23 dezembro, 2010

Há algumas pessoas que se destacam para nós na multidão, por Ana Claudia Saldanha Jácomo





Há algumas pessoas 
que se destacam para nós
 na multidão.

Dançam conosco com mais leveza nessa coreografia bela, 
e também meio atrapalhada, dos encontros humanos. 
Muitas vezes tentamos explicar, em vão, 
a exata medida do nosso bem-querer. 
A doçura de que é feito o olhar que lhes dirigimos. 
Os gestos de que somos capazes para ajudá-las 
a despertar um sorriso grande. 
E somente sentir nos bastaria se ainda não estivéssemos 
tão apegados à necessidade de classificar todas as coisas. 
De confiná-las entre as paredes das explicações.


Por elas nos sentimos capazes das belezas mais inéditas. 
Se estão felizes, é como se a festa fosse nossa. 
Se estão em perigo, a luta é nossa também. 
E não há interesse algum que nos mova em direção a elas, 
senão a própria fluência do sentimento. 
Sabemos quem são e elas sabem quem somos e ficamos muito 
à vontade por não haver enganos nem ilusões entre nós. 
Ao menos, não muitos. 
Somos aceitos, queridos, bem-vindos, 
quando o tempo é de sol 
e quando o tempo é de chuva. 
Na expressão das nossas virtudes 
e na revelação das nossas limitações. 
E é com esses encontros que a gente 
se exercita mais gostoso no longo aprendizado do amor.


- Ana Claudia Saldanha Jácomo -


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