No límpido ar do deserto, na escuridão de uma terra sem uma
única luz em centenas de
quilômetros à volta, tinha-se a impressão de que as estrelas
desciam até quase roçar
na areia, e Gacel frequentemente estendia a mão como se
realmente pudesse tocar, com as pontas dos dedos, aquelas bruxuleantes luzes.
À porta de sua tenda, a maior e mais confortável do
acampamento, ele se detinha uns instantes para escutar. Se o vento não tinha
ainda começado a chorar, o silêncio chegava a ser tão denso que machucava os ouvidos.
Gacel amava esse silêncio.
No Saara cada homem tinha o tempo, a paz e a atmosfera
necessários para se encontrar a si mesmo, olhar para a distância ou para o seu
interior, estudar a natureza que o cercava e meditar sobre o que não conhecia
senão através dos livros sagrados. Mas lá, nas cidades, nos
povoados e inclusive nos minúsculos vilarejos berberes, não
havia paz, nem tempo,, nem espaço, e tudo era um tumulto de ruídos e problemas
alheios, com vozes e brisas de estranhos, a ponto de causar a impressão de que
era muito mais importante o que acontecia aos outros que à gente mesmo.
Não houve crepúsculo; o céu passou, quase sem transição, do
vermelho ao negro, e logo brilharam a s luzes dos lampiões.
Agradeceu, mais tarde, pela saída da lua, que iluminou o seu
caminho. À meia-noite, distinguiu a distância o prateado reflexo... um grande
lago salgado que se abria diante dele, como um mar petrificado, e do qual não
conseguia ver a outra margem.
Muitíssimos anos atrás, quando o Saara era um grande mar que
se retirou, a água ficou aprisionada em milhares de buracos semelhantes, onde
mais tarde se evaporou lentamente, amontoando no fundo uma capa de sal, que, no
seu centro, chegava a ter vários metros de expessura. Não era raro que correntes
subterrâneas de águas salitrosas os alimentássem também quando chovia. Desse
modo, perto das margens formava-se uma zona de areia úmida e salobra, pastosa,
que o sol queimava até converter em uma crosta endurecida... Essa crosta oferecia
o perigo de se rachar a qualquer momento, lançando o viajante a uma pasta que
lem,brava manteiga semiderretida e que o engolia em poucos minutos. Era mais
perigosa ainda que o traidor fesh-fesh (areia movediça), o solo arenoso, sem
apoio, onde, subitamente, homem e camelo desapareciam como se nunca tivessem
existido.
"Os tuareg espetam as estrelas com suas lanças para,
com elas, iluminar os caminhos..." Um belo ditado do deserto, ,nada mais
que uma frase, mas quem a inventou conhecia bem aquelas noites e
aquelas estrelas, e sabia também o que significava
contemplá-las horas a fio, de
tão perto.
Três coisas o fascinavam desde criança, o fogo, o mar
arrebentando contra as rochas e as estrelas em um céu sem nuvens. Olhando o
fogo, esquecia-se de pensar; olhando o mar, afundava nas lembranças da
infância; contemplando a noite, senti-se em paz consigo mesmo, com o passado, o
presente e até quase em paz com seu próprio futuro.
O eterno vento do deserto tinha varrido seus cumes durante
milhões de anos, despojando-os de todo rastro de terra, areia ou vegetação, e
sua aparência era a de uma infinita rocha nua, reluzente, castigada pelo sol e
fraturada pelas brutais diferenças de temperatura entre o dia e a noite. Os
viajantes, que em algum tempo haviam atravessado aquelas montanhas, garantiam
que nos amanheceres se ouviam vozes, gritos e lamentos, embora se tratasse, na
realidade, do estalido das pedras aquecidas, quando a temperatura baixava
bruscamente.
"As palmeiras amam ter a cabeça no fogo e os pés na
água", garantia um, velho provérbio. Diante dos olhos dele, a plena confirmação:
estendendo-se até quase se perderem de vista, levantavam seus penachos ao céu
mais de vinte mil palmeiras, sem se importarem com o calor
escaldante, porque suas raízes se afundavam firmemente na
água clara e fresca de cem mananciais e inumeráveis poços.
O calor opressivo
afundou-o em uma sonolência inquieta, num arremedo de sono, do qual despertou
sobressaltado, mas sobressaltado por aquele mesmo silêncio, aquela quietude e
aquela angustiante sensação de vazio, suando abundantemente e sentindo uma
quase dor nos ouvidos, como se o tivessem afundado, de repente, em um universo
oco, até o ponto em que murmurou algumas palavras, com o único objetivo de escutar
a si mesmo e comprovar que ainda existiam sons na terra.
Era outras a luzes, mas não outras as sombras, uma vez que
não havia objeto algum capaz de projetar a menor sombra sobre a branca planície
ilimitada. As últimas dunas morriam mansamente, como línguas sedentas ou como
longas ondas de um mar sem força sobre uma praia sem fundo, caprichosa
fronteira que a natureza se impusera sem razão aparente, sem
explicar a ninguém porque ali acabava a areia ou porque
começava a planície.
Insh"Allah!
Porque teria querido Deus, capaz de tudo imaginar, plasmar
ali, de maneira tão
flagrante, a realidade do mais absoluto dos nadas?
Tinha razão Gacel, e o vento acabava no limite mesmo das dunas,
para dar passagem a um ambiente rarefeito, onde em menos de cem metros a
temperatura aumentava quinze graus, como uma bofetada de ar quente, que impelia
o caminhante a retroceder em busca da doce proteção do mar de areia que, até aquele
momento, parecia insuportável.
O tuareg era o único povo, dentre todos os povos islâmicos,
que, embora seguindo fielmente os ensinamentos de Maomé, apregoava a igualdade
dos sexos,e as mulheres deles não apenas jamais havia coberto o rosto com um
véu - à diferença dos homens - , como gozavam de absoluta liberdade até o
momento de se casarem, sem a obrigação de prestar contas de seus atos nem aos
pais, nem ao futuro esposo, que, geralmente, era escolhido por elas, atendendo
seus sentimentos.
Eram famosas no deserto as "Festas de Solteiros"
dos tuareg, os Ahal, quando rapazes e moças se juntavam para cear à luz do
fogo, para contar histórias e tocar o amzad de uma só corda, dançando em grupos
até altas horas da madrugada.
Então as mulheres tomavam a palma das mãos dos homens que
queria e traçavam sobre ela
desenhos cujo significado só os de sua raça conheciam,
indicando o tipo de ato de amor que desejavam para aquela noite.
E, seguida, cada casal se perdia na escuridão, para buscar
nas dunas, sobre a macia areia e a
branca gandurah estendida sobre ela, a satisfação dos desejos manifestados
na palma da mão escolhida.
Para um árabe tradicional, zeloso da virgindade daquela que
haveria de ser sua esposa, ou da honra da filha, tais costumes excediam os
limites do simples escândalo, e Abdul sabia de países, como a Arábia e a Líbia,
e regiões de sua própria pátria, onde, por muitíssimo menos, se apedrejava ou
cortava a cabeça dos culpados.
"... Vejam como as lutas e as guerras a nada conduzem,
porque os mortos de uma lado com os mortos do outro se pagam..." Sempre os
ensinamentos do velho Suílem; sempre à volta a mesma história, porque a realidade
era que podiam mudar os séculos e, inclusive, as paisagens, mas os homens continuavam
sendo os mesmos, e se convertiam afinal nos únicos protagonistas da mesma tragédia
mil vezes repetida, por mais que variassem o tempo e o espaço.
"Afinal, quem é que tem a pretensão de não ser louca?... Loucos somos todos, e livre-me Deus dos verdadeiros ajuizados, que esses são piores que o diabo!
- Florbela Espanca -
Eu gosto dos loucos em geral e gosto dos ajuizados no particular. O que não suporto, mesmo, é dos certinhos, "normais" que fazem cara de samambaia para as afecções que a vida produz.
Gosto dos que inventam e desinventam baseados no diálogo que fazem entre as suas loucuras e sanidades. Aqueles que ficam parados na linha tênue que separa esses dois mundos e práticas me dão ojeriza, com j e com z, tal como aprendi (na ortografia e) na vida.
A capacidade de adaptar, adequar, de forma não sectária e sem desejo de absoluto, a sanidade e a loucura com os meios de produção do dentro e do fora... nas relações consigo e com o outro - qualquer outro - configura-se como uma tarefa mágica, cheia de prazer e descobertas que variam ao infinito das possibilidades da vida em nós.
O Tempo entrou em cena entre o aflorar da intenção e o ato que se seguiu.
Com o despertar; com aquilo que faz existir, impõe se também o tempo, que faz desaparecer. Aquilo que faz existir e faz desaparecer, as duas potencias impalpáveis que precedem todas as outras, às quais retornamos todos, aparecem juntas, toda manhã, na figura daquela que é "a mais bela de todas", atrás da qual se entrevê um cortejo interminável de cópias, tão belas quanto ela. E, paralelos a elas inúmeros rostos que a observam: os mortos, os nonatos. "Foram-se os mortais que viram resplandecer a primeira Aurora. Por nós agora ela se deixa contemplar. E eis que chegam aqueles que a verão nos tempos futuros."
Mas de que outra coisa se podeia cogitar? Brahma mergulhava em si mesmo e encontrava a melancolia de quem entende demais e não sabe a quem falar. Foi isso, exatamente, o que nele se iluminou.
Por que o simples fato de vê-la, tocava-o no único ponto onde sentia não possuir resistência?
Se em toda palavra se encerra o assassínio da coisa que espera desde sempre uma reparação, desses nomes emana uma substância macia e irradiante que em vão procuraremos entre as coisas que são. E mesmo nessa substância existe o indício de alguma reparação.
Tocaram-se na ponta dos dedos. Naquele instante Brahma compreendeu o que é o contato: um estremecimento e uma revelação.
Brahma estava taciturno, oprimido. Aqueles seus filhos nascidos da mente pareciam-lhe vazios, tolos. Não entenderiam nunca o que significa, o que pode significar - na condição de perigoso, incongruente, fugidio, louco, opaco - o existir. Eram nascidos da mente, possuíam leveza e mobilidade, mas não tinham mais consistência do que fogos-fátuos. O mundo corria o risco de permanecer para sempre como um farrapo de tecido macio e vaporoso, que oscila ao vento sem existir.
É difícil suportar a beleza da vida com você.
Sati teve a sensação de que seu corpo existia pela primeira vez. Sentiu não que Shiva penetrava nela, mas que Shiva abria-se para ela, como uma vasta cavidade e a acolhia em si.
O coito de Shiva e Sati durou vinte e cinco anos, sem que Shiva vertesse nela o sêmem. Como um elefante aprisionado, Shiva não podia se mexer senão tocando o corpo de Sati. Quando falavam, brincavam.
Durante a cerimônia nupcial um brâmane me sussurrou que você me aceitara só porque é devotado a seus devotos. Mas o que significa essa devoção? Quero o conhecimento." ... "A devoção por você não me basta", disse Sati. "Você não precisa dela. Você é eu. Esse é o conhecimento. Nada mais que três palavras", disse Shiva. "E você, o que é?", perguntou Sati, com súbita doçura, estudando seu amante. "Eu sou isto", disse Shiva. "O que é isto?", insistiu Sati, como uma menina teimosa. "Isto que faz saber que estamos falando. Mas não devemos falar mais", disse Shiva, e recomeçou a desfiar, lentamente, como centenas de outras vezes, os braceletes dos pulsos de Sati.
Também essa, que era uma ferida recente, aberta, atravessava suas fibras de um extremo a outro, parecera fazer parte dele desde sempre. Cada amante ama, antes de tudo, uma ausência. A ausência vem antes da presença na ordem hierárquica. A presença é apenas um caso particular de ausência. A presença é uma alucinação com certa durabilidade. Mas isso não diminui em nada a dor.
Parvati adora não entender. Para ela, o escuro era o que atraia acima de tudo. O que a circundava ali, ao contrário, era transparente demais. ... "Já é imenso só o prazer de vê-la", pensou Shiva. "Como será o de abraçá-la?"
O orkut, apesar de todas as suas mudanças, ainda é um local-lugar onde belas coisas acontecem.
"Belas coisas" é um generalização.
Refiro-me à poesia e a beleza, quando elas andam de mãos dadas com amizade e expressões genuínas de afetos.
Quando cheguei lá, me deparei, entre outras beldades, com o que está abaixo: Que lindo!
"Vejo a imagem da paisagem e do rosto da criança e penso: nunca precisamos tanto de tanta leveza e serenidade verdejante como agora. Grato por tudo e perdoe-me pelo silêncio. Beijos em teu coração. Amo-te, meu amigo".
(Do Carlos, comentando uma das postagens abaixo, nesse blog e que também foram postadas lá, no orkut).
.....................................
Mesmo quando não estou pensando em você, sinto um pensamento
constante a seu respeito, como a música que acompanha os filmes.
- Clarice Lispector -
...
Tenho dias em que todas as pessoas me dão a impressão de
pequeninas figuras de papel sem expressão, sem vida...
... amigas tenho as que toda a gente tem. Amigas... conhecidas, por outra, tenho
muitas, principalmente nesse meio de luxo e opulência em que a principal felicidade
consiste num chapéu ou num vestido da moda. Eu não as entendo, nem elas a mim me
entendem, e eu não sei se serão elas ou eu a razão, neste mundo em que cada um vive
para si. Eu sou refratária a todas as altas questões de elegância, e se um vestido ou
um chapéu me encanta é apenas pela porção de arte que eles podem conter,
e nada mais.
- Florbela Espanca -
...
"Essa sua veia inventiva é tudo de bom. Quantas coisas bonitas!!!
Neste seu MOVIMENTO, a emoção, a beleza, a leveza
me deixam pra lá de encantada".
(Da Witch, comentando postagens que fiz na página dela)
E, então, afetado que estava com minha tarde de trabalho no
consultório, onde alguns "pacientes" -mas um, em especial)
falavam sobre a arte, a beleza, as energias, os afetos que se
produzem na gente... as críticas que nos fazem por sermos
críticos... sobre a "vontade de aplauso" e a necessidade
de vivenciar "o belo" em nossas vidas (o que incluiu, "por
em análise" as nossas escolhas... profissionais, estéticas,
as práticas cotidianas que se vinculam com o que de positivo
(vibrante, feliz, alegre e vivaz) se apodera de nós, ou não...
E, também, afetado que fiquei com as belezuras que reproduzi
aqui... (sim, pois onde mais poderíamos VER essa imagem belíssima
azul acima, senão no orkut ou em algum site que hospedo imagens?
Certamente que não no Facebook.), escrevi para Witch:
Hoje tive um linda oportunidade para falar sobre o encantamento e sua
relação dialógica com o encantado e o encantador na minha prática
clínica com "um paciente impaciente"... e suas relações com o que nos
afeta e em que afetamos... tudo misturado com ARTE... e suas
derivações... Essa pessoa, "o paciente" foi à Opera no Teatro do centro histórico da
cidade... e começou descrevendo isso e como se sentiu... em relação a
isso mesmo e mais a sua companhia, a peça em si e suas escolhas ao
longo da vida... ficou triste... na ocasião, mas apenas o tempo de
perceber, em sessão, "a crise aguda de arte poética" que estava
vivendo... e procurandp dar sentidoS (kkkkkkkkkkkkkkkkk o termo foi
meu.... kkkkkkkkkkkkkk) a isso. Foi delicioso. Suspeito que esse MEU deliciamento começou com os seus scraps, que me deixaram encantado também...
... já que eu tinha entrado antes de atender aqui e os li/vi...
Clarice e Espanca são danadas de maravilhosas e vou juntá-las para um post no (omitido) blog... logo mais. Aquela imagem azul: um estupor de linda!
Se
estamos, ambos, encantados... é porque estamos (somos?) kkkkk)
encantadores... mas, o ENCANTO... esse é da arte em si... digo, a ela
pertence e nos vence: atravessa e rompe as fronteiras... tipo isso. Thanks my dear. Very much.
Ele,
o paciente-impaciente, falou sobre os aplausos na ópera (15 min) e
sobre como nunca os terá e gostaria de ter tido e ter. Eu falei sobre
os aplausos como expressão da celebração da arte e do belo... que se
pessoaliza. Somos aplaudidos com e de tantas formas: um olhar, um sorriso... um reconhecimento. Aplausos que não são feitos com as mãos. Fez muito sentido para ele e de uma forma não conformista! E para mim também!
Sinto que você fez isso comigo - de novo - hoje.
E eu estou fazendo com você, embora esteja, paradoxalmente, usando as mãos para escrever esse texto... kkkkkkkkkkkk
Você celebra, e portanto aplaude, tanto e meu blog e scraps, que eu realmente me sinto gratificado. Em estado de arte. En-can-ta-do.
.........................................
É como no texto da Florbela Espanca - no qual me reconheço:
A arte que está na imagem, na edição, no poema, na intenção e intensão* (ação-intensiva) é que me encanta.
E, mas precisamente, é nesse conjunto que está a beleza do encanto.
NÃO SÓ OS APLAUSOS DA PLATÉIA, MAS OS NOSSOS PARA ELA E TUDO AQUILO QUE SE FAZ VIBRAR DENTRO DE NÓS QUANDO... VIVEMOS ISSO!
* Intenção tem sua origem na palavra em latim intentio e se refere a um propósito, um plano, um desejo, uma ideia, uma aspiração.
Intensão tem sua origem na palavra em latim intensio e se refere a um aumento de tensão, de força, de energia.
Também me lembrei do post abaixo: Uma variação sobre esse tema (esses temas)
Salvei essa imagem com o nome "platéia". O objetivo era fazer um outro post...
É assim que eu fico - hipnotizado - ao ler e ouvir Fernado Pessoa! As palavras dele soam como as mais lindas músicas aos meus ouvidos. Sons do que se passa dentro e fora de mim.
Não. Não são ouvidas só com os ouvidos, mas também com a alma, o coração, o cérebro.
Palavras lidas... por inteiro.
...
Quem está hipnotizado por quem? Será o menimo, que não consegue parar de tocar, dada a atenção inequívoca do gato? Será o gato, que interrompeu sua jornada para ver e ouvir o menino tocar sua flauta?
Quem é platéia de quem?
A "ouvidoria" de um pode ser muito melhor do que a de muitos.
Ver... saber ver... Ouvir, saber ouvir...
Há um en-tu-si-as-mo atravessado aqui. E é mútuo.
Essa pode ser uma das expressões do desejo e... que nada tem a ver com a vontade ou a falta dela (da platéia).
Não sei diferenciar uma da outra em palavras, mas são exemplos:
- O movimento sempre igual E sempre diferente das ondas do mar.
- Aquele jeito de mexer a cabeça. De caminhar. De sorrir. De chorar. De correr. De se levantar...
- Um jeito de cruzar ou descruzar as pernas (Sheron Stone o mostrou, mas não só ela!).
- Um movimento furtivo (ou até mesmo premeditado) de ajeitar os cabelos...
- Passar baton e creme nas mãos.
- Levantar o braço para receber a bola (num passe).
- Aquele movimento dos cílios, alongados ou não, de homens e de mulheres,
ao abrir/fechar/mover os olhos.
E também nas Drag Queens.
- A fumaça do incenso que se mescla à chama da vela
(ou que se movimenta livremente ao sabor do movimento do ar...)
- O vôo de um pássaro.
- As metamorfoses do dia em noite e da noite em dia.
- As cortinas e os tecidos (calças, vestidos, saias, bermudas, lenços, echarpes e mantas)
que (se) balançam ou se rossam...
- O balançar das folhas nas árvores.
- O pulo do gato.
Enfim, tem uma infinidade.
Existe, também, uma beleza da inércia (extremamente bem retratada no poema abaixo), momento em que se deseja que aquilo dure para sempre, que se congele e que fique perene ao sabor do nosso (desejo de) olhar.
São exemplos:
- Aquela pintinha no pescoço que só aparece naquele ângulo de inclinação da cabeça.
- Aquele jeito (de alguém muito especial) colocar seu corpo enquanto dorme.
- O olhar perdido no tempo e no espaço, olhando para nada ou para dentro.
- Um jeito de cair sobre a grama - de exaustão, ou frustração - e ficar absolutamente imóvel, por segundos ou minutos... para se recuperar e... se integrando completamente à natureza circundante.
- A expressão dos olhos E do olhar que não entendeu e interroga.
- A expressão dos olhos E do olhar que entendeu tudo e nada comenta.
- A imobilidade quieta na meditação.
- A aparente imobilidade e quietude da natureza antes da chuva.
- A expressão do rosto imóvel que tenta não demonstrar o que está sentido
(uma máscara de seriedade e indiferença estudadas que nada mais é do que "estar muito afetado"
(pelo acontecido/acontecimento).
- A curva da nádega, acompanhando a perna que está levantada.
- A expressão indecifrável, incógnita e indizível que assumem alguns rostos...
- N outras expressões afetivas inclassificáveis (e também muitas classificáveis).
- A expressão que alguns rostos exprimem ao experimentar a paz.
- Um quadro que nos toca nos remete a... universos.
O Amor da Sabedoria Tem Falta de Amor A sabedoria deve saber que traz em si uma contradição: é louco viver muito sabiamente. Devemos reconhecer que, na loucura que é o amor, há a sabedoria do amor. O amor da sabedoria - ou filosofia - tem falta de amor. O importante, na vida, é o amor. Com todos os perigos que carrega. Isto não é suficiente. Se o mal de que sofremos e fazemos sofrer é a incompreensão de outrem, a autojustificação, a mentira de si próprio (self-deception), então a via da ética - e é aí que introduzirei a sabedoria - está no esforço de compreensão e não na condenação - no auto-exame que comporta a autocrítica e que se esforça por reconhecer a mentira de si próprio. - Edgar Morin -
Os olhos foram feitos para ver coisas insólitas,
fez-se a alma para gozar da alegria e do prazer.
O coração foi destinado a embriagar-se
na beleza do amigo ou na aflição da ausência.
A meta do amor é voar até o firmamento,
a do intelecto, desvendar as leis e o mundo.
Para além das causas estão os mistérios, as maravilhas.
Os olhos ficarão cegos
quando virem que todas as coisas
são apenas meios para o saber.
O amante, difamado neste mundo
por uma centena de acusações,
receberá, no momento da união,
cem títulos e nomes.
Peregrinar nas areias do deserto
nos exige suportar
beber leite de camelo,
ser pilhados por beduínos.
Apaixonado, o peregrino beija a Pedra Negra
ansioso por sentir mais uma vez
o toque dos lábios do amigo
e degustar como antes o seu beijo.
Ó alma, não cunhes moedas com o ouro das palavras:
o buscador é aquele que vai
à própria mina de ouro.
Pode demorar um pouco para abrir completamente. Há muitas imagens, links e postagem longas. É preciso ter paciência, algo incomum na sociedade individualista, veloz e de consumo.
Aqui as informações não estão para serem consumidas; antes disso, estão para serem tratadas como... pequenas jóias de beleza, pedras de conhecimento, assopros de sabedoria, vindos de muitos mestres. Mestres filósofos. Mestres orientais. Mestres anônimos. Mestres cientistas. Mestres espirituais e espiritualistas. Mestres sem classificação.
Pequenas tentativas de transformar este mundo num- mundo-melhor-para-vivermos: a cada dia renovado, inventado, criado, produzido! Gosto de conversas... de concordâncias e discordâncias. Considero a divergência fundamentada bastante saudável! Neste menu da direita, mais abaixo e nos comentários das postagens, você encontra lugar-espaço para trazer suas opiniões. Seja bem vindo !
Sobre esse blog
"Psicologia e Vida Livres", um nome estranho, o desse Blog, já que não existe liberdade, nem na Psicologia e nem na Vida.
O que existe são LIBERDADES! Cada uma delas na dependência de várias coisas, simples e complexas, mas ainda assim, na dependência de algo, ou de alguém!
Então... nessa dialógica da liberdade e da prisão, ou melhor dito, das liberdades e das prisões... vou tentando postar sobre "As Coisas da Vida e da Vida das Coisas".
Minhas lentes e meus olhares são composições híbridas que se criam através do cruzamento, do choque, da colisão de linhas transversais entre a esquizoanálise, a poesia, a história, a filosofia, o cotidiano, a política, a vida, a morte e as artes em geral.
Que Coisas da Vida?
Estas que pegamos na mão e dizemos:
- "É assim."
- "Está assim."
Aquelas que não conseguimos pegar na mão e ... dizer... "é ou está assim."
Estas que tem início, meio e fim. O que é previsível, esperado e "natural".
Estas em que sabemos só o início; só o meio; só o fim.
Aquelas que são inesperadas, inusitadas, imprevisíveis, incontroláveis e indizíveis.
Estas e aquelas que são simples e estas e aquelas que são complexas.
Que Vida das Coisas?
Tudo aquilo que tem um fim, que termina, que acaba, que morre, que se transforma num algo-outro e diferente.
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Sou honestamente ácido e docemente acolhedor.
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Sou fiel a mim próprio e... me traio com muita facilidade, já que estou constantemente me desmentindo e recompondo nas idéias e nos sentimentos.
Aprecio conversas intimistas, profundas (e sem fundo!) que levam ao descobrimento das leis que regem as relações entre o simples e o complexo.
Amo as verdades de cunho perene, absoluto... e seus desdobramentos relativos.
Gosto e respeito pessoas afirmativas, posicionadas... e me seduzo facilmente pelo mistério e pelo indefinido... delas e das situações.
Busco viver intensamente os momentos... mesmo que isso signifique, eventualmente... não fazer nada e ficar imóvel, numa pura contemplação!
Sou instável, muito instável... dentro dessa minha estabilidade: tenho aspirações ao absoluto, embora esteja, mais freqüentemente, vivendo as relatividades. (Cerriky - Cesar Ricardo Koefender)
Eu no que sei sobre...
Sou um sujeito simples, que aprecia as coisas simples e as pessoas simples... embora transite frequentemente nas complexidades... num emaranhado de eus múltiplos: amo a liberdade de expressão e cultuo a informalidade... sou avesso às relações amarradas que amputam as possibilidades de exercício do expontâneo e do singular. (Cerriky - Cesar Ricardo Koefender)
Mais sobre mim
Procuro melhorar a cada dia minha condição de ser humano e espiritual: estou em constante crise... cheio de questionamentos nessa busca: como acionar um "devir espiritual" e para ele criar um corpo de expressão?
A busca e o progresso são inconstantes, seguros, incertos, instáveis e impermanentes, mas nem por isso, menos verdadeiros: descobrir acerca de si próprio e se relacionar com as pessoas constitui-se numa das mais difíceis tarefas da vida: sigamos em frente... sempre!!! (Cerriky - Cesar Ricardo Koefender)
Tempero da Vida
Amor, amor, amor!!! E todos os seus derivativos, sobrepostos, superpostos, laterais e coadjuvantes!!!
JORGE DE LIMA (1895-1953)
-
E tudo haveria de ser assim, para contemplar-te sereno, ó morte,
e integrar-me nos teus mistérios e nos teus milagres.
Agora vejo os Lázaros levantarem-se
e...
eclipse solar total 08/04/2024
-
eclipse solar total 08/04/2024“Os planetas em locais desfavoráveis não
causarão nenhum dano se a pessoa tomar banho todos os dias (em águas dos
rios sagra...
só existe porque há luz... e é proporcional a ela!
Akenaton
Meu faraó preferido! Um herege... precursor.
Vishnu
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Observar é agir... inter-agir
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Om
Palavra sagrada do Hinduismo
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No espiritismo, ela pode ser feita em qualquer lugar: é uma "conversa" íntima e direta!
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Bergsonismo
Caosmose
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Compêndio de Psiquiatria Dinâmica
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Introdução à Esquizoanálise
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O Inconsciente Institucional
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O Paradigma Perdido
O que é Filosofia?
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Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo
Teoria do Vínculo
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Taoismo:Yin e Yang
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Tons escuros...
eu também gosto!
Beleza escura
A noite é... mágica
Em todo deserto há...
vida! Dentro de nós também.
Mais fractal
animation gif
Meditar é preciso!
Energia pura!
Jesus Cristo, o rabi
Mestre do Cristianismo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei
Tempo, horas. Que tempo? Quanto tempo?
O tempo ... é marcado no relógio e fora dele.Há tempos e tempos: para cada coisa, um tempo.Para muitas coisas, o mesmo tempo. Divagações improdutivas acerca das horas.
Alegria e humor...
trazem renovação.
Não adianta nada...
mas acontece... rsrsrrss
Se tem a tulipa negra...
tem a rosa negra também.
Incenso: adoro...
... todos os aromas. Florais, cítricos, amadeirados, de ervas, adocicados, misturas e aromas criados. Beleza, suavidade e simbolismo... energias renovadas.
Prece
Você faz a sua; eu faço a minha... e o mundo fica melhor!
Música e Musicalidades
Arte e Vida!
Bom humor, capacidade de se espantar e rir das coisas...
é um dos sinônimos de inteligência racional e emocional
Padmine incense
made in India
Bebê...
que lindo sorriso.
Cores
e aromas
Ursinhos, pelúcias: crianças, amigos, carinho...
afetos, aconchegos: é tão bom!!!
Ler, leitura:
é descobrir, se espantar, viajar... prazer!
Um... druida
diz algo a você?
Relaxar...
e ficar entregue... é tão bom!
Parte...
Todo...
Lótus
a flor sagrada do oriente
Lindos olhos dessa mulher indiana
... em Nova Delhi.
Fractal...
torcido, girado...
O ser humano...
... é um enigma bárbaro. Um bárbaro mistério...
De "saia" na mesquita...
Jama Majid, em Delhi.
Eu no Nepal
com a inseparável coca-cola
Contrastes
em tons terra
Simboliza tudo o que
... é adorável e lindo!
Vamos lá...
escreva um email ou um scrap para mim
Anjos... existem.
Você acredita?
De gênio, médico e louco...
... trodo mundo tem um pouco! Pouco?
Fênix
re-pós-surgir das cinzas ... sempre
Chakras e suas cores
Meditar é legal!
Idas...
caminhando pra frente
E vindas...
Vontando e ... seguindo em frente novamente: assim são as aprendizagens!