Os amigos vêm, vão, ficam, retornam e se vão.
Me explico: a ideia tão difundida e repetida de que "amigos que são amigos de verdade" não nos abandonam, traem, machucam, agridem, dissimulam, não tem eco dentro de mim.
Amigos fazem as mesmas coisas que todo mundo faz: familiares, vizinhos, colegas, funcionários, patrões, clientes, desconhecidos....
É da humanidade dos amigos se perderem e se acharem - deles mesmos e de nós também!
Assim, amizades permanecem, continuam e terminam., recomeçam ou começam de uma forma completamente inédita - as vezes com os próprios amigos. Quero dizer: uma nova amizade começa dando lugar a ou outra que se foi.... com o mesmo amigo. Um alento!
Também considero que amigos são amigos, mas nem sempre ESTÃO amigos.
Também considero que amigos ESTÃO amigos, mas nem sempre SÃO amigos.
É precisamente nesse duplo ser e estar que se configuram os território afetivos que dão surgimento a tantas e tão variadas expressões afetivas que desembocam em encontros e desencontros: amigos reais, virtuais e virtuais-reais.
O que é real?
O que é virtual?
Por vezes... os ditos amigos reais estão tão distantes (ausentes) que nem sabem e nem acompanham cenas e cenários da nossa vida.
Por vezes... as amigos ditos virtuais estão tão próximos (presentes) que acompanham cenas e cenários da nossa vida.
Volto a perguntar:
O que é real?
O que é virtual?
A realidade da amizade é composta pela conjunção dos pensamentos, sentimentos e práticas que dão sustentação a essa complexa - e simultaneamente simples - relação humana, que é linda, encantadora, prazerosa, estimulante e fonte de muitas e infinitas descobertas e aprendizagens.
Os diferentes tipos de amizade possíveis é algo que me provoca constantemente o pensamento e afeta os meus mais intensos sentimentos: amigos íntimos, amigos na Internet - os só virtuais (importante definir: aqueles com os quais não tenho muita ou quase nenhuma intimidade, mas que se mantém como fonte de trocas e constância de presença em páginas e redes sociais, os virtuais-reais, os amigos ocasionais, os ligados a diversão, lazer... os de papos infindáveis sobre as coisas da vida e a vida das coisas... dentre outros, impossíveis de definir.
Também gosto muito da noção de atitude amigável, ou dito de outra forma, a amizade como modo de vida (tem postagens nesse blog com essa temática e você pode achá-las usando o mecanismo de pesquisa... lá em cima `a direita): aquela que se caracteriza por comportamentos e sensibilidade que ESTÃO presentes em diferentses tipos de relacionamentos... embora não SEJAM amizades e nem amigos no sentido usual que se dá a essa palavra.
Assim.... atitudes amigáveis em relação ao entregador de gás, ao porteiro, ao caminhante na rua, ao vizinho, enfim... uma espécie de amor ligado a humanidade de cada um (e não à concepção de humanismo!).
Só para terminar, quero dizer que AMIGO é uma palavra que se conecta a algo identitário e, portanto, ligado ao SER. Numa lógica binária o amigo É ou NÃO É amigo. Ponto final.
Na lógica que eu uso na minha vida, o amigo pode ser-sem-estar-sendo (num determinado momento da linha de tempo) amigo. E o 'amigo' pode estar sendo-sem-ser amigo.
Nessa lógica - tecnicamente chamada de "o terceiro incluído" - está presente e contemplada a contradição e o princípio da incerteza, duplas essas, que são condições de existência das possibilidades de se lidar com as mudanças... com menos sofrimento, dor, resistência e frustração, algo que definitivamente é responsabilidade nossa e de cada um.
Ainda quero dizer que a palavra AMIZADE é algo que se conecta - NOS CONECTA- à estados não-identitários, ou seja, nos coloca com possibilidades virtualmente presentes de estabelecer afetos e afecções e sensações com outras pessoas de uma forma mais livre, responsável, humana, respeitosa e em movimento permanente, já, agora, longe dos blocos monolíticos do absoluto "é ou não é"... amigo!
Que ninguém se iluda: amigos e amizades estão em permanente relação dialógica, tanto nos afetos, quanto nos conceitos, quanto nas práticas... e é, precisamente isso, que faz com que eles tenham sabor tão... doce, acridoce e salgado, eventualmente amargo.
O sentimento de amizade é muito superior à identidade do amigo e à identidade de amigo.
A amizade pode ser 'eterna', mas o amigo não. Por que?
Porque a amizade precisa do amigo para existir, enquanto prática de reposição do papel identitário amigo.
Assim, se o amigo não está presente e/ou não está exercitando esse papel e essa identidade... sobrou amizade e faltou amigo. Uma questão complexa...
Mais uma advertência (rsrsrsrs): que ninguém se iluda pensando que eu sou amigo de todo mundo ou tenho atitudes amigáveis com todos 'o tempo inteiro': também me permito os movimentos de SER E ESTAR!... e sou bastante seletivo e criterioso nas minhas, por assim dizer "seleções".
O melhor de tudo é quando escolhemos e somos escolhidos para ser e estar amigos: uma benção!
Os anjos da guarda - aqueles mesmo, os invisíveis - e os anjos de carne e ossos o sabem (esses últimos também emergem sendo-sem ser (anjo) e estando-sem ser (anjo): outra benção!
E, ainda resta a memória, mesmo quando amigos e amizades se foram - quer pela morte, quer pela distância geográfica, quer pela distância da intimidade e presença que existiu.
Aos meus amigos de todos os tempos e em diferentes espaços o meu agradecimento e gratidão pelo que me deram (dão) e me possibilitaram (possibilitam) dar E receber: outra benção!
Um beijo e um abraço.
Para comemorar, dentre outras coisas, comprei angélicas - cujas fotos ilustram essa postagem -, flores de perfume intenso e pronunciado, incomuns e lindas... como muitos de vocês.
Feliz dia do amigo e feliz amizades!
Cesar R K
Um comentário:
"Os amigos vêm, vão, ficam, retornam e se vão."
E, de alguma forma, permanecem em nosso coração para sempre.
Pouco tenho a acrescentar nesse post... você foi perfeito em sua abordagem.
Pelo que conheço você, não poderia mesmo existir dentro dessa cabecinha que adoro, esse eco ilusório de uma amizade acima das falhas humanas. Isso não existe. As diferenças, por vezes, geram discussão e é justamente nesse ponto que reside a maturidade e o amor para a amizade tornar-se mais forte, confiável, adorável (sometimes, hahahahahahahaha) e eterna.
Aquilo que se chama virtual não é algo ao qual falte realidade. Acho mesmo, uma réplica da dita realidade. Cruzamos com conhecidos que permanecem 'conhecidos' e pouco nos afetam. Encontramos amigos verdadeiros que são a chave do nosso sorriso, e às vezes, hahahahahahahahahaha, o ponto máximo das nossas angústias. Esses são os que ficam.
Beijo e abraço retribuidos! A flor deixarei lá na sua página junto com meu agradecimento por você ser bem real em minha vida.
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