13 dezembro, 2009

Um filme excelente: Do Começo ao Fim



O que quer dizer "próximos demais"?
"Íntimos demais"?

Há quem diga que o filme é superficial e não aborda a temática.
Há quem diga que não há conflitos no filme e o final é feliz.
Dizem que os preconceitos não são tratados na trama...
Acho tudo isso piada.

Indico porque gostei... e gostei muito.

Uma trama (duplamente) incomum para uma argumentação igualmente incomum:
o amor entre dois irmãos e o amor entre dois homens...

Um amor feito de... olhares:
Os personagens se olham, se observam, se contemplam e se Vêem!

Um amor feito de respeito:
Aparências não são rotuladas. É preciso indagar, perguntar e esperar.

Um amor feito acolhimento e cuidados:
Não basta desejar, é preciso cuidar, acariciar, intuir o outro.

Um amor feito de sensibilidades:
O tom das vozes é suave, doce, colorido.
As expressões são mansas, sutis e afinadas.

Um amor feito de positividade:
As coisas fluem, acontecem, andam e vivem junto com as pessoas.

Um amor feito de cumplicidades:
O que é visto, sentido, percebido tem lugar no mundo e no coração.

Por essas e outras coisas...
o filme trata das
"coisas da vida" e da "vida das coisas."

Pode se sair da sessão com a vaga impressão de que "algo faltou". Parece superficial. Parece!
Estamos tão acostumados ao bombardeio de intrigas e sangue jorrando das telas e tão acostumados com os enredos novelescos que... perdemos um tanto de... condição para a sensibilidade. Não sabemos ver
O amor de que se fala nesse filme pode facilmente ser transportado para outros tantos jeitos de amar.

O poder do argumento do filme está exatamente naquilo que não aparece. Naquilo do que não se fala, porque absolutamente não se faz necessário.
Há uma maneira inventiva e suave de encarar a vida e seus acontecimentos.

Os tais preconceitos não estão excluídos, já que os próprios pais se depararam com eles. O que está excluído são os apegos ao olhar que os preconceitos querem ver, impor. Os personagens conseguem passar através deles e olhar o que eles, os preconceitos, tentam impedir de ter visibilidade, nesse caso, o amor e a pureza.

Um amor incondicional não esotérico-espírita-abstrato-religioso-etc, mas um amor feito de convivência, companheirismo e tempo. Feito também de intensidades afetivas que encontraram acolhimento no grupo e criaram corpo para existir e se manifestar de forma concreta.

Nenhum senão?
Sim.
Eu dispensaria a cena da troca de alianças... mas... ninguém é perfeito por muito tempo e, afinal, todos temos nossos pezinhos fincados nos rituais instituidos e nem sequer sabemos como viver completamente longe deles... ok.

Que ninguém se iluda: há uma montanha argumentativa que está envolvida na trama, mas, para vê-la... é preciso abrir bem os olhos e esperar... ela vem como uma bruma que vai se desvanecendo ao raiar do dia... quando o sol vem e ...

Na minha opinião, o filme não aborda (somente) o homosexualismo. Ele aborda o AMOR.
Amor entre pais e filhos, entre irmãos, na família... o amor à vida... com respeito, delicadeza e sutileza.

Veja e confira no trailler abaixo... e no cinema.

"Do Começo Ao Fim" é produzido por Marco Nanini e dirigido por Aluizio Abranches.
Meus parabéns a ambos.

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Retirado do you tube, donde foi incorporado o vídeo para essa postagem...

O filme conta a história da médica Julieta, vivida por Júlia Lemmertz , que tem dois filhos: Francisco, interpretado na infância por Lucas Cotrim e mais tarde por João Gabriel Vasconcelos, e Thomás, papel dividido pelos atores Gabriel Kaufman e Rafael Cardoso. O primeiro é do ex-marido, o empresário Pedro, interpretado por Jean-Pierre Noher (Estômago), enquanto o segundo é fruto do casamento com o arquiteto Alexandre, o atual marido, vivido por Fábio Assunção. Os dois garotos acabam desenvolvendo uma relação mais íntima que o normal.

Segundo o diretor, seu objetivo sempre foi contar uma história de amor, acima do incesto ou do homossexualismo. -----Outro fator importante era "que não tivesse um julgamento nem levantasse bandeiras".

É uma família amorosa, libertária, os pais se dão bem. Os irmãos não vivem num lugar ermo, em que não tivessem oportunidade de conhecer outras pessoas. Quis falar do assunto de forma feliz, que não fosse um bode. Por que toda vez que se fala de incesto é de forma trágica?", disse Abranches.-----Apesar de tudo ser contado de maneira bem suave e carinhosa no drama, o diretor revela que teve muita dificuldade em encontrar patrocinadores. Alguns chegaram a sugerir que os protagonistas fossem trocados por duas irmãs, ou dois primos.---- Acabou conseguindo o patrocínio de dois empresários, que impuseram uma condição:---'ficar no anonimato'.


3 comentários:

Creme de Letras disse...

Lindaaaaaaaaa postagem..uma das que mais me tocou..
Lindo, doce e profundo filme..
Porque só o amor tem a capacidade de transpor todas as barreiras das convençoes sociais, dos formatos prontos das relações.
Parabéns, querido!! Ficou mais doce e cheio de amor o seu blog hoje!!

Kátia disse...

Um amor feito de... olhares, respeito, acolhimento,cuidados, sensibilidades, positividade e cumplicidades...

Verdadeiríssimo! Existe. É belo. Esse flui.
Como você definiu com sabedoria e precisão o maior dos sentimentos, my dear!!!
Resumindo tudo:
O amor sempre será o bem querer do outro.
Ponto. Hahahahahahaha!!!

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Mileni Vale disse...

Olá passei pra deixar beijinhus dizer q adoro seu espaço e tem um selinho pra vc no meu blog!
bjoss