27 abril, 2012

Rush - Entre Nous ou sobre estar junto (s) E separado (s)



Um grande, lindo e desafiador paradoxo: uma dialógica das relações contemporâneas.


 


Entre Nous

We are secrets to each other
Each one's life a novel
No-one else has read
Even joined in bonds of love
We're linked to one another
By such slender threads

We are planets to each other
Drifting in our orbits
To a brief eclipse
Each of us a world apart
Alone and yet together
Like two passing ships
Just between us
I think it's time for us to recognize
The differences we sometimes feared to show
Just between us
I think it's time for us to realize
The spaces in between
Leave room
For you and I to grow

We are strangers to each other
Full of sliding panels
An illusion show
Acting well-rehearsed routines
Or playing from the heart?
It's hard for one to know

We are islands to each other
Building hopeful bridges
On the troubled sea
Some are burned or swept away
Some we would not choose
But we're not always free

...............................................................

Entre nós

Nós somos um mistério um para o outro
Cada vida um livro
Que ninguém teve chance de ler
E mesmo unidos nos laços do amor
Estamos ligados um ao outro
Por um fio tão delicado

Nós somos como planetas um para o outro
Girando em nossas órbitas
Para um breve eclipse
Cada um de nós é um mundo à parte
Solitários e ainda juntos
Como dois barcos que se cruzam

Aqui entre nós
Eu acho que já é tempo de reconhecermos
Que, às vezes, temos medo de mostrar nossas diferenças
Aqui entre nós
Eu acho que já é tempo de percebermos
Que os espaços no meio de nós
Devem ser compreendidos
Para eu e você crescermos

Nós somos como estranhos um para o outro
Cheios de situações mutáveis
Num show de ilusão
Encenando rotinas bem ensaiadas
Ou apenas jogando com o coração?
Isso é algo difícil de alguém saber

Nós somos como ilhas um para o outro
Construindo pontes de esperança
Num mar agitado
Algumas pontes foram queimadas ou devastadas
E outras nós não escolhemos
Mas disso, nunca estaremos livres


4 comentários:

Kátia disse...

Música belíssima!!! Ouvi milhares de vezes.Ela nos remete a vários questionamentos.
Tenho que dormiiiiiiiiiiiiir, volto pra deixar minhas conclusões.
Eu as terei?????????????????????
.

Kátia disse...

Quanta superficialidade!
“Nós somos como planetas um para o outro
Girando em nossas órbitas
Para um breve eclipse”

Quanta fragilidade!
“Estamos ligados um ao outro
Por um fio tão delicado”

Essa letra retrata o mundo, identificado por Zigmunt Bauman como líquido, onde as relações
se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos,
marcadas pela ausência de peso.

“Aqui entre nós
Eu acho que já é tempo de reconhecermos
Que, às vezes, temos medo de mostrar nossas diferenças
Aqui entre nós
Eu acho que já é tempo de percebermos
Que os espaços no meio de nós
Devem ser compreendidos
Para eu e você crescermos”
Eis aqui o início dos fortes laços, do peso...

Hahahahahahahahah, quase não volto nesse post.
Culpa de Therion.
.

Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

Não concordo com você, minha caríssima leitora-mor: Superficialidade? Não a vejo.
O que vejo é uma profundidade sem fundo identificável...

Onde você viu fragilidade, eu vi sensibilidade, algo como a corda do instrumento que ressoa ao menor toque.

Também não vejo a relação líquida que você cita: vejo a constatação da diferença e a complexidade das relações quando se (a)percebe que somos-estamos completamente sós e que somos desconhecidos de nós próprios. O que dirá do outro... e... para o outro.

Um "sós" que não tem conotação sentimental ou emocional, tipo tristeza, mas que tem intuição da grandiosidade do inconsciente.... e de quanto não sabemos... sobre quase tudo.

Um livro que não se tem acesso... pois escrito uma vida inteira e ainda em andamento... como lê-lo, se ainda não terminou? Ou, se mesmo em 200 volumes escritos... isso não dá conta nem de 1/10 do que se vive(u) sente(iu)... enfim...

Algo como... sai de casa e vi uma árvore, cujas folhas se moviam ao sabor variável do vento que nelas batia naquele momento. Isso me afetou e fez lembrar disso, daquilo e daquele outro (sem entrar no mérito de sentido "bom" ou "ruim" que eventualmente posso ter atribuído a essas lembranças, fragmentos de memória ou SENSAÇÕES), o que me deixou num estado de espírito DIFERENTE daquele que estava quando sai de casa...
Como comunicar isso ao outro? O porteiro, o manobrista de carro... quem quer que seja que você encontre?

Um universo incomunicável!
A não ser que você... se dê o tempo (e o outro também) para...

...

O Therion... kkkk ... distrai e atrai.

Agora: conte-me o que foi que a afetou na banda a ponto de quase não voltar aqui e fazer esse comentário. Que tom de voz, expressão musical, contraste de agudos e graves dos vocalistas (e das guitarras), expressões do rosto e do corpo, iluminação... produziram em você o quê mesmo?
kkkkkkkkkkkkkkk

Incomunicável.

Entendeu o que estou dizendo?

Kátia disse...

Bom ver um outro olhar sobre as coisas. Em se tratando do seu, com quem muito aprendo, é ótimo.
A letra dessa música é belíssima, bem real e a pincelada que deixei aqui não deixou o meu pensamento mais detalhado, né gauchinho? Destaquei alguns versos e arrematei logo pra ouvir, again and again, a apaixonante banda Therion, hahahahahahahaha.
Na música, gritou ao meu olhar o distanciamento que há entre pessoas, mesmo estando uma ao lado da outra. Vi superficialidade pelo egocentrismo e pelo medo da exposição ao outro. Por isso, estranhos. Cruzes, um ‘estar juntos’ somente vez ou outra... Você não acha pouco para a profundidade que vê, tendo em vista somente esses breves momentos? Bom, pode ser que você viu a profundidade de cada um isoladamente .
Que bonita sua visão do ‘fio delicado’!!! A corda do instrumento que ressoa ao menor toque. Mas que fio é esse? Seria um fio de seda? De esperança? De vida?
Uma verdade evidente quando você diz: somos/estamos sós e somos desconhecidos de nós próprios. Vale citar Saramago: "Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa somos nós" Precisamos ESTAR a sós em vários momentos para a nossa própria descoberta. Sabe, eu reconheço as as dores como solitárias, assim como todos os sentimentos. De maneira distinta são sentidos por cada um de nós. Precisa-se, sozinhos, reconhecer a canção da beleza que faz vibrar as cordas mais íntimas da emoção.

Quantas vezes quebramos barreiras ao exteriorizar ao outro nossa verdade descoberta. Faz, muitas vezes, aumentar a compreensão e o respeito pela nossa individualidade. Sei que cada um expressa-se de acordo com as suas limitações, então falar não é tudo. As coisas podem ser ditas e compreendidas através de gestos, ações...

Excelente as pessoas serem diferentes e, é o desafiante entendimento das diferenças que faz os fios desse carretel chamado vida, ir se desenrolando e fazendo com “que os espaços no meio de nós / devem ser compreendidos / para eu e você crescermos” Que maravilha esses versos! Ninguém sequestrando a subjetividade de ninguém. Simplesmente, crescendo.

Hummm... “Um livro que não se tem acesso...” Será?
A leitura alheia do nosso livro, às vezes toma a forma da interpretação do outro. Mas é a leitura do outro, e não o que é você. Outras vezes, faz que o nosso ‘dentro’ seja mais conhecido. Essa tentativa em ler o outro e ser lida, aproxima. Perceber como te percebem, se angustiar porque queria ser lida de outra maneira... Abrir um livro querido, tentar entendê-lo, não escapa da necessidade do equilíbrio que em tudo há de se ter, inclusive com o outro. E, como tudo na vida, não há garantia de sucesso nessa leitura... Apenas uma tentativa. Uma “ponte de esperança”.

Hahahahahahahahah, fui além da música. Você também. Tá na hora de terminar e encerro essa conversa dizendo que se as pessoas compreenderem o quão frágil possa ser o convívio com o outro, o quão desafiador é mantê-lo por um longo tempo, talvez então, estejam prontas para torná-lo forte, fazendo com que o bom encontro se torne um envolvimento capaz de ressaltar em cada um a sua individualidade.
Um universo comunicável!
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