20 setembro, 2014




Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar.
Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente.
O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar.
Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo,
e o fogo doce arde, arde, flameja.
Então, ela que sabe que tudo vai acabar,
pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas,
ela doce arde, arde, flameja.

in "Onde estivestes de noite" -
Clarice Lispector


Nenhum comentário: