02 setembro, 2014

Da insônia e seus filhos e seus deuses


DA INSÔNIA E SEUS FILHOS
Que fazem os insones? Deitam-se com seus ventres ardendo os sonhos que não chegam. Pelos ângulos das paredes mudas vazam os seus mitos desossados e suspensos nos vazios, enquanto a noite lhes diz dos silêncios e dos feridos espalhados pelo peito cru. E seus ventres ardem como nunca, latejam suas sinas recobertas de escuros, fartam-se dos versos esquecidos em algum poema nu. Mas há ainda um sonho nesse ventre perfurado e imprevisto: o de que esse mesmo ventre desdito que lhes arde e oprime, navalhando os dias e desfolhando o horizonte em carne viva, gere de suas ardências as ervas de um sonho florido e que, com suas raízes incertas, sobreviva, ósseo ou fértil, falho ou fera, ao menos até o primeiro esteio da próxima primavera. (Carlos Tenreiro)


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Respondi assim para o amigo Carlos:

Ohhh, esses insones!

Já estava eu deitado e, num pretexto
para ficar - ainda - acordado, vim ao orkut
por mim quase abandonado e...
vendo seu texto, encantado,
foi assim que coversei com você,
meu amigo alado...

kkkkkkkkkkk




Da insonia e seus deuses

Que fazem os insones?
Deitam-se-se com seus cérebros incandescentes
ardendo os sonho que já foram.

Pelos ângulos das paredes ecoam
seus mitos de densidade marmórea,
suspensos num outro tempo, enquanto a noite
- com suas estrelas lá fora - lhes diz dos afetos
de outrora, feridas cicatrizando no coração desejante.

E seus cérebros planam como dantes,
latejam suas rimas recobertas de crepúsculos,
fartam-se dos versos lembrados em escritos,
de próprio punho, num poema cru.

Mas há ainda outros sonhos nesse cerebro
múltiplo e imprevisto: o de que esse mesmo cérebro
que lembra - e assim - oprime,
navalhando o ontem e semeando o manhã,
gere de suas incandescencias as ervas
de um sonho-real frutívoro e que,
com seus brotos nascentes,
viva e sobreviva, pétreo ou fluido, belo e fera,
ao menos até o primeiro perfume da primavera.

(Cesar R K)



Philip Glass -The Poet Acts 

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Ao que ele respondeu:

Assim não vale! hehehehe
Brincadeira! Vale, sim. Encantado aqui com essa poesia que nasceu do frágil espasmo de sonho daqui. O encanto é um sonho. Grato por me permitir sonhar, amigo. Abreijos.

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