28 dezembro, 2011

Uma conversa com Brecht: Pós- Natal, ano novo, músicas, luz e sombras... e fotografias!





O Natal terminou, mas suas belezas e luzes... 
continuam!



1


2


3

***








Então, neste pós Natal, vamos devir... criança?


Crescer, aprender e manter a esperança?


Aproveitar essa (energia bela e mágica) de pujança?



Queen - The Miracle

Every drop of rain that falls
In Sahara Desert says it all,
It's a miracle
All God's creations,
Great and small,
The Golden Gate and the Taj Mahal,
That's a miracle
Test tube babies being born,
Mothers, fathers dead and gone,
It's a miracle
We're having a miracle on earth,
Mother nature does it all for us
The wonders of this world go on,
The hanging gardens of Babylon
Captain Cook and Cain and Able,
Jimi Hendrix to the Tower of Babel
It's a miracle (3 times)
The one thing we're all waiting for
Is peace on earth and an end to war

It's a miracle we need - the miracle,
The miracle we're all waiting
For today
If every leaf on every tree,
Could tell a story that would be a miracle
If every child on every street,
Had clothes to wear and food to eat,
That's a miracle
If all God's people could be free,
To live in perfect harmony,
It's a miracle
We're having a miracle on earth
Mother nature does it all for us
Open hearts and surgery,
Sunday mornings with a cup of tea
Super powers always fighting,
But Mona Lisa just keeps on smiling
It's a miracle (3 times)
The wonders of this world go on
It's a miracle (3 times)
The one thing we're all waiting for
Is peace on earth and an end to war
It's a miracle we need,
The miracle, the miracle
Peace on earth and end to war today
That time will come,
One day you'll see,
When we can all be friends....

























Jon and Vangelis- Horizon





In amongst the rings of confusion
Silencing the thought
powers one by one
It seems all so incredible
Our own ability to
confuse - to sacrifice
To enlighten like a
Shakespearian play
We foolish and happily
hold on to sanity
While all around the pushing
And prodding of our feelings
The twisting and
turning of our hearts
Displaying an almost
indefinable strength
Of purpose - a reason a
reason a reason
Where no reasons seems to exist
Yet, as in a vision, a
voice transcending
All our imagination, jewel of life
Guiding light heralding
a joyous new dawn
Clear and gifted time
Divine Nature - Super Nature
The supreme gift of
knowledge and space
In this cacophony of life
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Will Come
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come

Will Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Peace will Come
Peace will Come
Peace Will Come
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Will Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Will Come
Reach for the starlight
Reach when it calls you
You, you are the reason
If you want
You are the answer in the end
La La La's...
Sweet music, and your secret heart
Both have the healing grace
Sweet music, and your secret heart
Both have the healing grace
So, again, a change, it comes
Our world desires a way
Touch a child, who's lost, afraid,
It lifts you to true emotion
True feelings, be the light
All that is good in this life
Is good, good is good
Oh everlasting dream, Oh
future come alive
To witness comes that time
I just can't help but
believe in life,
All in all I just can't
help but believe there
is a way
For us to give, A way for us to live
A way for us, A way for us












A paz no mundo... começa dentro da gente! 
No nosso mundo.








Balada
Gota d'água no oceano  
Bertolt Brecht

O verão chega, e o céu do verão 
Ilumina também vocês.
Morna é a água, e na água morna
Também vocês se banham.
Nos prados verdes vocês
Armaram suas barracas. As ruas
Ouvem os seus cantos. A floresta
Acolhe vocês. Logo

É o fim da miséria? Há alguma melhora?
Tudo dá certo? Chegou então sua hora?
O mundo segue seu plano? Não:
É só uma gota no oceano.

A floresta acolheu os rejeitados. O céu bonito
Brilha sobre desesperançados. As barracas de verão
Abrigam gente sem teto. 
A gente que se banha na água morna
Não comeu. A gente
Que andava na estrada apenas continuou
Sua incessante busca de trabalho.

Não é o fim da miséria. Não há melhora.
Nada vai certo. Não chegou sua hora.
O mundo não segue seu plano:
É só uma gota no oceano.

Vocês se contentarão com o céu luminoso?
Não mais sairão da água morna?
Ficarão retidos na floresta?
Estarão sendo iludidos? Sendo consolados?
O mundo espera por suas exigências.
Precisa de seu descontentamento, suas sugestões.
O mundo olha para vocês com um resto de esperança.

É tempo de não mais se contentarem
Com essas gotas no oceano.


Gabriel Yared - Des Orages Pour La Nuit   




Oh sim! Eu gosto do céu luminoso.
Das estrelas, da lua e do sol.
E também do nublado
E de quando está para chover.


Também gosto da água morna, 
mas ainda mais da fria, bem fria... no verão.
E da quente, no inverno.


Gosto da floresta e suas árvores.
As copas distantes e o chão firme.


Gosto das flores.
Dos seus aromas.
Frísias, rosas, jasmins.
Angélicas e flor de laranjeira.


Gosto de incensos.
De velas.
De luz e de sombras...


Dosto de café, chá e de pessoas
que sabem conversar sobre isso tudo 
... e mais um montão.


Gosto de música, borboletas 
e outras coisas mais.


E também desgosto de muitos e muitas...


As gotas do oceano, me bastam. 
As vezes.


Mas, geralmente, quero a praia inteira.
O Oceano, seus peixes, mamíferos e crustáceos. 
E os corais.
E também os moluscos, com suas conchas!
As correntes.
E as algas.


É demais?
Só as vezes.


Cesar R K



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*  Fotografias 1, 2 e 3: Udo Bukiewicz


Site: http://www.wix.com/udogb6/udo#!udo


Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003005677879



24 dezembro, 2011

O Natal, a Luz e as luzes: brilhe!



                   


Enquanto mexíamos nos arranjos e enfeites de Natal, nos divertindo, brincando e nos encantando
com as belezas que iam aparecendo depois de um ano guardadas, verificamos que estávamos com
as mãos, braços e rosto salpicados de glitter... dourado.


Pequenas bolinhas quase microscópicas que teimavam em não sair e que nem as mais ousadas tentativas conseguiam remover.
Minha amiga, psicóloga, bióloga e artista plástica disse, muito séria, que "nós nascemos para brilhar" e que poderíamos sair para fazer o que precisávamos brilhando aqui e ali de ... glitter.
Foi o que fizemos.





Então aí vai o meu desejo para você leitor:
Que neste natal e em todos os outros, como
nos dias do final desse ano e no decorrer do próximo, 
você coloque seu brilho para fora e o mostre.


Que sua parte dourada de alma e suas belezas sejam um
carinho de você para você mesmo e um motivo de contentamento,
alegria e bem aventurança nos seus afazeres cotidianos e nas suas relações 
com as pessoas: brilhe e ponha suas luzes em sintonia com as suas ações.


Esse brilho não está associado à "Sociedade do Espetáculo" e nem a 
atitudes francamente exibicionistas. Refere-se à luz que há dentro de cada um de nós
e que brilha, se a deixarmos, de maneira a iluminar nossas ações e também as dos outros.
Um namaste em ação, com as bençãos do aniversariante, o Mestre Jesus, o Rabi.



FELIZ NATAL !!!



Jon Anderson - Give Hope


   

12 outubro, 2011

A invenção da infância, por Juremir Machado da Silva e sobre os processos de infantilização


A infância é uma invenção recente. O amor materno universal, instintivo e intemporal é um mito. Ideias como essas saltam das páginas de dois grandes livros, "História Social da Criança e da Família", de Philippe Ariès, um dos maiores historiadores do século XX, e "Um Amor Conquistado - O Mito do Amor Materno", da historiadora Elisabeth Badinter. Até o século XIX, as crianças eram tratadas como adultos em miniatura. Até o século XVIII, logo depois do nascimento, as crianças eram separadas das mães e criadas até certa idade por amas. Ariès e Badinter não pretenderam com seus estudos relativizar a importância da infância ou do amor materno. Buscaram mostrar que tomamos por natural, com frequência, aquilo que é cultural. Ariès diz que "um homem do século XVI ou XVII ficaria espantado com as exigências de identidade civil a que nós submetemos com naturalidade". O sobrenome é uma invenção da Idade Média. O próprio homem, como o entendemos hoje, é, conforme a fórmula consagrada pelo filósofo maior Michel Foucault, uma invenção recente, cujo fim talvez também esteja próximo.

Delírios? Bobagens? Afirmações incompreensíveis? Não. Usemos o cérebro, que é feito para isso, embora tenha cada vez menos uso, assim com o crânio nesta época sem chapéus. No passado não muito distante, homens de 30 anos ou mais casavam-se com meninas de 12 ou 13 anos de idade. Hoje, com a nova visão da infância, isso daria cadeia por pedofilia. Nunca a infância foi tão valorizada e protegida. Paradoxalmente as meninas são erotizadas precocemente. Vestem-se como adultas sexy em miniatura. A infância está, ao mesmo tempo, mais longa e mais curta. A adolescência, outra invenção recente, não para de ser alongada. O projeto de lei da meia-entrada para jovens de até 29 anos consagra no Brasil um novo limite para a entrada na idade adulta. A infância agora vai até os 17 anos. A adolescência até os 29. A idade adulta está reduzida ao intervalo dos 30 aos 59 anos de idade. Depois, começa a terceira idade. O tempo se renova. É uma pizza fatiada ao gosto dos fregueses de cada época.

O apego aos bebês nunca foi tão grande. Só comparado ao apego aos cachorros de estimação. Ao mesmo tempo, algumas mulheres sentem-se travadas na sua liberdade profissional, sexual ou existencial pelos filhos e, quando não os rejeitam, entregam-nos às novas amas, as babás, que, ao contrário de antigamente, precisam estar muito próximas, ao alcance da mão, para que a mãe possa viver instantes fugazes de intensa maternidade. Para onde vamos? Será que a idade adulta vai desaparecer? Passaremos da adolescência diretamente para a terceira idade? Quem está certo? Badinter lembra que até o grande Freud se enganou muito, pintando o homem como ativo e a mulher como "passiva, masoquista, distribuidora de amor no lar e capaz de secundar o marido com devotamento". Um bom machista do seu tempo tentando ser objetivamente científico. Badinter garante que o devotamento exclusivo e total da mulher acabou, assim como o dogma da necessidade de uma referência masculina e outra feminina para a criança. Estamos na época da divisão das tarefas e da fusão dos papéis. Confusão ou emancipação? História.

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

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Acrescento às palavras de Juremir, que mais uma vez funcionou como porta-voz de idéias e pensamentos que tenho, uma opinião de Felix Guattari, com a qual concordo plenamente. Ele diz que as crianças não são infantis:  os adultos é que são infantis. O comportamento nas redes sociais bem o demonstram: fotos e imagens de super-heróis  remetendo à infância, uma forma de apropriação midiática que toma conta das tentativas de expressão daquilo que as crianças possuem em profusão: curiosidade, facilidade de aprendizagem, capacidade de se espantar com o novo, desejo ardente de vida e de auto-expressão, bem como intensa capacidade de resistir aos modelos e modos de comportamento exigidos pelos adultos.
Quem já não viu uma criança torcer o nariz, fazer uma careta ou francamente virar as costas para uma pessoa que lhe é completamente desconhecida ou com quem não tem a mínima intimidade como resposta a uma solicitação de um adulto de que diga oi ou dê um beijinho... no tal estranho, conhecido ou amigo do referido adulto?


Segundo Guattari, o processos de infantilização começa mesmo na tenra infância quando se decide pela criança o que e como ela deve gostar, se comportar e enfim, quando se toma as decisões dela por ela.


No que concerne aos adultos infantilizados, os processos se dão de maneira semelhante, ou seja, alguém decide por "nós" o que devemos fazer e como nos comportar: o estado, a ligação do call center que oferece sempre produtos inéditos para o nosso bem estar, qualidade de vida e segurança, os médicos e profissionais liberais e consultores de todos os tipos, os bancos e o sistema financeiro, o condomínio, as entidades de classe, o motorista de ônibus que para fora da parada e quer que venhamos ao encontro de onde ele estacionou - sem reclamar, discutir ou questionar... enfim, a lista é longa.


O que esses procedimentos que caracterizam os ditos processos de infantilização têm em comum é a tentativa de naturalizar o que não é natural, de individualizar o que é coletivo, de banalizar o que é questionável, ridicularizar o que foge à regre instituida, massificar e inscrever em referências gerais e generalizantes aquilo que é singular, ou, pior, aquilo que tenta sê-lo.
Assim, o que acontece é que o devir criança, mulher e outros devires sociais minoritários (de minorias) vão perdendo capacidade de expressão.
O devir criança, sempre é bom lembrar, nada tem a ver com imitar a criança, se vestir de criança ou se fantasiar com roupas e comportamentos assim chamados "de criança".
Supor, por exemplo, que as crianças são puras e anjinhos é tão ilusório como acreditar na existência de "caras-metade" com as quais devemos nos casar - quando as acharmos - para vivermos felizes para sempre.


Só para citar duas e bem distintas  "áreas do conhecimento", a psicanálise e o espiritismo... nos mostram e ensinam que as crianças não tem nada de anjinhos e que, decididamente não são puras.
Oh sim, elas podem estar com expressões de pureza e ostentar um ar ingênuo; podem até mesmo SER puras em algumas situações, mas, daí a generalizar... não dá, mesmo!
Mas esse ar de pureza e de ingenuidade também é visto em rostos adultos, adolescentes e idosos.
Então?
São expressões do devir e nada tem a ver com as questões da idade cronológica dita como pertencente a infância e nem com a de identidade.


Então, nesse dia da criança,   a minha "homenagem" a todos-de-qualquer-idade- que escapam, mesmo que eventualmente, aos processos de infantilização e que buscam fugir, evitar, romper, desviar de todos esses modos de padronização dos jeitos de viver a própria vida: a todos que tentam singularizar.


Cesar Ricardo Koefender

03 outubro, 2011

Bastar-se a si mesmo, a solidão e o outro




"Voar era a melhor maneira de pensar, de repensar".

..."reuniram-se no monte Meru, lá onde o cume ultrapassa os céus e se transforma na única parte do mundo que pertence ao outro mundo".

... "nada pode ser exterminado, porque tudo deixa um resíduo, e todo resíduo é um princípio...

"Bramane é quem se nutre de si mesmo".

"Assim que um pouco parece ficar claro, aparece outra questão maior, totalmente obscura".

"Indra se deteve a observá-los e foi tomado pelo riso. Estava embriagado de si mesmo".

"Pensar paralisa", pensou Garuda imóvel no céu".

"Quantos acontecimentos, quantas histórias uma dentro da outra, em cada junção nascem novas histórias..."

"Precisarei de toda a vida para começar a compreender o que vivi". 

"Compreender, entre outras coisas, o que significa eu ser feito de sílabas".

"Sabia agora que aquela solidão, que toda solidão é ilusória, habitada".

... "e então viu que a vasta diversidade de tudo o que vivia, mas sobretudo morria, podia se articular em relações que não se deterioravam"..

... "Que aquilo que me é caro possa voltar a mim... , sussurrou".

"Só a morte, que fazia parte da hereditariedade, era onipresente".

"Vivemos, certamente, na sombra e na desconexão. E certamente o que ocorre na calota de osso que é a nossa cabeça não deixa vestígios sobre a matéria dura, resistente na qual nos movemos. E é certo também que a irrealidade envolve igualmente a nós e às coisas que tocamos, como se fosse o estado normal do ser. Mas se vagamos por esta surda planura, aqui e ali encontramos pontos que vibram como vervos, certos sons que se destacam com nitidez, quase como se tivessem um significado, e de vez em quando uma emoção nos inunda, como se reconhecêssemos alguma coisa. Por que isso?"

"A areia, o silêncio, o murmúrio: são mensageiros do incomensurável".

 "Então conservava a vida com tranquilidade, sem a incumbência de fazê-la existir. Aliviava-o estar misturado aos outros deuses, confundir-se com eles. O último posto ia lhe bem. Agora a vida era um espetáculço que não dependia mais dele. Gostava de assistir a ela, mas sentia ainda todas as juntas doloridas cada vez que era tocado pela asa de um desejo".

Fragmentos de Ka, cap 1 e 2, de Roberto Galasso




- Você acha mesmo que é possível bastar-se a si mesmo?

- Já disse alguém que quem faz uma pergunta possui em si os elementos para respondê-la.

- Quero saber a SUA opinião!

- E eu a SUA! E nem me venha com esse papo de "perguntei primeiro".

- Tá bem: eu acho que sim: em muitas ocasiões é possível bastar-se a si mesmo e SEM QUE isso seja narcisista, ou como querem muitos... narcísico.

- É o mesmo que eu penso. Acrescentaria que nessas "muitas ocasiões" incluem-se momentos que desconhecemos.

- Como assim? Como por exemplo, quando queremos a compamnhia de alguém e não a temos?

- Sim ou quando ACHAMOS que queremos a companhia de alguém. E aqui considero que "alguém" pode ser qualquer um... ou até mesmo aquele alguém especial, insubstituível...

- Você disse que ninguém é substituível!

- Sim e, simultaneamente, TODOS são substituíveis.

- Não faça parábolas dialógicas (ou, mais precisamente nesse caso) diabólicas...

- Você entendeu perfeitamente que, quem são substituidos, são os fragmentos plurais e/ou singulares que compõe aquela companhia... sensações do outro que não é o outro... em nós.

- Um deslocamento?

- Não: uma diferença!

- Seja mais claro!

- Você quer algo DE ALGUÉM  e não pode ter naquele momento (ou em momento algum!), então você tem algo de outro alguém (ou de si mesmo)... um fragmento. É uma diferença em relação ao original, mas é uma semelhança (ainda que diferente) do possível. 

- Você continua me fazendo pensar em deslocamento ou substituição.

- Mas não é como a vela que substitui a luz eletrica (e eu sei claramente que você percebe as diferentes sensações e climas e sentidos e efeitos que uma e outra despetam em você). é algo como ... quando você acende velas mesmo quando tem a luz elétrica, entendeu? Não é preciso "terminar a luz" ou desligá-la para acender velas...
É quando você ascende às velas!

- Muito enrolado, mas eu sei - e já vivi isso - que podemos nos bastar a nós próprios... mesmo quando queremos, necessitamos, precisamos do outro.

- Pois... cada uma dessas palavras que você usou, "queremos, necessitamos, precisamos" encerra em si uma complexidade sigular.
O grande paradoxo é que somos sós (ou estamos), embora não estejamos, pois SOMOS sempre acompanhados: essa solitude é povoada.
Mas, quando estamos - fisicamente - sozinhos e queremos a companhia - física, que pode ser só A Voz, por exemplo - do outro e não a temos, precisamos aprender a (com)viver com isso e viver sem isso... (risos)

- Sim, somos cheios de fragmentos e cheios de completudes. As vezes somos só nós próprios; noutras, só o outro. Mais frequentemente, ambos...

- Seja como for, podemos bastarmo-nos a nós próprios, mesmo sabendo que não podemos - jamais - prescindir do outro. E ainda tem mais uma coisa: é muito bom não ter que criar a vida (ela se cria e se faz por si só), ainda que estejamos constantemente criando-a... Mas... sentir-se responsável (ou ser responsabilizado) por tudo que a habita... é outro papo. Observar a vida enquanto se a vive é muito bom!
Esfriou. Vamos tomar um chocolate quente?

- Já! Sozinhos ou um na compamnhia do outro?

- Ambos, juntos e separados... 

- ( Risos) Certo!

(De "Conversas atômicas na Escola Superior de Magia. p. 2011)


19 setembro, 2011

Primavera chegando, flores, perfumes e brisas musicais





O que está em cima, é igual ao que está embaixo, mas pode estar invertido, ou assim ser percebido.


 






Divagações à parte, a primavera
logo chega para fazer sua parte.



- Vem ela para dar seu próprio aparte?
- Sim, mas mais do que isso: vem para
perfumar nossos dias e fazê-los... arte!


05 setembro, 2011

Freddie Mercury e Queen em 18 músicas: vida longa!


Relembrar Freddie Mercury e Queen não é preciso,
pois ainda escuto essa banda com muita frequencia.
Hoje, passados tantos anos da sua fundação e
da morte do polêmico vocalista, ela continua viva
e cheia de encantos... trazendo memórias e alimentando
momentos como fazia durante a minha adolescência.
Depois do Queen, o mundo não foi mais o mesmo.
Inigualável até hoje, ela permanece singular.

Minha homenagem inclui duas músicas raras e
algumas das que mais gosto e escuto com frequencia.
Mas só cheguei ao 5º álbum da banda...

Evitei as mais populares e conhecidas, tais como 
Love of my Life, Somebody to Love, Save me 
e tantas outras... que são igualmente ótimas.



See What A Fool I've Been



Silver Salmon



Queen I
- My Fairy King

- Great King Rat


Queen II
- Father to Son

- White Queen

- The march of the black Queen


Sheer Heart Attack
- In The Laps of the Gods

- She Makes Me

- Brighton rock

- Flick Of The Wrist

- Lily Of The Valley


A night at the Opera
- The Prophet's Song

- Seaside Rendezvous

- Death On Two Legs


A day at the Races
- The Millionaire Waltz

- Drowse

- You Take My Breath Away



27 agosto, 2011

Cores, música e os estados de espírito











As cores 
remetem a 
estados de
espírito:






 
  momentos 
 da alma 
imortal 
e eterna, 
que está ...


 
 aprendendo 
sempre! 
Na dor e 
na alegria.



26 agosto, 2011

O enfadonho ser humano, ou sobre o bípede humano de Florbela Espanca




"...gosto das belas coisas claras e simples, 
das grandes ternuras perfeitas, 
das doces compreensões silenciosas, 
gosto de tudo, enfim, 
onde encontro um pouco de Beleza e de Verdade, 
de tudo menos do bípede humano, em geral, é claro, 
porque há ainda no mundo, graças a Deus, 
almas-astros onde eu gosto de me refletir, 
almas de sinceridade e de pureza 
sobre as quais adoro debruçar a minha".

- Florbela Espanca -



Há momentos que sou partidário do "prefiro os animais" (aos humanos).
Um espécie de cansaço generalizado me invade ao (re)constatar a grande fragilidade do chamado bípede humano pensante, que toma referências ditas "normais" - que nada mais são do que comportamento de massa - para guiar suas atitudes.
Edgar Morin caracteriza, esse aqui chamado bípede humano pela Florbela, como sendo, simultaneamente, homo-sapiens-demens... já que há coexistência de ambos os aspectos em seus modos de proceder... momentos esses, que parecem tirar toda a sua faculdade de pensar e sentir e transformá-lo numa máquina burra, insensível, estúpida, egoísta e enfadonha...

Exemplos disso são:
- a insensibilidade generalizada de muitos quando estão com a mente ocupada com alguma coisa que não o que você está lhes dizendo e que acaba por ter como consequencia grandes mal-entendidos gerados pela falta de atenção e/ou egoismo e medo de escutar o que lhe chega aos ouvidos ou aos olhos.

- as atitudes consideradas politicamente corretas, que se caracterizam por definir regras generalistas e que são socialmente defendidas como sendo de "bom senso" (que palavrinha nojenta") para sustentar posições de massa visando não enfrentar, não polemizar, e não discordar... do que realmente está se passando...

- as piadinhas bestas, infames ou patéticas que muitos fazem para "quebrar o gelo" (outra coisinha nojenta)... no início, no meio, no fim ou em qualquer etapa do "encontro". (Não estou aqui fazendo apologia da seriedade e da falta de humor e de intimidade... já que essas duas coisas nada tem a ver com as ditas piadinhas...).

- a banalização da comunicação, dos vínculos e a inserção de singularidades em quadros gerais de referência, ou seja, tomar como geral o que é particular (e  vice-versa), tomar o que é impessoal como pessoal,  tomar (e tornar) público o que é privado... e assim por diante.

Enfim...
Resta o consolo que nem todos são assim e que as "almas-astros" ainda existem e podem, como de fato o fazem, (re)aparecer e se mostrar a qualquer momento, quando cessa a pasmaceira e a burrice da ocupação in loco e in vitro e dá lugar a ocupação in vivo.



14 agosto, 2011

As invasões bárbaras ou sobre como somos reiteradamente convidados (SENÃO FORÇADOS) a pensar como os outros querem




"A tarefa do intelectual é dizer não ao espírito de rebanho. 
Cabe-lhe contrariar o senso comum. A tarefa do político é buscar 
novos caminhos que contrariem o conformismo".


Juremir Machado da Silva, em Jornal
(Correio do Povo,13/8/2011 



O título dessa postagem, as invasões bárbaras, tomado emprestado do maravilhoso filme homônimo (trailer no final do post) - que é a continuidade do também maravilhoso "o declínio do império americano" , ambos do diretor Denys Arcand - remete a uma variação atual do que se pode chamar como "ditadura do pensamento de direita", ou seja, um tipo de prática disseminada na mídia e nos comportamentos cotidianos que se caracteriza pelo modo  linear, cartesiano e produtivista, já que rejeita a crítica, a discordância e a desobediência e propõe a adaptação SEMPRE CRIATIVA aos desafios da vida.
Nesse sentido, encontramos as novas tecnologias da passividade (que induzem à passividade - disfarçada de resiliência e dissimilada com a idéia de aguentar firme e não reagir e, especialmente não resistir, com... outros modos de comportamento) e as novos discursos operacionais que buscam o compromisso das pessoas com a produção e a reprodução dos e das formas predominantes de agir, pensar, trabalhar. Viver. 


As invasões bárbaras, como uso o termo aqui, refere-se ao massacre cotidiano a que somos submetidos quando abrimos o email e o jornal que lemos. São textos e matérias, PPSs e todo o tipo de mensagem positivista que induzem a pensar sem raciocinio crítico e que buscam a repetição dos modos operantes e dominantes de utilizar o pensamento, através da repetição tanto dos conteúdos quanto das formas de apresentação em que "são embalados".
Não bastasse isso, ainda há uma espécie de produção de um modo de consciência ingênua que prega a "crítica pela crítica" , ou seja, que relativisa o conteúdo de modo a "deixar passar" aquilo que nele poderia ser fonte de outras formas de pensar e agir.
Ainda está embutida, nesse tipo de engodo, a idéia de que a crítica-por-si-só é sinônimo de criticidade, ou seja, do uso do pensamento crítico como ferramenta de conhecimento, elaboraçõao de hipóteses e confronto de idéias contrárias, algo inerente ao próprio livre pensar e a produção de conhecimento.
Fica em mim uma sensação de mal-estar e de constante estranhamento, como se eu fosse alguém "fora do mundo" - apesar de estar completamente nele.
Fica essa sensação de que subestimam a minha capacidade de raciocinar, de discordar, de avaliar e julgar com premissas e conceitos e sensibilidades diferentes das que eles impõe.
Não bastasse isso, ainda vêm com a assintura de Ph.Ds, tecnólogos do aprimoramento de pessoas e de "gestão de pessoas" e coisas afins.
Que cansaço e que tédio me dá isso!


Na contramão disso tudo, já que há Doutores (comuns e unificados) e doutores (singularizando e diferenciando seu saber e as formas de expressá lo e dele se utilizar), há, no mesmo jornal que lemos, uma atmosfera diferenciada (aqui experessa na citação de Juremir Machado da Silva, acima) que aponta que outros jeitos possíveis de "ser estar" no mundo e na vida... estão ao nosso alcançe... com raciocínio crítico, criticidade e resistência a esses modos de produção "de rebanhos": massas não pensantes que vivem como bois e vacas, olhando para o chão e ruminando "o mesmo" de todos os dias.


Assim sendo, reitero a sensação que estou fora do mundo, DESSE MUNDO de que falam os textos, em azul, abaixo: e esse estranhamento me é muito bom! sentir!


Parte desse estranhamento vem com o que estou escrevendo aqui e, parte, com o fato de eu não ter ido ao google para ver quem são e o que fazem os autores (todos com reconhecimeto profissional e valorizados pelos seus fazeres profissionais) dos textos em azul: o que eles escreveram já me basta para VER o quão distante e discordante deles eu me sinto, posiciono e vejo.
Defendo o raciocínio crítico, a impessoalidade e a capacidade de discordar e questionar como elementos componentes da "minha esquerda" (Edgar Morin) e do meu modo de ser na vida.
Não que essas invasões bárbaras não me afetem...

...................

"Resiliência é o termo que descreve as forças psicológicas e 
biológicas que nos permitem superar com sucesso as mudanças 
ocorridas na vida e a nos sentir mais preparados para enfrentar 
desafios futuros. É o que nos ajuda a lidar melhor com situações 
estressantes, pois é preciso que os processos fisiológicos do 
corpo humano, ativados pelo stress, funcionem bem nas mais 
diversas situações. Afinal, a resistência às mudanças é um 
fenômeno universal. Agindo de forma resiliente, conseguimos fazer 
com que o stress seja uma força a nosso favor e não contra nós".
(Correio do povo, 14/08/2011)

Palavras de Jorgi Matias Lima, palestrante e instrutora de cursos 
nas áreas de Gestão de Equipes, Liderança e Coaching, tema 
abordado nos workshop que realiza em empresas de todo o Brasil e, 
no RS, com a Universidade Feevale.

Vejam bem: nosso corpo e suas funções fisiológicas precisam ser bem submetidas aos interesses da produtividade e do forçado bem estar para enfrentar os estresses da vida: um outra maneira e mais atual de mostrar que os "corpos dóceis" (Foucauld) da sociedade disciplinar sobrevivem na sociedade de controle (Foucauld e Deleuze).
Já não podemos sofrer e PRECISAMOS enfrentar o estresse de peito aberto, vontade inquestionável de subvertê-lo e, ainda, ficar bem o tempo todo.
Ora, aqui se pode pensar a resiliência como "o cuidado de si", como nos disse Foucauld, mas, agora sim, de um jeito muito diferente...

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Resiliência em dez dicas


Um profissional resiliente, quando submetido a situação de 
estresse, a administrará de maneira sensata, sem impulsividade, 
visualizando o problema como um todo. Essa capacidade certamente 
lhe propocionará forças para enfrentar a adversidade e o tornará 
capaz de apresentar soluções criativas e eficazes.


A boa notícia é que todos nós podemos nos tornar resilientes. 
Seguem algumas dicas:


• Mentalize seu projeto de vida, mesmo que ele não possa ser 
colocado em prática imediatamente. Sonhar com seu projeto é 
confortante e reduz a ansiedade;


• Pratique esportes e métodos de relaxamento e meditação para 
aumentar o ânimo e a disposição. Os exercícios aumentam o nível de 
endorfinas, hormônios que proporcionam sensação de bem-estar;


• Procure manter o lar em harmonia, pois este é o "ponto de apoio” 
para recuperar-se;


• Aproveite parte do tempo para ampliar os conhecimentos, pois 
isso aumenta a autoconfiança;


• Transforme-se em um otimista em potencial;


• Assuma riscos (tenha coragem);


• Apure o senso de humor (desarme os pessimistas);


• Separe bem quem você é do que você faz;


• Use a criatividade para quebrar a rotina;
• Permita-se sentir dor, recuar e, às vezes, flexbilizar para em 
seguida retornar ao estado original.


Lembre-se, resiliência é a arte de transformar toda energia de um 
problema em uma solução criativa.


Destaque-se, seja resiliente!
Leonardo Soares Grapeia

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Resista A Necessidade de Criticar
(Richard Carlson, Ph.D.)


Quando julgamos ou criticamos outra pessoa, não são os seus 
defeitos que estamos denunciando, mas o nosso: a nossa necessidade 
de sermos críticos.
Se você costuma ir a encontros e ouvir críticas que normalmente 
são levantadas em relação ao comportamento de outros, e depois vai 
para casa e pensa a respeito do bem que essa prática fará para a 
tentativa de tornarmos este mundo um lugar melhor, provavelmente 
chegará à mesma conclusão que eu: Zero ! Nenhum bem. 


E não é só isso. 
A crítica não só não resolve nada, como contribui para a irritação 
e a desconfiança em relação ao nosso mundo.
Afinal, ninguém de nós gosta de ser criticado. Nossa relação 
normal à crítica é nos tornarmos defensivos ou desencorajados. Uma 
pessoa que se sinta atacada,  normalmente tem duas reações: ou 
retrocederá, por medo ou vergonha, ou atacará e irromperá em 
raiva. Quantas vezes você criticou alguém e ouviu a seguinte 
resposta: " Muito obrigado por apontar minhas falhas, eu realmente 
apreciei sua contribuição?"


A crítica, como xingamento, nada mais é que um péssimo hábito. É 
algo que nos acostumamos a fazer: somos íntimos da sensação. É 
algo que nos mantém ocupados e nos fornece assunto para conversas.


Se, no entanto, você ocupar um minuto observando de como realmente 
se sente logo após criticar alguém, perceberá que fica um pouco 
abatido e envergonhado, um pouco como se fosse você a pessoa 
atacada. O motivo dessa sensação é que ao criticarmos, fazemos uma 
declaração ao mundo e para nós mesmos: " Preciso ser crítico ". 


Não é algo que tenhamos em orgulho em admitir.


A solução é perceber o momento em que estamos sendo críticos. 


Perceba quantas vezes você costuma ser crítico e como se sente 
mal. O que eu gosto de fazer é transformar tudo num jogo.  Eu 
ainda me pego no ato de ser crítico, mas quando sinto o sentimento 
aflorando, tento me lembrar, dizendo "Aí vou eu , de novo ". 
Por sorte, consigo transformar, na maior parte das vezes, minha 
crítica em tolerância. 

Isso aqui me deixou tão anestesiado que nem consigo escrever nada.
O texto fala por si só e, vejam, como há uma concepção negativa da criticidade 
e como ela é pessoalizada e transformada em "ferramenta do mal", 
já que visa destruir e não des-cons-tru-ir. 


Finalizando: 

“... estamos sendo, sem medo de gastar este
sentimento infinito de ondas do mar...” 
Clarice Lispector
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Por mais que se tente dizer o que se vê, 
o que se vê jamais reside no que se diz.
M. Foucault


A pintura é poesia silenciosa, 
e a poesia, pintura que fala.
Simónides de Ceos

Video trailer: As Invasões Bárbaras


11 agosto, 2011

Oficina: Ser e não ser - metáforas do desassossego pela lente de Fernando Pessoa



Ser e não ser - metáforas do desassossego pela lente de Fernando Pessoa

O que queremos?
- Conectar com a intensidade dramática dos textos de Fernando Pessoa;
- Associar poesia e vida na produção de múltiplos sentidos de existência;
- Estimular a percepção de que conhecer-se e (des)reconhecer-se também é autoconhecimento;
- Acionar intensidades nos acontecimentos transitando entre a realidade e a ilusão;
- Estabelecer diálogos entre o singular e o plural buscando conexões entre as várias configurações do eu.

Como?
Através de leitura de textos e produções de Fernando Pessoa
buscando ativar intensidades nas vivências e dinâmicas grupais.

Quando?
Em dois encontros nos dias 17 e 24/09/11, sábado,
das 9:00h às 12:00h e das 13h30min às 16h 30min.

Onde?
Miguel Tostes, 998, cj. 24, esquina c/ Protásio Alves.

Valor do investimento:
R$ 150,00 (cento e cinquenta reais)

Coordenação:
Psicóloga Maria Pompéia Muscato
Psicólogo César Ricardo Koefender
Local
Instituto Pichon-Rivière de Porto Alegre
Rua Miguel Tostes, 998, cj.24, Bairro Rio Branco
(esquina c/ Protásio Alves)
POA - RS. Fone/fax (51) 3331 7467

contato@pichonpoa.com.br



20 julho, 2011

Dia do Amigo, ou... SOBRE AS AMIZADES





Os amigos vêm, vão, ficam, retornam e se vão.


Me explico: a ideia tão difundida e repetida de que "amigos que são amigos de verdade" não nos abandonam, traem, machucam, agridem, dissimulam, não tem eco dentro de mim.
Amigos fazem as mesmas coisas que todo mundo faz: familiares, vizinhos, colegas, funcionários, patrões, clientes, desconhecidos....


É da humanidade dos amigos se perderem e se acharem - deles mesmos e de nós também!
Assim, amizades permanecem, continuam e terminam., recomeçam ou começam de uma forma completamente inédita - as vezes com os próprios amigos. Quero dizer: uma nova amizade começa dando lugar a ou outra que se foi.... com o mesmo amigo. Um alento!


Também considero que amigos são amigos, mas nem sempre ESTÃO amigos.
Também considero que amigos ESTÃO amigos, mas nem sempre SÃO amigos.


É precisamente nesse duplo ser e estar que se configuram os território afetivos que dão surgimento a tantas e tão variadas expressões afetivas que desembocam em encontros e desencontros: amigos reais, virtuais e virtuais-reais.
O que é real?
O que é virtual?


Por vezes... os ditos amigos reais estão tão distantes (ausentes) que nem sabem e nem acompanham cenas e cenários da nossa vida.
Por vezes... as amigos ditos virtuais estão tão próximos (presentes) que acompanham cenas e cenários da nossa vida.
Volto a perguntar:
O que é real?
O que é virtual?


A realidade da amizade é composta pela conjunção dos pensamentos, sentimentos e práticas que dão sustentação a essa complexa - e simultaneamente simples - relação humana, que é linda, encantadora, prazerosa, estimulante e fonte de muitas e infinitas descobertas e aprendizagens.


Os diferentes tipos de amizade possíveis é algo que me provoca constantemente o pensamento e afeta os meus mais intensos sentimentos: amigos íntimos, amigos na Internet - os só virtuais (importante definir: aqueles com os quais não tenho muita ou quase nenhuma intimidade, mas que se mantém como fonte de trocas e constância de presença em páginas e redes sociais, os virtuais-reais, os amigos ocasionais, os ligados a diversão, lazer... os de papos infindáveis sobre as coisas da vida e a vida das coisas... dentre outros, impossíveis de definir.


Também gosto muito da noção de atitude amigável, ou dito de outra forma, a amizade como modo de vida (tem postagens nesse blog com essa temática e você pode achá-las usando o mecanismo de pesquisa... lá em cima `a direita): aquela que se caracteriza por comportamentos e sensibilidade que ESTÃO presentes em diferentses tipos de relacionamentos... embora não SEJAM amizades e nem amigos no sentido usual que se dá a essa palavra.
Assim.... atitudes amigáveis em relação ao entregador de gás, ao porteiro, ao caminhante na rua, ao vizinho, enfim... uma espécie de amor ligado a humanidade de cada um (e não à concepção de humanismo!).


Só para terminar, quero dizer que AMIGO é uma palavra que se conecta a algo identitário e, portanto, ligado ao SER. Numa lógica binária o amigo É ou NÃO É amigo. Ponto final.


Na lógica que eu uso na minha vida, o amigo pode ser-sem-estar-sendo (num determinado momento da linha de tempo) amigo. E o 'amigo' pode estar sendo-sem-ser amigo.
Nessa lógica - tecnicamente chamada de "o terceiro incluído" - está presente e contemplada a contradição e o princípio da incerteza, duplas essas, que são condições de existência das possibilidades de se lidar com as  mudanças... com menos sofrimento, dor, resistência e frustração, algo que definitivamente é responsabilidade nossa e de cada um.


Ainda quero dizer que a palavra AMIZADE é algo que se conecta - NOS CONECTA- à estados não-identitários, ou seja, nos coloca com possibilidades virtualmente presentes de estabelecer afetos e afecções e sensações com outras pessoas de uma forma mais livre, responsável, humana, respeitosa e em movimento permanente, já, agora, longe dos blocos monolíticos do absoluto "é ou não é"... amigo!


Que ninguém se iluda: amigos e amizades estão em permanente relação dialógica, tanto nos afetos, quanto nos conceitos, quanto nas práticas... e é, precisamente isso, que faz com que eles tenham sabor tão... doce, acridoce e salgado, eventualmente amargo.



O sentimento de amizade é muito superior à identidade do amigo e à identidade de amigo.
A amizade pode ser 'eterna', mas o amigo não. Por que?
Porque a amizade precisa do amigo para existir, enquanto prática de reposição do papel identitário amigo. 
Assim, se o amigo não está presente e/ou não está exercitando esse papel e essa identidade... sobrou amizade e faltou amigo. Uma questão complexa... 



Mais uma advertência (rsrsrsrs): que ninguém se iluda pensando que eu sou amigo de todo mundo ou tenho atitudes amigáveis com todos 'o tempo inteiro': também me permito os movimentos de SER E ESTAR!... e sou bastante seletivo e criterioso nas minhas, por assim dizer "seleções".


O melhor de tudo é quando escolhemos e somos escolhidos para ser e estar amigos: uma benção!
Os anjos da guarda - aqueles mesmo, os invisíveis - e os anjos de carne e ossos o sabem (esses últimos também emergem sendo-sem ser (anjo) e estando-sem ser (anjo): outra benção!


E, ainda resta a memória, mesmo quando amigos e amizades se foram - quer pela morte, quer pela distância geográfica, quer pela distância da intimidade e presença que existiu.


Aos meus amigos de todos os tempos e em diferentes espaços o meu agradecimento e gratidão pelo que me deram (dão) e me possibilitaram (possibilitam) dar E receber: outra benção!


Um beijo e um abraço.


Para comemorar, dentre outras coisas, comprei angélicas - cujas fotos ilustram essa postagem -, flores de perfume intenso e pronunciado, incomuns e lindas... como muitos de vocês.


Feliz dia do amigo e feliz amizades!


Cesar R K