07 junho, 2013

Que mundo é esse? - Notícias de jornal e o espanto, parte 12.957



Que mundo é esse?

Governo americano tem acesso a 121 milhões de clientes de telefonia fixa e móvel da empresa Verizon com aval da justiça e conhecimento do Congresso. Alegam que a medida é para saber quando terroristas ou suspeitos estão se envolvendo em atividades perigosas.

Em Dresden, na Alemanha, policiais e exército estão, com a ajuda da população... colocando sacos de areia para proteger a cidade e conter o avanço das águas do rio Elba.

Estuprador foi enterrado vivo na Bolívia por uma multidão em fúria que o atacou, surrou e colocou na fossa com as mãos amarradas e a barriga para baixo. O caixão da sua vítima foi colocado... sobre ele... ainda vivo.

O corpo de uma mulher que morreu depois de ter se submetido a cirurgia plástica... foi retirado do velório para ser levado por técnicos ao DML para fazer um exame de sangue. O motivo para tal... foi coletar
material para fornecer provas... caso a médica - que fez a cirurgia - venha a ser processada criminalmente... no futuro.

Ao explicar o funcionamento do cérebro, o neurocientista coordenador de projetos científicos do Instituto do cérebro da PUCRS,  André Palmini surpreendeu os participantes do Festival Mundial de Publicidade de Gramado trazendo exemplos de como as decisões humanas são estimuladas. Pela primeira vez, o evento
contou com profissional da saúde para abordar as sensações diante da propaganda.
As decisões são tomadas com a razão ou a emoção?
Um dos palestrantes, Dado Schneider, brindou o público com essa inacreditável descrição: "O coração tem uma embaixada no cérebro, que se chama emoção. Essa vai direto para o inconsciente, que é quem decide se o público irá comprar, aderir, curtir a ideia, por exemplo".
Ainda, segundo o "grande mentor do Festival de Gramado", João Firme... "deixamos de concorrer com Cannes e passamos a ter um foco mais voltado para a educação... os participantes têm acesso a informações que jamais teriam conhecimento... estamos acompanhando com correção a evolução".

A tarifa dos ônibus em Porto Alegre pode ir a R$3,05... de novo.

A polícia investiga morte de sequestrador que teria se suicidado, pois... há suspeitas em decorrência do lugar "inviável"em que seu corpo foi encontrado.

Uma adolescente de 17 anos matou e queimou o corpo da mãe em Cachambi, zona norte do Rio de Janeiro e disse que o motivo para tal foi para ter mais liberdade como namorado, de 20 anos. A polícia suspeita de que o casal possa ter premeditado o crime para receber os 15 mil reais do seguro de vida da vítima.

As notícias acima não foram retiradas de algum jornal sensacionalista e nem foram cuidadosamente selecionadas de diferentes periódicos e fontes ao longo do último mês... ou dos últimos meses. Elas estão, TODAS ELAS, na edição de hoje do Correio do Povo... são todas do mesmo dia!


A ciência, a técnica e a razão, tomadas separada e individualmente ou tomadas em seu conjunto já não respondem mais às complexidades do real que se produz no cotidiano de nossas vidas humanas. (Humanas?)
Um real que parece ficcional.
Surreal.
Hiperreal.
Cada uma das noticias citadas põe a nú as dificuldades de compreensão dos acontecimentos e das inúmeras variáveis que se engendram na produção de cada caso.
Como é possível que num pais desenvolvido como a Alemanha... se coloquem sacos de areia...  como na Idade Média... e antes disso?

Como é possível haver tantas divergências sobre o cálculo da passagem de ônibus na capital dos gaúchos? Alguns afirmam que ela poderia DIMINUIR ... e, outros, aumentar... De acordo com a maneira de fazer o cálculo e de acordo com diferentes recursos jurídicos, há diversas maneiras e argumentos para defender ferrenhamente cada uma das possibilidades... opostas entre si.

A vida vale tão pouco que se mata para ter mais liberdade com o namorado? Que se enterra uma pessoa viva, machucada e amarrada... embaixo do caixão de sua vítima? Que se tira o direito de velar um corpo... para tentar produzir provas... e livrar de acusações futuras?

A ciência, a técnica e a razão (e no caso do Festival de Publicidade em Gramado, a emoção também) utilizadas como ferramentas para criar, desenvolver  e aumentar o consumo, a venda de produtos... e  seduzir o público para comprar mais e obter mais lucro com as vendas. Tudo isso com aval e "garantias científicas"?

A seguir nesse ritmo... logo mais, teremos, ao invés de "sorria, você está sendo filmado", teremos... NÃO PENSE, SEU PENSAMENTO ESTÁ SENDO FILMADO.

Precisamos cada vez mais,
pensar mais e melhor
e fazer
a "Reforma do Pensamento",  como dia Edgar Morin...
admitindo que somos sábios e dementes ao mesmo tempo...
e buscando a lucidez... que considera a onipresença da possibilidade do erro.

Que mundo é esse?
Um mundo muito louco e complexo, tão complexo... que qualquer explicação simplista. redutora e separada dos contextos em que são produzidas as situações... dá com os murros n'água... e se revela inoperante, ineficiente e inadequada e, portanto... só oferece explicações igualmente simplistas, redutoras e descontextualizadas.

Lembro daquela música... que diz... "tá todo mundo louco, oba... tá todo mundo louco, oba"...
Daria para escrevê-la de outro jeito: tá todo mundo louco.

Os consultórios de (nós) psicólogos e psiquiatras... deveriam estar cheios e com gente fazendo fila nas escadas e dobrando a esquina... por que mesmo que não é isso que acontece?

Eu acho que "todos" deveriam consultar um psicólogo e sou um franco defensor do acompanhamento psicológico (psicoterápico ou não) em diferentes situações da vida e DE morte... e não só para os loucos "de atar em poste com corrente... para não roer a corda"... mas principalmente para os que efetivamente querem trabalhar - e se trabalhar - para não enlouquecer, adoecer...  psiquicamente, existencialmente, espiritualmente, socialmente, profissionalmente... filosoficamente.

O que está muito louco é o mundo e as formas de viver nesse mundo.

As pessoas - que são simultaneamente produtoras e produzidas por esse imundo-mundo... podem arranjar vias de escape dessa prisão ao ar livre (e sem correntes VISÍVEIS)... desde que aprendam a pensar de forma (s) diferente (s).

Eu realmente me senti mal ao ler tudo isso hoje... e o que eu estou dizendo... é que eu estou filmando o meu pensamento e o meu sentimento de mal-estar... e estou compartilhando com quem tem (ou quer ter)...   lentes...  para ver, perceber essas... invasões bárbaras.

Será mesmo que atualmente se pode ler um jornal ou uma revista ou, ainda, assistir a um telejornal sem se afetar pelas condições desse mundo loco, louco mundo?
Será que não somos mesmo afetados pela técnica, pela ciência e pela razão... à serviço da mídia, do consumo, do lucro e da produção de verdades dissimulas?

Vamos pensar diferente.
Cada vez mais e melhor?

(Cesar  R K )



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