05 dezembro, 2008

Atritos






Ninguém muda ninguém;
Ninguém muda sozinho;
Nós mudamos nos encontros.

Simples. Mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.

Somos transformados a partir dos encontros,
Desde que estejamos abertos e livres para sermos
impactados pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras
Que estão na nascente de um rio,
E as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.

À medida que elas vão sendo carregadas
Pelo rio sofrendo a ação da água
E se atritando com as outras pedras,
Ao longo de muitos anos,
Elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar
Que não existem sentimentos, bons ou ruins,
Sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir um relacionamento
próximo com o outro, é não crescer, não evoluir,
não se transformar.

É começar e terminar a existência com uma forma tosca,
pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás, vejo que hoje carrego
em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes.

Pessoas que, no contato delas, me permitiram
ir dando forma ao que sou, eliminando arestas,
transformando-me em alguém melhor, mais suave,
mais harmônico, mais integrado.

Outros, sem dúvidas, com suas ações e palavras
me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas.

Faz parte...
Reveses momentâneos
Servem para o crescimento.
A isso chamamos de experiência.
Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida
como grandes pedras, cheias de excessos.

Os seres de grande valor,
Percebem que ao final da vida, foram perdendo
Todos os excessos que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos que somos pequenos,
ínfimos, dada a compreensão da existência
e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus,
É que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago.

É lá que está o verdadeiro valor...
Pois Deus fez a cada um de nós com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
Constituído de muitos elementos, mas essencialmente de amor.
Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar...
Mas temos que aprender como.

Para chegarmos a esse âmago,
Temos que nos permitir,
Através dos relacionamentos,
Ir desbastando todos os excessos
Que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei
Que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido.
Ter e provocar raiva,
Ignorar e ser ignorado
Faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar
Sentindo todos esses sentimentos
Contraditórios e...
Os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...

E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final:ATRITE-SE!

Não existe outra forma de descobrir o amor.
E sem ele a vida não tem significado.

Roberto Crema




Um comentário:

Gisela disse...

Sobre o anjo da guarda...para mudar este estado de espirito de tristeza que me comovia esta manhã vim até este lindo anjo que está no seu blog. Percebi claramente que não estou sozinha e que não quero partilhar a tristeza com meu anjo mas alegria.
Obrigada !!!
Gisela