09 setembro, 2014


REGISTRO DA FALA DO SILÊNCIO
José Inácio Vieira de Melo

O que mais tem falado em mim é o silêncio,
mas um silêncio plural – de fogo –
que com sua língua escarlate abrasa as palavras
e as queima antes de serem.


Um silêncio de lá, de longe – das plagas interiores –
que fala o tempo todo sem dar nome ao dito.


Em sonho é imagem: e vejo, inebriado,
a sua cara – semblante formidável:
tão formoso quanto pode ser um deus.


O silêncio, este que fala e de que tanto falo,
é um hieroglífico poema,
e estes versos: tradução e codificação.



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