25 dezembro, 2012

Noite de natal com meditação: acesse o lobo




Uma boa prática para essa quente 
noite... de natal
é a de meditar.

O Mestre aniversariante
ensinou a meditar por parábolas, 
pela prece (ao falar com Abba, o PAI), 
pelo silêncio e, eventualmente, pelo retiro solitário.

Nas diferentes tradições Religiosas
há diferentes maneiras de meditar.
Desde a posição (imóvel) de lótus e do giro Sufi...
até as luzes das velas no espelho (Osho)
e a meditação caminhando, do Zen.

Eu proponho sentar-se em silêncio, com os
olhos fechados, ouvindo essa linda música
que tem "só" quase 20 minutos.
É simples e basta deixar a música entrar em você.
Quem sabe você entra na música...
e... 
Experimente.




24 dezembro, 2012

Feliz natal, com raciocínio crítico


Nesse blog é comum as coisas não estarem nos lugares
que deveriam (ou que se espera que estejam).
Muitas vezes são/estão deslocadas... mudam conforme o contexto.
Ficam aqui e ... e também mais além.
Ficam ou param - temporariamente - em mais de um lugar
ou em algum lugar específico.

Nesse natal vai ser assim também.
Ou... seria...
Nesse Natal vai ser assim também?
Você escolhe.
Você decide.

Natal ou natal?

As letras maiúsculas são usadas
nos nomes de épocas históricas e datas oficiais.
Então o correto é: Natal.
Feliz Natal!
(Uma data oficial que prescreve comportamentos oficiais)

Veja um exemplo de como essa oficialidade
nos chega e como ela é produtora de igualdade:

Vídeo do Movimento Familiar Cristão

Sim, o Natal tem esse poder de espalhar
um clima de sonho no ar: as luzes. a decoração,
as cores, as flores, os presentes... e os olhares 
para tudo isso... são mesmo encantados.

"Tempo de amor"? 
(Só no Natal?)
"Todo mundo é igual"?
(Mas não é m-e-s-m-o!)
"Os velhos amigos irão se abraçar"?
(E as amizades que terminaram, estremeceram
e os amigos distantes?)
"Desconhecidos irão se falar"?
Basta sair às ruas cheias de gente correndo e comprando 
para ver que os olhares nem sempre são amistosos: todo mundo é igual?
"E quem for criança vai olhar pro céu"?
Só as crianças? E... os outros, de todas as idades?
"Fazer um pedido pro velho Noel"?
Esse velho safado e tão diferente do original 
e que foi capturado pela mídia 
e pelo imaginário para transformar surpresas 
em desejos de consumo... está no céu?
"Se a gente é capaz de espalhar alegria,
se a gente é capaz de toda essa magia, 
eu tenho certeza que a gente podia
fazer com que fosse Natal todo dia."
Existe alegria e magia em diferentes situações da vida
cotidiana e, mesmo em situações muito difíceis, é possível
sentirmos alguma alegria e alguma magia: uma flor, uma gentileza de alguém 
(ou a nossa para alguém), uma clareza na comunicação; 
quando alguém cumpre com o que combina conosco,
quando ouvimos uma música que gostamos, quando meditamos;
quando o sol bate num cristal que está na janela 
e joga cores para dentro da nossa sala
num abraço gostoso (real ou virtual-real),
quando recebemos palavras e/ou atitudes de reconhecimento,
de respeito, de solidariedade, de compreensão, de carinho;
quando nos mostram que estamos errados e descobrimos 
outros jeitos de fazer ou dizer algo, quando nos deparamos 
com nossos "monstrinhos internos" e os superamos, quando conseguimos
realizar algo que estava difícil... quando nos sobra dinheiro na conta;
também quando aprendemos algo novo, como por exemplo,
quando enviamos uma foto pelo Bluetooth  
(você já viu como é mágico e alegre-engraçado
enviar uma foto para um (outro) aparelho 
que está perto de você..em segundos? 
Também... quando escrevemos o que pensamos 
e/ou o dizemos para alguém de forma a exercitar 
a independência e o livre arbítrio.. etc, etc e etc.

Para esclarecer:
a música do Roupa Nova é bonitinha, tem belas rimas 
e arranjos vocais bem elaborados. 
Então, qual é o problema?
O problema é aceitar tudo o que chega pela mídia
sem exercitar -cotidiana e continuamente -
o raciocínio crítico.
 O Natal que aprisiona os desejos e as liberdades
não é o natal que eu quero e desejo: ter que... 
comprar presentes, ter que visitar pessoas, ter que... sorrir e ser amistoso 
(durante esse período), ter que conviver à mesa e nas festas 
com quem não se gosta
(ou não se deseja naquele momento)...
ter que, ter que, ter de... 
entrar em todas as sintonias e prescritos do Natal (oficial)
este é o (são) o (s) problema (s).
Só!

Um outro exemplo, muito engraçado
(dei gargalhadas no momento em que ele
publica a foto do menino no Facebook)
nos mostra como o Natal 
e o comportamento das pessoas 
está "na era" da
comunicação digital.


Acima eu falei que você escolhe, que você decide.
No entanto, se você está capturado pela mídia e pelos
comportamentos prescritos do Natal Oficial...
talvez você não tenha opção de escolha...
a não ser... fazer o que (todos) esperam de você.

Então o meu desejo nesse Natal,
é que você tenha um
Feliz natal...
esteja você onde estiver,
faça o que fizer, desde que esteja
e desde que faça...
algo que está em sintonia com a sua consciência,
com o seu modo de viver a vida e
com o seu modo de ver-sentir a magia 
e as coisas belas da vida.





16 dezembro, 2012

Natal religioso, social, midiático, ou Feliz natal todos os dias





O primeiro cartão de natal que
recebi nesse ano mostra a 
imagem de uma criança
olhando para cima, com os braços levantados
... segurando um globo terrestre.

"Um olhar para o novo amanhã", diz
a mensagem da capa.

Dentro do cartão, essas belas palavras:

(Introdução omitida)

"... queria e desejo que a força do natal
fosse tão poderosa que removesse dos
corações a fuligem da desesperança, a visão
dos perigos iminentes, a angústia do dia seguinte.

Desejo mais ainda que
reavivemos a fortaleza da nossa Fé;
divulguemos o poder da nossa coragem;
mostremos quão forte é a luz que brilha
em nossos corações, apesar de certas 
descrenças que flutuam no ar...

Merry Christmas every day!!!"

Junto com esse cartão, vieram muitos outros, menores,
tipo etiqueta, dos quais destaco um,
com as seguintes palavras:

Às nossas semelhanças 
e às nossas diferenças!!!
Abração!

..............................................


Escuto, nessa época, no desempenho da minha profissão, 
com muita frequencia... que o Natal é uma data
chata, triste, enfadonha (porque se repete "sempre do mesmo jeito").
É comum as pessoas se lembrarem de quem já não está
mais aqui e sentir...
saudade
abandono, 
culpa
desejo de reparação
(e impossibilidade de fazê-lo),
capacidade de amar diminuída
(ou muito aumentada, causando estranheza),
dificuldades com o perdão, 
revolta,
medos variados (dentre os quais o de sofrer nova perda,
seja pela morte, seja pela vida),
e, só para citar mais um...
desejo intenso de corresponder às expectativas
do outro associado a dúvidas quanto a consegui-lo
(sentimento de incapacidade e inadequação que fica 
ainda mais forte pois vem acompanhado 
de profunda sensação de solidão, já que nas festas de Natal
- aquilo que se repete e é sentido como 
"sempre do mesmo jeito" -
não dá quase margem 
à percepção das diferenças que se operaram
em cada um dos sujeitos ao longo
do último ano (desde o Natal passado).

Sendo o Natal uma data/ festa cristã 
- e, portanto, religiosa -
todos os temas concernentes a essa temática vêm à tona: 
questionamentos sobre a (própria) espiritualidade 
(ou as ausência dela);
indagações sobre a própria capacidade 
de se adequar (ou não) aos
preceitos, regras, ditames, 
ritos de cada uma das práticas
católicas, evangélicas, espíritas... ;
inquietações e dúvidas sobre o que está fazendo da (própria) vida 
e sobre qual o "lugar" que está ocupando no mundo
(de onde viemos, 
o que estamos fazendo, 
para onde vamos, 
o que faremos), etc...
se fazem MAIS presentes.



Sendo o Natal uma data/festa social
- e portanto, de relacionamentos -
todos os temas concernentes a essa temática vêm à tona:
questionamentos, inquietações e dúvidas
sobre como estão os relacionamentos interpessoais, 
amorosos, sociais, institucionais, 
grupais, de vizinhança, de cidadania, de ecologia, de cuidados
com o planeta que habitamos, de cuidados com o outro 
(qualquer outro) e de cuidados para consigo próprio, etc...
se fazem MAIS presentes.

Sendo o Natal uma data/festa comercial e midiática
- e portanto, diretamente vinculada ao dinheiro 
e aos usos que dele fazemos - 
todos os temas concernentes a essa temática vêm à tona:
compra e venda,
situação financeira,
papai noel  e os presentes que vêm dele (ou não), 
necessidade de retribuição com (quase sempre) desajuste
no equilíbrio entre dar e receber.
captura e aprisionamento pela mídia,
incremento do/no desejo de imagem
(qualquer imagem que se pode chamar de "parecer ser"),
questionamentos, inquietações e dúvidas sobre
quanto, como e porque se está sendo o "desejo do outro" 
(qualquer outro, mídia incluída)...
ou se... se está caminhando para ser o autor 
do próprio desejo, 
da própria vida, 
fazendo escolhas
permeadas
(onde o outro está INCLUÍDO)
- que se dão através e entre -  o eu e o outro.

Sendo o Natal uma data/festa instituída
que se caracteriza pelos temas acima citados, 
o meu desejo 
para quem 
estiver lendo 
essa postagem
é que faça seu próprio natal
(em minúsculo mesmo)
acionando as forças desejantes e inventivas,
criativas de bem estar próprio,
sem a dependência do outro
(mas com a participação dele, se assim desejar) 
e com grande esforço para não cair nas ciladas
enferrujadoras e enferrujantes das
próprias capacidades de decisão 
e de fazer da própria vida uma obra de arte.
Construir o próprio natal, sentindo-se bem
na companhia (ou não) de
quem se realmente quer (estar junto),
sentindo-se à vontade com o próprio corpo 
(e com alma, se se acredita nela. Eu acredito)
com o ambiente e em sintonia com a vontade pessoal.
A isso eu chamaria de um feliz natal.
Um natal feliz.

É possível., mesmo!

Também somo a esse desejo, o de que
- em todos os dias, ou, pelo menos... com uma frequencia 
muito maior do que a habitual -
você
- que está lendo essa postagem -
questione, se inquiete e busque
respostas para os temas que o Natal suscita,
acessando as "coisas da vida" e dando a elas o seu tempo
(para que não fiquem "MAIS " presentes no Natal 
afinal , a espiritualidade, os relacionamentos e a mídia
estão presentes no nosso dia-a-dia) 
e para que fiquem com seu "status" de "vida das coisas".

Fazendo isso, diariamente... certamente o seu próximo
natal será melhor,  mais livre e feliz.


Adicionar legenda


Assim, 
faço minhas 
as palavras 
da pessoa 
que enviou-me o cartão citado acima:

Merry Christmas every day!!!

E que a luz brilhe no seu coração e na sua mente,
com as bençãos do Mestre aniversariante.

E tenha...  
Um novo olhar para o amanhã!

Abração!


Nome da Imagem: arcs of creation


30 novembro, 2012

Morrer de Vida e Viver de Morte... com poesia e música






Não quero a complacência da desordem. 
E se sou líquida 
como é líquida o informe,
antes sou gotas de mercúrio do termômetro quebrado, 
líquido metal que se faz círculo cheio de si 
e igual a si mesmo no centro e na superfície,
prata que tomba e não derrama, 
liquidez sem umidade.


- Clarice Lispector -




Da vez primeira que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha…
Depois, de cada vez que me mataram.
Foram levando qualquer coisa minha…


E hoje, dos meus cadáveres, eu sou

O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!


Vinde, corvos, chacais, ladrões de estrada!

Ah! desta mão, avaramente adunca,
ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!


Aves da Noite! Asas de Horror! Voejai!

Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!


- Mario Quintana -





A poesia não está no papel,
Está na vida
Vista e sentida
Por olhos sensíveis
E corpos que se permitem ir além.
Por almas que ousam,
Interiores que gritam.
Ser poeta um dia é fácil,
Difícil é sê-lo sempre.
Fácil é amar,
Difícil é libertar a quem se ama...
Libertar as palavras que inflamam...
Mas mais difícil não é libertar
Nem amar, criar, ousar.
Difícil é ser.
Um ser contido no mundo
E conter o mundo dentro de si.


- Carolina Salcides -








”Viver de morte, morrer de vida.”
(Heráclito de Éfeso)

“Viver de morte, morrer de  vida.” Sim, é enigmático.
Podemos pensar que essa frase tem um primeiro sentido que seria este: para viver deve-se comer, logo, deve-se matar as plantas e os animais, logo, vive-se de morte. E finalmente, de tanto viver, desgastamo-nos e morre-se de viver.Mas é um sentido superficial.E creio que é hoje, vários  séculos depois. que compreendemos a profundidade dessa frase. Por  quê? Porque sabemos hoje que nossos organismos, o seu como o meu, vivem de moléculas que se degradam sem parar. Logo, nossas células reconstituem as moléculas que morrem. Mas nossas próprias células  se degradam. Só nossas células cerebrais e algumas hepáticas permanecem as mesmas . As células de nosso corpo se transformam sem parar, morrem e renascem. O fato de podermos reconstituir nossas células faz com que possamos rejuvenescer. Efetivamente nossas células vivem da morte das moléculas, nossos organismos vivem da morte de nossas células. E diria mesmo que a sociedade vive da morte de seus indivíduos. Pois indivíduos novos aparecem, e eles recebem cultura e educação, e rejuvenesce a sociedade.Logo, vivemos de morte. E morremos de vida. Não no sentido em que nos desgastamos como um motor de carro, mas no sentido em que nos esgotamos a rejuvenescer. Cada batida de nosso coração envia o sangue para se “desintoxicar” em nossos pulmões e limpar todas as nossas células. Pode-se, portanto, dizer que você rejuvenesce sessenta vezes por minuto. Passamos nosso tempo a rejuvenescer. E finalmente, e é aqui  que está a beleza da frase de Heráclito, rejuvenescer acaba por ser mortal. E morre-se de tanto rejuvenescer.
(Edgar Morin)

............................................................

Morremos a cada momento.
Vivemos a cada momento...
E renascemos.
Rejuvenescemos!

Tenhamos,
na nossa vida
(e nas nossas pequenas mortes),
a música.

Com ela
tudo fica melhor
e mais bonito!




25 novembro, 2012

Alice Ruiz e Rita Apoema sobre a saudade e a falta




a noite
mais longa
dessa vida

no céu
o cometa passa
na terra
meu pensar
te abraça


você
irmão
filho
amigo

não está
mas fica
enfim
comigo

- Alice Ruiz -


Minha saudade
saúda tua ida
mesmo sabendo
que uma vinda
só é possível
noutra vida

Aqui, no reino
do escuro
e do silêncio
minha saudade
absurda e muda
procura às cegas
te trazer à luz

Ali, onde
nem mesmo você
sabe mais
talvez, enfim
nos espere
o esquecimento

Aí, ainda assim
minha saudade
te saúda
e se despede
de mim

- Alice Ruiz -


Quando você vai embora de nós
o pronome parte-se ao meio
você diz que só leva o s
e o que adianta?
se comigo sobra o nó
na garganta.

- Rita Apoena -