Acho que a questão não está em avaliar quem teria mais
liberdade - o homem ou a mulher - mas em apreender
o modelo que funda tanto esse homem quanto essa
mulher: o falocratismo.
E se o que estou dizendo tem a ver, resistir a essa sexualidade
dominante significa ter como alvo tanto um modelo de homem
(o machão, em qualquer uma de suas versões), quanto
um modelo de mulher (a noivinha & a putinha, a esposa e a
amante).
A resistência implicaria em embarcar nos processos de
diferenciação de todos esses modelos, pois com isso é
o próprio falocratismo que estaríamos desinvestindo.
São justamente esses processos que a gente poderia
chamar, citando Guattari, de "devir mulher": devir mulher
do homem, devir mulher da mulher, enfim,devir mulher
da nossa sociedade.
(Suely Rolnik)
...
A história nos mostra que o falocratismo e a hegemonia masculina
são dominantes dentro e fora dos gêneros masculino e feminino.
Assim, o que importa não é o gênero e nem sua diferenciação, mas a
energia, um fluxo em movimento, que possibilita maneiras outras
de ser homem e mulher, para além e aquém desses clichês.
Necessário é que se crie, invente, experimente outras formas
para sair das formas do falocratismo.
(Cesar RK)
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