"Não quero ter
a terrível limitação
de quem vive apenas
do que é passível de
fazer sentido.
Eu não: quero uma
verdade inventada."
a terrível limitação
de quem vive apenas
do que é passível de
fazer sentido.
Eu não: quero uma
verdade inventada."
(Clarice Lispector)
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De um modo mais genérico:
se é o fluir que procuramos,
é na experiência da fluidez que vamos encontrá-lo
(no mar, no rio, no ventar...), não nas idéias
ou nos conceitos prontos.
Assim é que propomos que não há outro modo
de conhecer - e isso se aplica tanto à arte,
à clínica, à política quanto à ciência -
senão pela experimentação.
Isso provoca um ferimento inevitável
na prepotência narcísica racionalista, porque, daí,
uma coisa se torna óbvia:
o pensamento não será mais exclusividade da filosofia,
mas imanente à própria invenção da vida,
ou seja, passará a ter, através dos corpos,
uma função eminentemente política.
Quando os devires podem usinar o pensamento,
ele se fará passagem, invenção e não paralisia
e unificação, porque as forças do devir
- e não formas -
agem por meio de desterritorializações,
inoculando potências disruptivas
no referencial das significações dominantes.
Pode-se entrever, assim, as consequencias políticas
dessa perspectiva: se a produção de conhecimento engendra
afetos que perpassam o corpo, ela pode mobilizar o desejo
nas direções mais diversas. Logo, estamos
ética e politicamente envolvidos com
o conhecimento que produzimos, porque,
mais do que uma operação neutra e
unidirecional, produzir conhecimento significa
produzir mundos nos quais também habitamos,
ou seja, não somos, jamais, imunes às suas consequencias.
Nossos saberes tecem poderes
que nos enredam também em suas malhas.
é preciso, portanto,
experimentarmos os modos de conhecer
como modos de vida.
(Em: corpo, arte e clínica. Ed. UFRGS)
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"Não quero prosseguir", diz Zaratustra,
"não sou daqueles que buscam,
quero criar para mim meu próprio sol".
(F. Nietzsche)
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