28 abril, 2010

NOTAS SUPLEMENTARES SOBRE O VIRTUAL







NOTAS SUPLEMENTARES SOBRE O VIRTUAL


 Vinício Carrilho Martinez[1]




O cérebro eletrônico 
faz tudo
Faz quase tudo
Quase tudo
Mas ele é mudo

O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda
....

Eu posso decidir se vivo ou morro
Porque
Porque sou vivo, vivo pra cachorro
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Em meu caminho inevitável para a morte
....
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus olhos de vidro

Gilberto Gil –
Cérebro Eletrônico


Inicialmente, gostaria de acentuar que busquei distinguir a idéia de rede, no sentido genérico, da utilização da Internet por um motivo básico: a idéia de rede como construção e consecução do desenvolvimento do conhecimento é uma noção que chamei de bíblica – daí as referências ao neolítico e ao taoísmo, isto é, trata-se de uma característica humana, da filosofia oriental antiga à ciência moderna, e não um mero evento da última onda tecnológica.
Em um breve período, o objeto do artigo pode ser assim resumido: o debate sobre a transversalidade na educação necessariamente deve incluir a idéia de rede e o debate tecnológico sobre a Internet – como meio, instrumento e ferramenta que melhor expressa a própria idéia de rede. O que revela seu caráter político, na medida em que é um meio democrático por excelência – somos todos produtores de mensagens e não meros receptores -, e pedagógico; pois a tanto a idéia de rede quanto a Internet acenam para a construção coletiva do conhecimento.
O que, por sua vez, também se relaciona ao conceito do maniqueísmo e aos modelos cibernéticos ou piramidais, pois a idéia rede[2] exige contínua movimentação, expansão dos próprios limites e objetivos, além de não coadunar com as referências clássicas de hierarquia[3]. E também justifica o tratamento de um tema como direitos humanos – pois na idéia de rede em que construímos o conhecimento também construímos valores. Ou melhor, de acordo com o trabalho, de nada adianta uma educação tecnológica – política em essência, como demonstro na equiparação do virtual (virtus) com a virtù de Maquiavel[4] – sem que valores básicos e preliminares estejam postados na formação das coletividades.
A construção em rede de um pensamento político e pedagógico, portanto, constituiu parte do mesmo objetivo; pois se estão na rede estão interligados. Portanto, valores que acredito podem encontrar na net um amplo meio de reconhecimento, difusão, e defesa. Sem que a tecnologia implique o não-reconhecimento dos clássicos, em termos de análise teórica e de valores.
Inicialmente, deve-se reconhecer que, na raiz, o virtual é a política — porque a virtude é do vencedor. Entendo que a raiz do virtual é a política, porque tanto a exegese do termo quanto a experiência política clássica reafirmam esta característica. A etimologia, diz Pierre Lévy (1996), dá ao virtual a condição de concretude, pois virtual deriva de virtualis e virtus (potência, germe gerador, possibilidade de realização/transformação da potência em concretude). Quanto à experiência política clássica, é conhecida a máxima da virtù de Maquiavel, no Príncipe, em que destaca a busca pela eficácia no jogo político. Diz Maquiavel, nas últimas linhas da última página do Príncipe: “Vertù contra furore / Prenderà l’arme, e fia ‘l combatter corto”[5] (Martinez, 1999, pp. 165-6).
Por um lado, a passagem grifada também constitui um aceno para a possibilidade do bricolé, como os armados por Lévi-Strauss (e não mero decalque, ou recorte e colagem de citações, impressões ou dados como na crítica de Deleuze[6]) e, por outro, sinaliza a proposta de que podemos tratar os clássicos de outra maneira que não a dualista – de forma mais criativa, como a que se experimenta a partir da idéia de rede. Além de reforçar a noção de que a rede ou o rizoma são construções efetivamente humanas e não um pensamento que decorre da Internet. Enfim, é o humano, o virtual por excelência, mais a busca do que o encontro e, ainda que motivado ou não pela virtude e imbuído de eficácia, é um meio (dada sua imperfeição) e não um fim a todo custo:
Um rizoma não começa e nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo “ser”, mas o rizoma tem como tecido a conjunção “e...e...e...” É que o meio não é uma média; ao contrário, é o lugar onde as coisas adquirem velocidade. Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma para outra e reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói suas duras margens e adquire velocidade no meio[7] (Deleuze, 1995, p. 37).
Em suma, o virtual é eficaz, no sentido de que busca de poder, ainda que simplesmente busca de poder de transformação e não necessariamente de exclusivo domínio como se viu desde Maquiavel. Portanto, o virtual talvez seja simplesmente político, e se assim é cabe uma relação pedagógica entre o aprender e apreender o significado das relações políticas. Noção que retoma a possibilidade da política (na net e fora dela) ser pautada pela tolerância e respeito aos direitos humanos, como valores de transformação e não mera aquisição.E mais do que um jogo demonstrativo de semântica, têm-se a mesma intencionalidade de busca pela eficácia (mas não se descarte o delírio[8]). Pois, essa é a raiz que unifica as três dimensões humanas (sentimento, razão e ação). Para Octávio Paz[9], por exemplo, um político da virtude zen (um chinês-zapatista contra a tirania), essa noção de eficácia e virtude somava taoísmo e budismo:
Ambas tendências prejudicavam a passividade, a indiferença frente ao mundo, o esquecimento dos deveres sociais e familiares, a busca de um estado de perfeita beatitude, a dissolução do eu numa realidade indizível. À diferença do budismo - corrente de fora - o taoísmo não nega o eu nem a pessoa; ao contrário, os afirma ante o Estado, a família e a sociedade. O taoísmo é um dissolvente (...) No taoísmo há um persistente tom anárquico. (Paz, 21 abr 1998, p. 8).
No contexto atual, nesse caminho tortuoso dos clássicos à pós-modernidade (e, às vezes, vice-versa), tudo volta a passar por uma subjetividade, insaciável e inumerável, por um olhar curioso (que lembra a antropologia do século XIX, pois só se é curioso diante do outro). Por exemplo, a incerteza, insegurança e instabilidade[10] presentes na propagação moderna da ciência e da tecnologia que nos teria instado ao fim da trégua e do repouso. É como se só restasse o chamado à responsabilidade política diante do desenvolvimento científico e tecnológico:
O ideal da ciência clássica era a predição, o domínio absoluto do universo. Com a mecânica de Newton, progrediu-se nessa direção: a expressão diferencial das leis da mecânica permitia acompanhar passo a passo (a cada instante) o sistema. Nada sobrava escondido na sombra, nenhuma lacuna aparente. Trata-se afinal de uma forma de expulsão do sujeito do conhecimento: aquele que escreve procura contornar o seu próprio ponto de vista, tenta eliminar da sua descrição tudo o que é demasiado singular na sua apreensão, tudo o que não pode ser submetido ao crivo da repetição. Ele procura referir o seu olhar particular a um olhar mais amplo (o de Deus?) que daria conta de todos os outros. Com a mecânica quântica, parece que fomos forçados a renunciar a esse ideal, e a questão da singularidade do observador ressurge. Um novo laço parece se tecer entre a linguagem e o mundo, entre o visível e o invisível (...) O virtual é isto que subsiste da condensação da escrita (Dentin, 1993, p.138).
Virilio dirá que esse espaço, entre o visível e o invisível, será ocupado justamente pelas tecnologias virtuais (a sensação de um presente permanente[11]): “Quanto mais os telescópios forem aperfeiçoados, mais estrelas surgirão’ escrevia Flaubert (...) Uma vez que tal profusão de dados só pode ser analisada pela informática, a separação entre o sensível e o inteligível aumenta cada vez mais” (1993, pp.32-25). Essa separação resulta da ciência e da tecnologia, o que é um fato; agora se é boa ou má, é impossível dizer, ou melhor, é boa e má, é virtual. Mas não há retorno, nem retórica, só eficácia e transformação, impondo evidentemente um outro sentido e significado político e pedagógico para o bem e para o mal.

UM ADENDO À QUESTÃO METODOLÓGICA


Penso que uma abordagem da Internet – ou da idéia da rede como propulsora do conhecimento e da prática política, em que a Internet é expoente - tem de levar em conta esses dados. O que por um lado, garante maior abrangência e possibilidade de disseminação de uma nova perspectiva inclusive pela Internet, garantindo também um crescimento horizontalizado de alguns pressupostos políticos e técnicos que se visualiza na Internet. E, por outro, exige a tentativa de não perder o fio de condução do trabalho nas generalidades que são fartas na mesma Internet. O que nos leva a pensar em certos crescimentos verticalizados em que buscamos aprofundar alguns temas como: definição conceitual do que é o virtual e sua inter-relação com outra ciências e modalidades metodológicas: penso aqui no caso dos bricolé de Lévi-Strauss e nas práticas da  serendipidade enquanto recurso de pesquisa e descobrimento amplamente utilizados pela ciência aplicada. Além da própria interação técnica e prática da proposta teórica da rede dos cidadãos em um site de fácil visualização e manuseio por parte do usuário menos adaptado ao meio virtual (como em http://demo.meex.com.br). Bem como a demonstração teórica de que iniciativas que levem em conta valores humanitários devem ser pensadas no formato da rede, e o exemplo é a idéia de uma rede escolar de direitos humanos. Ou seja, pensando na formação integral dos alunos, é que chegaremos a aprofundar práticas democráticas, criativas e humanitárias na vida social e na própria interface com o mundo virtual.
Certamente não é o objetivo do artigo, uma vez não me coloquei o desafio de construí-lo de acordo com a metodologia do rizoma de que fala Deleuze. Mas talvez possa reforçar o enunciado de que os temas são articulados em fases diferentes e com objetos aparentemente distantes, mas que constituem um conjunto amplo. Para tanto, utilizo a imagem dos platôs em oposição à construção linear:
Um platô está sempre no meio, nem início nem fim. Um rizoma é feito de platôs. Gregory Bateson serve-se da palavra “platô” para designar algo muito especial: uma região contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto culminante ou em direção a uma finalidade exterior (...) Por exemplo, uma vez que um livro é feito de capítulos, ele possui seus pontos culminantes, seus pontos de conclusão. Contrariamente, o que acontece a um livro feito de “platôs” que se comunicam uns com outros através de microfendas, como num cérebro? Chamamos “platô” toda multiplicidade conectável com outras hastes subterrâneas superficiais de maneira a formar a estender um rizoma (...) Cada platô pode ser lido em qualquer posição e posto em relação com qualquer outro (Deleuze, 1995, pp. 32-33).
De certa forma, é do mesmo modo que penso em um site (http://demo.meex.com.br) e em sua articulação com os temas aqui tratados, pois há a pretensão de uma operacionalidade própria, técnica, prática e política, ao mesmo tempo em que constitui uma possibilidade de realização[12] dos mesmos temas, de sua visibilidade e demonstração prática. Por exemplo, as questões de múltiplas escolhas e o link para a formulação dos projetos de lei sintetizam a proposta da Democracia Radical Virtual, assim como o questionário (questões dissertativas) entrelaça as principais preocupações teóricas apresentadas no trabalho.
Daí que, também é óbvio, se a rede não tem futuro pré-configurado, então é portadora de instabilidade e incerteza. O que não significa falta de projetos; pois, ao contrário, impõe um projeto radical de superação no virtual:
Há portanto o virtual, e o processo de medição (de observação) apenas projeta este virtual num dos seus estados. Mas o virtual vai além da noção de estado, já que o estado é um momento do virtual, uma configuração, da mesma forma que os modos de vibração não dão conta do movimento da vibração: são números extraídos do contínuo. Devemos assim abandonar as antigas representações, derivadas da física clássica, em particular as do determinismo e da causalidade. Os sistemas quânticos não se deixam aprisionar numa descrição clássica do contínuo, eles carecem da introdução de novos conceitos (Dentin, 1993, p. 137 - grifos meus).
Mas, como sabemos, a questão é originária e, portanto, persiste como memória que não cede à rigidez do tempo: o modelo cibernético está em nosso cérebro, do lado direito e esquerdo do córtex, no certo e no errado, no belo e no feio etc. O mesmo modelo informático-social que acompanha a história da informática e que já ocupou destaque na concepção da rede:
Uma rede é constituída por um conjunto de conexões (os neurônios) ligadas entre si por intermédio de nós (as sinapses). Um tal sistema possui uma entrada e uma saída que permite codificar informações: cada nó (ou sinapse) pode assumir, no caso mais simples, dois valores, correspondentes ao estado ativo ou inativo (0 ou 1). Pode-se assim representar um dado inicial como uma lista de zeros e uns. A estrutura interna da rede (a ‘caixa preta’) comporta um certo número de unidades escondidas (sinapses e neurônios) (...) Se a relação entrada/saída é incorreta, há certamente um erro de programação, um bug (...) a imagem característica é aquela do papel de formulário contínuo que se desenrola à medida que a impressora progredide (Dentin, 1993, pp. 140-1).
E o problema é que os mais ajustados à segurança da organização doutrinária, os sistemáticos, quando se encontram sem a referência prévia, o conceito pré-datado (e, no limite dos sistemas fechados, com o erro, o bug), vêem-se desiludidos, trocando acentralidade por confusão. Repare-se que os mais velhos preferem a certeza e o domínio dos clássicos. Nada contra, mas é preciso criar com eles: por exemplo, uma Sociedade civil virtual que tenta juntar Rousseau e a pós-modernidade[13] num projeto de soberania popular através da participação eletrônica - refazendo-se intermitentemente - e onde o usuário consciente atua como cidadão produtor de mensagens livres, e que somadas às demais imprimem um novo coletivo. Produzindo-se uma vontade coletiva que não é mera somatória de intenções individuais, a menos que fosse uma soma infinita porque: “A informática se tornou uma nova ‘pele’, gerindo as nossas relações com o nosso meio” (Lévy, 1993b, p. 256).
Assim, o que diferencia o conceito do virtual das análises provindas do liberalismo é que o fractal não é uma mônada (Locke). Na tecnologia política, o fractal é um ponto de convergência e dispersão. E o cidadão fractal um polo de emissão. Isso tudo para dizer que no princípio da rede, ao contrário das outras mídias, o usuário é um emissor de mensagens, não só receptor, e que a expansão (fractalidade) da consciência depende do coletivo e não da censura, porque a rede é um meio aberto. Como se vê sob o prisma da Ciência Cognitiva, em que se têm nas redes neurais o salto coletivo:
Nas redes neurais é essa concepção do texto e da leitura que é subvertida: é em geral impossível definir a função de tal ou qual unidade escondida específica, e apenas globalmente o sistema comporta um sentido. Da mesma forma, é difícil de avaliar a pertinência desta ou daquela trajetória individual. A passagem do local ao glocal numa rede corresponde a um salto qualitativo (...) Por essas razões, a apreensão do virtual não poderia escapar à economia de um pensamento do emergente. Trata-se de uma questão essencialmente política (Dentin, 1993, p. 141).
Mas, deve-se frisar, a tranqüilidade do cidadão fractal repousa no trabalho de cada um. Pois: “A rede jamais pensará em seu lugar, fique tranqüilo” (Lévy, 12 abr 1998). De nosso trabalho resulta nossa capacidade virtual. Isto é, nossa capacidade política e pedagógica de pensar a tecnologia, de articular o real vivido, individual e/ou coletivamente, transforma a rede no pharmakon da mesmice.
Por fim, concluo, o objeto do artigo esteve centrado em duas bases: a) distinguir a concepção da idéia de rede - como uma possibilidade não maniqueísta de formulação do conhecimento pedagógico e político - da atual utilização da Internet; b) demonstrar que o meio virtual é propício à difusão de práticas e valores humanitários e democráticos. Desculpem-me por ter-me alongado novamente nas referências teóricas e metodológicas que recobrem o trabalho da tese.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DELEUZE, G. Mil Platôs – capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro : Editora 34, 1995.
DENTIN, S. O virtual nas ciências. IN : PARENTE, A. (org.). Imagem máquina: a era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro : Editora 34, 1993.
KANT, I. A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa : Edições 70, 1990.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro : Editora 34, 1993a.
________. Os perigos da “máquina universo”. IN : PESSIS-PASTERNAK, G. Do caos à inteligência artificial: quando os cientistas se interrogam. São Paulo : Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993b.
­________. O que é o virtual?. São Paulo : Editora 34, 1996.
________. Um sistema auto-regulador: a internet tem sido capaz de criar mecanismos próprios de controle das informações. Folha de São Paulo, 12 abr 1998. Caderno 5, p.3.
LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. Campinas, SP : Papirus, 1989.
MARTINEZ, V. C. A rede e a virtualização da política. IN : Cadernos da F.F.C. (Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP) – org. Marcos Del Roio – Marília  : vol. 8, n 2, 1999, pp. 165-174.
O Príncipe - Maquiavel: curso de introdução à ciência política. Brasília-DF : Editora da Universidade de Brasília, 1979.
PAZ, O. Um chinês contra a tirania. Folha de São Paulo, 21 abr 1998. Caderno 4, p. 8.
PRIGOGINE, I. Carta para as futuras gerações. Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 2000 30 jan., p. 06.
SOUZA, J. de. Paixão pelo poder ficou à frente da saúde. Folha de São Paulo, 21 abr 1998. Caderno 1, p. 10.
TAO TE KING: o livro do Tao e sua virtude: versão integral e comentários, de Lao Tsé. (2ª ed.). São Paulo : Attar, 1995.
VIRILIO, P. O espaço crítico. Rio de Janeiro : Editora 34, 1993.
________. Velocidade e política. São Paulo : Estação Liberdade, 1996.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BAUDRILLARD, J. Tela total: mito-ironias da era do virtual e da imagem. Porto Alegre : Sulinas, 1997.
CASTELS, M. A sociedade em rede. Volume 1. IN: A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo : Paz e Terra, 1999.
________ . O poder da identidade. Volume 2. IN: A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo : Paz e Terra, 1999.
________ . Fim de milênio. Volume 3. IN: A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo : Paz e Terra, 1999.
CEBRIÁN, J. L. A rede. São Paulo : Summus Editorial, 1999.
CADOZ, C. Realidade virtual. São Paulo : Ática, 1997.
DEBRAY, R. & ZIEGLER, J. Trata-se de não entregar os pontos – conversas radiofônicas. São Paulo : Paz e Terra, 1995.
DERTOUZOS, M. L. O que será: como o novo mundo da informação transformará nossas vidas. São Paulo : Companhia das Letras, 1997.
ECO, U. Cinco escritos morais. (3ª ed.). Rio de Janeiro : Record, 1998.
FILHO, C. M. (org.). Pensar e pulsar: cultura comunicacional, tecnologias, velocidade. São Paulo : Edições NTC, 1996.
GANASCIA, J. Inteligência artificial. São Paulo : Ática, 1997.
GRINSPUN, M. P. S. Z. (org). Educação tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo : Cortez, 1999.
HENRY, J. A revolução científica e as origens da ciência moderna. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 1998.
HERMETES, R. de A. Tecnociência e cultura: ensaios sobre o tempo presente. São Paulo : Estação Liberdade, 1998.
KERCKHOVE, D. de. A pele da cultura. Lisboa : Relógio D’água Editores, 1997.
LÉVY, P. & AUTHIER, M. As árvores de conhecimentos. São Paulo : Editora Escuta, 1995.
LÉVY, P. A ideografia dinâmica: rumo a uma imaginação artificial? São Paulo : Loyola, 1998.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte : Autêntica, 1998.
VIRILIO, P. A arte do motor. São Paulo : Estação Liberdade, 1996.
________ . A bomba informática. São Paulo : Estação Liberdade, 1999.
WALZER, M. Da tolerância. São Paulo : Martins Fontes, 1999.




[1]                 Doutorando pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP).
[2]                 Simplesmente rede daqui por diante, diferentemente da Internet.
[3]              Sei que não é muito habitual inserir notas de rodapé nesse tipo de documento, mas as notas podem ajudar a esclarecer alguns dados e reafirmar outros. Neste sentido, o pensamento de Deleuze e Guattari é expressivo quanto ao desenvolvimento de verdadeiros procedimentos para nos articularmos em rede e não apenas como ideal a ser atingido. Também é importante frisar que constituem a base filosófica dessa metodologia que busca a rede como formato de consecução e revitalização do pensamento político e científico – agora não mais serial. O que ainda alerta para a providência de se romper com os limites do maniqueísmo: “Não existe capitalismo universal e, em si, o capitalismo existe no cruzamento de toda sorte de formações, ele é sempre por natureza neocapitalismo, ele inventa para o pior sua face de oriente e sua face de ocidente, além de seu remanejamento dos dois (...) Um impasse, tanto melhor. Se se trata de mostrar que os rizomas têm também seu próprio despotismo, sua própria hierarquia, mais duros ainda, muito bem, porque não existe dualismo, não existe dualismo ontológico aqui e ali, não existe dualismo axiológico do bom e do mau, nem mistura ou síntese americana. Existem nós de arborescência nos rizomas, empuxos rizomáticos nas raízes (...) O que conta é que a árvore raiz e o rizoma-canal não se opõem como dois modelos; um age como modelo e como decalque transcendentes, mesmo que engendre suas próprias fugas; o outro age como processo imanente que reverte o modelo e esboça um mapa, mesmo que constitua suas próprias hierarquias, e inclusive ele suscita um canal despótico (...) Trata-se do modelo que pára de se erigir e de se entranhar, e do processo que não pára de se alongar, de romper-se e de retomar. Nem outro nem novo dualismo (...) Oposto a uma estrutura, que se define como um conjunto de pontos e posições, por correlações binárias entre estes pontos e relações biunívocas entre estas posições, o rizoma é feito somente de linhas: linhas de segmentariedade, de territorialização com dimensão máxima segundo a qual, em seguindo-a, a multiplicidade se metamorfoseia, mudando de natureza (...) Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados (Deleuze, 1995, pp. 31, 32, 33).
[4]                 Martinez, 1999.
[5]               O Príncipe - Maquiavel, 1979, p. 94.
[6]                 “Cultural, o livro é forçosamente um decalque: de antemão, decalque dele mesmo, decalque do livro precedente do mesmo autor, decalque de outros tantos livros sejam quais forem as diferenças, de calque interminável de conceitos e de palavras bem situados, reprodução do mundo presente, passado ou por vir” (idem, p.36).
[7]              Sob esse sentido ainda poderia pensar que o transbordamento do rio-rizoma aniquila a opressão que as margens impunham a Mao Tsé Tung (as margens oprimem o rio e por isso não são neutras). Transforma a areia recalcada das margens em argila moldável; e remodelando-o também provoca erosão e assoreamento (o rio não é nem bom, nem mau). Mas justamente por isso talvez o Pantanal esteja no meio, meio-alagado, meio-enraizado, assim como o Egito só é fértil quando o Nilo se enche dos limites de suas margens.
[8]              Sérgio Roberto Vieira da Motta (ex-ministro das Comunicações) foi pragmático ao se auto-definir como político, uma semana antes de sua morte, no dia 19 de abril: "O ar de Brasília recarrega minhas pilhas. O poder me dá tesão, um prazer quase sexual. Ainda morro disso" (Souza, 21 abr 1998, p. 10).   
[9]              Nobel de Literatura em 1990, ensaísta e poeta mexicano  (1914 - 1998).
[10]             No Tao, o inconformismo, e na física quântica, o imponderável dos spins.
[11]             E essa também será a maior crítica ao virtual, pois o sentido ou sensação de um presente permanente retira parte da responsabilidade quanto ao tempo histórico, ou seja, quanto à responsabilidade de cada um diante do fazer histórico.
[12]             De acordo com Pierre Lévy (1996).
[13]                 Desenvolvi essa consideração na Home Page CIDADANIA INTERATIVAGrupo de Estudos Virtual (http://www.unesp.br/unidades/17.htm) sobre Cidadania, Democracia e participação. A íntegra do projeto foi apresentada no Congresso Internacional INFO-97, Havana - Cuba, em outubro de 1997. Porém, infelizmente, hoje a página não se encontra disponível.





Nota: Os links externos não estavam funcionando no momento dessa postagem

25 abril, 2010

Frases de vários autores sobre o amor aos livros e à leitura



Biblioteca do monasterio de Wiblingen (Alemanha)


É proibida a entrada a quem não andar 
espantado de existir.
José Gomes Ferreira  

Sempre imaginei o paraíso como uma grande biblioteca.
Jorge Luis Borges 

Imagem da net

"Sempre que se conta um conto de fadas, a noite vem".
Clarissa Pinkola Estés 

Devemos ler para oferecer à nossa alma 
a oportunidade de luxúria.
Henry Miller

A leitora, de Pierre-August Renoir Limoges

O livro é uma das possibilidades de felicidade de que 
dispomos".
Jorge Luis Borges

Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma.
Fernando Pessoa

Sala de leitura The Picton, 
Biblioteca Pública de Liverpool, Inglaterra

A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: 
o livro fala e a alma responde. 
André Maurois, 

Dupla delícia: o livro traz a vantagem de a gente poder estar só 
e ao mesmo tempo acompanhado. 
Mário Quintana 

Moça lendo com o cão, 
de Charles Burton Barber 

Que nunca o livro fique longe de tua mão e de teus olhos. 
São Jerônimo

Um livro deve ser o machado que partirá 
os mares congelados dentro de nossa alma.
Franz Kafka 

O livro-árvore - Salvador Dali 

A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, 
mas, por incrível que pareça, a quase totalidade das pessoas não sente 
esta sede.
Carlos Drummond de Andrade 

Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, 
pouco manipulável e não crê em lemas 
que alguns fazem passar por ideias. 
Mário Vargas Llosa 



Frases de vários autores sobre o amor aos livros e à leitura (2)



Pintura de Jonathan Wolstenholme 

A leitura engrandece a alma.
Voltaire 

O livro é um mudo que fala,um surdo que responde, 
um cego que guia, um morto que vive.
Pe. Antônio Vieira 

Imagem da Net
Às vezes um texto muito interessante passa despercebido 

porque não sabemos ler. 
Saber ler não é simplesmente ser alfabetizado. 
Saber ler é poder, junto, 
pensar com o autor, compreendê-lo e criticá-lo.
Leila Maria Barbosa e Wilma Mangabeira, 
em “A incrível história dos homens e suas relações”

Que progresso nós estamos fazendo! 
Na idade média teriam queimado-me. 
Agora estão contentes em queimar meus livros. 
Sigmund Freud 

Pintura de Karin Jurick (Califórnia-Estados Unidos)



Refresca-te, irmã,na água da pequena tigela de cobre 

com pedacinhos de gelo,abre os olhos sob a água, lava-os,
enxuga-te com a toalha ásperae lança um olhar num livro que amas.
Começa assim um dia belo e útil.
Bertolt Brecht

Os livros são os mais silenciosos e constantes amigos; 
os mais acessíveis e sábios conselheiros; 
e os mais pacientes professores.
Charles W. Elliot

Biblioteca Angelica, Roma 

Este lugar é um mistério, Daniel, um santuário. 
Cada livro, cada volume que vês tem alma, 
a alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram 
e viveram e sonharam com ele. 
Cada vez que um livro muda de mãos, 
cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, 
o seu espírito cresce e torna-se forte.
Carlos Ruiz Zafón 

Uma boa leitura dispensa com vantagem 
a companhia de pessoas frívolas.
Marquês de Maricá, Rio de Janeiro

Biblioteca Sainte-Geneviève, París

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina, 

A função do leitor/1 
Quando Lucia Pelãez era pequena, leu um romance escondida.
Leu aos pedaços, noite após noite, ocultando o livro 
debaixo do travesseiro.
Lucia tinha roubado o romance da biblioteca de cedro
onde seu tio guardava os livros preferidos.
Muito caminhou Lucia, enquantopassavam-se os anos.
Na busca de fantasmas caminhou pelos rochedos sobre o 
rio Antióquia,e na busca de gente caminhou pelas ruas das cidades 
violentas.
Muito caminhou Lucia, e ao longo de seu caminhar
ia sempre acompanhada pelos ecos daquelas vozes distantes
que ela tinha escutado, com seus olhos, na infância.
Lucia não tornou a ler aquele livro.
Não o reconheceria mais.
O livro cresceu tanto dentro dela que agora é outro, 
agora é dela.
Eduardo Galeano 

Ilustração de Lorenzo Mattotti -Itália

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousamno livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão. Eles não têm pouso
nem porto,alimentam-se um instante em cada
par de mãose partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana

O Livro Desconhecido


Estou à procura de um livro para ler. 
É um livro todo especial. Eu o imagino como a um rosto sem traços. 
Não lhe sei o nome nem o autor. 
Quem sabe, às vezes penso que estou à procura de um 
livro que eu mesma escreveria. 
Não sei. 
Mas faço tantas fantasias a respeito desse livro desconhecido 
e já tão profundamente amado. 
Uma das fantasias é assim: eu o estaria lendo e, de súbito,
 uma frase lida com lágrimas nos olhos, diria em êxtase de dor 
e de enfim libertação: mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus! 
     Clarice Lispector 

Imagem da Net

Enfim...
Os livros trazem informação, conhecimento 
e ajudam na produção de sabedoria.
Abrem canais de expressão e possibilitam
exercitaro raciocínio crítico do leitor.
A leitura é fonte de inspirarão, alegria, companhia, 
satisfação, entusiasmo e criatividade.
Os livros e a leitura proporcionam mágicos momentos...
Eles nos ajudam a olhar e ver o mundo 
com uma variedade de lentes que "beira o infinito".
(Cesar RK)