24 fevereiro, 2012

Tradições cruéis e O Olhar do touro, por Juremir Machado da Silva, ou sobre os prazeres sublimados das touradas


Tradições cruéis  


Adiós! Fim de uma tradição. As touradas estão proibidas em Barcelona e em toda a Catalunha. Vale uma revelação estonteante: as tradições têm começo, meio e fim. Não são eternas. Nem intocáveis. Nascem, crescem e morrem. Dependem das sensibilidades de cada época. Houve um tempo em que maltratar animais era considerado normal. Os bichos eram instrumentos e brinquedos dos homens. Era comum que marmanjos se divertissem "judiando" de animais. A Farra do Boi, praticada em Florianópolis, sempre foi uma dessas maldades protegidas pela tradição trazida de além-mar. A doma violenta, no Rio Grande do Sul, foi durante muito tempo a única maneira de adestrar cavalos, mas era também um modo de liberar certa perversidade, inconsciente ou não, típica do bicho homem, um ser que encontra prazer na agressividade e na violência lúdica.

Ernest Hemingway, Prêmio Nobel da Literatura, que gostava de touradas e de fanfarronices, escreveu que "matar limpamente, de modo a produzir prazer estético e orgulho, sempre foi um dos grandes prazeres de parte da raça humana". Hemingway foi um homem do seu tempo. Em "O Sol Também Se Levanta", ele pintou com maestria esse gosto dos seus contemporâneos por sangue animal: "Montoya desculpava tudo num toureiro que tivesse afición. Desculpava os ataques de nervos, o pânico, os erros inexplicáveis, toda a sorte de lapsos. Em suma, àquele que possuía afición, Montoya perdoava tudo. Perdoou-me imediatamente por todos os meus amigos. Sem dizer coisa alguma, considerava-os simplesmente como algo um pouco vergonhoso entre nós, como o ventre rasgado dos cavalos, nas touradas". A guerra também não era uma vergonha. Filmes recentes mostram a "fissura" de soldados americanos pelas situações bélicas de extremo perigo.

No Brasil, atualmente, os rodeios, tão ao gosto dos "caubóis" do interior de São Paulo, representam uma moderna tradição de crueldade. Hemingway racionalizava o seu gosto alegando que o touro tinha a sua chance e que o toureiro arriscava a sua vida. Estatisticamente falando, os riscos enfrentados pelo touro sempre foram maiores. Os animais já foram escravos dos homens. É verdade que agora alguns homens querem se tornar escravos dos animais. Faz parte certamente da chamada dialética senhor e escravo. Os seres humanos submetem ou são submetidos. Uma síntese atual seria a submissão voluntária. É outro papo. As tradições cruéis estão com os dias contados. As perseguições a touros e bois pelas ruas das cidades podem ser rotuladas de bullying contra quadrúpedes condenados.

Aqueles que faturam com touradas, apoiados em argumentos antropológicos relativos ao respeito às diferenças culturais, tentarão reverter a proibição aprovada na Catalunha. O argumento mais forte, contudo, é de natureza econômica e "social": as touradas criam empregos, movimentam a economia, alimentam famílias, garantem o sustento de crianças e melhoram as receitas públicas. Qual o direito prioritário: o dos animais, o da tradição cultural ou o da produção de riqueza? Qualquer um que não seja cínico sabe a resposta. Os aficionados poderão matar as saudades lendo Hemingway.

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br, em 23/02/2012

...

O olhar do touro

-Eh, touro - provocava uma voz feminina quando o animal, arfando, parecia contemplar a plateia em convulsão.

O bicho estava a não menos de 5 minutos da sua morte. Quinze minutos antes, entrara na arena circular da Plaza de Toros de Santa Maria, no centro de Bogotá, como uma fera negra bela e exuberante. Explosão de vida.

Foi no último domingo, 19 de fevereiro. Depois de conhecer a linda cidade litorânea de Cartagena de Índias e de tomar muitos banhos nas águas caribenhas da ilha colombiana de San Andrés - a mil quilômetros de Bogotá, muito mais próximo da Nicarágua -, fomos ver uma tourada. Minhas leituras de Ernest Hemingway e minha curiosidade de escritor e jornalista me empurraram para o local. Entrei lá tentando pensar no aspecto poético do jogo cantado por artistas como Garcia Lorca ou louvado por pintores como Pablo Picasso. Vi só a face da barbárie.

Dizem os organizadores, para se defender dos que pregam o fim das touradas, inclusive o prefeito de Bogotá, que se trata de dar uma morte honrosa a um guerreiro, o touro. E que muito mais cruel é morrer nos matadouros industriais. Muito lero, uma baita racionalização. Na prática, um animal poderoso, mas encurralado, sem ponto de fuga, saltando do corredor da morte para o abate sob tortura diante dos aplausos frenéticos de homens, mulheres, velhos, jovens, ricos, pobres, colombianos e estrangeiros. Lá estávamos nós, constrangidos. Lá estava também, em férias, o nosso ministro da Educação, Aloísio Mercadante, com a família.

O touro é provocado pelo matador e seus assistentes, auxiliares poltrões que sempre podem se esconder atrás de barreiras providenciais. O animal é ferido no dorso com uma lança pelo "picador", que entra numa montaria com a proteção de uma saia medieval e aceita passivamente as investidas da vítima ferida. Depois, baixando mais a cabeça por causa dos golpes do "picador", é torturado pelos bandarilheiros, que lhe enterram os chamados ferros, farpas, lâminas de cinco a sete centímetros com arpões na ponta e hastes coloridas. O matador exibe sua arte. Dança com o touro. A massa grita "olé". Por fim, o toureiro enfia a sua espada no animal, cuja respiração se acelera pavorosamente. Os assistentes cercam e estimulam o bicho, que cai e recebe a punhalada final. Grotesco.

O matador, durante a luta, encontra tempo para virar as costas e caminhar até o público para vangloriar-se, receber rosas, cumprimentar as autoridades. Ao final, é festejado como um herói e pode sair nos ombros do público. A tourada é uma cerimônia de abate com direito a espetáculo, aspectos "lúdicos" e histeria coletiva. Vibra-se com o sofrimento do animal e comemora-se a sua morte. Animais comem animais. Sou carnívoro. Não pretendo ser vegetariano. Mas não sou favorável à tortura. Já tinha visto touradas em filmes e na televisão. Li muito sobre touradas. Estar no local da tortura e execução é totalmente diferente. Senti nojo e certa revolta. É uma luta desigual. As chances do animal são quase nulas. O toureiro é um idiota que se acha superior. Saí da Plaza com aquela velha certeza: a humanidade não é confiável.


Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br, em 24/2/2012


*



Finalmente estão terminando essas barbáries. Nunca gostei e nem entendi (?) o sentido daqueles homens magérrimos e elegantes entrarem vestidos com aquelas roupinhas coladas ao corpo numa arena (arena!) para matar com violência os muito mais elegantes e fortes touros.
Seria algo atávico e filogeneticamente herdado dos caçadores: herança  do tempo em que...
Acho que até pode ser, já que é histórico e social esse desejo do homo sapiens (homo sapiens demens, segundo as palavras de Edgar Morin) dominar a natureza, mas, considero  ser muito mais outra das expressões hegemônicas do domínio masculino. Numa palavra: machismo.
Redundância? Simplificação? Reducionismo?

Não é frequente assistirmos a mulheres matarem touros.
A tourada é um esporte (?) masculino que tem repercussões no imaginário masculino e feminino. Os homens os invejam e admiram e as mulheres os desejam. Desejam?
O quê deles elas desejam?
Será que os homens também desejam... algo deles?
A força? A coragem? A elegância? O poder? O apelo erótico?

Que força? Que coragem? Que elegância? Que poder?
Ficar enfurecendo o bicho e ficar dando pulinhos ou passos para o lado enquanto ele passa pelo tecido vermelho? Francamente!

No tempo dos romanos, do império romano, quem entrava na arena eram  homens e mulheres para serem mortos por outros homens (e não por outras mulheres) ou pelas feras, tigres e leões... para delírio das massas. Uma catarse coletiva, certamente.

Esse "mal-estar na civilização" (Freud) que se dá através da sublimação dos impulsos agressivos e sexuais certamente tem gerado um campo de "barbáries civilizadas" e socialmente aceitas... que agora começam a ser proibidas, por lei. Fim da farra! Pelo menos é o que se espera.

No Afeganistão e no Paquistão, só para citar dois países que eu sei, há a tradição do "esporte" da briga (rinha) de galos entre si e também do enfrentamento de espécies diferentes, como um galo e uma cobra. Outra forma de tourada que leva ao êxtase os expectadores. Ou os torna ricos - alguns deles - com as apostas que são feitas.

Certamente que o dinheiro e todos os aspectos econômicos envolvidos têm sua contribuição para a ocorrência dessas coisas: é preciso dinheiro para formar touros e toureiros, cobrar ingressos, organizar "o espetáculo" , enfim, para fazer essa máquina funcionar.

Também tem sua contribuição "para fazer essa máquina funcionar" a necessidade de sublimação de ambos os impulsos, agressivos e sexuais. Algo como ´"é melhor matar o touro do que uma pessoa". (Ouvi de um homem, só a titulo de exemplo, que deu um chute violento num porco e o matou... porque estava furioso com a mulher e as filhas).
Nessa linha de raciocínio, vê-se que os crimes contra humanos - assassinatos -são quase sempre feitos às escondidas e sem testemunhas e, claro, sem aprovação social (exceção feita aos países que aprovaram a pena de morte).
Até que... começaram a ser feitos em público e na presença de muitos, como é o caso de adolescentes que atiram em alunos e professores nas escolas e de talibãs que executaram (durante o período que estavam no poder) "os impuros e infiéis adúlteros" ...  também em "praça pública".
Faltou pouco, me parece, para que "o prazer" em matar o touro se transformasse em prazer em matar o humano: neste último caso, a multidão era convocada e obrigada a assistir a execução para se disciplinar e aprender o rigor da lei islâmica, a sharia, em voga no Afeganistão durante o regime talibã (e que pode voltar
a ser adotada na Líbia atual, pós Kadhafi, embora o conselho de transição se defina como sendo de "muçulmanos moderados").

E o componente erótico, sexual, nisso tudo, onde está?
Não sei. Não sou psicanalista (embora tenha feiro uma parte da formação e a abandonado) e deixo isso para quem se interessar em abordar o tema com "mais proficuidade".
Alguns indicadores, no entanto, que tem a ver com essa "abordagem do caráter erótico sublimado das touradas transformadas em esporte" são:
- fazer sexo animal: envolve arranhões, puxões de cabelo, palavras de baixão calão, subjugação e domínio de uma das partes sobre a outra (que podem se inverter, nos humanos).
- prazer sentido na forma de arrepios , suor, calor, expectativa.
- presença do medo e da antecipação do desfecho, um prazer  (o momento em que o touro vai morrer é o ápice das preliminares, de todas elas, uma espécie de orgasmo - uma morte do eu, que se entrega ao outro e se dá para o seu gozo - que também é o "meu gozo").
- a presença inquestionável da sedução arrebatadora, àquela à qual não dá para resistir e que  culmina com a ausência da liberdade de escolha (o touro não se senta no chão e se recusa à batalha esperando passiva e ativamente que o toureiro e seus ajudantes desistam de o importunar e provocar). Nos humanos, me parece, esta estaria ligada ao desejo, nem sempre consciente, de ser arrebatado, "vencido" pela sedução do outro.

Resumindo, diria que se a agressividade fosse melhor tolerada - e portanto não reprimida (a sublimação vem da necessidade de reprimir impulsos agressivos E sexuais) - respeitada e até estimulada nas nossas relações interpessoais, familiares e sociais, o rumo das coisas seria outro: outras "coisas da vida" poderia se transformar em outras "vidas das coisas" já que a raiva, o ódio passam e se esvaem.
Se pudermos aceitar, ouvir, falar, expressar, discutir, comunicar nossos desagrados, discordâncias e mal-estares (e permitir que os outros o façam) - formas atenuadas da raiva e do ódio - certamente as coisas teriam desfechos menos trágicos, mesmo que igualmente dramáticos (de drama, de intensidade, de palco
 - ambiente -  para expressão).
Mas, para isso, precisamos desinstitucionalizar o lugar da agressividade nas instituições da família, da religião, da escola, da comunicação  (linguagem), do trabalho...  uma tarefa árdua e difícil, mas possível e necessária que deve ser interminável.

Quando um bebê grita furioso porque está com sono nos compadecemos e acolhemos sua necessidade de ficar quieto e o colocamos para dormir. Muitas vezes ele se recusa a fazer isso, então o tranquilizamos com palavras, música, sorrisos, palavras mansas... e ele aceita ir pra cama. É claro que não estou sugerindo que façamos isso com um adulto. Estou dizendo que não recusamos a raiva do bebe e seu mal-humor porque ele está cansado: nós a aceitamos, entendemos, respeitamos e a transformamos com nossa experiência...
Praticamente ninguém deseja que um bebê pare de chorar ou gritar porque está com sono... e que fique no seu melhor estado de humor e alegria e felicidade.
Mas fazemos isso com os adultos, adolescentes, chefes, empregados, pais, mães, amigos, vizinhos, conhecidos e desconhecidos: queremos simpatia, educação, bom humor, afabilidade e disposição "o tempo todo". E, paradoxalmente, mesmo sabendo que não teremos isso, acabamos por desvalorizar atitudes ou sentimentos - em nós e nos outros - considerando-os como sendo meros acasos e que não valem à pena serem retomados, já que são fluídicos e de difícil apreensão... num mundo tão mutável e rápido, onde a comunicação e os estímulos são constantes e diversificados...
Por que sentir desprazer e se incomodar com o prazer do outro em comunicar sua raiva? (isso supondo-se que o outro consiga sentir prazer ou bem estar... sem cair no que é mais comum: sentir-se culpado - antes ou depois, não importa). E aqui é importante distinguir que sentir prazer ou bem estar em falar e comunicar a raiva não é sinônimo de sentir prazer com e pela raiva.

Também não estou fazendo apologia e propaganda do direito de cada um fazer "o que bem entende" - porque disso também já temos o bastante.  Além da conta...

Não sou do tipo defensor dos direitos dos animais e nem tenho bicho de estimação. Na verdade, não sou muito ligado neles. Gosto de vê-los no zoológico, especialmente os felinos, ursos, antílopes... Também gosto da fauna marinha. Dos peixes, crustáceos e mamíferos, como os golfinhos e baleias.
Mas também não gosto - e gosto menos ainda - de vê-los sofrer e de ver seu habitat sendo destruído.
Paradoxalmente, parece que cachorros e gatos não compartilham desse sentimento. Quando vou na casa de pessoas que os tem, eles invariavelmente andam em torno de mim, especialmente os gatos, mesmo os tidos como ariscos e que se escondem quando chega alguém estranho... teimam em vir se  esfregar nas minhas pernas, e, pasmem, me lamber. Ou o que é pior: pular no meu colo!
Alguém já sentiu aquela língua áspera de um gato? To fora. Fora! Da língua e de dar colo.

Também tenho minhas restrições e discordâncias com a humanização dos animais e aquele tipo de antropomorfismo que insiste em tratar os bichos como pessoas (ou melhor do que elas).

Também já me passou pela cabeça: "acho que prefiro um cachorro do que determinadas pessoas".
Enfim... coisas da minha vida.

Então, onde é mesmo que quero chegar com esse texto? Não sei, talvez a lugar algum. Talvez queira apenas discorrer sobre coisas que penso e vejo e, desse jeito, expressar um outro olhar de touro, o meu (sou do signo de touro).

* Clique meu durante uma tarde com Pedro e Elisa pelos "potreiros" de interior gaúcho.

02 janeiro, 2012

Dueto Quadrante para Um Fauno... e outras coisas mais




Dueto Quadrante para Um Fauno

Metade em mim é curva
A outra metade é reta
Não o que se mede
Nem o que escapa ou perde
É a metade correta
Do ponto que se reflete.


Metade em mim é terra
a outra metade é mar.
Não por onde se navega
Ou se colhe desventura
O caminho que me profana
É o destino que se aventura.


Metade em mim é labirinto
A outra metade é encontro.
Não o que se nega no espelho
Nem na face se escreve
A linha que se desfia
No mesmo rumo se tece.


Metade em mim é palavra
Que se completa com o silêncio.
A pedra é o que se define
O verbo só se revela
Não por acaso ou sorte
De quem persegue ou apela.


Metade de mim se perdeu
A outra metade não conta.
Não por desejo ou claridade
O fogo da noite é tormenta
toda alma tem a idade
Do corpo que se inventa.


Metade em mim se comove
A outra metade é atenta.
Não que a mão traga pronta
a sina de cada verso
Embora a rima esconda
O metro do universo.

Ubirajara Mello de Almeida


.........................................

Metade em mim é flor
A outra metade é dor
Não o que se sente
Nem o que faz chorar ou rir
É a metade ferida
Que ainda me faz sorrir.


Metade de mim é aço
A outra é chão
Não por onde se trabalha
Ou se é reconhecido
A metade que me inflama
É a sorte da paixão


Metade de mim é espelho
A outra metade é imagem
Não o que se nega no espectro
Nem na sorte lançada
A via que se caminha
É teia embaraçada.


Metade de mim é silêncio
Que se completa com poesia
O livro que o define
Só a letra revela
Pelo desejo da família
Que se cumpre na elegia.


Metade de mim encontrei
A outra metade me amedronta
Não por querer ou vontade
A luz da noite é amena
Todo tempo que passa
Deixa uma saudade pequena.


Metade de mim voa
a outra metade é lenta
Não que Hermes interrompa
A viagem em cada passo
Embora as asas ligeiras
Correm e não deixam rastro.

Jandira Mello de Almeida Cahet




Metade de mim é lógica
A outra metade é emoção
Não o que se vasculha
Nem o que me invade
É a metade incontrolável
Que dá razão à sensibilidade.


Metade de mim é terra
A outra metade é pântano
Não por onde se desfaleça
Ou se caia e feneça
É onde o medo aparece
E o desafio enternece.


Metade de mim é razão
A outra metade é sentimento
Não o que se nega à entrega
Nem que vive só de momento
É a forma de conhecer
Que se tece sem lamento.


Metade de mim é discurso
Que se completa com ação
O silencio que os define
É oriundo da reflexão,
o autoconhecimento
que provoca o pensamento.


Metade de mim é asa
A outra metade é raiz
Não por desejo
e nem mesmo por contradição
Cada um é uma casa
Onde habita o coração.


Metade de mim se encanta
A outra metade se cansa
Não que a vida seja mansa
Basta caminhar como criança
Embora o escrito não precise fiança,
O tamanho dos feitos é que o alcança.


Metade de mim é paz
A outra metade erupção
Minha alma é grande e tudo faz
E busca a comunhão
Mas quando dela se desfaz
Fica em ponto de ebulição.


Metade de mim é Natal
A outra metade, ano novo
Um desejo de permanência,
Lindo como cristal,
Mesclado com a imanência
De alcançar outro manancial.

Metade de mim é diamante
A outra metade é cascalho
Como pode o pretenso amante
Ser lapidado de um só talho?


Metade de mim gostou
A outra metade quer mais
Desse escrito que terminou
Mas que já soa como demais

Cesar Ricardo Koefender



28 dezembro, 2011

Uma conversa com Brecht: Pós- Natal, ano novo, músicas, luz e sombras... e fotografias!





O Natal terminou, mas suas belezas e luzes... 
continuam!



1


2


3

***








Então, neste pós Natal, vamos devir... criança?


Crescer, aprender e manter a esperança?


Aproveitar essa (energia bela e mágica) de pujança?



Queen - The Miracle

Every drop of rain that falls
In Sahara Desert says it all,
It's a miracle
All God's creations,
Great and small,
The Golden Gate and the Taj Mahal,
That's a miracle
Test tube babies being born,
Mothers, fathers dead and gone,
It's a miracle
We're having a miracle on earth,
Mother nature does it all for us
The wonders of this world go on,
The hanging gardens of Babylon
Captain Cook and Cain and Able,
Jimi Hendrix to the Tower of Babel
It's a miracle (3 times)
The one thing we're all waiting for
Is peace on earth and an end to war

It's a miracle we need - the miracle,
The miracle we're all waiting
For today
If every leaf on every tree,
Could tell a story that would be a miracle
If every child on every street,
Had clothes to wear and food to eat,
That's a miracle
If all God's people could be free,
To live in perfect harmony,
It's a miracle
We're having a miracle on earth
Mother nature does it all for us
Open hearts and surgery,
Sunday mornings with a cup of tea
Super powers always fighting,
But Mona Lisa just keeps on smiling
It's a miracle (3 times)
The wonders of this world go on
It's a miracle (3 times)
The one thing we're all waiting for
Is peace on earth and an end to war
It's a miracle we need,
The miracle, the miracle
Peace on earth and end to war today
That time will come,
One day you'll see,
When we can all be friends....

























Jon and Vangelis- Horizon





In amongst the rings of confusion
Silencing the thought
powers one by one
It seems all so incredible
Our own ability to
confuse - to sacrifice
To enlighten like a
Shakespearian play
We foolish and happily
hold on to sanity
While all around the pushing
And prodding of our feelings
The twisting and
turning of our hearts
Displaying an almost
indefinable strength
Of purpose - a reason a
reason a reason
Where no reasons seems to exist
Yet, as in a vision, a
voice transcending
All our imagination, jewel of life
Guiding light heralding
a joyous new dawn
Clear and gifted time
Divine Nature - Super Nature
The supreme gift of
knowledge and space
In this cacophony of life
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Will Come
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come

Will Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Peace will Come
Peace will Come
Peace Will Come
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Will Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Come true Horizon
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Peace will Come
Will Come
Reach for the starlight
Reach when it calls you
You, you are the reason
If you want
You are the answer in the end
La La La's...
Sweet music, and your secret heart
Both have the healing grace
Sweet music, and your secret heart
Both have the healing grace
So, again, a change, it comes
Our world desires a way
Touch a child, who's lost, afraid,
It lifts you to true emotion
True feelings, be the light
All that is good in this life
Is good, good is good
Oh everlasting dream, Oh
future come alive
To witness comes that time
I just can't help but
believe in life,
All in all I just can't
help but believe there
is a way
For us to give, A way for us to live
A way for us, A way for us












A paz no mundo... começa dentro da gente! 
No nosso mundo.








Balada
Gota d'água no oceano  
Bertolt Brecht

O verão chega, e o céu do verão 
Ilumina também vocês.
Morna é a água, e na água morna
Também vocês se banham.
Nos prados verdes vocês
Armaram suas barracas. As ruas
Ouvem os seus cantos. A floresta
Acolhe vocês. Logo

É o fim da miséria? Há alguma melhora?
Tudo dá certo? Chegou então sua hora?
O mundo segue seu plano? Não:
É só uma gota no oceano.

A floresta acolheu os rejeitados. O céu bonito
Brilha sobre desesperançados. As barracas de verão
Abrigam gente sem teto. 
A gente que se banha na água morna
Não comeu. A gente
Que andava na estrada apenas continuou
Sua incessante busca de trabalho.

Não é o fim da miséria. Não há melhora.
Nada vai certo. Não chegou sua hora.
O mundo não segue seu plano:
É só uma gota no oceano.

Vocês se contentarão com o céu luminoso?
Não mais sairão da água morna?
Ficarão retidos na floresta?
Estarão sendo iludidos? Sendo consolados?
O mundo espera por suas exigências.
Precisa de seu descontentamento, suas sugestões.
O mundo olha para vocês com um resto de esperança.

É tempo de não mais se contentarem
Com essas gotas no oceano.


Gabriel Yared - Des Orages Pour La Nuit   




Oh sim! Eu gosto do céu luminoso.
Das estrelas, da lua e do sol.
E também do nublado
E de quando está para chover.


Também gosto da água morna, 
mas ainda mais da fria, bem fria... no verão.
E da quente, no inverno.


Gosto da floresta e suas árvores.
As copas distantes e o chão firme.


Gosto das flores.
Dos seus aromas.
Frísias, rosas, jasmins.
Angélicas e flor de laranjeira.


Gosto de incensos.
De velas.
De luz e de sombras...


Dosto de café, chá e de pessoas
que sabem conversar sobre isso tudo 
... e mais um montão.


Gosto de música, borboletas 
e outras coisas mais.


E também desgosto de muitos e muitas...


As gotas do oceano, me bastam. 
As vezes.


Mas, geralmente, quero a praia inteira.
O Oceano, seus peixes, mamíferos e crustáceos. 
E os corais.
E também os moluscos, com suas conchas!
As correntes.
E as algas.


É demais?
Só as vezes.


Cesar R K



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*  Fotografias 1, 2 e 3: Udo Bukiewicz


Site: http://www.wix.com/udogb6/udo#!udo


Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003005677879



24 dezembro, 2011

O Natal, a Luz e as luzes: brilhe!



                   


Enquanto mexíamos nos arranjos e enfeites de Natal, nos divertindo, brincando e nos encantando
com as belezas que iam aparecendo depois de um ano guardadas, verificamos que estávamos com
as mãos, braços e rosto salpicados de glitter... dourado.


Pequenas bolinhas quase microscópicas que teimavam em não sair e que nem as mais ousadas tentativas conseguiam remover.
Minha amiga, psicóloga, bióloga e artista plástica disse, muito séria, que "nós nascemos para brilhar" e que poderíamos sair para fazer o que precisávamos brilhando aqui e ali de ... glitter.
Foi o que fizemos.





Então aí vai o meu desejo para você leitor:
Que neste natal e em todos os outros, como
nos dias do final desse ano e no decorrer do próximo, 
você coloque seu brilho para fora e o mostre.


Que sua parte dourada de alma e suas belezas sejam um
carinho de você para você mesmo e um motivo de contentamento,
alegria e bem aventurança nos seus afazeres cotidianos e nas suas relações 
com as pessoas: brilhe e ponha suas luzes em sintonia com as suas ações.


Esse brilho não está associado à "Sociedade do Espetáculo" e nem a 
atitudes francamente exibicionistas. Refere-se à luz que há dentro de cada um de nós
e que brilha, se a deixarmos, de maneira a iluminar nossas ações e também as dos outros.
Um namaste em ação, com as bençãos do aniversariante, o Mestre Jesus, o Rabi.



FELIZ NATAL !!!



Jon Anderson - Give Hope