A casa é branca, branca de cal
(que de todos os brancos é o único que é branco),
debruada de azul, por ser à beira-mar a cor da alegria.
Branca e fechada – não vá o sol que arde nos telhados
penetrar insidiosamente por alguma fresta e incendiar
o silêncio melindroso da alcova.
A obscuridade quase não consente a contemplação
do rosto infantil que ali dorme até ao sol ter amansado.
Só então desperta e se refugia nos braços que já o esperam.
Por este rapazito serias capaz de correr o mundo
a pé-coxinho, se ele to pedisse, ou de entrar pelo buraco
da fechadura só para o veres dormir.
Um comentário:
Hummm… hãn hãn!!!
"... ou de entrar pelo buraco
da fechadura só para o veres dormir."
Eugénio by Eugénio:
"...Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem
fundo, como quem bebe a madrugada."
Lindaaaaaaaaaaa miragem!!! Hahahahahahahaha!!!
Mas... esfregando os olhos, balançando a cabeça, respirando fundo e me movendo com as dunas, acho Eugénio de Andrade o poeta da intensidade, da luminosidade e do amor. Até acho que ele é o intérprete maior de uma espécie de voz coletiva. Revela o desassossego do espírito... Transporta-nos para o mistério da vida... Muitas vezes, em seus poemas, ele consegue fazer crer que nós somos o que resta dos deuses.
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