15 maio, 2011

Redes Sociais e a fragilidade nos primeiros contatos: banalização





- Está cada vez mais difícil fazer amizades!
- Como assim?
- Tem muitos fatores que atrapalham...
- Tais como?
- O individualismo. Os egos inflados, a banalização dos afetos (ontem me chamaram de querido em menos de dez minutos de amizade, sem nem me conhecer e não tendo a mínima idéia de como isso me irrita), o desejo de agradar (uma verdadeira traça!), a pressa em se tornar íntimo e próximo de-um-desconhecido, a falta na atenção e na definição de critérios para pedir para adicionar...
- Ah, você está falando em redes sociais e internet!
- Sim, especificamente, mas quase tudo isso vale para fora da rede também. As tentativas de seduzir para chamar atenção; a tendência de querer muitos dados (ou de já tê-los adquirido por intermédio de um perfil não fake feito por quem se expõe, como eu...) e não dar praticamente nenhum...
- Chega de exemplos.
- Não, não chega.
- O desejo de amizade instantânea por parte do solicitante, como se isso fosse absolutamente possível e factível; menções a foto e textos como se isso significasse conhecimento da "essência" do outro; frustração e descontentamento frente a mínimas contrariedades (expressas por aaafffffffffsss).
Intolerância com perguntas que visam "dar luz" para questões básicas de apresentação entre quem é fake e quem não é. Etc.
- Que bom que chegou nos  etecéteras!
- Engraxadinho.
- Mas, sério agora, o que o deixou tão frustrado?
- Não foi frustrado. Foi chocado e surpreso com essa onda de babaquice que acontece e que pauta a vida de muitos nas redes sociais. E, mais do que isso, a própria dificuldade que se dá nos (des)encontros por esse meio.
- Conte-me mais!
- Ontem tive uma das "amizades" mais rápidas no orkut (e no facebook): levou cerca de uma hora!
- Haahahaha. Só você mesmo. Se adicionaram nos dois?
- Sim. Ela decidiu que queria me add porque quase não entra no orkut.
- E você quase não entra no fb!
- Sim, eu disse isso a ela e, então, começamos a falar nos dois ao mesmo tempo... olha só que legal!
- Debochado!
- Pior que não. Foi legal mesmo... só que ela tem perfil fake no orkut e havia me dito que no fb... ela "é ela mesma"... rsrsrs... cheguei lá... a mesma foto fake do orkut. Você está entendendo? Igual!
- Sim. Daí você questionou. Claro.
- Claro. Sabe o que ela me disse? "Procura nas minhas fotos..."
Procurei... tinha uma loira várias vezes repetidas na tal pasta "fotos do perfil" que tem lá. Copiei o link e enviei para ela... perguntando se era aquela (depois mandei mais um ou dois links de fotos "candidatas" a ser
ela). Sabe o que a criatura me disse? "Procura loiro!" hahahahaha
Que petulância!
Comecei a achar que ela tava, tipo, me tirando. E perguntei isso pra ela.
Não respondeu, claro.
- Claro. E daí?
- Daí que, depois de algumas perguntas e algumas respostas - ela que já havia me dito que estava meio triste hoje e por isso estava lendo poesias da Patrícia (isso no terceira ou quarta "conversa" no orkut...
muito antes de chagarmos no fb) - me disse que eu estava enlouquecendo ela falando nas duas redes ao mesmo tempo.
Eu falei que era ela quem estava me enlouquecendo com esse joguinho de
procura-foto. Falei que jogo de esconde-esconde não era comigo.
- RSRSRSRSRSRSRS
- Ela se "emputeceu" ou se divertiu... e resolveu me mostrar quem ela era.
Pasme: postou (em tamanho grannnnnde) a primeira foto que eu havia enviado no link. Acho que ela não queria que eu tivesse dúvidas de que aquela era ela.
- Desaforada. Garanto que, além de loira, era de... gêmeos.
- Acertou na mosca. Adora movimentos rápidos e não dá conta.
Ar contaminado.
- Preconceito astrológico?
- Não. Pós-conceito.
- Com amostragem de UMA loira?
- Hahaha. Claro que não. Você sabe daquela geminiana que durou um mes na minha página. Aquela que dizia que quem mora no Rio de Janeiro tem que estar bem e não é passível de preocupações porque a cidade e a natureza são lindas!
- Ahhh sim, me lembro bem. E tem outras ainda...
- Não me relembre...Acho que vou incluir no perfil a informação de que não adiciono geminianos... rsrsrsrs
- Hahahahaa... sei que é mentira..
Tá e o quê mais?
- Depois que procurei por todo o fb dela alguma informação que comprovasse o que ela dizia - que não era fake - e não achei nada...disse-lhe que iria deletá-la do orkut e que, se quisesse, poderíamos continuar no fb.
- E ela?
- Ficou indignada; teve um ataque de ego e me deu duas respostas, uma em cada rede: no orkut disse que não tinha mais idade (45) para brincadeiras...(isso eu soube quando falei que ela iria sentir saudades da inquisição quando eu começasse a lhe fazer perguntas... ao que ela respondeu dois minutos depois...
"adorei sentir saudades"... o que me surpreendeu e me fez perguntar do quê ou de quem... hahahahaha - patético!)
- Coitada. Zero devir criança (ou como querem os menos avisados... criança interna desmaiada, em coma ou mortinha. Que Deus a abençoe e ilumine, fazendo nascer nela o lindo humor e a beleza de saber brincar...
mesmo com amigos "iniciantes"). Esquece ela.
- Já 'esqueci', Aqui é só comentários.
E no facebook, o que ela respondeu.
- Que iria me deletar no fb, ora. Normal... kkkkkkkkkkkkkkk
Que tinha feito uma má escolha em me pedir para add... rsrsrsrsrs
Eu comentei que eu também. Daí deletei tudo o que escrevi para ela (e ela para mim),
num e noutro. E fim.
- Aleluia! Até que enfim! Que novela xarope.
(Não a que está me contando. A que viveu com ela...)
 Mas a inquisição DELA foi bem pior que a sua. Realmente "caça às bruxas"...
ou melhor, magos na fogueira... rsrsrsrs
- Sim. Um espanto completo.
- Bem que você tentou. Mas desse jeito, sem condições...
- Uma "amizade relâmpago". Início, meio e fim.
Isso que comecei dizendo para ela que costumo não adicionar fakes, mas que achei legal algumas postagens dela (graças ao fato da página dela não estar cadeada, uma pequena vantagem que muitos fakes têm).
- Sim. A amizade é construção ou afinidades instantâneas. Quando flui, flui.
Quando não, não. E enfim...
E mesmo sendo construção... ainda assim há incertezas e desencontros...
nada é lindo, perfeito, maravilhoso, etc, o tempo todo... 
Não flui SEMPRE como um rio de águas mansas através de montanhas idílicas tendo apenas o céu azul
e os passarinhos cantando num parque cheio de flores e grama... como testemunha.
- Sim.
- Aquilo que você falou antes, sobre o individualismo, egos e banalização...
Bem isso.
Muitos se comportam como se pudessem dizer, fazer o que bem entendem, sem se ater às regras, limites, respeitos e singularidades... isso que seu perfil é bem claro no que você espera e na maneira como aponta o seu jeito no orkut...
Enfim...
- É, e, veja, o que estamos aprendendo sobre os relacionamentos e sobre as relações-entre-humanos nos encontros presenciais (kkkkkkkkkkkkkkkk) vale plenamente para os que estabelecemos nas redes sociais.
- Sim, até me lembrou de uma fala da Taraza e outra da Odrade - até mesmo de Paul e do verme tirano - que falam sobre...
- Não. Citações de Duna agora não...
- Também lembrei uma fala do mago-mor (com letras minúsculas)...
- Quem sabe você me conta - e declama Duna - enquanto fazemoS o almoço?
- Apreciei profundamente o S indicando plural!
- Já sabe qual o cardápio?
Filé de peito de frango à milanesa ao molho de nata, cenoura crua ralada, arroz e...
- Batatas fritas!
- Sim.
- Vamos!!!


(De "Conversas informais sobre as redes sociais e a banalização nos vínculos quando da tentativa de fazer novos amigos", por iniciados da cor azul e espadas de bainha dupla)





2 comentários:

Kátia disse...

Ai, ai, ai, às vezes sinto que estamos prestes a entrar em uma era cheia de fragilidades devido as tantas banalizações que andam por aí. Quanto distanciamento isso produz.

Horrível tudo isso. Mas você colocou tanto humor que ficou muito, muito engraçado.

Sabe, Cesar, tudo aquilo que se torna banal, perde a intensidade, a importância e... xô pro lixo. Fica a experiência de onde não havia nada. E com você diz: PONTO.

Que novela xarope, nada. kkkkkkkkkkkkk, seu humor é contagiante demais. Hahahahahahaha, ganhei meu domingo com essa historinha.
.

Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

Prestes a entrar não... já entramos e estamos a aprofundar essa babaquice complexa.
Muito distanciamento, tristeza, frustração não baseada em expectativas e muito mais: exemplo das crianças esquecidas dentro de carros, jogadas eml atas de lixo e abandonadas sozinhas em casa.

Muita fragilidade por todos os lados... nos sistemas públicos (cidades cheias de lixo... como Nápoles em que os moradoras passaram a queimar montanhas de detritos que não foram recolhidos), na crendice irracional
ou até arracional (sem razão, de racionalidade, como diz Morin) como
o que aconteceu em Roma, onde 20% dos habitantes abandonaram a cidade na semana passada porque estavam com medo de um terremoto que havia sido profetizado... se não me engano, no início do século!

Fragilidades nos trabalhos porque
já existe distinção entre o que se pensa como sendo trabalho e emprego, o mercado está saturado e muito competitivo, enfim... fragilidade em quase tudo...

Mas, de novo Morin ajuda... antes de cair num ceticismo exagerado e achar que tudo está perdido... e que "é a luta final"... nada disso. É a luta inicial... estamos com tudo para começar... para começar e consertar o que não está bem... e inventar o que nunca funcionou.
P Mas para isso, precisamos... amor, ação, abertura, acolher os movimentos embrionários que se ensaiam nas mudanças... e pensar.

Enfim...

Eu dei boas risadas com a historinha... já que foi divertido compor as falas que foram absolutamente... reproduzidas... kkkkkkk

Esse tipo de banalização me incomoda muito, mas também me recupero rápido...
Depois de tentar e tentar... deu.

Deletando. Lixo, como vc disse.
Ponto