05 março, 2010

Edgar Morin fala sobre os mitos




Para uma nova relação com os mitos

Não podemos fugir aos mitos.
Para nós, o problema consiste
em reconhecer
nos
mitos
a SUA realidade e não A realidade.

Em reconhecer a SUA verdade,
e não em reconhecer neles
A verdade.

Em não introduzir neles o absoluto.

Em ver o poder de ilusão que segregam constantemente
e que pode ocultara SUA verdade.
Devemos demitificar os mitos, mas não fazer da demitificação
um mito.

Não podemos fugir aos mitos,
mas podemos reconhecer a sua natureza de mitos
e relacionar-nos com eles,
simultaneamente, por dentro e por fora.



Um comentário:

Kátia disse...

Edgar Morin levou-me à poesia épica de Fernando Pessoa:


ULISSES
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade.
E a fecundá-la decorre.
Embaixo, a vida, metade
De nada, morre.


Mitos convivem com a humanidade. Mesmo se falso (isto é, mesmo que não seja nada) "um mito tem o potencial de provocar comportamentos sociais e, portanto, facilitar a evolução de uma nação segundo determinados vectores."

Começo a me apaixonar por Morin:
Não, não podemos fugir aos mitos. Mas podemos reconhecer a sua natureza de mitos e relacionar-nos com eles,simultaneamente, por dentro e por fora.

E você tem culpa nessa história. Hahahahahahahahaha!

.