29 outubro, 2008

Solidões particulares






SOLIDÕES PARTICULARES
Luiz Gilberto de Barros

Tu te esqueces facilmente que me amas
E te ausentas sem adeuses, sem contatos;
Não te excitas, não conversas... não reclamas
E eu... sozinho... observando teus retratos.

Tu te aqueces no verão que tu recrias,
Mas o gelo triste do teu coração
Torna tuas solidões muito mais frias
E te envolve mais em cada solidão.

Nem te amas... tu apenas silencias,
Procurando um barco nas ondas do mar;
Teu amor navega mares de utopias,
Onde o sonho sempre insiste em naufragar.

Solitário, eu preparo o meu navio,
Solto as velas, crio sonhos imprudentes,
Mas o mar do meu olhar é tão vazio;
Só navego a emoção que tu nem sentes.

Meu amor enfraquecido, enfim, se prostra
E desmaia num sonho particular
Quando o sonho que tu tens nunca se mostra
E é no sonho que o amor quer se abrigar.

Silenciosa, tu caminhas pela sala
Meu olhar segue teus passos...sem destino
Como um barco de papel que o vento embala...
Sob os olhos delicados... de um menino.

Receosos, nossos gestos egoístas
Se restringem ao silêncio de uma dor
Que transforma nossos sonhos... pessimistas
Na arbitrária solidão do mesmo amor.




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