02 janeiro, 2012

Dueto Quadrante para Um Fauno... e outras coisas mais




Dueto Quadrante para Um Fauno

Metade em mim é curva
A outra metade é reta
Não o que se mede
Nem o que escapa ou perde
É a metade correta
Do ponto que se reflete.


Metade em mim é terra
a outra metade é mar.
Não por onde se navega
Ou se colhe desventura
O caminho que me profana
É o destino que se aventura.


Metade em mim é labirinto
A outra metade é encontro.
Não o que se nega no espelho
Nem na face se escreve
A linha que se desfia
No mesmo rumo se tece.


Metade em mim é palavra
Que se completa com o silêncio.
A pedra é o que se define
O verbo só se revela
Não por acaso ou sorte
De quem persegue ou apela.


Metade de mim se perdeu
A outra metade não conta.
Não por desejo ou claridade
O fogo da noite é tormenta
toda alma tem a idade
Do corpo que se inventa.


Metade em mim se comove
A outra metade é atenta.
Não que a mão traga pronta
a sina de cada verso
Embora a rima esconda
O metro do universo.

Ubirajara Mello de Almeida


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Metade em mim é flor
A outra metade é dor
Não o que se sente
Nem o que faz chorar ou rir
É a metade ferida
Que ainda me faz sorrir.


Metade de mim é aço
A outra é chão
Não por onde se trabalha
Ou se é reconhecido
A metade que me inflama
É a sorte da paixão


Metade de mim é espelho
A outra metade é imagem
Não o que se nega no espectro
Nem na sorte lançada
A via que se caminha
É teia embaraçada.


Metade de mim é silêncio
Que se completa com poesia
O livro que o define
Só a letra revela
Pelo desejo da família
Que se cumpre na elegia.


Metade de mim encontrei
A outra metade me amedronta
Não por querer ou vontade
A luz da noite é amena
Todo tempo que passa
Deixa uma saudade pequena.


Metade de mim voa
a outra metade é lenta
Não que Hermes interrompa
A viagem em cada passo
Embora as asas ligeiras
Correm e não deixam rastro.

Jandira Mello de Almeida Cahet




Metade de mim é lógica
A outra metade é emoção
Não o que se vasculha
Nem o que me invade
É a metade incontrolável
Que dá razão à sensibilidade.


Metade de mim é terra
A outra metade é pântano
Não por onde se desfaleça
Ou se caia e feneça
É onde o medo aparece
E o desafio enternece.


Metade de mim é razão
A outra metade é sentimento
Não o que se nega à entrega
Nem que vive só de momento
É a forma de conhecer
Que se tece sem lamento.


Metade de mim é discurso
Que se completa com ação
O silencio que os define
É oriundo da reflexão,
o autoconhecimento
que provoca o pensamento.


Metade de mim é asa
A outra metade é raiz
Não por desejo
e nem mesmo por contradição
Cada um é uma casa
Onde habita o coração.


Metade de mim se encanta
A outra metade se cansa
Não que a vida seja mansa
Basta caminhar como criança
Embora o escrito não precise fiança,
O tamanho dos feitos é que o alcança.


Metade de mim é paz
A outra metade erupção
Minha alma é grande e tudo faz
E busca a comunhão
Mas quando dela se desfaz
Fica em ponto de ebulição.


Metade de mim é Natal
A outra metade, ano novo
Um desejo de permanência,
Lindo como cristal,
Mesclado com a imanência
De alcançar outro manancial.

Metade de mim é diamante
A outra metade é cascalho
Como pode o pretenso amante
Ser lapidado de um só talho?


Metade de mim gostou
A outra metade quer mais
Desse escrito que terminou
Mas que já soa como demais

Cesar Ricardo Koefender



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