27 setembro, 2014



Canção da sabedoria

E eu
permaneço acordada
com os olhos para dentro...
Assisto à partida dos barcos
que navegam na tormenta
e entram na madrugada
sob canções de acalento...
E eu
permaneço calada,
com as mãos cheias
de unguento...




Vejo as canções 
delicadas
provocarem revoadas
em meus tantos 
sentimentos...
Passam os dias
e noites,
passam as dores 
de açoites,
passa a poeira 
do tempo,
e eu,
que vejo muito 
e quase nada,
contemplo
as curvas da estrada
com os olhos 
para dentro.

Cio Nascimento


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