mas quando menos suspeito,
ele usa artimanhas irregulares,
consegue a chave enfim
e volta a gritar em mim...
Mudei seu nome, seu significado,
mas caio no pecado
de me iludir novamente;
e ele, sempre latente,
aflora ainda mais resistente...
Presenteei-o com maldades,
joguei-o em leviandades,
cultivei doenças, indiferenças,
ausência de crenças...
... inutilmente!
Criei venenosas serpentes,
para cuspir palavras impolutas...
Ele bravamente luta,
transpõe barreiras sorrateiras,
a tudo resiste. é astuto!
Deixar o coração de luto,
também não deu certo:
o mais que pôde o coração sangrou,
mas ele outra vez entrou
e o cicatrizou.
Apaguei minhas velas,
ele se acostumou ao escuro...
Tornei-o impuro, cerquei-me de procelas,
ele navegou e atravessou todas elas...
Destruí meu corpo,
entreguei-me à bebida,
caí na vida, cheguei à sarjeta...
Piedosamente, ele deu-me a mão,
entoou uma canção,
arrancou-me desta veste preta...
... e, mais uma vez, fraquejei de emoção!
Ah, o amor!... Que poder é este que ele tem
de me chegar nas horas que a ele convém,
ainda que eu queira seguir na solidão?...
Marise Ribeiro
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