31 outubro, 2009

... sobre inventar o que se ama... Fernando Pessoa e Mário Quintana






"Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava .
Então de súbito acendeu-se a chama !
Era a brasa dormida que acordava ...
E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos ,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreição ...
Um ritmo divino ?
Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente ,
Ou sozinhos , num ritmo tristonho ...
Ó ! meu pobre , meu grande amor distante ,
Nem sabes tu o bem que faz à gente .
Haver sonhado ...e ter vivido o sonho!"...

(Mário Quintana)
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"Quando te vi amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não fôsse porque te previa.
Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe!."

(Fernando Pessoa)
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Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados
desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.

(Mário Quintana)
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