28 julho, 2014





...Olhar-se ao espelho e dizer-se deslumbrada:
Como sou misteriosa. Sou tão delicada e forte.
E a curva dos lábios manteve a inocência.
Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado 
ao espelho
e se surpreendido consigo próprio.
Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto 
a ser olhado.
A isto se chamaria talvez de narcisismo, mas eu chamaria de:
alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior 
os ecos da figura interna:
ah, então é verdade que eu não me imaginei, 
eu existo.

Clarice Lispector

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