamente, a luz brilhante de sua tocha.



A Opção Ideal ou um devir mulher, homessexual, sensibilidades atípicas passando por aquele homem.




Narra uma lenda que um príncipe poderoso caiu em mãos inimigas que decidiram tirar-lhe a vida, condenando-o à forca.

Dada sua linhagem nobre, o rei dos inimigos lhe propôs um acordo. Se ele conseguisse decifrar um certo enigma, sua vida seria poupada. Para isso, concedeu-lhe a liberdade de procurar a resposta por três dias.

Com a pergunta lhe fervendo na cabeça, o príncipe começou a buscar entre os habitantes do lugar quem o pudesse ajudar a encontrar a solução.
A pergunta era: o que mais deseja uma mulher? Ao final do terceiro dia, já desanimado e antevendo sua morte na forca, o príncipe encontrou uma mulher muito feia. Na boca, somente dois dentes. Os cabelos desgrenhados. As vestes sujas. Era chamada por todos, pelo seu aspecto horrível, de bruxa.

Ela disse que tinha a resposta.
Mas exigia que, tendo salva a vida, ele voltasse e casasse com ela.
Não desejando morrer, ele consentiu e ela lhe disse: "o que mais deseja uma mulher é ter soberania sobre a sua vida."

Com a resposta, o príncipe teve poupada a sua vida e voltou para casar com a bruxa. Não queria, mas tinha prometido. Triste destino o meu, pensava. Casar com uma bruxa.


Entristecido, na noite de núpcias, sentou-se na cama aguardando a noiva de horrível aspecto. Qual não foi sua surpresa quando ela se apresentou belíssima, num vestido branco, com cabelos louros, olhos azuis brilhantes e um sorriso perfeito.


Como pode?, Perguntou o príncipe.

É que esqueci de lhe falar que durante o dia eu sou bruxa e à noite viro uma linda mulher. Agora, você pode escolher: quer que eu seja bruxa de dia ou de noite?


Ele olhou para aquela figura maravilhosa e disse: deixo que você escolha se quer ser bruxa à noite e donzela durante o dia ou o contrário.


A noite foi extraordinária.

No dia seguinte, ao raiar do sol, o príncipe abriu os olhos e surpreso, viu deitada ao seu lado, a jovem maravilhosa da noite anterior.
Como?, Falou ele, você não disse que durante o dia virava bruxa?

Meu amor, falou ela, como você deixou que eu decidisse sobre o que quisesse ser e quando quisesse, eu decidi ser donzela de dia e de noite.

Lembra que eu lhe falei que o que mais deseja uma mulher é a soberania sobre a sua vida, poder decidir sobre sua própria vida?


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No mundo existem pessoas assim.
Fora do lar, no contato com as pessoas são excelentes.
Gentis, atenciosas, ponderadas.

Basta que adentrem o lar para se tornarem déspotas.
Gritam, exigem, magoam.

Acreditam que o seu lar é seu reino e ali tudo podem fazer, sem limites.


Também existem as criaturas que no campo profissional, no trato social são ríspidas, grosseiras, exigentes em demasia.

E, no entanto, com a esposa, os filhos são dóceis, educados, prestativos. O que ser, como ser e quando ser é decisão individual.

Mas quando optarmos por sermos bons o dia todo, em todo lugar, com todas as pessoas, o mundo se tornará um lugar muito melhor para viver amar e ser feliz.




(Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida)





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É desta maneira que nos chegam as informações que vão dando sustentação ao individualismo predominante. Refiro-me as sentenças finais do texto.
Decidir-se por ser bom em todos os lugares e com todas as pessoas, o tempo todo, é para santos, vocação que eu não tenho, também, o tempo todo.
As vezes até sou, ou, melhor dizendo, estou santo. Muito santo... rsrssss
Mas, a questão não é essa.
A afirmação "O que ser, como ser e quando ser é decisão individual" é um exemplo paradigmático claro e objetivo de quase todos as religiões e espiritualismos de todos os tipo: está centrada num Eu que decide e é consciente, negando, portanto, o processo histórico-social que gera, cria, fomenta e caracteriza todas as relações, ditas, humanas.

Assim: não é possível ser amigo do pai e nem familiar do patrão; assim como não é possível ser mãe da amiga e nem amigo do patrão. Os papéis sociais são distintos e vão sendo protagonizados pelos atores sociais à medida que vão sendo atribuídos e assumidos por cada um deles. Não há, por exemplo, "amigo" quando um dos dois não quer ou não sente esse desejo de assumir a relação de amizade que, o outro, lhe atribui.

Alguns desses papéis sociais já estão pré-definidos e não dependem da vontade do sujeito. Assim, a papel de pai e mãe antecedem o nascimento do filho, ou seja, já nascemos filho e filha... "deste" pai e "desta" mãe.
O papel de patrão também já está pré definido: onde quer que venhamos a trabalhar e/ou exercer os nossos ofícios e dons e aprendizados haverá alguém hierarquicamente superior para "nos dar" esse emprego e "se responsabilizar" por/pela nossa "produtividade."
Então, esses papéis sociais são construídos genética - o primeiro deles - social e historicamente, ambos!
Ser "amigo" - um papel que, diferentemente dos dois anteriores, não está construído "a priori"- do patrão e do pai não é possível.
A amizade é construída e desenvolvida a partir de uma linha horizontal, ou seja, que iguala os envolvidos, deixando-os num mesmo plano, ao contrário do que acontece os outros dois, onde a relação é instituída por uma linha vertical, ou seja, já começa numa relação de desigualdade, que, nesse caso, é poder.
A questão se complica quando percebemos que na relação genética, ou seja, a que existe entre pais e filhos, há algo que caracteriza o papel do patrão: a autoridade. Esta, decididamente não é horizontal e se engendra de tal forma que os filhos Devem obediência ao pai!
Mais complicado fica quando percebemos que a autoridade, necessária e organizante para as ações, é confundida com autoritarismo. Em ambas as instituições ela é muito comum.

Claro essa autoridade que facilmente se transforma em autoritarismo está na chamada "civilidade contemporânea" cada vez mais dissimulada e inscrita em "aparências" de horizontalidade, ou seja, é preciso parecer amigo e ter uma atitude amigável para com pai e patrão e para com filho e empregado/subordinado, ainda que isso não seja e nem venha a ser uma realidade sentida por ambos os sujeitos em questão.
Assim, decidir-se por ser bom com o patrão quer dizer o quê?

A maioria deles, dos pais e dos patrões quer exatamente isso: que seu funcionário/filho seja bom, bondoso, prestativo e produtivo; e, de preferência, sem questionar "muito." Cenário ideal para a manutenção de todos os "status quo" reinantes. Claro que no grupo familiar a obediência e a produtividade assumem outras características...

O que ser, como e quando, portanto, não é uma questão de escolha apenas individual e optada por um Eu-que-decido desconectado dos papéis e sujeitos historicamente determinados. Há instâncias nessas decisões que são inconscientes, maquínicas e que, absolutamente, não dependem de uma escolha consciente, racional e pensada.
Paradoxalmente, sempre há um eu que decide e faz escolhas, sendo que esse eu, muitas vezes, ou, na realidade, quase sempre, é um nós.

Quais são os nós de nós?

As respostas a essa perguntinha... rsrssss... abrem caminhos para a jornada, mas, precisam ser respondidas.

Há, e isso também me interessa muito, pais e patrões nossos que não são pessoais, ou melhor dito, pessoas, ou seja, não estão num "corpo físico paupável, mas assumem as feições de paradigmas, teorias e ciências que ditam e prescrevem o que devemos ser, fazer e decidir.
Elas são tão perigosas quanto aquelas, porque também formam nós em nós.