27 setembro, 2008

Dueto: Separação... (aos amores perdidos...) e preparando-me ... (ao inevitável)



Separação... (aos amores perdidos...)

Que a distância e a frieza do tempo
Não apaguem em mim o som do seu riso
Pois seríamos amor se as circunstâncias
não fossem íntimas do equívoco.

Que a poesia possa me perdoar,
Pelo silêncio em todos os meus sentidos.
Que os mais reticentes possam entender
Que eu não justifique minhas lágrimas
E tampouco o silêncio do meu lamento...

Que a solidão, em alguns momentos, não seja maior
Que as lembranças tantas das quais me alimento
E se em noites mais longas de inverno, a palidez da lua,
A alma de poeta, o vinho, a dúvida de humana natureza me aflijam,
que eu mesmo entenda e me volte a certeza:
há momentos em que o próprio amor fraqueja...

(Tonho França)




Preparando-me... (ao inevitável)

Que eu possa sentir a dor e aceitar
o vazio do estímulo, a ausência da poesia no ar,
o aroma que não espargiu, o vinho que secou,
o olhar que nada achou, a lágrima que não rolou...

Nem sempre o que acaba torna-se um nada:
há fragmentos azuis a recordar,
sorrisos tolos que teimam em revisitar a face,
noites estreladas e conselheiras,
mesmo com a mesa vazia,
com a lareira apagada e a alma sem energia...

Amores não se perdem, volateiam...
Reencontram-se em outras esquinas,
perduram ou não duram... escasseiam...
Mas se é fraco, não é amor,
e não há tempo em que ele renasça
para reunir as mesmas taças,
afagar cansaços, fazer soar novamente o sino...
Preparo-me para que a tua debilidade
não seja a mortalha de uma futura saudade...

(Marise Ribeiro)


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