21 dezembro, 2008

Não é o que você sente, mas o que faz por causa do que sente! Rosana Braga





Poderia começar este artigo afirmando que todo

mundo sente todos os sentimentos.

Mas melhor dizer que todas as pessoas são capazes

de sentir, ainda que nem todas se permitam entrar

em contato consigo mesmas e, portanto,

estas vivam dissociadas de seus sentimentos!

Daí, já dá pra perceber que sentir não é,

definitivamente, uma vivência linear.

Muda em intensidade, freqüência,

profundidade e consciência.

Sobretudo, a atitude a partir de cada sentimento

depende da maturidade e do equilíbrio emocional

de cada um.

Porque, no final das contas, não é o que você sente

que determina quem você é, mas o que você faz por

causa do que sente!

Tem gente que leva um "fora" e se mata, literalmente.

Mas tem gente que cresce, aprende a se valorizar

mais e se torna mais forte para a próxima relação.

A diferença não é que para a primeira foi muito difícil

passar por isso e pra segunda foi fácil.

Para as duas certamente foi difícil.

Aliás, pra todo mundo é doloroso se sentir rejeitado.

A diferença é que a primeira conseguiu enxergar

apenas uma saída: a fuga de si mesma;

e a segunda encontrou outras maneiras de

lidar com sua dor.

Tem gente que sente ciúme e arma uma baita

confusão, dá vexame, ofende, agride e perde

a razão.

Mas tem gente que, apesar de também se magoar

por causa deste sentimento, consegue elaborar

a situação e compreende que é possível

resolvê-la de maneira mais criativa,

conversando, expondo seu ponto de vista,

mostrando seus limites, por exemplo.

Tem gente que é traído e entra em profunda depressão. Tem até quem mate o traidor.

Tem quem destrói a si mesmo, entrega-se

a alguma dependência, seja física ou psíquica,

ou se fecha tão hermeticamente para a

possibilidade de amar novamente que nunca mais consegue ser coerente com seus desejos.

Mas tem gente que percebe que o outro não agiu dignamente e não conseguiu exercer a lealdade

e descobre que cada um é responsável por

suas próprias escolhas.

As pessoas são diferentes!

Tem gente que sente tristeza ou solidão e se

lamenta tão escancaradamente que se torna

pesada, cansativa, negativa, repelente.

Fica patinando em sua própria dor e não pára

pra avaliar qual a melhor atitude a fim de

"desatolar-se".

Mas tem gente que busca ajuda, procura ver o

lado bom da vida e investe em seu amadurecimento

de modo que se torna maior que a tristeza que

lhe faz derrapar.

E, enfim, consegue recuperar a alegria de viver!

Mas, sabe... tem ainda um outro tipo de gente.

É aquela que sente tudo isso, entre outros

sentimentos, e simplesmente "finge" que não sente.

Ou porque realmente tem um ego exacerbado e

decide exibir a máscara de "todo-poderoso",

negando suas emoções; ou porque nem se dá

conta do que está sentindo.

Simplesmente desconecta, não pensa no assunto.

Está tão distante de sua essência que atropela a si mesmo (e aos demais) e vive como se fosse

um iguana, cuja estrutura cerebral é tão primitiva

que não tem condições de sentir qualquer tipo

de afeto.

Não são iguanas, é verdade.

E, por isso mesmo, mais cedo ou mais tarde,

uma avalanche de sentimentos ressequidos

virá à tona de alguma forma: ataque cardíaco,

colesterol, artrose, diabetes, depressão,

transtornos afetivos, enfarte, câncer, entre

outros distúrbios ilimitados.

Ou não! Existe (felizmente!) uma forma mais

saudável de transcender nossas próprias

limitações e quebrar as armaduras que tanto

nos distanciam de quem realmente somos e

daquilo que realmente desejamos viver.

E esta saída não existe somente para os que

renegam (consciente ou inconscientemente)

o que sentem, mas para todos nós, porque

ninguém tem todas as respostas.

Estamos sempre em processo... sempre!

Além disso, estamos vulneráveis a recaídas

e enganos, o que nos coloca na posição

de 'eternos aprendizes', como cantou

lindamente o brilhante Gonzaguinha.

Isso significa que todo mundo que está vivo,

inevitavelmente está exposto aos sentimentos

difíceis: saudade, tristeza, desespero,

sensação de abandono, ciúme, insegurança,

ansiedade, solidão, etc.; assim como também

está sujeito às maravilhosas surpresas da

vida, à possibilidade de superar os momentos

mais dolorosos e a experimentar

ocasiões imperdíveis.

Por isso, admitir que você pode estar enganado

na forma com que vem agindo por causa

do que sente (ou do que não tem se permitido

sentir), é uma ótima demonstração de

inteligência emocional, já que as relações

que você vive devem servir justamente

para isso: para apontar uma chance de se

tornar mais integrado, coerente e humano.

E o que seria o amor senão o exercício de

nossa mais imperfeita e, ao mesmo tempo,

tão fantástica humanidade, do modo mais

explícito e verdadeiro possível?



Um comentário:

Cerikky.. Cesar Ricardo Koefender disse...

No post original, no blog Espiritualidade Agora, que estou transcrevendo para cá, havia esse comentário

Arianrhod disse...

Mais um belo texto. Pois bem, atualmente encontramos pessoas que correm dia-a-dia em busca de valorizações pessoais em termos financeiros, ideológicos, políticos, enfim... Poucos apresentam a verdadeira capacidade de amar e somente o amor é capaz de nos fazer enxergar além do nosso próprio ego. Quando amamos, refiro-me à humanidade em geral, nos tornamos conscientes das leis que operam o universo e entendemos todas as adversidades que enfrentamos. Então, a vida se torna mais suave e as lágrimas demoram menos tempo a perambular pelas faces...
Luz para você