Há algumas pessoas
que se destacam para nós
na multidão.
Dançam conosco com mais leveza nessa coreografia bela,
e também meio atrapalhada, dos encontros humanos.
Muitas vezes tentamos explicar, em vão,
a exata medida do nosso bem-querer.
A doçura de que é feito o olhar que lhes dirigimos.
Os gestos de que somos capazes para ajudá-las
a despertar um sorriso grande.
E somente sentir nos bastaria se ainda não estivéssemos
tão apegados à necessidade de classificar todas as coisas.
De confiná-las entre as paredes das explicações.
Por elas nos sentimos capazes das belezas mais inéditas.
Se estão felizes, é como se a festa fosse nossa.
Se estão em perigo, a luta é nossa também.
E não há interesse algum que nos mova em direção a elas,
senão a própria fluência do sentimento.
Sabemos quem são e elas sabem quem somos e ficamos muito
à vontade por não haver enganos nem ilusões entre nós.
Ao menos, não muitos.
Somos aceitos, queridos, bem-vindos,
quando o tempo é de sol
e quando o tempo é de chuva.
Na expressão das nossas virtudes
e na revelação das nossas limitações.
E é com esses encontros que a gente
se exercita mais gostoso no longo aprendizado do amor.
- Ana Claudia Saldanha Jácomo -
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