28 fevereiro, 2009

Estresse, stress... no stress e Yes stress



Na sociedade de consumo hiper-veloz e de desejo de aparência-imagem em que vivemos, há convite para se estressar o tempo todo, então... "no stress". Bem simples assim!

Por que se encucar e se incomodar?

"Eu não me estresso" é a expressão do momento - que vem se mantendo no tempo faz alguns anos - e pode ser ouvida até em propaganda de shampoo!

Assim como "depressão", "distúrbio bipolar" (ou transtorno afetivo bipolar), "síndrome do pânico" são palavras usuais e diagnósticos feitos por muitos profissionais da área psi e fora dela, diagnósticos esses que as pessoas que os "detém" vestem como incomodas mas vistosas roupas colantes, a palavra estresse designa uma série de comportamentos, atitudes e sentimentos que também aderem às personalidades dos mortais comuns e incomuns: não sofrer e não mexer são os "incômodos" evitados. Tudo isso para não mudar e não se conhecer intima e complexamente como ser humano-político-espiritual-social histórica-economica e subjetivamente formado...

Deixar-se afetar por mal-estares que se engendram e se produzem no cotidiano é tão saudável para a vida psíquica como é para a cidadania.

Optar pelo que se entra, para discutir, e o que.. não se entra ... nem sempre é claro e fácil, embora possível. Fronteiras a serem descobertas e experimentadas na prática

Um delicado equilíbrio aparece quando se consegue experimentar "no stress"
e "YES" stress.

Yes stress, ou sim ao estresse, pode ser uma grande ferramenta para buscar discernibilidade e diferença: lucidez e autoconhecimento.




- Mestre, por que as pessoas falam tanto em não se estressar?
Por que o estresse é tão mal vindo?

- Quem pergunta já tem elementos para a resposta.

- Sem artimanhas Mestre, responda-me!

- (rizadas) Você está pouco humorado, pouco... bem humorado...
E também está apressado para um tema tão... indigesto... (risos).
Mas eu entendo sua questão.
Isso está causando aflição na sua "Lucidez Perigosa" e na sua Perigoza Lucidez"."
Artimanhas ou anti-manhas?
(risos)



- Eu quero saber a SUA opinião.

- Você a terá, mas antes, diga-me o que sabe.

- As pessoas não querem se incomodar, têm medo;
e evitam o mal-estar que uma situação estressante
pode causar. É uma atitude defensiva.
Na cabeça delas, evitar o estresse significa evitar
o confronto e... aborrecimentos dele decorrentes.
Na verdade, não querem sofrer!

- Exatamente. Quando se tem essa visão do estresse,
paga-se um preço alto para
"ficar-estressado-para-não-ficar-estressado".
É mesmo uma atitude defensiva e na moda.
Os slogans de "no stress" estão por tudo e vão
produzindo seres conformes, conformados, e neuróticos
disfarçados de conscientes, tranquilos, pacificos
e respeitosos. Uma grande piada, sem graça.
Mas, estressar-se... pode ser uma fraqueza e
uma sabedoria.



- Você e a sua dialógica.

- (risos)... Sim, fraqueza porque evitar
o confronto e assumir direitos e opiniões
divergentes dá trabalho; mais fácil é concordar
e se submeter à ordem vigente...
ou negar: "isso não está acontecendo"!
Sabedoria porque
é preciso distinguir a boa da má batalha,
aquillo pelo que
vale e pelo que não vale lutar.

- A maioria das pessoas escolhe
a primeira das opções.

- Claro, as pessoas comuns escolhem
coisas comuns, ordinárias... e se deixam
levar pela maioria, pela regra geral. Isso
se dá porque elas não possuem ferramentas
para operar com situações que geram o tal
"stress"...
Na verdade, esse termo é muito genérico
e imbecilizante porque designa muitas coisas que
são diferentes por
um mesmo e único viés.



Assim, estar irritado ou se irritar com algo,
é estar estressado; discordar minimamente
com o que está posto como óbvio e
naturalizado (porque sempre foi assim),
é estar estressado; sentir-se triste ou
desconfortável com algo que aconteceu,
é estar estressado; sentir medo de
situações realmente plausíveis e
COMUNICAR esse medo, é estar estressado;
mostrar-se inconforme com as invasões bárbaras
(de barbárie) que ocorrem diariamente nas
relações de dominância na conjugalidade e
nas relações interpessoais como um todo, é
estar estressado; sustentar um não, quando
tudo e todo o entorno seduz para que
se diga sim, é estar estressado; e,
assim por diante.
É nojento.
I say yes to stress!!!

- É que as pessoas querem se sentir bem;
querem estar em paz e harmonia.



-Claro, mas esquecem que paz não é sinônimo de ausência
de conflito; assim como esquecem que a harmonia
intimamente sentida não decorre da negação e da submissão
aos conflitos, pelo contrário, até AUMENTA O MAL ESTAR,
mas que ela é um estado que vem acompanhado da
tranquila certeza de que se fez o que a consciência mais
elevada que temos nos ensinou... e levou a fazer
naquele momento.
Paz e harmonia não são estados do ser, identidades prontas
que se pode copiar como num xerox e reproduzir em todos
os lugares. Elas são conquistas frágeis, imensas e incertas...
sempre...

- Sempre lembrando que incerteza não é sinônimo
de insegurança! (risos)

- Sim! (risos)... você vai ser um ótimo mago!

(De conversas informais com o Mago-Mor)

(Foto: Rarindra Prakarsa)


24 fevereiro, 2009

Conhecendo a Índia: olhares dialógicos, mas amorosos!





Muito, mas muito longe da versão apresentada pela novelinha global "Caminho das Índias" - que, ainda assim, eu assisto sempre que posso - está a Índia verdadeira, com seus múltiplos encantos e com sua falta absoluta de encanto.

Certamente não se chega a esse país de dimensões continentais e com muitos mil anos de história desavisado, como foi o caso da alienada noiva do Raj na novela citada (ela entra e sai da Índia inafetada, parece nada sentir; nem sabia, depois de dois anos de relacionamento com seu namorado indiano, aspectos básicos das características do país dele e da sua cultura, só para citar um exemplo. Claro, nenhuma ilusão de que a novela iria abordar a forte afetação que este país causa a qualquer estrangeiro que lá ponha os pés!).

Digo desavisado porque quem vai para lá já está com algumas informações, geralmente romantizadas e mistificadas, primeiro passo para a mitificação: o mito da Índia exuberante, cheia de templos, luzes e cheiros de incenso, isso por um lado; e, por outro, a pobreza, sempre alardeada, e a miséria da magreza exposta nas imagens das sagradas vacas e dos sadhus errantes.

A índia é tudo isso e muito mais. Uma mistura absolutamente inverossímel de contrários que desafiam a lógica e nos dão a sensação de habitar UM ESPAÇO que se caracteriza pela ausência de tempo. Também há a sensação - incrível isso - de não haver espaço e tudo estar na decorrência do tempo, que aparece como sendo infinito.

Neste estupendo país de contrastes, a beleza e a feiúra andam de mãos dadas; riqueza e miséria estão abraçadas; espiritualidade e materialismo caminham juntos; aromas se misturam com fedores... e assim, infinitamente paradoxal, a Índia desafia conceitos engessantes e definições simplistas, preconcebidas e reducionistas.

Jomar Moraes nos diz assim:

Como suas deidades, que mudam de rosto e humor, a Índia encanta e surpreende com seu mundo de contrastes

É difícil amar a Índia", escreveu Jean-Claude Carrière, um dos grandes roteiristas do cinema contemporâneo, autor de um livro em que expõe sua paixão por esse país distante e enigmático. Quarenta dias depois de percorrer mais de 10 mil quilômetros do território indiano, visitar cidades e vilas, conhecer uma parte de seus templos milenares e de sua modernidade caótica, pousar em ashrams de diferentes gurus e interagir com o seu povo em situações que, não raro, desafiam a lógica, peço licença para acrescentar outro detalhe à constatação do cineasta francês. É também difícil, muito difícil, não se deixar seduzir pela Índia. E mais difícil ainda esquecê-la. Amando-a ou detestandoa - e as duas reações podem ocorrer simultaneamente -, voltamos de lá com um selo indelével aplicado à mente e ao coração, uma marca formatada por choques e êxtases que, de algum modo, nos faz refletir sobre o que jamais pensamos antes.

Mais que misteriosa e mística, a Índia é diversificada e contraditória. E essa predisposição para lidar com os opostos e acolher tudo, tudo transmutando em seu caldeirão de regras escritas e ocultas, é a primeira causa de espanto para quem chega trazendo na bagagem uma visão idealizada do país. Não é confortável ver o clichê de um lugar tranqüilo, asséptico e espiritual, onde as pessoas entoariam mantras o dia inteiro, dissolver-se na poeira, na fumaça e na sujeira das ruas, na algaravia constante das multidões - onipresente num país com mais de 1 bilhão de habitantes -, na miséria exposta de milhões de pessoas, na esperteza de certos mistificadores e, sobretudo, no trânsito infernal das cidades, onde pedestres, carros, riquixás (triciclos movidos a motor ou pedal) e vacas têm de improvisar acordos na ausência de semáforos. Para alguns, é a frustração de um projeto de vida. "Já vi pessoas que vieram para ficar três meses retornarem na primeira semana", disse-me o canadense Gilles Bacon, um professor de ioga de Montreal que, pela terceira vez, está passando um ano na Índia. "Algumas choram, decepcionadas."

Como os conquistadores arrogantes de outrora e os preconceituosos de todas as épocas, os que se agarram aos contornos imaginários de uma Índia etérea e pura acabam impossibilitados de perceber uma outra sutileza desse complexo subcontinente. Na Índia, o presente não descarta o passado e muitas eras compartilham o mesmo espaço, numa aquarela de hábitos, idéias, crenças, filosofias e também ciências, que se relacionam até quando se encontram em aparente rota de colisão.

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Lotus Temple Fé Bahá'í

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Já Jean-Claude Carrière, no seu lindo, desmistificante e fiel livro Índia - Um Olhar Amoroso, nos dias:

"É difícil amar a Índia. A Índia não é um país charmoso, a começar pela paisagem, logo esquecida por causa da presença humana que tanto se impõe em todos os lugares. Quem não gosta dos homens não deve ir à Índia. A multidão é aqui a principal paisagem. Ela é o ator de todos as coisas. Sem dúvida, é por isso que, na literatura indiana de todos os tempos, os personagens são frequentemente atraídos para o exílio e a solidão, a renúncia, a partida. Que o viajante estrangeiro não se engage nessa via de isolamento seria meu primeiro conselho. Que aceite a multidão, que se misture com ela, que nela se perca. Primeira condição do amor: o contato."

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Nesse desapaixonado-apaixonante olhar, o autor caminha, cruza e trilha diferentes territórios existenciais, geográficos, afetivos, religiosos, sociais, históricos... humanos e divinos: um livro básico para quem quer conhecer UM POUCO da Índia verdadeira... sem ir lá.


Eu misturado, num momento em que abriu espaço... kkkk


Foto tirada da porta do hotel, em Delhi.


23 fevereiro, 2009

Toxicômanos de identidade subjetividade em tempo de globalização* (Suely Rolnik)



Toxicômanos de identidade
subjetividade em tempo de globalização*
Suely Rolnik

A globalização da economia e os avanços tecnológicos, especialmente a mídia eletrônica, aproximam universos de toda espécie, situados em qualquer ponto do planeta, numa variabilidade e numa densificação cada vez maiores. As subjetividades, independentemente de sua morada, tendem a ser povoadas por afetos desta profusão cambiante de universos; uma constante mestiçagem de forças delineia cartografias mutáveis e coloca em cheque seus habituais contornos.

Tudo leva a crer que a criação individual e coletiva se encontraria em alta, pois muitas são as cartografias de forças que pedem novas maneiras de viver, numerosos os recursos para criá-las e incontáveis os mundos possíveis. Por exemplo, as infovias: forma-se, através delas, uma comunidade do tamanho do mundo que produz e compartilha suas idéias, gostos e decisões à viva voz, numa infindável polifonia eletrônica; uma subjetividade que se engendra na combinação sempre cambiante da multiplicidade de forças deste coletivo anônimo. Estaríamos assistindo à emergência de uma democracia em tempo real, administrada por um sistema de autogestão em escala planetária? A figura moderna da subjetividade, com sua crença na estabilidade e sua referência identitária, agonizante desde o final do século passado, estaria chegando ao fim?

Não é tão simples assim: é que a mesma globalização que intensifica as misturas e pulveriza as identidades, implica também na produção de kits de perfis-padrão de acordo com cada órbita do mercado, para serem consumidos pelas subjetividades, independentemente de contexto geográfico, nacional, cultural, etc. Identidades locais fixas desaparecem para dar lugar a identidades globalizadas flexíveis que mudam ao sabor dos movimentos do mercado e com igual velocidade.

Esta nova situação, no entanto, não implica forçosamente o abandono da referência identitária. As subjetividades tendem a insistir em sua figura moderna, ignorando as forças que as constituem e as desestabilizam por todos os lados, para organizar-se em torno de uma representação de si dada a priori, mesmo que, na atualidade, não seja sempre a mesma esta representação.

É verdade que estas mudanças implicam a conquista de uma flexibilidade para adaptar-se ao mercado em sua lógica de pulverização e globalização; uma abertura para o tão propalado novo: novos produtos, novas tecnologias, novos paradigmas, novos hábitos, etc. Mas isto nada tem a ver com flexiblidade para navegar ao vento dos acontecimentos - transformações das cartografias de forças que esvaziam de sentido as figuras vigentes, lançam as subjetividades no estranho e as forçam a reconfigurar-se. Abertura para o novo não envolve necessariamente abertura para o estranho, nem tolerância ao desassossego que isto mobiliza e menos ainda disposição para criar figuras singulares orientadas pela cartografia destes ventos, tão revoltos na atualidade.

É a desestabilização exacerbada de um lado e, de outro, a persistência da referência identitária, acenando com o perigo de se virar um nada, caso não se consiga produzir o perfil requerido para gravitar em alguma órbita do mercado. A combinação desses dois fatores faz com que os vazios de sentido sejam insuportáveis. É que eles são vividos como esvaziamento da própria subjetividade e não de uma de suas figuras - ou seja, como efeito de uma falta, relativamente à imagem completa de uma suposta identidade, e não como efeito de uma proliferação de forças que excedem os atuais contornos da subjetividade e a impelem a tornar-se outra. Tais experiências tendem então a ser aterrorizadoras: as subjetividades são tomadas pela sensação de ameaça de fracasso, despersonalização, enlouquecimento ou até de morte. As forças, ao invés de serem produtivas, ganham um caráter diabólico; o desassossego trazido pela desastabilização torna-se traumático. Para proteger-se da proliferação das forças e impedir que abalem a ilusão identitária, breca-se o processo, anestesiando a vibratilidade do corpo ao mundo e, portanto, seus afetos. Um mercado variado de drogas sustenta e produz esta demanda de ilusão, promovendo uma espécie de toxicomania generalizada. Mas a que drogas estou me referindo?

Primeiro as drogas propriamente ditas, fabricadas pela indústria farmacológica que são pelo menos de três tipos: produtos do narcotráfico, proporcionando miragens de onipotência ou de uma velocidade compatível com as exigências do mercado; fórmulas da psiquiatria biológica, nos fazendo crer que essa turbulência não passa de uma disfunção hormonal ou neurológica; e, para incrementar o coquetel, miraculosas vitaminas prometendo uma saúde ilimitada, vacinada contra o stress e a finitude. Evidentemente não está sendo posto em questão aqui o benefício que trazem tais avanços da indústria farmacológica, mas apenas seu uso enquanto droga que sustenta a ilusão de identidade.

Outros tipos de drogas que sustentam igualmente esta ilusão encontram-se disponíveis no mercado, embora não se apresentem enquanto tal. Vejamos as mais evidentes.

A droga oferecida pela TV (que os canais a cabo só fazem multiplicar), pela publicidade, o cinema comercial e outras mídias mais. Identidades prêt-à-porter, figuras glamurizadas imunes aos estremecimentos das forças. Mas quando estas são consumidas como próteses de identidade, seu efeito dura pouco, pois os indivíduos-clones que então se produzem, com seus falsos-self estereotipados, são vulneráveis a qualquer ventania de forças um pouco mais intensa. Os viciados nesta droga vivem dispostos a mitificar e consumir toda imagem que se apresente de uma forma minimamente sedutora, na esperança de assegurar seu reconhecimento em alguma órbita do mercado.

Há ainda a droga oferecida pela literatura de auto-ajuda que lota cada vez mais as prateleiras das livrarias, ensinando a exorcizar os abalos das figuras em vigência. Esta categoria inclui a literatura esotérica, o boom evangélico e as terapias que prometem eliminar o desassossego, entre as quais a Neurolinguística, programação behaviorista de última geração.

Muito procuradas, por fim, são as drogas oferecidas pelas tecnologias diet/light. Múltiplas fórmulas para uma purificação orgânica e a produção de um corpo minimalista, maximamente flexível. É o corpo top model, fundo neutro em branco e preto, sobre o qual se vestirá diferentes identidades prêt-à-porter.

Dois processos acontecem nas subjetividades hoje que correspondem a destinos opostos desta insistência na referência identitária em meio ao terremoto que transforma irreversivelmente a paisagem subjetiva: o enrijecimento de identidades locais e a ameaça de pulverização total de toda e qualquer identidade.

Num pólo, as ondas de reivindicação identitária das chamadas minorias sexuais, étnicas, religiosas, nacionais, raciais, etc. Ser viciado em identidade nestas condições é considerado politicamente correto, pois se trataria de uma rebelião contra a globalização da identidade. Movimentos coletivos deste tipo são sem dúvida necessários para combater injustiças de que são vítimas tais grupos; mas no plano da subjetividade trata-se aqui de um falso problema. O que se coloca para as subjetividades hoje não é a defesa de identidades locais contra identidades globais, nem tampouco da identidade em geral contra a pulverização; é a própria referência identitária que deve ser combatida, não em nome da pulverização (o fascínio niilista pelo caos), mas para dar lugar aos processos de singularização, de criação existencial, movidos pelo vento dos acontecimentos. Recolocado o problema nestes termos, reivindicar identidade pode ter o sentido conservador de resistência a embarcar em tais processos.

No pólo oposto, está a assim chamada “síndrome do pânico”. Ela acontece quando a desestabilização atual é levada a um tal ponto de exacerbação que se ultrapassa um limiar de suportabilidade. Esta experiência traz a ameaça imaginária de descontrole das forças, que parecem prestes a precipitar-se em qualquer direção, promovendo um caos psíquico, moral, social, e antes de tudo orgânico. É a impressão de que o próprio corpo biológico pode de repente deixar de sustentar-se em sua organicidade e enlouquecer, levando as funções a ganharem autonomia: o coração que dispara, correndo o risco de explodir a qualquer momento; o controle psicomotor que se perde, perigando detonar gestos gratuitamente agressivos; o pulmão que se nega a respirar, anunciando a asfixia, etc. Neste estado de pânico, não basta mais apenas anestesiar a vibratibilidade do corpo, tamanha a violência de invasão das forças. Imobiliza-se então o próprio corpo, que só se deslocará acompanhado. A simbiose funciona aqui como uma droga: o outro torna-se um corpo-prótese que substitui as funções do corpo próprio, caso sua organicidade venha a faltar, dilacerada pelas forças enfurecidas.

Todas estas estratégias, tanto as que visam a volta às identidades locais, quanto as que visam a sustentação das identidades globais, têm uma mesma meta: domesticar as forças. Em todas elas, tal tentativa malogra necessariamente. Mas o estrago está feito: neutraliza-se a tensão contínua entre figura e forças, despotencializa-se o poder disruptivo e criador desta tensão, brecam-se os processos de subjetivação. Quando isto acontece, vence a resistência ao contemporâneo.

A visada de qualquer prática clínica hoje seria, a meu ver, encontrar meios de estar desdomesticando as forças do fora e relançando a processualidade. A questão central que se coloca é a do abandono da referência identitária e sua substituição pela própria processualidade. Isto passa por criar condições para que o vazio de sentido e valor possa ser vivido como excesso e não como falta, de modo que as subjetividades possam incorporar o inumano no homem, pensar o impensável e inventar possibilidades de vida. Quando é com o vazio que se está lidando, não há porque esperar a formulação de algum sentido recalcado, através de associações, lapsos ou atos falhos, como no modelo clássico da neurose: é que se trata aqui da experiência radical de um não-sentido, promovida pela dissolução de alguma figura da subjetividade no embate com as forças do fora. Evidentemente o modo neurótico de subjetivação, ou se preferirem, seu modelo clássico, não deixou de existir, e as cartografias teóricas e práticas de que dispomos continuam válidas para abordá-lo; o
que acontece é que ele tende a compor-se com novos modos e a dirigir-se muitas vezes para um segundo plano. Daí a importância de circunscrever os modos emergentes de subjetivação e encontrar procedimentos apropriados para combater suas modalidades específicas de parada de processo.

Enfrentar esta tarefa implica em rever nossas referências na clínica. Ora, estes novos sintomas constituídos no contexto problemático de formação de um novo modo de subjetivação, alguns dos quais aqui assinalados, parecem estar traumatizando o saber psicanalítico, como a histeria traumatizou o saber psiquiátrico do século XIX, e fêz com que deste trauma nascesse a psicanálise. Se a psicanálise não puder suportar os efeitos disruptivos da desestabilização no grau de intensidade com que ela vem ocorrendo neste final de século, com certeza outros métodos serão capazes de fazê-lo, como foi o caso da psicanálise em relação à psiquiatria no final do século passado, e como, aliás, já está sendo o caso com a psiquiatria biológica, a neurolinguística e as terapias mágicas de toda espécie. O que preocupa não é a perda de um lugar, mas de uma ética: o caráter disruptivo do dispositivo analítico, “a peste” como o chamava Freud, que consiste em abrir as subjetividades às irrupções do contemporâneo. Quanto mais este dispositivo sucumbir ao poder hegemônico de outros tipos de dispositivos que se inserem no mercado das drogas da ilusão, mais sua ética estará correndo o risco de desaparecer: nesse caso, é em nosso próprio campo que estarão vencendo as forças de resistência à emergência do novo.

Há, sem dúvida, outras forças em jôgo. Elas aparecem nas tentativas de problematizar a situação que estamos vivendo, enfrentando seus efeitos traumáticos e cartografando os modos de subjetivação que vêm se inventando a partir do trauma e para além dele. A presente jornada, a meu ver, constitui um esforço nesta direção.

* Reelaboração de artigo publicado no caderno “Mais!” da Folha de São Paulo. São Paulo, 19/05/96.

22 fevereiro, 2009

...agora um Deus dança em mim... Nietzsche






"Creio que aqueles que mais entendem
de felicidade são as borboletas e as
bolhas de sabão...
Ver girar essas pequenas almas leves, loucas,
graciosas e que se movem é o que, de mim,
arrancam lágrimas e canções.
Eu só poderia acreditar em um Deus que
soubesse dançar.
E quando vi meu demônio, pareceu-me sério,
grave, profundo, solene.
Era o espírito da gravidade. ele é que faz cair
todas as coisas.
Não é com ira, mas com riso que se mata.
Coragem!
Vamos matar o espírito da gravidade!
Eu aprendi a andar. Desde então, passei
por mim a correr.
Eu aprendi a voar.
Desde então, não quero que me empurrem
para mudar de lugar.
Agora sou leve, agora vôo, agora vejo por baixo
de mim mesmo, agora um Deus dança em mim!"

Friedrich Nietzsche





Clarice Lispector... sobre os anjos



................

"...Ela acreditava em anjos,
e porque acreditava,
eles existiam..."

((Clarice Lispector))

.................



Frase de Edgar Morin... sobre o inesperado



"E quando o inesperado se manifesta,
é preciso ser capaz de rever nossas
teorias e idéias,
em vez de deixar o fato novo entrar à força
na teoria incapaz de recebê-lo."
(Edgar Morin)


Postagem relacionada, siga o link abaixo:

Psicologia e Vida Livres: Edgar Morin sobre ética: responsabilidade do político e do intelectual, incerteza e complexidade



An Angel in the Light: : Um Anjo na Luz




Uma bela imagem que ganhei de
presente de uma amiga querida: Flor!





Linhas ascendentes !!!









Peace... and blessings







Peace

Health

Love

...

and


Blessings


.............



to all of you.





21 fevereiro, 2009

Brincando de afastar a solidão, por Luiz Gilberto de Barros




BRINCANDO DE AFASTAR A SOLIDÃO

Luiz Gilberto de Barros


Às vezes eu me sinto tão sozinho...
...e fico questionando coisas tolas
chorando pela falta de carinho;
não choro quando alguém corta cebolas.


Se eu pudesse, multiplicaria
a imagem, as palavras, a presença
e a todos os irmãos visitaria,
amigos são bem mais que recompensa.


Às vezes eu sou como um passarinho
que canta preso... só por distração;
mas a tristeza dói...devagarzinho...
será que a gente é triste sem razão ?


Alguém me cobra ser um ser...humano,
mas o meu coração, por rebeldia,
despreza a reta, a régua, a conta, o plano;
poeta tem um vício: a poesia.


É tanta matemática, meu Deus !
Prefiro desenhar o meu navio
e navegar os mares meus... e teus...
Meu Deus, por que me sinto tão vazio ?

Às vezes, converso com minhas plantas...
coitadas, não têm culpa dos espinhos
que ferem quem as cuida... meu Deus, quantas
pessoas, como eu, são menininhos ?


Sou frágil, sou ingênuo... sou um homem
que vive escondido num poeta,
que brinca de sonhar... se os sonhos somem
a vida fica triste e incompleta.


Então, essa dorzinha que incomoda,
ocupa os espaços do meu peito
e o meu coração, se alguém me poda,
só fica amargurado e insatisfeito.


Penso que vou morrer... mas um anjinho
conforta o meu pobre coração,
tornando-me, de novo, um garotinho
que brinca de afastar a solidão.



20 fevereiro, 2009

Tempo e Espaço; Espaço e Tempo





O tempo e o espaço... o espaço e o tempo



SOMOS VIAJANTES NO TEMPO... buscando espaço!



QUANDO OCUPAMOS ESPAÇO, GANHAMOS TEMPO.



QUANDO OCUPAMOS ESPAÇOS, O TEMPO VOA... fica eterno na duração!!



QUANDO ESPAÇOS E TEMPOS E SE UNEM: ÊXTASE E PAZ!



ESPAÇOS-TEMPOS: um AGORA eterno!






QUANDO OCUPAMOS ESPAÇO,
GANHAMOS TEMPO.

e

QUANDO (nos) OCUPAMOS (d) O TEMPO,
GANHAMOS ESPAÇO.

Cerriky - Cesar Ricardo Koefender)


19 fevereiro, 2009

Lírica Humildade, por Marise Ribeiro





Lírica Humildade
Marise Ribeiro

Hoje o sol demorou para acordar...
Entre brumas, rendeu-se ao prateado
Da lua; brilho ainda projetado
No céu que ele não vinha iluminar.

Ontem, ao vê-la plena se achegar
E lhe dar seu olhar alaranjado,
Recolheu-se, feliz e enamorado:
- A argêntea soberana vem reinar!

O reinado tornou-se deslumbrante,
Num trono cravejado a diamante,
Sublime criação das mãos de Deus...

Súdito ante a notável majestade,
O sol, astro-rei em lírica humildade,
Deixou a lua atrasar seu belo adeus!




Nietzsche... + um pouco de,





Certos pavões escondem
de todos os olhos a sua cauda
- chamando a isso o seu orgulho.

Logo que, numa inovação,
nos mostram alguma coisa de antigo,

ficamos sossegados.





É pelas próprias virtudes

que se é mais bem castigado.



Temos a arte

para não morrer da verdade.



O esforço dos filósofos
tende a compreender
o que os contemporâneos
se contentam em viver.

As convicções são
inimigos da verdade
bem mais perigosos
que as mentiras.



Até Deus tem um inferno:
é o seu amor pelos homens.

A maturidade do homem consiste
em haver reencontrado a seriedade
que tinha no jogo quando era criança.

Nietzsche


16 fevereiro, 2009

Ser difícil, eis a questão, ooops... eis a opção!





Palavras do Druída: " Como é fácil ser difícil. Basta ficar longe dos outros e, desta maneira, não vamos sofrer nunca.
Não vamos correr os riscos do amor, das decepções, dos sonhos frustados.
Como é fácil ser difícil. Não precisamos nos preocupar com telefonemas que precisam ser dados, com pessoas que pedem nossa ajuda, com a caridade que é necessário fazer.
Como é fácil ser difícil. Basta fingir que estamos numa torre de marfim, que jamais derramamos uma lágrima.
Basta passar o resto da de nossa existência representando um papel.
Como é fácil ser difícil.
Basta abrir mão do que existe de melhor na vida...."
(Desconheço a autoria)


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Vejo que ele enuncia, com clareza, a posição de defensividade daqueles que já viveram muito e se machucaram "irremediavelmente", e, também, daqueles que, por terem vivido pouco, enclausuram-se num "desejo de morte" - redoma de vidro, ou aquáriuo, como chamam hoje... tudo transparente e premeditado... cada ato!

Por outro lado, tem aqueles que são difíceis exatamente por terem vivido n experiências e tiraram delas todo o seu caldo e NÃO estão mais disponíveis para repetir a dose; agora não mais como defesa e fuga, mas como escolha de não repetição do indesejável.

Um certo grau - sempre imedível - de maturidade e consciência é requerido nesse caso, já que isso implica em sair do ponto de mira em que muitos dos podres poderes do instituido os coloca (nos coloca, se somos desse time)... ou, então, fazer a micropolítica do enfrentamento.
Fazer enfrentamentos lúcidos é ser difícil, porque é difícil fazê-los.

Mais fácil é fugir
e... escamotear
e... sonhar..
sonhos de redenção!

(Cesar RK)
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Quando você É considerado difícil?
Quando não satisfaz o desejo do outro?
Quando o outro lhe mostra que você está sendo intransigente?

É intransigência assumir as próprias convicções, à revelia das expectativas de outrem? E, nesse caso,
isso é... SER DÍFICIL?

O que é ser difícil?
O que é ser fácil?

Para cada noção do seja uma e outra coisa, há, em ambas, critérios baseados em desejos
e frustrações.

Olhe para seu Ego e conclua o que você desejou "desse ser difícil"... e não conseguiu.

E vc, que diz já saber de muito, porque viveu e que não quer repetir o indesejável... lembre-se:
você também tem um ego.

O IRREDUTÍVEL OUTRO não está aqui para satisfazer as nossas vontades.
VOCÊ pode ser o irredutível outro... para alguém (e nem saber disso)... e, mesmo o sabendo,
pode continuar sendo-lo. (risos)

(DE 'Fragmentos da conversa do Mago-mor com o Sacerdote Druida')

(Cesar RK)




Fragmentos sobre o virtual



Jamais a complexidade é tocada. Jamais o segredo é revelado.
Apenas o oculto é visualizado. Efeito especial da era do virtual,
tudo pode ser visto porque tudo se torna imagem.
Ainda mais quando a luz está em todas as partes.
As trevas, assim como o silêncio, são as síncopes
da comunicação, a informação igual a zero.
Pela resignação combate-se a crítica porque ela desafia
romper com o preestabelecido ou com o previamente
programado. A programação é inimiga do acaso.
O acaso é inimigo da regra. A regra é inimiga
do jogador livre.

Impressões Digitais - Francisco Menezes Martins




Que oculto é visualizado?
Será o invisível que tentamos esconder e que aparece escamoteado?
Um invisível que se mostra, não pela presença, mas pela própria ausência?

Os podres indizíveis!
Inomináveis!

Penso muito nessa banalização das poesias... que trazem sonhos, beleza e um mundo muito distante do "real" das pessoas.... principalmente quando só se envia poesias... e não se conversa, fala, discute, discorda.... do outro... internauta.

Basta ver como Fernando Pessoa com seus heterônimos é absoluto no orkut, por exemplo... mas no cotidiano das pessoas... as diferenças, que ele tanto aponta e o desassossego desconstruidor de sua obra, passam longe dos egos... que só querem ser UM... e IGUAIS a si próprios...

(Cesar R K)

15 fevereiro, 2009

O Mago e seus heterônimos: um personagem híbrido, nas imagens, também.



As muitas facetas deste personagem conceitual, o Mago:
polícromático, digital, desenhado, animado, jpg, gif, flash,
jovem, velho, andrógino, oriental, mestre, discípulo, anjo, masculino,
pensador, filósofo, humorado, demônio, guerreiro,
feminino, humano, elfo, fada e etc... ele é uma multiplicidade
de agenciamentos.

Ele não é predominantemente um amontoado de contradições,
mas é, isso sim, uma convergência de dialógicas transversais co-existentes.

Aqui neste flash ele veio com uma lupa...
Passe o mouse sobre a imagem e verá os detalhes.
Pode dar pausa se quiser examinar mais!





..................................





13 fevereiro, 2009

Fernando Pessoa: ... grandes mistérios...e a imagem do lobo







Grandes mistérios habitam

O limiar do meu ser,

O limiar onde hesitam

Grandes pássaros que fitam

Meu transpor tardo de os ver.


São aves cheias de abismo,

Como nos sonhos as há.

Hesito se sondo e cismo,

E à minha alma é cataclismo

O limiar onde está.


Então desperto do sonho

E sou alegre da luz,

Inda que em dia tristonho;

Porque o limiar é medonho

E todo passo é uma cruz.


Fernando Pessoa





11 fevereiro, 2009

Mensagem... por Meimei




Enxuga as lágrimas e fita os Céus.
Deus que te sustentou até ontem,
sustentará hoje e sempre.
A sombra vale para destacar a luz.
Surge a dor para aumentar a alegria.
Se provações te feriram, esquece.
Se desenganos te amargaram a existência,
não esmoreças.
Escuta a esperança, no silêncio da própria alma,
a falar-te de futuro e de amor, de beleza e eternidade
e transforma a bênção das horas em
riqueza de trabalho.
Olvida toda sombra, à procura de mais luz e perceberás que
Deus está contigo, em teu próprio coração,
a estender-te os braços abertos.”


MEIMEI

Luz e Paz sempre!!!


A Janela, por Martha Medeiros






Outro dia um homem escreveu uma carta comovente.
Para um site de mensagens...
Dizia ter vivido 12 anos ao lado de uma mulher.
Excetuando-se aquele período de paixão
Que caracteriza todo início de relacionamento,
O resto do tempo que passaram juntos
Foi pouco estimulante.
Almoçavam juntos, viajavam de vez em quando,
Transavam regularmente, riam das mesmas piadas,
Mas a verdade é que
Ele não prestava muita atenção nela.
Havia se acostumado com sua presença.
Até que um belo dia ela pediu as contas.
Arrumou a mala e se foi.
Cansou de não ser percebida.
E só aí ele caiu em si.
Disse-me este senhor que bastou
Dez minutos longe dela para descobrir
O quanto a amava.
Durante os 12 anos de convívio,
Ele estava mais preocupado com
As seduções externas:
Trabalho, futebol, e sim, outras mulheres,
Ainda que passageiras.Por um erro de avaliação, ele não considerava que

Aquele almoçar junto, viajar junto,
Transar e rir das mesmas piadas
Pudesse ser também chamado de amor.
O amor que ele via anunciado nas revistas
E o amor que os seus amigos
Diziam estar vivenciando
Pareciam muito mais verdadeiros do que
Aquele amor que ele tinha em casa,
Desglamurizado,
Com cenas que pareciam em preto e branco.
"Sou uma besta", ele concluiu.
Somos, meu amigo, todos umas bestas.
A gente pode estar vivendo uma relação tranqüila,
satisfatória e afetiva,
Mas sempre tem a maldita janela
Nos chamando lá para fora,
Iludindo a gente de que há algo mais tentador,
Mais desafiante do que aquilo que temos nas mãos.
Como muitos ganhadores de loteria
Que continuam a jogar,
não nos basta o quão rico já estamos:
Queremos mais.
E de olho no futuro,
Desprezamos o que temos de melhor,
O presente.

É difícil descobrir tarde demais

Que se ama alguém.
Além da dor da saudade,
Tem a dor de ter sido estúpido.
Damos valor às pessoas apenas
Quando elas não estão mais por perto,
Os velórios chorosos estão aí para provar.
Até inimigo sai falando bem do morto.
Só que o morto já não pode escutar.
Este homem não teve sua mulher de volta.
Decidida, ela tomou seu rumo.

"O que faço agora?"
Ele se pergunta. Sofra, meu caro.
O sofrimento é a melhor penitência
Para não reincidir no erro.
E da próxima vez,
Saia um pouco da janela.


Qualidade do Amor... mensagem espiritualista






Você ama?

O que é amor?
Uma poética definição diz que:

O amor é a força de Deus.
Por aí podemos notar
o poder deste sentimento.
Na nossa vida diária o amor
ocupa lugar de destaque.
Não existe quem
não ame a ninguém ou a nada.

O ser humano é eminentemente afetivo.
A capacidade de amar

é a virtude por excelência,

Chama especial que nos assemelha ao Criador.
Alguns amam o seu trabalho,
outros a sua religião.
Alguns amam seus bens,
outros a sua arte.
Alguns amam o esporte;
outros amam os animais...
Mas todos nós, sem exceção,

Amamos a outras pessoas,

Sejam amigos, esposa, marido, filhos, mãe, pai, avós...
Você mesmo agora, deve,
neste instante,

Pensar nas pessoas que ama.
Mas uma questão se impõe
quando se fala de amor:

Quem ama se desentende?
É óbvio que, se falamos de amor

Com "a" maiúscula,

Jamais ele provocará desentendimentos.

Entretanto, esse amor sublime

é a conquista da vida,

é o amor completo, amor integral.
Na nossa vida, contudo,

Muitos de nós estamos por conquistar esse amor,

O que não impede que o sintamos

E o manifestemos.
Digamos assim que
o nosso amor não está pronto.

Está, pois, incompleto.
É por este motivo que nos desentendemos.
Algumas pessoas pensam
que não se amam,

Porque têm dificuldades de se dar.
Para que o nosso amor se torne completo

Faz-se necessário o apoio daquilo que

Chamamos os complementos do amor.
O afeto que sentimos por alguém

é o estímulo para a conquista dos complementos,

Sejam eles:

o perdão, a alegria, o carinho, a renúncia,

O companheirismo e a compreensão.

Procure perdoar as pessoas que ama.

Ponha-se no lugar delas e pense se também

não está sujeito a erros.
Busque viver alegremente, iluminando-se

E àqueles que ama.

Só o fato de ter um amor já é motivo para festa.
Seja carinhoso com seus amores.

Não há dificuldade de relacionamento

Que resista à força do carinho.
Renuncie a coisas pessoais,

A fim de dar espaço para o seu amor.

A melhor forma de pensar em si

é pensar um pouco nos outros.
Ofereça ao seu amor a luz
desses complementos

E você vai perceber que para amar

Com "a" maiúscula,

Basta querer com "q" também maiúscula.

Você sabia que o ódio é o amor doente?
Ninguém odeia gratuitamente e,

Na maioria das vezes,

O ressentimento é fruto do sofrimento

Que a pessoa odiada provocou em nós mesmos

Ou em alguém a quem amamos.
O ódio, porém,
tem o poder de desequilibrar

A nossa capacidade afetiva, nos fazendo, inclusive,

Magoar mesmo às pessoas que amamos.

E você sabia que a mágoa é o amor melindrado?
Se você está magoado com alguém

é porque ama esse alguém.
Se ama, então por que não perdoar?
Não se canse de amar.
Insistindo no amor
você conseguirá impregnar

As pessoas ao seu redor,

Recebendo as bênçãos de que se reveste.