11 setembro, 2010

Gramsci e o ódio aos indiferentes





Odeio os indiferentes.
Acredito que viver
significa tomar partido.

Indiferença é apatia,
parasitismo, covardia.
Não é vida.

Por isso, abomino
os indiferentes.

Desprezo os indiferentes,
também, porque me provocam
tédio as suas lamúrias
de eternos inocentes.

(Gramsci)
 




Neruda abre mão da primavera; eu não, nem dela e nem dos olhos e do olhar




Quero apenas cinco coisas..

Primeiro é o amor sem fim

A segunda é ver o outono

A terceira é o grave inverno.

Em quarto lugar o verão

A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera para que
continues me olhando!!!

(Pablo Neruda)


É claro que não
podemos ter tudo.
Mas, não podemos,
no entanto,
desistir da primavera.
O muito-tudo ,
que supomos
inacessível,
pode ser pouco...

Apreendamos a construir
templos de luz solar
resplandecente, dentro de nós.

Merecemos as quatro estações...
E o olhar!

Ahh, o olhar! Sempre!
Olhe para mim!
Olhe para você!

(Cesar R K)



Memória: ontem no hoje! (Aos amores perdidos e finitos, mas não esquecidos)




Memória: ontem no hoje!
(Aos amores perdidos e finitos, mas não esquecidos)


Memória: um ato impensado e intempestivo
de atualização daquilo que já foi!

Amei você com cada poro da minha alma.
E... com cada átomo do meu corpo

Você acha mesmo que algo assim... termina?

Que memória?

Memória: ato pensado daquilo que foi
- intempestivo - 
sem jamais deixar de ter sido,
já que se atualiza num
AGORA impermanente e passageiro!

Você acha mesmo que  
(essa)  
eternidade não tem fim?

Um... sopro.

Uma homenagem ao amadurecimento e à superação
(Cesar R K )



10 setembro, 2010

Dias melhores verão, por Germana Konrath e o Diamante Verdadeiro







Dias melhores verão

desfruta
sem pressa
essa tua primavera
quando o verão chegar
e fores fruto maduro
vou te colher
com apuro
e te comer
de colher

Germana Konrath



Diamante Verdadeiro - Maria Bethania


Nesse universo todo de brilhos e bolhas
Muitos beijinhos, muitas rolhas
Disparadas nos pescoços das Chandon
Não cabe um terço de meu berço de menino
Você se chama grã-fino e eu afino
Tanto quanto desafino do seu tom
Pois francamente meu amor
Meu ambiente é o que se instaura de repente
Onde quer que chegue, só por eu chegar

Como pessoa soberana nesse mundo
Eu vou fundo na existência
E para nossa convivência
Você também tem que saber se inventar


Pois todo toque do que você faz e diz
Só faz fazer de Nova Iorque algo assim como Paris
Enquanto eu invento e desinvento moda
Minha roupa, minha roda
Brinco entre o que deve e o que não deve ser
E pulo sobre as bolhas da champanhe que você bebe
E bailo pelo alto de sua montanha de neve
Eu sou primeiro, eu sou mais leve, eu sou mais eu
Do mesmo modo c
omo é verdadeiro
O diamante que você me deu.








06 setembro, 2010

Fernando Pessoa sobre construir-se a ouro e sedas...










"Se não fosse o sonhar, 
o viver num perpétuo 
alheamento, poderia, 
de bom grado, chamar-me 
um realista, isto é, um indivíduo 
para quem o mundo exterior é 
uma nação independente.

Mas prefiro não me dar nome, 
ser o que sou com uma certa 
obscuridade e ter comigo a malícia 
de me não saber prever.



Tenho uma espécie de dever 
de sonhar sempre, pois não 
sendo mais, nem querendo ser mais, 
que um espectador de mim mesmo, 
tenho que ter o melhor 
espectáculo que posso.

Assim, me construo a ouro e sedas, 
em salas supostas, palco falso, 
cenário antigo, sonho criado entre 
jogos de luzes brandas e músicas invisíveis."

- Fernando Pessoa -