06 agosto, 2009

O guru e o discípulo falam sobre beleza, êxtase, terror e razão em "Jogos Sagrados"







"...Na beleza reside o êxtase.

...

"Exatamente", Guru-ji me disse certa tarde. "Mas não só o êxtase. Também o terror."

...
Terror Guru-ji?, falei. "Mas, como?"


"Tudo que é verdadeiramente belo é também aterrorizante."


...

"Guru-ji mas você afirmou que o mundo é lindo por ser ordenado e simétrico. Isso quer dizer que é também assustador?"

...

"Sim, é. Para a pessoa comum, que ve tudo acontecer aleatóriamente, o mundo é deprimente. Quando avança um pouco, começa a ver sua real beleza. Então se dá conta de que tamanha perfeição é terrível, assustadora. Quando a pessoa supera o medo, sabe que a beleza e o terror são a mesma coisa e que é assim porque deve ser. Não há necessidade do medo. Para o mundo ser belo, precisa acabar. Pra cada início há um fim. E, para cada fim, um início."


...

"Simetria?"

Sim Ganesh. Exatamente."


...
"Ouçam seu coração', ele disse. "A razão pode ficar no caminho da sabedoria... A lógica é boa, poderosa, e a usamos diariamente. Ela nos dá o controle do mundo em que vivemos, permite nossa existência cotidiana. Mas até a ciência nos diz que a nossa lógica diária não consegue descrever a realidade do mundo em que vivemos. O tempo se contrai e se expande, Einstein nos mostrou isso. O espaço se curva. Abaixo do nível do átomo, partículas passam umas pelas outras, uma particula pode existir em dois lugares ao mesmo tempo. A realidade propriamente dita, a realidade real, é uma visão maluca, uma alucinação que a mente humana individualista pequena não consegue absorver. Devemos explodir o ego, reconhecer as razões diárias como um carcereiro pequeno e limitador. Vocês devem avançar para além dela, atingir o espaço ilimitado que há ali. A realidade os aguarda neste lugar."

(Fragmentos da conversa entre o discipulo e seu mestre em Jogos Sagrados, de Vikram Chandra p. 700 e 752)



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