17 julho, 2010

Morte, John Donne ou All dead, All dead by Queen




Morte
John Donne

Morte, não te orgulhes,
embora alguns te provem.
Poderosa, temível, pois não és assim.
Pobre morte: não poderás matar-me a mim,
E os que presumes que derrubaste, não morrem.
Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem
Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim,
Descansar corpos, liberar almas, é ruim?
Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.
És escrava do fado, de reis, do suicida;
Com guerras, veneno, doença hás de conviver;
Ópios e mágicas também têm teu poder
De fazer dormir. E te inflas envaidecida?
Após curto sono, acorda eterno o que jaz,
E a morte já não é; morte, tu morrerás.


All Dead, All Dead - Queen


She came without a farthing
A babe without a name
So much ado about nothing
Is what shed try to say
So much ado my lover
So many games we played
Through every fleeted summer
Through every precious day

All dead all dead
All the dreams we had
And I wonder why I still live on
All dead all dead
And alone Im spared
My sweeter half instead
All dead
And gone
All dead...

All dead all dead
At the rainbows end
And still I hear her own sweet song
All dead all dead
Take me back again
You know my little friends
All dead
And gone
All dead and gone

Her ways are always with me
I wander all the while
But please you must forgive me
I am old but still a child

All dead all dead
But I should not grieve
In time it comes to everyone
All dead all dead
But in hope I breathe
Of course I don't believe
You're dead
And gone
All dead
And gone



4 comentários:

Kátia disse...

Gostei muito!
Donne gera vários argumentos à morte e a humilha.
Queen sofre... Não entendeu que a perda é apenas física e transitória.

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Kátia disse...

Sou apaixonada por "Água Viva". Leio, releio e sempre me surpreendo com o elixir das palavras dela e cme mantenho enfeitiçada.

Clarice esmiuça os instantes, tema da obra. Ela fala da tentativa de captar a quarta dimensão do "instante-já", que de tão fugidio não o é mais porque agora tornou-se um novo instante-já, que também não é mais. E sinto que ao mesmo tempo ela tenta congelar o que foi feito pra correr.
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Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

A perda, que você chama de física e transitória aqui, já traz seu montante de sofrimento e dor e é inevitável quando se gosta e ama, seja de que tamanho seja esse gosta e ama. É inevitável.
Mas, que à morte está decretada a morte, também, nisso John Donne foi muito feliz.

...

Clarice é estupenda e faz literatura menor, como diz Deleuze.
Uma literatura que está fora da "gorda saúde dominante"... kkkkkkkkkkkkkkkk

Vivas aos mutantes!

Kátia disse...

Hahahahahahaha, postei o comentário para Clarice no lugar errado. Que trapalhona!!!

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Sim, my dear, a dor da separação é inevitável.E como é.
Ao ler Queen relembrei aquela demorada e imensaaaa dor que deixou-me despedaçada. Acabei por me transportar à dor dele, e quis dizer, e não fui clara, que a partir da crença na vida após a morte modificamos a dor.
A dor, não a saudade...

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