26 setembro, 2009

Mais sobre o irresistível II






Prática

Terá aquilo, aquele ou aquela que nos é i-r-r-e-s-i-s-t-í-v-e-l... um fim?

Supunha eu, que sacrilégio, que a nossa separação, ou, noutros termos, o seu afastamento, transformaria você em alguém resistível, que não mais me tiraria do chão, não mais me deixaria sem ar e não mais faria meus olhos lhe procurar em todos os cantos... e esquinas.
E Era verdade mesmo. Tudo isso aconteceu, desde o momento em que me obstinei a seguir essa disciplina monástica de ficar longe de você e longe, isso é o mais difícil, das minha idéias a seu respeito. Pensamentos e memórias de afetos e desejos que teimosamente resolvem se intrometer na minha vida consciente.
Consciente?
Não só... já que sonho com você. Também isso... acontece.
Mas, nessas idas e vindas da experiência, fui mantendo você longe o suficiente para ser apenas a memória de um real passado, ou seria a memória de um irreal passado?

Sabemos que o imaginário produz realidade e que o virtual é produtor de real.

Ora, você sempre foi real.
Toquei seu corpo.
Tomei você em meus braços.
Lhe falei e lhe ouvi.
Mais de tudo: olhei para você em mundos de tempo infinitos! Cada gesto, cada movimento, cada chegada e cada partida eram uma constelação de universos, sempre repetidos, mas a cada vez de forma diferente, da beleza ímpar sua e desse seu jeito absolutamente encantador... que me enlouquece.

De novo a volta do absoluto!

Bastou um encontro com alguém comum a nós para que as breves notícias a seu respeito puxassem todo o irresistível de volta: agora eu sei onde você está, com quem e o que faz. Agora posso ir ver você de novo e de novo e de novo... e matar toda essa saudade enclausurada que me ativa o desejo de você... por perto, ao alcance dos meus olhos e das minhas mãos.

De que adianta? Se você, mesmo sendo real, nunca deixou de ser virtual? Se mesmo estando comigo, nunca, de fato, esteve?
De que adianta essa minha vontade de olhar e ver, se o essencial em você está completamente escondido... e inacessível?

Hoje, mais uma vez, depois de anos, O IRRESISTÍVEL bateu à minha porta, na forma de suaves notícias - suas - que chegaram:
minhas pernas balançaram, o coração acelerou e a
vontade de te ver-olhar-e-nunca-mais-párar-de-te-olhar
voltaram a tomar conta de mim.

Socorro.

Eu não consigo mais párar de te olhar quando começo a te olhar...
Te vejo até mesmo na tua ausência!

O irresistível que se transformou em resistível
e agora quer voltar a ser irresistível...

Não! Chega!
Chega meu caro mito-reconhecido-como-mito!
Tudo de novo... NÃO!
Ponto.

Somente um esforço grande aliado a uma disciplina que se garante pela prática continuada me possibilitou ... resistir.
Tarefa difícil, considerando-se o muito que você representa para mim e o muito de .. tudo... que lhe devoto.

Resistir ao irresistível é uma oportunidade de nada mais "daquilo tudo de novo" voltar a acontecer.

Nem poderia. Você não é mais você. Eu não sou mais eu.
Nós não somos mais nós... depois daqueles encontros-desencontros... que tanto sacudiram nossas estruturas.
Nossas?
Sim, nossas, embora, penso eu, pelo que deduzo de você, você imagine que só eu fui afetado pelo conhecimento que fizemos one by one.

Breves momentos em que o desejo de VER (você) tomou proporções de VIDA AGORA (para nós... afinal... tudo poderia ser diferente! Poderia?)

Mas, felizmente para mim (quanto à você, nem mais me dou ao trabalho de considerar e hipotetizar - já foram tantos os monólogos que fiz... com você! - porque cansei de esperar e de apostar) essa volta do irresistível teve duração FINITA.

Bastou dialogar com o passado e reavivar as memória do real-como-real para puff... desintegrarem-se as pretensões de "tudo de novo!
Que alívio!

Você já não tem poder sobre mim. Eu o tenho!
Adeus ao irresistível!
Até um próximo encontro.

(Claro, porque sei que o irresistível, qualquer um deles, sempre volta...)

Teoria

Será possível decidir o que fazer?

Um outramento possível e atual, que se dá através de agenciamentos coletivos e de fluxos incontroláveis do desejo de vida está na medida do possível associado às intempestivas violações da identidade reconhecida:
Eu sou eu
Eu amo você
Eu sinto a sua falta
Eu quero ver e saber de você

Que eu?
Que você?
Que nós?

Um outramento que se define pela recusa de eu-apaixonado, eu-com-saudade, eu-querendo-lhe-ver-e-saber-de-você possibilita sensações e montagem de territórios singulares para a experimentação de outros estados de mim; um eu desplugado do desejo simbiótico desse nós.

Nós de nós que não foram desfeitos.

Nós de nós que se desmancharam, sem terem sido novamente tecidos (a não ser quando do retorno do (quase) irresistível (que se tornou) resistível.

Um processo de singularidade assim montado, pela recusa de você, engendra mundos de eu-para-comigo-mesmo-a-revelia-da-sua-existência.

Resistência?
Resistência política definida por um forte desejo de saúde e bem estar psíquico: manter-se longe das suas maquinações maquínicas.

Mas e o maquínico que reinventa encontros e atualizações do encontro de nós que não somos mais nós?
Ele continua a operar no meio social, nas conversas de informalidade, no imaginário que teima em fazer conjecturas de possíveis, nas expectativas de que tudo pode ser diferente... de antes.

Ora, mais do que tudo, é necessário apostar na fragrância da diferença que se movimenta nessa resistência à você. Dizer não ao irresistível é dizer sim à vida, no seu fluxo de mudança e despersonalização.
Novos mundos são possíveis e de fato acontecem fora dessa tresloucada paixão amorosa que parece não ter fim até mesmo quando já acabou de fato.

Esse é o convite para todos aqueles que querem bater as asas e voar para um lugar longe dos afectos do aprisionamento simbiótico.

Tudo em você me seduz e encanta.
Tudo de você me seduz e encanta.
Nada de você me seduz e encanta.

Tudo e nada são palavras grandes, generalizantes e inebriantes que não podem mais ter lugar num universo de resistência ao irresistível.

Pode haver desejo, sedução, interesse, saudade... e o resto todo que os eternos (outra palavra grande e gorda!) apaixonados sentem e inventam para si e para seus amores-apaixonantes acreditarem.

Pode haver, também, e essa é a ferramenta decisória para ser usada nesses casos de visita do, de novo... irresistível, passagem do amor paixão ao amor decisão.

Não se trata aqui de fugir das sensações de mundo nem de não se entregar ao movimentos de desterritorialização que afectos e afetos assim intensos provocam, mas de insinuar a existência de outros mundos possíveis depois da, já conhecida, hecatombe.

Existe vida depois de você.
Existe vida depois de vencer o irresistível.
Existe vida... anyway.
A vida existe e ela está aqui e agora!





Links para postagens relacionadas:




A arte de viver, por Osho





"O homem nasce para atingir a vida, mas tudo depende dele. Ele pode perdê-la. Ele pode seguir respirando, ele pode seguir comendo, ele pode seguir envelhecendo, ele pode seguir se movendo em direção ao túmulo - mas isso não é vida. Isso é morte gradual, do berço ao túmulo, uma morte gradual com a duração de setenta anos. E porque milhões de pessoas ao redor de você estão morrendo essa morte lenta e gradual, você também começa a imitá-los. As crianças aprendem tudo daqueles que estão em volta delas e nós estamos rodeados pelos mortos. Então temos que entender primeiro o que eu entendo por 'vida'. Ela não deve ser simplesmente envelhecer. Ela deve ser desenvolver-se. E isso são duas coisas diferentes. Envelhecer, qualquer animal é capaz. Desenvolver-se é prerrogativa dos seres humanos. Somente uns poucos reivindicam esse direito.

Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você. Você está se afastando da morte: chega a um momento em que você pode ver que a morte não é nada, apenas um trocar de roupas ou trocar de casas, trocar de formas - nada morre, nada pode morrer. A morte é a maior ilusão que existe.

Como desenvolver-se? Simplesmente observe uma árvore. Enquanto a árvore cresce, suas raízes crescem para baixo, tornam-se mais profundas. Existe um equilíbrio; quanto mais alto a árvore vai, mais fundo as raízes vão. Na vida, desenvolver-se significa crescer profundamente para dentro de si mesmo - que é onde suas raízes estão.

Para mim o primeiro princípio da vida é meditação. Tudo o mais vem em segundo lugar. E a infância é o melhor momento. À medida que você envelhece, significa que você está chegando mais perto da morte, e se torna mais e mais difícil entrar em meditação. Meditação significa entrar na sua imortalidade, entrar na sua eternidade, entrar na sua divindade. E a criança é a pessoa mais qualificada porque ela ainda está sem a carga da educação, sem a carga de todo o tipo de lixo. Ela é inocente. Mas infelizmente a sua inocência está sendo considerada como ignorância. Ignorância e inocência tem uma similaridade, mas elas não são a mesma coisa. Ignorância também é um estado de não conhecimento, tanto quanto a inocência é. Mas também existe uma grande diferença que passou despercebida por toda a humanidade até agora. A inocência não é instruída - mas também não é desejosa de ser instruída. Ela é totalmente contente, preenchida...

O primeiro passo na arte de viver será criar uma linha de demarcação entre ignorância e inocência. Inocência tem que ser apoiada, protegida - porque a criança trouxe com ela o maior tesouro, o tesouro que os sábios encontram depois de esforços árduos. Os sábios têm dito que se tornaram crianças novamente, que eles renasceram...

Sempre que você perceber que perdeu a oportunidade da vida, o primeiro princípio a ser trazido de volta é a inocência. Abandone o seu conhecimento, esqueça as suas escrituras, esqueça as suas religiões, suas teologias, suas filosofias. Nasça novamente, torne-se inocente - e a possibilidade está em suas mãos. Limpe a sua mente de todo conhecimento que não foi descoberto por você mesmo, de todo conhecimento que foi tomado emprestado dos outros, tudo o que veio pela tradição, convenção, tudo o que lhe foi dado pelos outros - pais, professores, universidades. Simplesmente desfaça-se disso. Novamente seja simples, mais uma vez seja uma criança. E esse milagre é possível pela meditação.

Meditação é apenas um método cirúrgico não convencional que corta tudo aquilo que não é seu e só preserva aquilo que é o seu autêntico ser. Ela queima tudo o mais e o deixa nu, sozinho embaixo do sol, no vento. É como se você fosse o primeiro homem que tivesse descido na Terra - que nada sabe e que tem que descobrir tudo, que tem que ser um buscador, que tem que ir em peregrinação.

O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca - não um desejo, mas uma pesquisa: não uma ambição para tornar-se isso, para tornar-se aquilo, um presidente de um país, ou um primeiro-ministro, mas uma pesquisa para encontrar 'Quem sou eu?'. É muito estranho que as pessoas que não sabem quem elas são, estão tentando se tornar alguém. Elas nem mesmo sabem quem elas são neste momento! Elas não conhecem os seus seres - mas elas têm um objetivo de vir a ser. Vir a ser é a doença da alma. O ser é você e descobrir o seu ser é o começo da vida. Então cada momento é uma nova descoberta, cada momento traz uma alegria. Um novo mistério abre as suas portas, um novo amor começa a crescer em você, uma nova compaixão que você nunca sentiu antes, uma nova sensibilidade a respeito da beleza, a respeito da bondade.

Você se torna tão sensível que até a menor folha de grama passa a ter uma importância imensa para você. Sua sensibilidade torna claro para você que essa pequena folha de grama é tão importante para a existência quanto a maior estrela; sem esse folha de grama, a existência seria menos do que é. E essa pequena folha de grama é única, ela é insubstituível, ela tem a sua própria individualidade.

E essa sensibilidade criará novas amizades para você - amizades com árvores, com pássaros, com animais, com montanhas, com rios, com oceanos, com as estrelas. A vida se torna mais rica enquanto o amor cresce, enquanto a amizade cresce...

Quando você se torna mais sensível, a vida se torna maior. Ela não é um pequeno poço, ela se torna oceânica. Ela não está confinada a você, sua esposa e seus filhos - ela não é confinada de jeito algum. Toda essa existência se torna a sua família e a não ser que toda essa existência seja a sua família, você não conheceu o que é a vida. - porque homem algum é uma ilha, nós estamos todos conectados. Nós somos um vasto continente, unidos de mil maneiras. E se o nosso coração não está cheio de amor pelo todo, na mesma proporção a nossa vida é diminuída.

A meditação lhe traz sensibilidade, uma grande sensação de pertencer ao mundo. Este é o nosso mundo - as estrelas são nossas e nós não somos estrangeiros aqui. Nós pertencemos intrinsecamente à existência. Nós somos parte dela, nós somos o coração dela.


Em segundo lugar, a meditação irá lhe trazer um grande silêncio - porque todo o lixo do conhecimento foi embora, pensamentos que são partes do conhecimento foram embora também... Um imenso silêncio e você é surpreendido - esse silêncio é a única música que existe. Toda música é um esforço para manifestar esse silêncio de algum modo.

Os videntes do antigo oriente foram muito enfáticos a respeito da questão de que todas as grandes artes - música, poesia, dança, pintura, escultura - são todas nascidas da meditação. Elas são um esforço para, de algum modo, trazer o incompreensível para o mundo do conhecimento, para aqueles que não estão prontos para a peregrinação - presentes para aqueles que ainda não estão prontos para partirem na peregrinação. Talvez uma canção possa despertar um desejo de ir em busca da fonte, talvez uma estátua.

Na próxima vez que em você entrar em um templo de Gautama Buda ou de Mahavira, sente-se silenciosamente e olhe a estátua... porque a estátua foi feita de tal forma, em tal proporção que se você olhá-la, você cairá em silêncio. É uma estátua de meditação; não é a respeito de Gautama Buda ou de Mahavira...

Naquele estado oceânico, o corpo toma uma certa postura. Você próprio já observou isso, mas não estava alerta. Quando você está com raiva, você observou? seu corpo tomou uma certa postura. Na raiva você não pode manter as suas mãos abertas: na raiva, a mão se fecha. Na raiva você não pode sorrir - ou você pode? Com uma certa emoção, o corpo tem que seguir uma certa postura. Pequenas coisas estão profundamente relacionadas no interior...

Uma certa ciência secreta foi usada por séculos, de modo que as gerações futuras pudessem entrar em contato com as experiências das gerações mais velhas - não através de livros, não através de palavras, mas através de algo que vai mais profundo - através do silêncio, através da meditação, através da paz. À medida que seu silêncio cresce, sua amizade cresce, seu amor cresce; sua vida se torna uma dança, momento a momento, uma alegria, uma celebração.

Você já pensou sobre o porquê, em todo o mundo, em toda cultura, em toda sociedade, existem uns poucos dias no ano para a celebração? Esses poucos dias para a celebração são apenas uma compensação - porque essas sociedades tiraram toda a celebração de sua vida e se nada é dado para você em compensação, sua vida pode tornar-se um perigo para a cultura. Toda cultura criou alguma compensação e assim você não se sentirá completamente perdido na miséria, na tristeza... Mas essas compensações são falsas. Mas no seu mundo interior pode existir uma continuidade de luz, canções, alegria.

Sempre lembre-se que a sociedade o compensa quando ela sente que a repressão pode explodir em uma situação perigosa se não for compensada. A sociedade encontra algum jeito de lhe permitir soltar a repressão. Mas isso não é a verdadeira celebração, e não pode ser verdadeira. A verdadeira celebração deveria vir de sua vida, na sua vida.

E a celebração não pode estar de acordo com o calendário, que no primeiro dia de novembro você irá celebrar. Estranho, o ano todo você é miserável e no primeiro dia de novembro, de repente, você sai da miséria, dançando. Ou a miséria era falsa ou o primeiro de novembro é falso.; ambos não podem ser verdadeiros. E uma vez que o primeiro de novembro se vai, você está de volta em seu buraco negro, todo mundo em sua miséria, todo mundo em sua ansiedade.

A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura. Então a vida se torna uma celebração contínua.

Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente. Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando - alguém está preparando chá para você, o samovar está cantando uma canção, um amigo se oferece para vir e tocar flauta para você. Essas coisas são mais importantes do que qualquer remédio. Quando você está doente, chame um médico. Mas, mais importante, chame aqueles que o amam porque não existe remédio mais importante que o amor. Chame aqueles que podem criar beleza, música, poesia à sua volta, porque não existe nada que cure como uma atmosfera de celebração.

O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir.

Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.

Os últimos toques... sua morte não será feia como ordinariamente acontece todo dia com todo mundo. Se a morte é feia, isso significa que toda a sua vida foi um desperdício. A morte deveria ser uma aceitação pacífica, uma entrada amorosa no desconhecido, um alegre despedir-se dos velhos amigos, do velho mundo...

Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida. Compartilhe isso, porque tudo o que é compartilhado cresce mais rápido. E quando você atingir o momento da morte, você saberá que não existe morte. Você pode dizer adeus, não existe nenhuma necessidade de lágrima de tristeza - talvez lágrimas de felicidade, mas não de tristeza."




24 setembro, 2009

Pétala de Poeta







Um poeta não precisa de carinho...
quem precisa é o ser humano onde ele mora,
que respira, sente dor, fica sozinho,
silencia e sorri... e às vezes chora.



Abandonos são recursos necessários
para que a comunhão da poesia
com a vida, reproduza itinerários
solidários do amor com a fantasia.



Um poeta é o sonho que ele inventa
e a palavra necessária delineia
numa página tão clara...ou nevoenta,
o silêncio onde a poesia... devaneia.



Quando livre do olhar de uma pessoa
uma lágrima desliza... afetuosa,
há um poeta que navega ou sobrevoa
o orvalho de uma pétala de rosa...



E se a lágrima de amor acaricia,
sutilmente, um rosto triste na moldura
do silêncio de quem ama... a poesia
denuncia a plenitude da ternura.



É a mão inspiração redesenhando
com matizes de um mistério surreal
esse gesto de dizer: - Estou te amando...
da maneira mais sublime e ideal.



Quando o ser humano sonha, ele transmuta
para dentro de si mesmo, esse poeta
que produz, nos abandonos de uma gruta
de ternura...a poesia mais completa.



Com o tempo, o olhar do ser humano
redescobre uma nova miopia:
é aquela que lhe mostra, em outro plano,
o amor tomando a mão da fantasia.



A poesia é uma pétala no vento,.
aguardando o tempo certo de pousar
no silêncio de quem faz do pensamento,
o momento mais sublime... de sonhar...





19 setembro, 2009

12 setembro, 2009

A Bollywood da Globo, por Silvia Rogar, ou sobre os cenários e filmagens da novela



A Bollywood da Globo
por Silvia Rogar

As novelas da Rede Globo já tiveram gravações em Atenas e Macau, em Praga e Miami, em Moscou e Bali. Sempre uns poucos capítulos, em geral para dar um brilho ao começo da história e garantir flashbacks glamourosos ao longo da trama. Não é o que ocorre em Caminho das Índias, o atual folhetim das 8 horas da Globo. Do início ao fim, a novela de Glória Perez terá peripécias ambientadas no Rajastão, o maior estado indiano, onde vivem os personagens do núcleo central da história. Ao longo de um mês, uma equipe de quarenta pessoas se dividiu entre cinco cidades indianas e captou imagens de monumentos e palácios, de festas e da vida cotidiana, de cerimônias religiosas e do trânsito caótico. Também foram gravadas cenas com parte do elenco em locais turísticos como o Taj Mahal (que não fica no Rajastão). Manter uma equipe estacionada na Índia pelos sete meses de duração de uma novela seria, contudo, impraticável. Por isso, o drama do amor impossível de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia) desenrola-se na cidade cenográfica mais imponente da história da Globo. São 12.100 metros quadrados de Índia reproduzidos no Projac, a central de produções da emissora, num trabalho que levou dois meses e envolveu 180 operários, mais sessenta profissionais responsáveis pelo paisagismo e pelos detalhes do cenário. A cidade propriamente dita, com suas ruas, becos, casas, lojas, palácio e templo hindu, ocupa 9 600 metros quadrados. Os outros 2 500 metros quadrados pertencem ao Rio Ganges, construído a partir de um lago artificial que já existia no Projac. Os custos de produção só não explodiram porque esse Rajastão de folhetim aproveitou em grande parte a estrutura da Portelinha de Duas Caras, que ocupava 8 000 metros quadrados. O arruamento e 50% das construções do núcleo indiano são adaptações da favela que movimentou o enredo da novela de Aguinaldo Silva. Com isso, manteve-se o custo por capítulo em 430 000 reais, dentro da média do horário.

A Índia criada pela equipe de Glória Perez é bem bollywoodiana (a pujante indústria de cinema indiana tem o apelido de Bollywood). O país tem uma sujeirinha aqui e um quebradinho acolá, mas não deixa entrever nem de longe a miséria da Índia real. Só ficaram o pitoresco e o colorido: riquixás, tuk-tuks (triciclos motorizados), ônibus enfeitados e barraquinhas e lojas com produtos populares. Desses últimos, 80% foram comprados diretamente na Índia pela produção de arte. São xales, instrumentos musicais, flores e imagens de deuses hindus em profusão. Uma indiana que mora no Brasil se encarrega de revisar os cartazes e letreiros escritos em hindi. Também fazem parte da festa três vacas e três cabras, que perambulam pelos cenários à vontade, fazendo o que bem entendem, e 100 figurantes, que encarnam transeuntes e profissionais de rua, como vendedores de chá, entregadores de marmita, dentistas e limpadores de orelha (quem já foi à Índia sabe que limpadores de rua seriam mais úteis).


Em Caminho das Índias, várias técnicas de construção de cenários vêm sendo testadas pela Globo, algumas pela primeira vez. Alguns pisos, por exemplo, são reproduções de originais indianos, fotografados e impressos digitalmente em uma lona fosca, inclusive com suas imperfeições. Treliças e grades trabalhadas, que mais lembram rendas, ganharam forma por meio de um processo computadorizado, que recorta fibras de madeira com precisão. Já os relevos decorativos das construções foram artesanalmente esculpidos em isopor e, depois, recriados em fibra de vidro. Foi dessa maneira que se moldaram uma versão reduzida do Palácio dos Ventos, cujo original está em Jaipur, e o templo cenográfico, com esculturas de deuses hindus trabalhados em sua fachada. "É um tipo de acabamento que apenas dois anos atrás não seria possível", afirma o diretor de arte Mário Monteiro, há 41 anos na emissora.


Em novelas anteriores, a Globo reproduzia no máximo bairros, com esquinas e casas bem marcadas e identificáveis. Em Caminho das Índias, a lógica é inversa. Para dar a ideia de uma grande cidade, foi preciso construir espaços versáteis. O beco onde se concentram algumas lojas, por exemplo, foi erguido com cinco saídas. As lojas de Opash (Tony Ramos) e Manu (Osmar Prado) ficam praticamente frente a frente no cenário. Para evitar que o espectador perceba a proximidade física (afinal, no início da novela os dois personagens não se conheciam), o truque é fazer Manu usar sempre a entrada dos fundos.


Graças aos efeitos visuais, imagens feitas na Índia tornam-se pano de fundo de cenas gravadas no Brasil. Assim, os onipresentes morros de Jacarepaguá, bairro onde fica o complexo de estúdios da Globo, foram substituídos pelas colinas do Rajastão. O recurso também é usado para dar vida ao falso Rio Ganges. A Globo construiu uma escadaria que serve de palco para atividades como a lavagem de roupa e cremações à beira da água. Atrás, veem-se imagens captadas na Índia e selecionadas de acordo com o contexto da cena. Sagrado para os hindus, o Ganges da Globo tem, como vizinho, uma construção para lá de profana: a casa do Big Brother.





As músicas da novela "Caminho das Índias" no seu contexto original nos filmes indianos



Impossível falar sobre a complexidade do cinema indiano, suas trilhas sonoras, canções, enredos, romantismo e polêmicas.
Chamada de Bollywood, numa referência à mecca do cinema americano, na realidade, a Índia produz em Mumbai, antiga Bombaim, muito mais filmes do que sua "rival" americana!

Os filmes são longos, com cerca de três horas de duração, em média, e na sua maioria, estão repletos de músicas, danças, coreografias e canções que se inserem no enredo da trama e são parte fundamental de dele.
Quando é lançado um filme sem essas características, o risco de fracasso nas bilheterias é enorme. Foi o caso de "Fire", um excelente filme que até foi proibido na Índia por tratar de temas polêmicos, no caso, o homossexualismo entre mulheres.

O cinema, e mais especificamente as canções dos filme,s são uma das paixões do sub-continente. Os nativos verdadeiramente são apaixonados pelas músicas, coreografias e danças. As trilhas sonoras originais tocam em todas as rádios e são sucesso absoluto, contribuindo muito nos relacionamentos interpessoais e vínculos afetivos em todas as classes sociais e castas, já que sempre alguém tem alguém para imitar, e sempre há comentários calorosos a serem tecidos acerca deste ou daquele detalhe: uma paixão nacional, mesmo!

As salas de projeção variam de espeluncas a confortáveis e luxuosas. Todas ficam invariavelmente lotadas quando os filmes estão estreando e, em alguns casos, permanecem anos em cartas, algo como peças de teatro na Brodway.

Há intervalos entre as exibições do mesmo filme, podendo ser dois ou tres interrupções, momento de esticar as pernas, passar nos sanitários, fazer lanche e, pasmem, cantar as canções. É uma festa!

O público muito romântico e passional, chora, bate palmas, grita e se envolve às raias da loucura com o enredo e a trama que está a se desenrolar na tela.

A novela global "Caminho das Índias foi lá e buscou algumas dessas músicas para compor sua trilha sonora nada original, mas, super original, tendo em vista o ineditismo dessa expressão cultural asiática aqui no Brasil.

Vejo todos os filmes que posso e todos os que aparecem por aqui em ciclos do cinema indiano. Um belíssimo é Devdas: cenários luxuosos, trama bem criada - dentro dos valores e aspectos da subjetividade deles, dos indianos - e a presença da lindíssima Aishwarya Rai.
Fica a dica. Dá para baixar no emule... para quem tiver paciência..

As postagens abaixo mostram um pouco disso.

Enjoy.

As músicas com as letras traduzidas para o português foram "garimpadas" no excelente site http://cinemaindiano.blogspot.com e lá você encontra, também, detalhes dos filmes cujas músicas estão postadas abaixo, bem como atores, atrizes e direção, dentre outtras informações. Divirta-se. Lá você também encontra links para baixar as músicas em mp3.


Trilha sonora de Caminho das Índias no filme original indiano: Sajna ve Sajna do filme Chameli



Sajna ve Sajna (Querido, meu Querido), do filme Chameli (Jasmim)



Sajna ve Sajna

Mann saat samandar dol gaya
Minha mente flutuou nos sete mares
Jo tu aankhon se bol gaya
Quando você falou com seus olhos.
Le teri ho gai yaar sajna we sajna
Veja, eu me tornei sua, querido, meu querido.
Ho sajna mere yaar, sajne we sajna
Oh, querido, meu amigo, querido, meu querido.
Jo saat samandar dol gaya
Quando flutuei nos sete mares
Tere pyar mei ye dil bol gaya
No seu amor, esse coração disse...
Le teri ho gai yaar sajna we sajna
Veja, eu me tornei sua, meu amigo, querido, meu querido.
O sajna mere yaar sajnaaa..

Tujhe bhar lu apni aankhon mei
Deixe-me preencher você em meus olhos.
Inn aankhon ko me kholu na
Eu não abrirei meus olhos.
Kholu apni baton mei
Eu abrirei em minhas palavras.
Phir iss dunya se bolu na..
E então eu não falarei com o mundo.
Me dekhu me baat karu
Eu verei, eu falarei.
Tere saath jiyu tere saath maru
Eu viverei com você e morrerei com você.
Le teri ho gai yaar sajna we sajna O sajna mere yaar sajnaaa.. Tu aur kissi ka na hona
Você não se tornará de ninguém mais.
Me jeete jii mar jau gi
Eu morrerei enquanto vivo.
Teri khatir dunay se ab tanha hi lar jau gi
Para o seu bem, eu lutarei com todo o mundo sozinha.
Me ne tujh ko kaha piya
Eu disse a você, meu amor.
Ye tann mann tere naam kiya
Este corpo e mente estão em seu nome.
Le teri ho gai yaar sajnaa O sajna mere yaar sajna we sajnaa

Trilha sonora de Caminho das Índias no filme original indiano: Nagada Nagada (filme: Jab We Met)



Nagada Nagada (filme: Jab We Met - Quandos Nos Encontramos)



Nagada Nagada


Nagada Nagada

Rang puredi rang rangili ladki chhaili chhabili usde chanchal nain kataar

Linda como uma pintura, uma garota vestida com vestido colorido: seus olhos ágeis são como adagas.
Are chanchal nain kataar usdaa ruup banaa hathiyaar
Ei, seus olhos ágeis são adagas; sua imagem tornou-se uma arma.
Uske ruup se katal huye to charchaa shuruu huaa
Quando sua beleza me matou, discussões começaram.
Nagaadaa nagaadaa nagaadaa baajaa...
Toque o tímpano...

Jab bhi woh ladki khidki pe aaye

Quando for que aquela garota vier à janela,
Koi usko dekh mare koi bin dekhe mar jaaye
Alguns morrem olhando pra ela, enquanto outros morrem por não cruzarem com seu olhar.
Are guzare gali mohalle se to melaa saa lag jaataa thaa
Quando ela costumava andar pela rua, muita gente vinha para ver em grandes grupos.
Har ek aashiq id manaataa bhangada paataa thaa
Cada apaixonado por ela costumava celebrar o ied (festival muçulmano), enquanto outros dançavam o bhangada (dança tradicional do Punjab)
Khatam naa hotaa diwaano kaa jab se shuruu huaa
Agora que isso começou, não vai mais parar.
Nagaadaa nagaadaa nagaadaa baajaa...
Toque o tímpano...

Are bachpan se uskaa ek diwaanaa thaa
Ei, tem um cara que foi loucamente apaixonado por ela desde a infância.
Jiskaa paanv gali ke aashiq pare hataanaa thaa
Quem costumava afastar do caminho todos seus admiradores
Dil se jisko maan rahaa thaa apne dil ki raani woh
O cara que teve ela como a rainha de seu coração.
Aur kisi pe hi yaaro marti thi marjaani woh
Mas amigos, essa garota gostava de outro cara
Ek kahaani khatam to duujaa qissaa shuruu huaa
Uma história terminou, enquanto outra começou
Nagaadaa nagaadaa nagaadaa baajaa...
Toque o tímpano...

Rang puredi rang rangili ladki chhaili chhabili usde chanchal nain kataar
Are chanchal nain kataar usdaa ruup banaa hathiyaar

Uske ruup se katal huye to charchaa shuruu huaa

Nagaadaa nagaadaa nagaadaa baajaa...



Trilha sonora de Caminho das Índias no filme original indiano: Kajra Re



Kajra Re




Aisi nazar se dekha us zalim ne chauk par
O jeito que aquele vilão olhou pra mim,
Hamne kaleja rakh diya chaku ki nok par
Foi como ter meu coração apunhalado.

Mere chain vain sab ujara zalim nazar hata le...
Minha paz foi destruída; para de olhar assim pra mim, sem vergonha!
Barbaad ho rahe hain ji tere apne shaharvaale
O seu próprio povo está sendo destruído assim!
Ho meri angarai na tute tu aja...
Venha pra mim enquanto estou pronto esperando por você.

Kajra re, Kajra re kajra re tere kaare kaare naina...
Seus olhos pintados, seus olhos pretos, pretos...
Mere naina mere naina mere naina jurwaa naina

Meus olhos, meus olhos, meus dois olhos…

Surmai se likhe tere vaade aankhon ki zabaani ate hain
As promessas que você escreveu com o delineador falam a língua dos olhos.

Mere rumalon pe lab tere baandhke nishaani jaate hain
Meu lenço carrega a marca de seus lábios.
Teri baaton men kimaam ki khushbu hai
Suas palavras têm a fragrância de uma bebida intoxicante.
Tera aana bhi garmiyon ki lu hai.
Você chega como os ventos quentes do verão.

Aja tute na tute angarai
Venha pra mim antes que a espera me deixe ansioso.
Meri angarai na tute tu aja
Venha pra mim enquanto estou pronto esperando por você.

Kajra re kajra re tere kaare kaare naina...
Seus olhos pintados, seus olhos pretos, pretos...
Mere naina mere naina mere nainon me chupke rahana
Meus olhos, meus olhos, meus dois olhos…

Aankhen bhi kamaal karti hain

Seus olhos fazem maravilhas.
"Personal" se sawaal karti hain
Eles perguntam as coisas mais pessoais.
Palkon ko uthaati bhi nahin
Eles nem sequer precisam se abrir;
Parde ka khayaal karti hain
Eles falam por trás das cortinas de seus olhos.
Mera gam to kisise bhi chupta nahin
Não posso esconder meu sofrimento de ninguém.
Dard hota hai jab dard chubhta nahin
A verdadeira dor nem sequer se sente.

Aja tute na tute angarai

Venha pra mim antes que a espera me deixe ansioso.
Meri angarai na tute tu aja
Venha pra mim enquanto estou pronto esperando por você.

Kajra re kajra re tere kaare kaare naina...
Seus olhos pintados, seus olhos pretos, pretos...
Tere naina tere naina hamen dhanste hain tere naina
Seus olhos, seus olhos, eles nos destroem, seus olhos.

Tujhse milna purani dilli men
Depois que te conheci na Velha Délhi,
Chorai nishaani dilli men
Eu deixei um momento pra trás,
Pal nimaana dari betallak
Uma tapeçaria tecida com infinitos momentos
Teri meri kahaani dilli men
De nossa história em Délhi.
Kali kamali vaali ko yaad karke
Inspirado por seus olhos negros em forma de lótus,
Tere kaale kaale nainon ki qasam khaate hain
Nós juramos em seus olhos pretos
Tere kaale kaale nainon ke banaaye hain ruh

Que nossas almas estão preenchidas por seus olhos negros.
Tere kaale kaale nainon ko duaen den ruh
Nossas almas abençoam seus negros, negors olhos.
Meri jaan udas hai honthon pe pyaas hai
Meu coração desespera; meus lábios estão pálidos.
Aja re aja re aja re
Venha pra mim, venha pra mim, venha!
Teri baton men kimaam ki khushbu hai
Suas palavras têm a fragrância de uma bebida intoxicante.
Tera ana bhi garmiyon ki lu hai
Você chega como os ventos quentes do verão.
Meri angarai na tute tu aja...
Venha pra mim enquanto estou pronto esperando por você.

Kajra re kajra re tere kare kare naina...
Seus olhos pintados, seus olhos pretos, pretos...
Tere naina tere naina tere naina jurwa naina...
Meus olhos, meus olhos, seus olhos gêmeos…
Tere naina tere naina tere nainon me chupke rahana...
Seus olhos, seus olhos, nós precisamos nos esconder para sempre em seus olhos