06 setembro, 2014




Poema Dos Olhos Da Amada

Oh, minha amada
Que os olhos teus

São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus

Oh, minha amada
Que olhos os teus

Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus


Oh, minha amada
Que olhos os teus
Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera 
Que há muitas eras 
Nos olhos teus

Ah, minha amada 
De olhos ateus
Cria a esperança 
Nos olhos meus 
De verem um dia 
O olhar mendigo 
Da poesia
Nos olhos teus

* Vinicius de Moraes 
/ Paulo Soledade *


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