03 outubro, 2014


PÉROLAS DO GRANDE SERTÃO

- João Guimarães Rosa -

Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice, querendo me contar coisas que a ideia da gente não dá para se entender – e acho que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali, esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento, feito um decreto: – Que você em sua vida toda toda por diante, tem de ficar para mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!… – que era como se Diadorim estivesse dizendo. Montamos, viemos voltando. E, digo ao senhor como foi que eu gostava de Diadorim: que foi que, em hora nenhuma, vez nenhuma, eu nunca tive vontade de rir dele.




"Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."

"Vingar… é lamber, frio, o que outro cozinhou quente demais."

"Feito flecha, feito fogo, feito faca. Vi: o que guerreia é o bicho, não é o homem."

"Quem ama é sempre 
muito escravo, mas 
não obedece nunca 
de verdade."

"O amor? Pássaro 
que põe ovos 
de ferro."

"Ela me saudou com 
o salvável carinho, 
adianto de amor."

"Coração de gente :
 o escuro, escuros."


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