22 fevereiro, 2010

A Fita Métrica do Amor, por Martha Medeiros




Como se mede uma pessoa?
Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.
Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu,
quando trata você com carinho e respeito,
quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena pra você quando só pensa em si mesmo,
quando se comporta de uma maneira pouco gentil,
quando fracassa justamente no momento
em que teria que demonstrar o que há de mais importante
entre duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante pra você
quando se interessa pela sua vida,
quando busca alternativas para o seu crescimento,
quando sonha junto.
É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende,
quando se coloca no lugar do outro,
quando age não de acordo com o que esperam dela,
mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger
por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza
dentro de um relacionamento,
pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas:
será ela que mudou
ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições?


Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor
que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor
que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade:
as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos.
Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros,
mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão,
e ao recolhê-la inesperadamente,
se torna mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos
que tornam uma pessoa grande.
É a sua sensibilidade sem tamanho.



3 comentários:

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Sabe...
é duro
ver esse espelhão assim diante da gente.
Mas também é bom como agua fria
na cara
pra acordar ou pra sair do surto.
Esse é um texto que me faz diferença
exatamente no dia de hoje...

Se passar la no meu canto para me visitar
vou me encantar.

Bjins entre sonhos e delírios

Kátia disse...

Será mesmo o amor um sentimento??? Se mede??? Por vezes, paro pra pensar...
Sentimentos são frágeis, abstrados... O amor não. O amor é ATO. Amor é AÇÃO... Em favor do outro.

Acredito que pensando assim, Martha Medeiros, tão belamente, mede o amor.
.

Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

Reflexo d Alma, sim, concordo com você acerca dos espelhos, da água fria e da saida do surto... momentos perceptivos importantes no processo de auto-conhecimento, sempre renovado para quem está de olho em si... e no outro.

...

Kátia:

Sentimentos são sentimentos: amor, paixão, raiva, carinho, tédio, solidariedade, amizade, medo, angústia, alegria, tristeza... enfim... e são permeados, atravessados, caracterizados -tornando-se visíveis - através de atos, atitudes, AÇÕES!

Em favor do outro... sim... e a favor de si próprio, também, já que... well... isso é relacional... tem no mínimo dois envolvidos nisso.

Acho também que, por vezes, eles são frágeis, abstratos... mas mais frágeis e abstratos quanto menos sabemos deles, pois, quando sabemos.. podem ficar sólidos e concretos como aço.