Um anjo triste
Cida Almeida
Um anjo triste encostou hoje a cabeça no meu ombro
E chorou.
Fiquei sem palavras.
Como se consola um anjo?
Que perdas choraria em meu ombro essa criatura celestial?
Que dores angelicais justificariam a humanidade desse ato inesperado aquecendo a palidez desse dia tão igual aos outros?
Nenhuma palavra destravou a minha língua,
Nenhuma intuição a quebrar a minha paralisia súbita...
Às minhas costas, o anjo absoluto
E humanamente desamparado recostou a cabeça
Na breve eternidade dos meus ombros
E chorou.
Senti suas lágrimas escorrerem
Para dentro de mim
Como uma chuva pesada e quente.
Anjo tresloucado,
tão breve,
tão necessário...
Chorava a minha tristeza.
Ainda sem palavras,
Sinto o coração aquecido
Por um afago angelical.
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