12 junho, 2008

Conversas informais com o mago-mor





- No "Manual das Práticas Intermediárias de Magia"
encontra-se, no capítulo XII, às páginas 642 e seguintes,
o ritual e os materiais necessários à confecção
da "poção mágica para despertar o amor."
Se você fizer as invocações e seguir todos os passos,
terá o amor de quem deseja nas suas mãos: use-o com sabedoria."

- Mas, Mestre, você disse que isso era um feitiço...
que era um encantamento lançado sobre
a pessoa que estávamos querendo atrair!

- Sim e é verdade.

- Então como pode ser chamado de amor...
se é um feitiço lançado sobre quem não nos ama como gostaríamos?

- Muito simples: as palavras e os manuais são inexatos
quanto aos termos utilizados e quanto aos objetivos atingíveis.
Lá não está escrito que "Não é possível despertar o amor",
embora se use esse termo...

- Sim!
Só é possível despertar ou conseguir o encantamento
porque o amor... é livre e nasce por si próprio.
Ele de nada depende e não pode ser fabricado
nem induzido por rituais e encantamentos.
Mas Mestre, espere. Não será o amor algum tipo de feitiço?
O amor não é um tipo de encantamento?

- Oh sim. O amor encanta por si só,
mas não depende de um ritual. Ele se basta.
Assim como o encantamento, que se sente por alguém,
ou por algo... também é um tipo de amor.
Amor e encantamento andam juntos,
mas não estão associados à ilusão...
a não ser que haja rituais - não especificados nos manuais -
feitos de forma sistemática e inconsequente!
(risada)
Se quiser aprender... mesmo, deixe-os brotar por si só.

- Mas, e se ele não brotar na outra pessoa e apenas em mim?
Ou se ele brotar apenas no outro? O que farei Mestre?

- Viva o que é seu e permita que o outro viva o que é dele! (Sorriso)

- Mas e se eu não quiser ou não puder aceitar
ou suportar o amor do outro, ou não souber lidar
com o amor que sinto e que não é correspondido?

-Aprenda, em ambos os casos, que você não têm
poder sobre esse sentimento... e nem controle.
Você só tem poder e controle... sobre os seus atos.
E, mais uma coisa: se, o que o outro chama de amor,
lhe machuca ou fere, não é amor.
É qualquer outra coisa... menos amor.
Aprenda a olhar... ver... o que está acontecendo...
e a respeitar, mesmo que isso possa acarretar um... corte.
O amor não tem limites, mas se manifesta, aparece
e orienta-se em função deles. O auto-amor, ou seja,
o amor por si próprio, é quem rege
...essa dialógica: amar e ser amado.
É nesse ENTRE você e o outro,
é nesse ENTRE o amor próprio e o amor ao outro
que está o ESPAÇO!
O tempo, embora eterno, é irrelevante! (sorriso)

- Sim! (com medo e aceitando a compreensão que estava se formando)

- Ouça: ponha em prática suas aprendizagens, as que constam no manual,
e, depois, desfaça-as.... (isso também está no manual)!
Mas... deixe esses sentimentos de amor e encanto
irem e virem no seu próprio ritmo. A magia da vida se encarrega disso!
A magia de perceber essa magia é a grande magia!
(olhos brilhando e expressão séria)

(silêncio)

Amo meu Mestre, o que ele me ensina, o que aprendo... e a vida.
Amo a mim próprio e a você.
Que delícia!
Realmente: isso é espaço!
(pensamentos... captados pelo Mestre!)

De "Conversas informais com o mago-mor."



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