28 junho, 2013

O sangue do mundo, fragmentos


(Mesquita em Khiva, Uzbequistão, descrita no livro)

Théo, um jovem médico ecologista e preocupado com as grandes transformações no mundo atual, depois de se curar de uma doença (A viagem de Théo, obra precursora e anterior a essa "O sangue do Mundo - A outra viagem de Théo, de Catherine Clément), agora acompanha sua tia noutras viagens onde seus valores e crenças são postos em discussão (pela tia, por um psicanalista, amigo dessa última, e pelos seus amores, uma antiga e outra recente... 
Um livro interessante, embora nem de longe tão bom e instigante "para viajar" como o anterior... do qual destaco os seguintes fragmentos:

"No céu de Nova Delhi, os gaviões descrevem círculos concêntricos. Não há mais nenhum abutre. Na virada do milênio, uma doença misteriosa os dizimou, para desgraça das populações. Excelentes coveiros, diplomados em carniça, os abutres eram úteis ao mundo. Por que desapareceram? Nenhuma explicação. Quantas outras espécies são extintas a cada ano? Ninguém pode afirmar. Podemos apenas supor. Dizem que haveria ao todo dez milhões de espécies vivas, mas quem sabe o número exato?

Esse menino me dá asas, sempre me deu.

... proporcionar-lhe uma viagem para distrair seu espírito inquieto.

A privação do espaço psíquico é desumana, mas ninguém se preocupa com a ecologia do espírito.

À medida que nos afastamos da megalópole, o céu vai se colorindo. Uma hora e meia depois, é de um azul intenso. Finalmente deixamos a nuvem de poluição.

- Sublime para uma idealista como você, minha querida! Todos os dias, minuto a minuto, ficar proibido de sentir raiva? Admiro mas não consigo. E não consigo, pois vejo diariamente a violência vir à tona quando meus pacientes falam. E eu sou mesmo pago para que eles a exprimam. Vou então recalcá-la? Não, muito obrigado! Uma violência que não se exprime nos faz adoecer.

... Os cães são a reencarnação das almas dos ladrões...

As vacas na Índia... elas produzem vinte vezes menos leite que as de vocês, mas nossa produção global já ultrapassa a dos Estados Unidos... Quando morrem de fome, durante uma seca, é um longo pesadelo, mas não as abatemos. Os camponeses que não têm o direito de matá-las, as amarram a estacas e as deixam mugir até a morte. Esse rebanho sagrado conta com 300 milhões de cabeças...

Tive de empregar voz de comando, daí obedeceram na hora.

No norte, a oeste de Nova Delhi,, o deserto de Thar cresce, enquanto, na Idade Média, segundo o que se conta, o Rajastão era completamente coberto por florestas... Quanto a Pequim, o deserto de Gobi começa a ameaçar a cidade com ventos de areia e, por mais que se refloreste, é tarde demais.

... artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem...
... Mas quem os redigiu depois da guerra...? Os brancos!
- Não totalmente... no que tange à redação da Declaração Universal de 1948, o francês René Cassin, presidia a comissão, na qual se encontravam o Dr. Chang, um chinês de Taiwan, e o Dr. Malik, do Líbano.
- Dois entre quantos?
- ...Os redatores eram oito... sonho com os Direitos do Homem... frutos de uma fonte de inspiração que não pertença aos três grandes monoteísmos do mundo ocidental...

- Eu me pergunto como podemos ajudar as pessoas.
- Ah! Desconfie - diz Prem. - Quando queremos ajudar a qualquer preço, há sadismo no ar. Não tenho duvida.
- Impressionante! Como vou aproveitar isso... diga? Devo acrescenta a minhas associações que ações ecológicas para proteger o meio ambiente provêm de um sadismo dissimulado?
- Dissimulado não!... Mas inconsciente, sem dúvida. Saber que há sadismo nas ações ambientais é um bom caminho.

De tanto querer respeitar os animais, terminaram por preferi-los aos homens.

Um só grama de urânio enriquecido libera a mesma energia que 2,5 toneladas de carvão.
Desativar uma central leva 54 longos anos. Uma central nuclear funciona durante quarenta anos e leva-se mais de meio século para desmontá-la... só depois a grama volta a nascer.

- Se você quiser uma reforma radical, certamente não vai conseguir. É preciso pensar em pequenas economias, você sabe... Nada de banho demorado, assim se economizam litros de água; uma casa bem construída, corretamente isolada, vai gastar menos energia para aquecer no inverno. Se todo mundo apagasse a luz ao sai de uma sala, se todo mundo usasse lâmpadas de baixo consumo, se desligassem o computador em vez de deixar no stand-by, quanta economia não se faria!

Não podia fazer mais nada por Théo, nada de nada, era preciso que ele atravessasse seu inferno, para depois sair inteiramente chamuscado e então começar a cicatrizar.

- Você não vai dizer como todo mundo que devo aceitar a morte dela. Esses subterfúgios açucarados, essas lições idiotas da psicanálise, odeio! Estou sofrendo e quero que me deixem sozinho com minha dor!
- Então seja estóico, Théo. Lembra? Separar as coisas que dependem de nós e as que não dependem."


25 junho, 2013

"Não está entendendo nada", por Juremir Machado da Silva



Boa notícia para os adversários do governo Dilma: as manifestações são também contra os excessos do petismo no poder. Má notícia para os adversários do governo Dilma: as manifestações não são a favor deles. Não está entendendo nada dos protestos quem acha que pode se apropriar deles em nome das velhas disputas políticas. Não está entendendo nada quem acha que os jovens estão nas ruas em defesa de “pautas conservadoras”, saudades da ditadura militar e contra partidos.

As manifestações são contra o modo como os partidos se comportam, não são pela extinção de todos os partidos e do fim da representação. São contras esses partidos que estão aí e como atuam.

Não está entendendo nada quem acha que as manifestações são contra o Bolsa-Família, o ProUni, as cotas, o Minha Casa Minha Vida, o Brasil Carinhoso e outros programas sociais. Elas são contra os gastos absurdos com a Copa do Mundo, contra os aumentos das passagens de ônibus, contra a falta de hospitais e de escolas, contra os privilégios dos três poderes, contra o cinismo dos políticos, contra as alianças espúrias do petismo, contra o carguismo do PMDB, contra gente como Renan Calheiros na presidência do Senado, contra o modelo atual de fazer política e de ganhar eleições, contra a privataria no estilo praticado pelos tucanos e contra um sistema de toma-lá-dá-cá generalizado e suprapartidário.

Ao contrário do que diz o petismo apavorado, querendo parar as manifestações com a chantagem da apropriação pela direita, que ocorre na mídia e na cabeça dos que ficam em casa e tentam tirar proveito depois dos fatos, não há nos protestos bandeiras do tipo em favor da “cura gay” ou demandas controvertidas como em defesa da ardilosa PEC 37 da impunidade. A galera que está apanhando da polícia, mesmo sem fazer parte da minoria do vandalismo, não se manifesta pela volta dos tucanos nem desfila em nome do repentinamente catalogado de governador de ouro da política nacional, o pernambucano Eduardo Campos. Tampouco de Joaquim Barbosa.

Não está está entendendo nada quem acha que vai controlar o jogo.

A gurizada que tem tomado as ruas está em luta contra a corrupção, que não apresenta como uma novidade no Brasil, mas como uma praga histórica sempre renovada. Essa juventude de peito de aberto não aceita mais chantagem. Não é porque o governo produziu alguns avanços sociais que tem o direito de unir-se ao que há de pior, bancar velhos larápios, reproduzir o que sempre condenou e refestelar-se na imoralidade. Não está entendendo nada quem acha que a turma se dará por satisfeita com mais do mesmo em versão anterior ou com mais de um pior em termos sociais que ficou para trás. É o novo que se busca na rua. É a igualdade de direitos e deveres. Por que juízes têm dois meses de férias por ano? Por que o judiciário ganha auxílio-moradia e auxílio alimentação retroativos?


Por que mulheres de ministros do STF recebem passagem em primeira classe para acompanhar os maridos? É desse tipo de coisa que os rebelados do facebook não querem mais saber. Disso e de estádios pomposos e inúteis. Boa notícia para os adversários do governo: o petismo não está entendendo nada. Má notícia para os adversários do governo: eles também não estão entendendo.

Não está entendendo nada

Postado por Juremir em 25 de junho de 2013

13 junho, 2013

A não tolerância: o grande desafio humano



"Ouvi/li em algum lugar que solicitar tolerância é tão preconceituoso quanto a discriminação. Faz muito sentido isso, pois quem precisa tolerar já se coloca em situação superior ao outro, inferioriza-o, como se dissesse: “olha, você é menos que eu, mas não se preocupe, magnânimo que sou, eu te tolero, ok?”
Esse é um exemplo curioso de como uma palavra que pretende mudar paradigmas e inverter o vetor do preconceito, acaba reforçando-o sem que seu uso fosse nesse sentido.

A grande ambigüidade aqui se situa numa questão de Lógica Hermenêutica. As palavras isoladas em seus conceitos mais comuns, ou em definições estritas, não refletem os sentidos que podem acrescentar ou até modificar seus significados. A rigidez de definições “esquece” e impede a dinâmica da língua, dos afetos, da ampliação horizontal e perspectiva (e não apenas vertical e progressiva) do conhecimento e das visões de mundo. Dialogar efetivamente, como nos ensina Habermas, é uma questão de Agir Comunicativo. Há de se compartilhar certa idiossincrasia ou aprendermos, via empatia, nos colocarmos na perspectiva alheia para dialogarmos.

Porém, a tentativa de uma ampliação horizontal ofende quem se acha detentor de uma única verdade e do discurso hegemônico baseados em conceitos que crêem serem metafísicos, embora não sejam. E é nessa ofensa que os dogmáticos (embora muitos não assumidos) se policiam para “tolerar” o semelhante. Porém ao exercer essa hipócrita tolerância, continuam excluindo e discriminando. Todo aquele que não comunga da visão de mundo e dos rígidos conceitos pelos quais os dogmáticos erigem seus castelos axiomáticos e determinantes do mundo, não pode compartilhar o mundo com eles.

Se o mundo pode ser melhor do que é, ou do que foi, só poderá ser quando abrigarmos a diversidade para além da mera tolerância. O grande desafio humano talvez seja aprendermos a nos destituirmos de nossas certezas (e não de nossas verdades) e nos abrirmos para a diversidade das verdades possíveis, procurando o consenso prático que abrigue a complexidade intrincada da qual o próprio mundo parece ser composto.

Pode parecer utópico, mas que ao menos possamos perceber o quanto destituído de sentido são certas coisas que querem nos fazer engolir como se fossem dados reais do mundo, mas sem que consigam sequer demonstrar sua validade sem que tenhamos que assumi-las dogmaticamente.

Há de se tomar cuidado quando falo sobre nos destituirmos de nossas certezas, mas não de nossas verdades. Na verdade chegará a hora de nos destituirmos de tudo. Considero a Verdade aquilo que chegamos dentro de um contexto de justificação compartilhado e convincente, portanto é algo que precisa resistir até que esse contexto de justificação possa ser questionado. Já certezas dispensam justificação compartilhada, logo não se sustentam em nenhum contexto. Assumir uma Verdade, não é ter certeza que ela seja verdade, é assumi-la como norte para nossas escolhas enquanto elas justificarem esse estatuto de verdade.
Todo ato de tolerância é uma concessão. Quando somos obrigados a tolerar de mentiras, hipocrisias, leis e a arrogância das pessoas há uma situação distinta a meu ver. Mas em que sentido essa distinção se dá? Não escolhemos tolerar a hipocrisia por nos acharmos hipócritas. Escolher tolerá-la porque nos colocamos acima dela. Não toleramos as leis porque, necessariamente, concordamos com elas. Sentimos a necessidade de tolerá-las justamente porque há uma prescrição punitiva a favor de seu cumprimento. Curioso é que não gostamos de admitir isso. Achamos um ato bonito tolerar, mas não aceitamos o corolário dele: colocarmo-nos em um nível apartado daquilo que vemos necessidade de tolerar.

O que trago é a discussão sobre o acolhimento do outro em sua diferença. E isso não requer tolerância nem concessões de nossa parte; como se o outro só pudesse ser o que é porque permitimos isso. Eu não quero tolerar ninguém. Mas isso não significa ser intolerante: significa não fugir à responsabilidade de buscar consensos onde for possível, mesmo que esses nos obriguem a “flexibilizar” nosso códice de valores tão arraigados.
Se realmente precisamos aprender a conviver com a diferença e a respeitá-la, parece-me que o conceito de tolerância apenas minimiza a diferença, tenta abafá-la… Parece-me um “deixa pra lá” que é improdutivo para a pretensão de busca de consensos e crescimento mútuo entre as pessoas, nações e grupos étnicos ou religiosos.
Tomar a tolerância como dispensável, contudo, não significa pregar ou ser favorável à intolerância. 

Tolerância é segregação. Por que devemos tolerar? Por que não nos conspurcarmos no que não concordamos, assumirmos provisoriamente seus pontos de vistas, criticarmos e nos autocriticarmos? Para mim isso é sinônimo de respeito (res-pecto, do latim: levar em conta). Quem tolera não leva o outro em conta, apenas se livra de aborrecimentos.
Esse grande “deixa pra lá”, esse não enfrentamento, é uma eliminação da alteridade necessária ao convívio, ao respeito mútuo, à igualdade de direitos e à evolução coletiva. É, na verdade, uma reivindicação sem legitimidade do direito de “permitir” a existência do outro, mas jamais se abrir ao outro nos isolando em feudos.

Construir um valor ético que privilegia a diversidade é abolir a intolerância, dispensar a tolerância e aprender a dialogar. Isso nos traria como conseqüência acolher a diversidade, abrir-se a ela, procurar entendê-la desde sua idiossincrasia e se deixar conspurcar por referências que não são suas, mas que podem, inclusive, serem contrárias e te mudar.

Não é um grande desafio?"

Gilberto Miranda Jr.

07 junho, 2013

Que mundo é esse? - Notícias de jornal e o espanto, parte 12.957



Que mundo é esse?

Governo americano tem acesso a 121 milhões de clientes de telefonia fixa e móvel da empresa Verizon com aval da justiça e conhecimento do Congresso. Alegam que a medida é para saber quando terroristas ou suspeitos estão se envolvendo em atividades perigosas.

Em Dresden, na Alemanha, policiais e exército estão, com a ajuda da população... colocando sacos de areia para proteger a cidade e conter o avanço das águas do rio Elba.

Estuprador foi enterrado vivo na Bolívia por uma multidão em fúria que o atacou, surrou e colocou na fossa com as mãos amarradas e a barriga para baixo. O caixão da sua vítima foi colocado... sobre ele... ainda vivo.

O corpo de uma mulher que morreu depois de ter se submetido a cirurgia plástica... foi retirado do velório para ser levado por técnicos ao DML para fazer um exame de sangue. O motivo para tal... foi coletar
material para fornecer provas... caso a médica - que fez a cirurgia - venha a ser processada criminalmente... no futuro.

Ao explicar o funcionamento do cérebro, o neurocientista coordenador de projetos científicos do Instituto do cérebro da PUCRS,  André Palmini surpreendeu os participantes do Festival Mundial de Publicidade de Gramado trazendo exemplos de como as decisões humanas são estimuladas. Pela primeira vez, o evento
contou com profissional da saúde para abordar as sensações diante da propaganda.
As decisões são tomadas com a razão ou a emoção?
Um dos palestrantes, Dado Schneider, brindou o público com essa inacreditável descrição: "O coração tem uma embaixada no cérebro, que se chama emoção. Essa vai direto para o inconsciente, que é quem decide se o público irá comprar, aderir, curtir a ideia, por exemplo".
Ainda, segundo o "grande mentor do Festival de Gramado", João Firme... "deixamos de concorrer com Cannes e passamos a ter um foco mais voltado para a educação... os participantes têm acesso a informações que jamais teriam conhecimento... estamos acompanhando com correção a evolução".

A tarifa dos ônibus em Porto Alegre pode ir a R$3,05... de novo.

A polícia investiga morte de sequestrador que teria se suicidado, pois... há suspeitas em decorrência do lugar "inviável"em que seu corpo foi encontrado.

Uma adolescente de 17 anos matou e queimou o corpo da mãe em Cachambi, zona norte do Rio de Janeiro e disse que o motivo para tal foi para ter mais liberdade como namorado, de 20 anos. A polícia suspeita de que o casal possa ter premeditado o crime para receber os 15 mil reais do seguro de vida da vítima.

As notícias acima não foram retiradas de algum jornal sensacionalista e nem foram cuidadosamente selecionadas de diferentes periódicos e fontes ao longo do último mês... ou dos últimos meses. Elas estão, TODAS ELAS, na edição de hoje do Correio do Povo... são todas do mesmo dia!


A ciência, a técnica e a razão, tomadas separada e individualmente ou tomadas em seu conjunto já não respondem mais às complexidades do real que se produz no cotidiano de nossas vidas humanas. (Humanas?)
Um real que parece ficcional.
Surreal.
Hiperreal.
Cada uma das noticias citadas põe a nú as dificuldades de compreensão dos acontecimentos e das inúmeras variáveis que se engendram na produção de cada caso.
Como é possível que num pais desenvolvido como a Alemanha... se coloquem sacos de areia...  como na Idade Média... e antes disso?

Como é possível haver tantas divergências sobre o cálculo da passagem de ônibus na capital dos gaúchos? Alguns afirmam que ela poderia DIMINUIR ... e, outros, aumentar... De acordo com a maneira de fazer o cálculo e de acordo com diferentes recursos jurídicos, há diversas maneiras e argumentos para defender ferrenhamente cada uma das possibilidades... opostas entre si.

A vida vale tão pouco que se mata para ter mais liberdade com o namorado? Que se enterra uma pessoa viva, machucada e amarrada... embaixo do caixão de sua vítima? Que se tira o direito de velar um corpo... para tentar produzir provas... e livrar de acusações futuras?

A ciência, a técnica e a razão (e no caso do Festival de Publicidade em Gramado, a emoção também) utilizadas como ferramentas para criar, desenvolver  e aumentar o consumo, a venda de produtos... e  seduzir o público para comprar mais e obter mais lucro com as vendas. Tudo isso com aval e "garantias científicas"?

A seguir nesse ritmo... logo mais, teremos, ao invés de "sorria, você está sendo filmado", teremos... NÃO PENSE, SEU PENSAMENTO ESTÁ SENDO FILMADO.

Precisamos cada vez mais,
pensar mais e melhor
e fazer
a "Reforma do Pensamento",  como dia Edgar Morin...
admitindo que somos sábios e dementes ao mesmo tempo...
e buscando a lucidez... que considera a onipresença da possibilidade do erro.

Que mundo é esse?
Um mundo muito louco e complexo, tão complexo... que qualquer explicação simplista. redutora e separada dos contextos em que são produzidas as situações... dá com os murros n'água... e se revela inoperante, ineficiente e inadequada e, portanto... só oferece explicações igualmente simplistas, redutoras e descontextualizadas.

Lembro daquela música... que diz... "tá todo mundo louco, oba... tá todo mundo louco, oba"...
Daria para escrevê-la de outro jeito: tá todo mundo louco.

Os consultórios de (nós) psicólogos e psiquiatras... deveriam estar cheios e com gente fazendo fila nas escadas e dobrando a esquina... por que mesmo que não é isso que acontece?

Eu acho que "todos" deveriam consultar um psicólogo e sou um franco defensor do acompanhamento psicológico (psicoterápico ou não) em diferentes situações da vida e DE morte... e não só para os loucos "de atar em poste com corrente... para não roer a corda"... mas principalmente para os que efetivamente querem trabalhar - e se trabalhar - para não enlouquecer, adoecer...  psiquicamente, existencialmente, espiritualmente, socialmente, profissionalmente... filosoficamente.

O que está muito louco é o mundo e as formas de viver nesse mundo.

As pessoas - que são simultaneamente produtoras e produzidas por esse imundo-mundo... podem arranjar vias de escape dessa prisão ao ar livre (e sem correntes VISÍVEIS)... desde que aprendam a pensar de forma (s) diferente (s).

Eu realmente me senti mal ao ler tudo isso hoje... e o que eu estou dizendo... é que eu estou filmando o meu pensamento e o meu sentimento de mal-estar... e estou compartilhando com quem tem (ou quer ter)...   lentes...  para ver, perceber essas... invasões bárbaras.

Será mesmo que atualmente se pode ler um jornal ou uma revista ou, ainda, assistir a um telejornal sem se afetar pelas condições desse mundo loco, louco mundo?
Será que não somos mesmo afetados pela técnica, pela ciência e pela razão... à serviço da mídia, do consumo, do lucro e da produção de verdades dissimulas?

Vamos pensar diferente.
Cada vez mais e melhor?

(Cesar  R K )