Para Nietzsche,
haveria no espírito socrático uma vontade
de verdade ao eleger a razão como instância fundadora de
verdades universalmente válidas. Deste projeto emerge o processo de decadência da arte trágica,
esta duramente criticada por Sócrates/Platão, pois guarda parentesco com o erro e a falsidade.
Estipula-se, então, a equação, trágica
na perspectiva de Nietzsche: razão=verdade e arte=falsidade.
Nesse caso, cabe exclusivamente à razão, através do logos, produzir verdades que estabeleçam
critérios avaliativos de certo, errado, justo, bem e mal. Além disso, é no cultivo do logos e da
verdade que o homem encontra a possibilidade de ascensão, no caso de Platão, ao mundo das
idéias. Na perspectiva de Roberto Machado, esse projeto socrático, sob a insígnia do termo vontade
de verdade deu início a uma idade da razão que se estende até os dias atuais...
ESCOLA E VONTADE DE VERDADE: O ENSINO DE FILOSOFIA
COMO DIAGNÓSTICO DO DISCURSO
MÁRCIO DANELON
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA – MG
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O conceito, enquanto acontecimento do ato de pensar, sobrevoa a
potência pedagógica do vivido e, neste sentido, o ensino do filosofar passa a exigir uma atividade
do pensamento que tenha como pressuposto pedagógico a negação de qualquer pretensão de
reprodução dos conceitos já pensados pela tradição da história da filosofia. Negar a reprodução e a
simulação torna-se uma condição necessária para a atividade filosófica, pois é ela que viabiliza a
criatividade e a singularidade do pensamento e, conseqüentemente, permite superar as
dificuldades e as exigências inerentes ao processo de constituição do fazer filosófico. Enfim, a
tarefa de criação conceitual do filósofo possibilita uma atividade que engendra o pensar e, com ele,
sempre um novo acontecimento.
CRIAÇÃO CONCEITUAL E ACONTECIMENTO
EM DELEUZE E GUATTARI
SIMONE FREITAS DA SILVA GALLINA
UNICAMP - SP
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A leitura de um texto é um momento da leitura da vida. Vista desse modo, se insere no quadro de
um acontecimento mais amplo, que inclui não apenas a possibilidade de interagir o mesmo, mas de
exercitar o sentimento de fruição do ato de ler. Pois, quando o texto nos diz algo, participamos
desse dizer ante aquilo que é sugerido, em sua estrutura, a um pensar que o ordena e perspectiva
para acolher e recriar sentidos. O texto sugere caminhos, a serem reinaugurados a partir das
relações virtuais que cada leitor possa estabelecer com as suas próprias experiências vivenciais e a
sua posição parcial de observador. Ao romper com a repetição, a construção da significabilidade
inclui o dinamismo no qual o dito, o pensado e o aprendido deverá ser novamente ultrapassado. A
leitura indicia, assim, um caminho de volta ao silêncio. A gênese do filosofar, esse processo de
construção e reconstrução de sentidos, remonta, também, ao silêncio que se efetiva como
tensionamento no limite do dizer. E o silêncio é esta impossibilidade de reduzir os significados ao
dito e, simultaneamente, a impossibilidade de calar ante a sua densidade. É preciso reconhecer,
portanto, uma posição assumida diante do problema das relações entre filosofia e linguagem, que pressupõe que o dizer, ao tensionar com os seus próprios limites, em um caminho de volta que tangencia, sucessivamente, o silêncio da linguagem, guarda a latência de uma relação inaugural entre o viver e o pensar. Mas, as metáforas do “silêncio” e do “caminho de volta” indiciam uma multiplicidade de sentidos, e guardam em si um convite...
EM BUSCA DE UM CAMINHO DE VOLTA...
SÉRGIO A. SARDI
PUC – RS