NOTAS SUPLEMENTARES SOBRE O VIRTUAL
Vinício Carrilho Martinez[1]
O cérebro eletrônico
faz tudo
Faz quase tudo
Quase tudo
Mas ele é mudo
O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda
....
Eu posso decidir se vivo ou morro
Porque
Porque sou vivo, vivo pra cachorro
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Em meu caminho inevitável para a morte
....
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus olhos de vidro
Gilberto Gil –
Cérebro Eletrônico
Inicialmente, gostaria de acentuar que busquei distinguir a idéia de rede, no sentido genérico, da utilização da Internet por um motivo básico: a idéia de rede como construção e consecução do desenvolvimento do conhecimento é uma noção que chamei de bíblica – daí as referências ao neolítico e ao taoísmo, isto é, trata-se de uma característica humana, da filosofia oriental antiga à ciência moderna, e não um mero evento da última onda tecnológica.
Em um breve período, o objeto do artigo pode ser assim resumido: o debate sobre a transversalidade na educação necessariamente deve incluir a idéia de rede e o debate tecnológico sobre a Internet – como meio, instrumento e ferramenta que melhor expressa a própria idéia de rede. O que revela seu caráter político, na medida em que é um meio democrático por excelência – somos todos produtores de mensagens e não meros receptores -, e pedagógico; pois a tanto a idéia de rede quanto a Internet acenam para a construção coletiva do conhecimento.
O que, por sua vez, também se relaciona ao conceito do maniqueísmo e aos modelos cibernéticos ou piramidais, pois a idéia rede[2] exige contínua movimentação, expansão dos próprios limites e objetivos, além de não coadunar com as referências clássicas de hierarquia[3]. E também justifica o tratamento de um tema como direitos humanos – pois na idéia de rede em que construímos o conhecimento também construímos valores. Ou melhor, de acordo com o trabalho, de nada adianta uma educação tecnológica – política em essência, como demonstro na equiparação do virtual (virtus) com a virtù de Maquiavel[4] – sem que valores básicos e preliminares estejam postados na formação das coletividades.
A construção em rede de um pensamento político e pedagógico, portanto, constituiu parte do mesmo objetivo; pois se estão na rede estão interligados. Portanto, valores que acredito podem encontrar na net um amplo meio de reconhecimento, difusão, e defesa. Sem que a tecnologia implique o não-reconhecimento dos clássicos, em termos de análise teórica e de valores.
Inicialmente, deve-se reconhecer que, na raiz, o virtual é a política — porque a virtude é do vencedor. Entendo que a raiz do virtual é a política, porque tanto a exegese do termo quanto a experiência política clássica reafirmam esta característica. A etimologia, diz Pierre Lévy (1996), dá ao virtual a condição de concretude, pois virtual deriva de virtualis e virtus (potência, germe gerador, possibilidade de realização/transformação da potência em concretude). Quanto à experiência política clássica, é conhecida a máxima da virtù de Maquiavel, no Príncipe, em que destaca a busca pela eficácia no jogo político. Diz Maquiavel, nas últimas linhas da última página do Príncipe: “Vertù contra furore / Prenderà l’arme, e fia ‘l combatter corto”[5] (Martinez, 1999, pp. 165-6).
Por um lado, a passagem grifada também constitui um aceno para a possibilidade do bricolé, como os armados por Lévi-Strauss (e não mero decalque, ou recorte e colagem de citações, impressões ou dados como na crítica de Deleuze[6]) e, por outro, sinaliza a proposta de que podemos tratar os clássicos de outra maneira que não a dualista – de forma mais criativa, como a que se experimenta a partir da idéia de rede. Além de reforçar a noção de que a rede ou o rizoma são construções efetivamente humanas e não um pensamento que decorre da Internet. Enfim, é o humano, o virtual por excelência, mais a busca do que o encontro e, ainda que motivado ou não pela virtude e imbuído de eficácia, é um meio (dada sua imperfeição) e não um fim a todo custo:
Um rizoma não começa e nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo “ser”, mas o rizoma tem como tecido a conjunção “e...e...e...” É que o meio não é uma média; ao contrário, é o lugar onde as coisas adquirem velocidade. Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma para outra e reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói suas duras margens e adquire velocidade no meio[7] (Deleuze, 1995, p. 37).
Em suma, o virtual é eficaz, no sentido de que busca de poder, ainda que simplesmente busca de poder de transformação e não necessariamente de exclusivo domínio como se viu desde Maquiavel. Portanto, o virtual talvez seja simplesmente político, e se assim é cabe uma relação pedagógica entre o aprender e apreender o significado das relações políticas. Noção que retoma a possibilidade da política (na net e fora dela) ser pautada pela tolerância e respeito aos direitos humanos, como valores de transformação e não mera aquisição.E mais do que um jogo demonstrativo de semântica, têm-se a mesma intencionalidade de busca pela eficácia (mas não se descarte o delírio[8]). Pois, essa é a raiz que unifica as três dimensões humanas (sentimento, razão e ação). Para Octávio Paz[9], por exemplo, um político da virtude zen (um chinês-zapatista contra a tirania), essa noção de eficácia e virtude somava taoísmo e budismo:
Ambas tendências prejudicavam a passividade, a indiferença frente ao mundo, o esquecimento dos deveres sociais e familiares, a busca de um estado de perfeita beatitude, a dissolução do eu numa realidade indizível. À diferença do budismo - corrente de fora - o taoísmo não nega o eu nem a pessoa; ao contrário, os afirma ante o Estado, a família e a sociedade. O taoísmo é um dissolvente (...) No taoísmo há um persistente tom anárquico. (Paz, 21 abr 1998, p. 8).
No contexto atual, nesse caminho tortuoso dos clássicos à pós-modernidade (e, às vezes, vice-versa), tudo volta a passar por uma subjetividade, insaciável e inumerável, por um olhar curioso (que lembra a antropologia do século XIX, pois só se é curioso diante do outro). Por exemplo, a incerteza, insegurança e instabilidade[10] presentes na propagação moderna da ciência e da tecnologia que nos teria instado ao fim da trégua e do repouso. É como se só restasse o chamado à responsabilidade política diante do desenvolvimento científico e tecnológico:
O ideal da ciência clássica era a predição, o domínio absoluto do universo. Com a mecânica de Newton, progrediu-se nessa direção: a expressão diferencial das leis da mecânica permitia acompanhar passo a passo (a cada instante) o sistema. Nada sobrava escondido na sombra, nenhuma lacuna aparente. Trata-se afinal de uma forma de expulsão do sujeito do conhecimento: aquele que escreve procura contornar o seu próprio ponto de vista, tenta eliminar da sua descrição tudo o que é demasiado singular na sua apreensão, tudo o que não pode ser submetido ao crivo da repetição. Ele procura referir o seu olhar particular a um olhar mais amplo (o de Deus?) que daria conta de todos os outros. Com a mecânica quântica, parece que fomos forçados a renunciar a esse ideal, e a questão da singularidade do observador ressurge. Um novo laço parece se tecer entre a linguagem e o mundo, entre o visível e o invisível (...) O virtual é isto que subsiste da condensação da escrita (Dentin, 1993, p.138).
Virilio dirá que esse espaço, entre o visível e o invisível, será ocupado justamente pelas tecnologias virtuais (a sensação de um presente permanente[11]): “Quanto mais os telescópios forem aperfeiçoados, mais estrelas surgirão’ escrevia Flaubert (...) Uma vez que tal profusão de dados só pode ser analisada pela informática, a separação entre o sensível e o inteligível aumenta cada vez mais” (1993, pp.32-25). Essa separação resulta da ciência e da tecnologia, o que é um fato; agora se é boa ou má, é impossível dizer, ou melhor, é boa e má, é virtual. Mas não há retorno, nem retórica, só eficácia e transformação, impondo evidentemente um outro sentido e significado político e pedagógico para o bem e para o mal.
UM ADENDO À QUESTÃO METODOLÓGICA
Penso que uma abordagem da Internet – ou da idéia da rede como propulsora do conhecimento e da prática política, em que a Internet é expoente - tem de levar em conta esses dados. O que por um lado, garante maior abrangência e possibilidade de disseminação de uma nova perspectiva inclusive pela Internet, garantindo também um crescimento horizontalizado de alguns pressupostos políticos e técnicos que se visualiza na Internet. E, por outro, exige a tentativa de não perder o fio de condução do trabalho nas generalidades que são fartas na mesma Internet. O que nos leva a pensar em certos crescimentos verticalizados em que buscamos aprofundar alguns temas como: definição conceitual do que é o virtual e sua inter-relação com outra ciências e modalidades metodológicas: penso aqui no caso dos bricolé de Lévi-Strauss e nas práticas da serendipidade enquanto recurso de pesquisa e descobrimento amplamente utilizados pela ciência aplicada. Além da própria interação técnica e prática da proposta teórica da rede dos cidadãos em um site de fácil visualização e manuseio por parte do usuário menos adaptado ao meio virtual (como em http://demo.meex.com.br). Bem como a demonstração teórica de que iniciativas que levem em conta valores humanitários devem ser pensadas no formato da rede, e o exemplo é a idéia de uma rede escolar de direitos humanos. Ou seja, pensando na formação integral dos alunos, é que chegaremos a aprofundar práticas democráticas, criativas e humanitárias na vida social e na própria interface com o mundo virtual.
Certamente não é o objetivo do artigo, uma vez não me coloquei o desafio de construí-lo de acordo com a metodologia do rizoma de que fala Deleuze. Mas talvez possa reforçar o enunciado de que os temas são articulados em fases diferentes e com objetos aparentemente distantes, mas que constituem um conjunto amplo. Para tanto, utilizo a imagem dos platôs em oposição à construção linear:
Um platô está sempre no meio, nem início nem fim. Um rizoma é feito de platôs. Gregory Bateson serve-se da palavra “platô” para designar algo muito especial: uma região contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto culminante ou em direção a uma finalidade exterior (...) Por exemplo, uma vez que um livro é feito de capítulos, ele possui seus pontos culminantes, seus pontos de conclusão. Contrariamente, o que acontece a um livro feito de “platôs” que se comunicam uns com outros através de microfendas, como num cérebro? Chamamos “platô” toda multiplicidade conectável com outras hastes subterrâneas superficiais de maneira a formar a estender um rizoma (...) Cada platô pode ser lido em qualquer posição e posto em relação com qualquer outro (Deleuze, 1995, pp. 32-33).
De certa forma, é do mesmo modo que penso em um site (http://demo.meex.com.br) e em sua articulação com os temas aqui tratados, pois há a pretensão de uma operacionalidade própria, técnica, prática e política, ao mesmo tempo em que constitui uma possibilidade de realização[12] dos mesmos temas, de sua visibilidade e demonstração prática. Por exemplo, as questões de múltiplas escolhas e o link para a formulação dos projetos de lei sintetizam a proposta da Democracia Radical Virtual, assim como o questionário (questões dissertativas) entrelaça as principais preocupações teóricas apresentadas no trabalho.
Daí que, também é óbvio, se a rede não tem futuro pré-configurado, então é portadora de instabilidade e incerteza. O que não significa falta de projetos; pois, ao contrário, impõe um projeto radical de superação no virtual:
Há portanto o virtual, e o processo de medição (de observação) apenas projeta este virtual num dos seus estados. Mas o virtual vai além da noção de estado, já que o estado é um momento do virtual, uma configuração, da mesma forma que os modos de vibração não dão conta do movimento da vibração: são números extraídos do contínuo. Devemos assim abandonar as antigas representações, derivadas da física clássica, em particular as do determinismo e da causalidade. Os sistemas quânticos não se deixam aprisionar numa descrição clássica do contínuo, eles carecem da introdução de novos conceitos (Dentin, 1993, p. 137 - grifos meus).
Mas, como sabemos, a questão é originária e, portanto, persiste como memória que não cede à rigidez do tempo: o modelo cibernético está em nosso cérebro, do lado direito e esquerdo do córtex, no certo e no errado, no belo e no feio etc. O mesmo modelo informático-social que acompanha a história da informática e que já ocupou destaque na concepção da rede:
Uma rede é constituída por um conjunto de conexões (os neurônios) ligadas entre si por intermédio de nós (as sinapses). Um tal sistema possui uma entrada e uma saída que permite codificar informações: cada nó (ou sinapse) pode assumir, no caso mais simples, dois valores, correspondentes ao estado ativo ou inativo (0 ou 1). Pode-se assim representar um dado inicial como uma lista de zeros e uns. A estrutura interna da rede (a ‘caixa preta’) comporta um certo número de unidades escondidas (sinapses e neurônios) (...) Se a relação entrada/saída é incorreta, há certamente um erro de programação, um bug (...) a imagem característica é aquela do papel de formulário contínuo que se desenrola à medida que a impressora progredide (Dentin, 1993, pp. 140-1).
E o problema é que os mais ajustados à segurança da organização doutrinária, os sistemáticos, quando se encontram sem a referência prévia, o conceito pré-datado (e, no limite dos sistemas fechados, com o erro, o bug), vêem-se desiludidos, trocando acentralidade por confusão. Repare-se que os mais velhos preferem a certeza e o domínio dos clássicos. Nada contra, mas é preciso criar com eles: por exemplo, uma Sociedade civil virtual que tenta juntar Rousseau e a pós-modernidade[13] num projeto de soberania popular através da participação eletrônica - refazendo-se intermitentemente - e onde o usuário consciente atua como cidadão produtor de mensagens livres, e que somadas às demais imprimem um novo coletivo. Produzindo-se uma vontade coletiva que não é mera somatória de intenções individuais, a menos que fosse uma soma infinita porque: “A informática se tornou uma nova ‘pele’, gerindo as nossas relações com o nosso meio” (Lévy, 1993b, p. 256).
Assim, o que diferencia o conceito do virtual das análises provindas do liberalismo é que o fractal não é uma mônada (Locke). Na tecnologia política, o fractal é um ponto de convergência e dispersão. E o cidadão fractal um polo de emissão. Isso tudo para dizer que no princípio da rede, ao contrário das outras mídias, o usuário é um emissor de mensagens, não só receptor, e que a expansão (fractalidade) da consciência depende do coletivo e não da censura, porque a rede é um meio aberto. Como se vê sob o prisma da Ciência Cognitiva, em que se têm nas redes neurais o salto coletivo:
Nas redes neurais é essa concepção do texto e da leitura que é subvertida: é em geral impossível definir a função de tal ou qual unidade escondida específica, e apenas globalmente o sistema comporta um sentido. Da mesma forma, é difícil de avaliar a pertinência desta ou daquela trajetória individual. A passagem do local ao glocal numa rede corresponde a um salto qualitativo (...) Por essas razões, a apreensão do virtual não poderia escapar à economia de um pensamento do emergente. Trata-se de uma questão essencialmente política (Dentin, 1993, p. 141).
Mas, deve-se frisar, a tranqüilidade do cidadão fractal repousa no trabalho de cada um. Pois: “A rede jamais pensará em seu lugar, fique tranqüilo” (Lévy, 12 abr 1998). De nosso trabalho resulta nossa capacidade virtual. Isto é, nossa capacidade política e pedagógica de pensar a tecnologia, de articular o real vivido, individual e/ou coletivamente, transforma a rede no pharmakon da mesmice.
Por fim, concluo, o objeto do artigo esteve centrado em duas bases: a) distinguir a concepção da idéia de rede - como uma possibilidade não maniqueísta de formulação do conhecimento pedagógico e político - da atual utilização da Internet; b) demonstrar que o meio virtual é propício à difusão de práticas e valores humanitários e democráticos. Desculpem-me por ter-me alongado novamente nas referências teóricas e metodológicas que recobrem o trabalho da tese.
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[1] Doutorando pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP).
[3] Sei que não é muito habitual inserir notas de rodapé nesse tipo de documento, mas as notas podem ajudar a esclarecer alguns dados e reafirmar outros. Neste sentido, o pensamento de Deleuze e Guattari é expressivo quanto ao desenvolvimento de verdadeiros procedimentos para nos articularmos em rede e não apenas como ideal a ser atingido. Também é importante frisar que constituem a base filosófica dessa metodologia que busca a rede como formato de consecução e revitalização do pensamento político e científico – agora não mais serial. O que ainda alerta para a providência de se romper com os limites do maniqueísmo: “Não existe capitalismo universal e, em si, o capitalismo existe no cruzamento de toda sorte de formações, ele é sempre por natureza neocapitalismo, ele inventa para o pior sua face de oriente e sua face de ocidente, além de seu remanejamento dos dois (...) Um impasse, tanto melhor. Se se trata de mostrar que os rizomas têm também seu próprio despotismo, sua própria hierarquia, mais duros ainda, muito bem, porque não existe dualismo, não existe dualismo ontológico aqui e ali, não existe dualismo axiológico do bom e do mau, nem mistura ou síntese americana. Existem nós de arborescência nos rizomas, empuxos rizomáticos nas raízes (...) O que conta é que a árvore raiz e o rizoma-canal não se opõem como dois modelos; um age como modelo e como decalque transcendentes, mesmo que engendre suas próprias fugas; o outro age como processo imanente que reverte o modelo e esboça um mapa, mesmo que constitua suas próprias hierarquias, e inclusive ele suscita um canal despótico (...) Trata-se do modelo que pára de se erigir e de se entranhar, e do processo que não pára de se alongar, de romper-se e de retomar. Nem outro nem novo dualismo (...) Oposto a uma estrutura, que se define como um conjunto de pontos e posições, por correlações binárias entre estes pontos e relações biunívocas entre estas posições, o rizoma é feito somente de linhas: linhas de segmentariedade, de territorialização com dimensão máxima segundo a qual, em seguindo-a, a multiplicidade se metamorfoseia, mudando de natureza (...) Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados (Deleuze, 1995, pp. 31, 32, 33).
[4] Martinez, 1999.
[6] “Cultural, o livro é forçosamente um decalque: de antemão, decalque dele mesmo, decalque do livro precedente do mesmo autor, decalque de outros tantos livros sejam quais forem as diferenças, de calque interminável de conceitos e de palavras bem situados, reprodução do mundo presente, passado ou por vir” (idem, p.36).
[7] Sob esse sentido ainda poderia pensar que o transbordamento do rio-rizoma aniquila a opressão que as margens impunham a Mao Tsé Tung (as margens oprimem o rio e por isso não são neutras). Transforma a areia recalcada das margens em argila moldável; e remodelando-o também provoca erosão e assoreamento (o rio não é nem bom, nem mau). Mas justamente por isso talvez o Pantanal esteja no meio, meio-alagado, meio-enraizado, assim como o Egito só é fértil quando o Nilo se enche dos limites de suas margens.
[8] Sérgio Roberto Vieira da Motta (ex-ministro das Comunicações) foi pragmático ao se auto-definir como político, uma semana antes de sua morte, no dia 19 de abril: "O ar de Brasília recarrega minhas pilhas. O poder me dá tesão, um prazer quase sexual. Ainda morro disso" (Souza, 21 abr 1998, p. 10).
[9] Nobel de Literatura em 1990, ensaísta e poeta mexicano (1914 - 1998).
[11] E essa também será a maior crítica ao virtual, pois o sentido ou sensação de um presente permanente retira parte da responsabilidade quanto ao tempo histórico, ou seja, quanto à responsabilidade de cada um diante do fazer histórico.
[12] De acordo com Pierre Lévy (1996).
[13] Desenvolvi essa consideração na Home Page CIDADANIA INTERATIVA — Grupo de Estudos Virtual (http://www.unesp.br/unidades/17.htm) sobre Cidadania, Democracia e participação. A íntegra do projeto foi apresentada no Congresso Internacional INFO-97, Havana - Cuba, em outubro de 1997. Porém, infelizmente, hoje a página não se encontra disponível.
Nota: Os links externos não estavam funcionando no momento dessa postagem
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