27 março, 2010

TODOS OS MEUS DIAS, por Ceres Marylise ...ou sobre as atitudes necessárias para lidar com os assaltos mnemônicos





TODOS OS MEUS DIAS
... Ceres Marylise ...

Retornas à minha mente após longo recesso
e nasce um leve pranto, talvez de nostalgia.
Tento romper de vez o mal desse regresso
e recuso-me a aceitá-lo em tenaz rebeldia.

Fraqueja meu sentir e minha força é o verso
a desnudar meu silêncio, fiel melodia,
que conduz e arrasta todo o retrocesso,
vai-e-vem de incertezas e melancolia.

Brisas vêm enxugar algum resto de pranto,
luzes chegam e reclamam carícias que faltam,
mas cansada de amar-te, faltou-me energia.

Agora, sem amarras, meu vôo levanto
e empreendo a viagem enterrando agonias
ao sentir que te esqueço, todos os meus dias.



Mestre, porque é tão difícil esquecer um grande amor?

Responda-me você !

Não sei a resposta. Como saberei?

Observe o que está pensando, quando e como.
Observe o que está sentindo, como está se sentindo e como está sentindo.
Observe, e isso é o mais importante, o que determinou "a volta" disso.

Papo de mago. Você nunca amou, nunca se apaixonou.

Não seja leviano.

...

A volta do que foi - ou do que poderia ter sido - faz parte das artimanhas da memória carente, solitária, fantasiante... que quer mais-daquilo-tudo-novamente.
Também pode fazer parte dos atravessamentos que nos afetam ao ler uma poesia.
Também pode ter relação com apegos imaginários aos possíveis futuros-baseados-num-passado-não-tido.
Também pode estar associado ao desejo de sentir algo intenso, vibrante, forte, passional, quente, estimulante, desafiador... (já perdido ou nunca tido)
De que adianta?
Pode ser mil coisas!

Certo está é que, amarras soltas, levantar vôo se faz prementemente imediato; urgente. 
Já!


Talvez não possamos esquecer 
um grande amor-paixão. 

Mas certamente podemos viver 
(bem!) 
sem ele.

Mas... isso... tem... um... preço.


(De: Lembranças acerca dos amores
e das conversas com o Mago.)

2 comentários:

Dione Coppi disse...

Engraçado Cesar, fica estranho analisar o amor deixando de lado sua própria essência, o sentimento que nos impulsiona para a vida, o próprio amor,usar a razão... rs
Mas acho que amar e perder são sentimentos que andam juntos,acho que nós seres humanos nunca estaremos completos, ora perdemos, ora amamos, vivemos em busca de um, mas nos deparamos com o outro.
Agora, um amor não correspondido ou
apenas sonhado se torna mais fantasioso, pois sempre idealizamos a pessoa amada do jeito que gostariamos e às vezes somos muito exigentes.
Ótima semana...

Unknown disse...

lindo, amei! tudo.. tem.. um preço..
bjs