03 outubro, 2014


¨Começo a olhar as coisas
como quem, se despedindo, se surpreende

com a singularidade
que cada coisa tem
de ser e estar.

Um beija- flor no entardecer desta montanha

a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
quanto mais habito a noite!

Nada mais é gratuito, tudo é ritual
Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm os que amando tudo o que perderam
já não mentem.¨


Crônicas
(Affonso Romano de Sant'Anna)



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