17 novembro, 2008

Mais sobre o irresistível



0,99...





O irresistível. ( ponto)

O irresistível nos convoca a um novo status... nos faz dês-identificarmos-nos com nós próprios. Nos joga numa corrente de outramento – ser um outro, transformado sem imagem e sem semelhança conosco, ou com quem quer que seja –, momento ímpar e singular onde nos desencontramos... e passamos a fluir no fluxo das mudanças que se operam sem o nosso pretenso controle... e sem o nosso controle, de fato!

É nessa experiência inédita, em que não conseguimos resistir... que nos entregamos e aceitamos o movimento da vida, das pessoas, dos sentimentos e nos transformamos “em algo” que não é comparável à nossa identidade, posta e re-posta... imagens sempre simbolizadas de um Eu imutável.... e partimos para a constituição de (novos) territórios existenciais: imagens distorcidas e pouco confiáveis de paradoxos não logísticos, não submetidos a essa lógica Identitária e –quase sempre – imutável do “eu sou.”

Correntes de água que, tal quando das comportas abertas, jorra e nos leva a descobertas... de... “algo” quer não sabíamos da vida, do outro... de nós!

Esse é o aspecto transitório do irresistível. Momento de recusa ao mesmo, ao igual; recusa ao mesmo de si.! Busca, ainda que não programada, da diferença.....

Aposta no e ao desconhecido.

Movimento descontrolado de pura vida atravessando a existência... movimento de pura existência atravessando a vida. Movimento instituínte de puro desejo... de vida.
Viver.

Adeus à morte... à mesmice... ao Eu (tal como o conheço e sou re-conhecido!)
Ah sim. Claro que existia vida Antes do irresistível. Que vida?

Quando já não resistimos mais e nos entregamos... podemos experimentar... liberdade!

Corremos, também, o risco de nos inundarmos, nadando nesse puro movimento de águas sedutoras e cristalinas, e submersos, faltando-nos o ar, morrermos afogados... na prisão da dependência.

Sucumbir ao fascínio da diferença, tomada como um Fim em si mesmo...

O que fazer?
Indizível e inominável.

Certo... é que o irresistível é um Meio de libertação, ao qual não controlamos.
Certo... é que o irresistível, seja ele de que ordem for e que forma tenha, precisa, em algum momento, se transformar num r-e-s-i-s-t-í-v-e-l.

Como?

Diga-me você!





Um comentário:

Kátia disse...

Digo. Hahahahahahahaha, o irresistível... (reticências)

Li tudinho o que você postou sobre a Esfinge. Vi nas entrelinhas aquele sentimento avassalador que se chama PAIXÃO. O cupido que me desculpa, mas a flechada é na cabeça. O pensamento fica incontrolável, algumas atitudes se tornam insanas, quase psicóticas. O pior de tudo é a fixação numa única pessoa deixando em segundo plano pessoas queridas que fazem parte da nossa vida.

Essa coisinha nunca avisa quando vai se instalar. Num de repente desembarca... Ninguém pode negar que no começo, bem no começo, a paixão é uma coisa gostosa. O problema é quando demora a passar e seus efeitos prejudicam o cotidiano. Não que seja tarefa fácil, mas nesse momento, acho que o medo vence nas decisões. Para não correr riscos, racionaliza a situação e bloqueia. A loucura obsessiva se dissolve. Mas, esta magia pode ser transformada em novos sentimentos de segurança, de conforto, de amizade.

É aquilo que já nos falamos: coração e mente precisam estar em sintonia, porque se um não quiser o outro não vai conseguir. Aqui sim, ponto. Mas que não estamos livres das reticência, não estamos não.
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